Revista Setor Agro&Negócios

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O que antes era visto como um tema de conformidade, hoje é vantagem competitiva para as companhias. Empresas que adotam estratégias e modelos de negócios alinhados às melhores práticas se diferenciam no mercado e criam bases de crescimento e perpetuidade.

VETANCO Produtos seguros para alimentos seguros ANO 6 / Nº 16 2022
GANHA
QUEM PRATICA,
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EDITORIAL

ESG: CONEXÃO QUE VEIO PARA FICAR

Estar conectado ao agronegócio tem sido sinônimo de entrar em contato com a sigla “ESG”. É advinda do inglês “Environmental, Social e Governance”, ou seja, meio-ambiente, questões so ciais e de governança. A sigla surgiu em 2004, durante reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) com gran des empresários de instituições finan ceiras. Os questionamentos ao grupo, voltados à união da sustentabilidade aos investimentos de uma empresa, surtiram recomendações expressas e começaram, com o passar dos anos, a enraizar pelo mundo e capilarizar por áreas como o agronegócio.

O cenário otimista de crescimento do setor tem evidenciado as questões ambientais, já tão intrínsecas, e refor çado ainda mais questões sociais e de governança. A conexão entre as “três letras” veio para ficar, afirmam os es pecialistas entrevistados pela Setor Agro & Negócios , e já tem garantido uma série de benefícios, como de repu tação de marca e financeiros às empre sas do agro que inserem essas práticas no cotidiano.

É o que vive a SLC Agrícola, que foi in troduzindo a “jornada ESG” no dia a dia de suas unidades desde 2007, quando abriu o capital e começou a sofrer com pressões internacionais. Atualmente, a produtora de grãos e algodão possui um

Comitê ESG internamente e já recebeu uma série de prêmios e facilidades de empréstimos por estar engajada com as causas de meio-ambiente, sociais e de governança.

Também apresentamos nesta edição a segunda reportagem especial sobre Agricultura e Agronomia 4.0, qual o pa pel do produtor e de profissionais como os engenheiros agrônomos. E aproveita mos para ampliar o debate, com auxílio de um time de especialistas, sobre os de safios e benefícios em estar de mãos da das com a preservação ambiental, com a sustentabilidade e, mais do que isso: es tar de mãos dadas com a pauta ESG.

A preocupação com o meio-am biente, com as questões sociais e de governança também fica evidente na entrevista especial desta edição com o vice-presidente da multinacional Ve tanco, Horácio Mancini. Ao tratar das perspectivas para os próximos anos, ele afirma que, primeiro, é necessário que os seres humanos cuidem do meio -ambiente e pensem na saúde como algo único, e exemplifica como a Vetan co está pensando em trabalhar neste contexto de um mundo que está sim em constante mudança, mas que deve se preocupar com essas questões.

Desejo a todos uma excelente leitura!

EXPEDIENTE

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A Revista Setor Agro&Negócios é uma publicação qua drimestral, destinada ao segmento do agronegócio e abrange a cadeia produtiva desde as propriedades, ins tituições, universidades, entidades, até a indústria. Os artigos assinados e materiais publicitários não repre sentam, necessariamente a opinião da editora. Não é permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos, sem prévia autorização.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 3

CAPA

QUEM PRATICA, GANHA

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NOVEMBRO DE 2022
SUMÁRIO
ESPECIAL
A implantação de uma cultura ESG permite dar visibilidade às diversas práticas que são adotadas pelas empresas do agronegócio brasileiro. O que antes era visto como um tema de conformidade passa a ser visto como diferencial competitivo. AGRONOMIA 4.0 DE MÃOS DADAS COM A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL Nesta segunda reportagem especial, continuamos com um time de especialistas para tratar sobre Agricultura e Agronomia 4.0 e, especialmente, ampliar o debate sobre os desafios e benefícios em estar de mãos dadas com a preservação ambiental e com as ações “ESG”. FOTO: ADOBE STOCK FOTOS: DIVULGAÇÃO 28 42

VETANCO

Vice-presidente da Vetanco, Horácio Mancini recorda a entrada da empresa no mercado brasileiro, há 21 anos, e as estratégias e prioridades que funcionaram para o laboratório veterinário estar presente em mais de 40 países.

