S
er Finalista em Tempos de Pandemia
Ser Finalista assim não é ser realmente finalista! Sem estágio nem aulas, os dias são guiados por nós, e são TODOS iguais. A tese é apresentada por videochamada e o stress aumenta. A bênção… pois, a bênção não há palavras, apenas lágrimas a correrem pela cara! Nem a oportunidade de entregar fitas a todos os que queríamos tivemos. Covilhã, não era assim que me queria despedir de ti! A pandemia veio impedir que criássemos memórias que iríamos levar para o resto da vida, mas acredito que nos fez valorizar muita coisa de outra maneira e isso, a longo prazo, refletir-se-á pela positiva. Um dia desejo voltar e fechar as portas que agora deixo abertas! Até já!
A nível académico acho muito penalizador, à entrada para um ano em que já temos bastante responsabilidade apesar de sermos tutelados, não se finalizarem todas as atividades em meio hospitalar, principalmente a tão pouco tempo de começar a exercer. A nível pessoal, acho que cada pessoa acaba por ter a sua forma de lidar com a adversidade e acaba por ser afetada à sua maneira, mas o que me custa principalmente não é a falta de um momento de celebração - neste caso seria a bênção das pastas – mas acima de tudo a falta daqueles momentos de despedida, que apesar de custosos são muitas vezes necessários. A Covilhã e as suas pessoas deram-nos muito e sinto que merecíamos um até já com mais proximidade e abraços apertados, porque apesar de acabar por ser um clichê, a vida universitária será mesmo uma das melhores alturas das nossas vidas
Este ano é um encerrar de um capítulo que se iniciou há 6 anos, somos finalmente finalistas. Acho que todos tínhamos uma ideia de como iríamos terminar esta etapa - a típica entrega da tese nos Serviços Académicos, a fotografia no painel da faculdade após a defesa, a última Serenata, a nossa Bênção ao lado das pessoas que nos acompanharam até aqui, seriam alguns dos marcos a cumprir. Ninguém esperava o que aconteceu ou as repercussões que iria ter. Vivemos um período de grandes incertezas em que ninguém nos conseguia dar respostas. Com tempo e com ajuda, apesar de ainda não estar tudo definido, estamos a conseguir ultrapassar aos poucos grande parte dos obstáculos “burocráticos” que esta situação impôs. A somar a estas incertezas, sobra algo que é uma constante este ano - o estudo para a prova. Este estudo por si só já não é algo fácil e, apesar da quarentena invariavelmente me ter dado mais tempo para estudar, complicou todo o cenário envolvente. Fica também a tristeza pelos momentos que foram perdidos e por aqueles que ainda não sabemos se vão ser. A Covilhã acolheu-me e deu-me uma segunda família, durante seis anos vivi experiências inesquecíveis aqui, foram muitas as lágrimas, as frustrações, os sorrisos e os abraços. Esperava celebrar estes momentos e agradecer tudo o que recebi ao lado da minha família, daqueles que também se tornaram família e dos colegas que me acompanharam neste percurso. A despedida nunca seria algo fácil e desta forma ficou ainda um pouco mais desafiante. Este percurso pode não estar a acabar como idealizei, mas sei que levo comigo o mais importante e isso será sempre um bom motivo para recordar este ano.
Pedro Matias
Beatriz Rodrigues
Carolina Simão
30
Julho 2020