EMPRESAS

6 YES

Melhor grande empresa para trabalhar no agro

6

OUROFINO SAÚDE ANIMAL

Eleita a farmacêutica mais incrível para trabalhar pela FIA/USP 7 DSM

Empresa conclui aquisição da Prodap 16 INOELETRIC 2022

Inobram reúne mais de 40 profissionais 18 MARFRIG

Empresa lança e-commerce para consumidor final

INOVADORES 36 BIOTROP Soluções biológicas e naturais 40 EVONIK Novo CEO focado na sustentabilidade 37 BIOGÉNESIS BAGÓ Gerentes são premiados

TECNOLOGIA 64 SYNGENTA Empresa aposta em molécula para mais de 30 cultivos 65 BIOGÉNESIS BAGÓ

Suplementação aumenta rendimento de carcaça 66 AGTECHS

Combinação de hardware e software para maior eficiência

MERCADO

48 PESQUISA 7 em cada 10 pessoas enxergam o Agro de maneira positiva 49

TECNOLOGIA PARA AGRICULTURA

Canadá em busca de empresários brasileiros 49 AGTECH SUPERCAMPO

Balcões digitais tornam-se nova ferramenta para cooperativas

ANDAV E SINDAG Convênio de cooperação estimula boas práticas aeroagrícolas

OPINIÃO

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ADOBE STOCK FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA VETANCO
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8 ENTREVISTA BUNZLE Saúde e segurança elevam produtividade no campo Uso
extremamente importante para prevenção de
12 60
26 MARKETING Qual causa sua empresa defende? 52 MERCADO Um mundo com complicados obstáculos em 2023 68 SUSTENTABILIDADE Gestão do carbono na propriedade rural
INOVAÇÃO Potencializar o agora para construir o futuro
de EPIs é
acidentes de trabalho. LEI DO BEM Inovação como aliada na redução da carga tributária

O plano de expansão da marca Yes, empresa que desenvolve soluções biotecnológicas para uma nutrição animal eficaz, segura e sustentável, segue em franco crescimento. Desta vez a empresa anuncia sua participação em quase 100% da América Latina, onde entrega seus produtos e serviços imbuídos de tecnologia de vanguarda.

O diretor comercial América Latina da Yes, Marcelo Fernandes Faria, acredita que a presença das soluções da empresa nos produtos fabricados para nutrição animal tende a crescer. “Cada vez mais, o mercado busca soluções naturais para produzir seus alimentos sem uso de antibióticos e produtos tecnológicos para melhorar a produção ou bem-estar dos animais. A Yes,

com seu portfólio de soluções, surge com posição de destaque e uma grande alternativa a este mercado”, destaca.

Ele diz que, hoje, a biotecnologia da Yes é usada pelos maiores fabricantes de ração da América Latina. “Esse mercado representa um movimento financeiro significativo para a companhia, gerando mais de R$70 milhões de receita. Com parte deste faturamento, a Yes aprimora suas pesquisas para melhorar ainda mais

suas soluções e trazer inovações ao mercado”, complementa.

Além da América Latina, a Yes está presente em todos os outros continentes. Com diversos produtos com registros em andamento, a empresa pretende ampliar ainda mais seus negócios no mercado internacional, principalmente Ásia, Estados Unidos e Europa, com a mesma solidez e credibilidade da nossa experiência em outros mercados.

Presença forte na nutrição animal da América Latina Eleita a farmacêutica mais incrível para trabalhar

A Ourofino Saúde Animal recebeu dois reconhecimentos pelo trabalho junto à equipe. Em pesquisa dos Lugares Incríveis para Trabalhar, promovida pela FIA/USP e UOL, a melhor indústria farmacêutica veterinária no segmento empresas farmacêuticas.

Em premiação do Ranking São Paulo das Melhores Empresas para Trabalhar (GPTW), a Ourofino levou o terceiro lugar entre as grandes empresas do interior.

“Esses resultados são reflexo do trabalho de ressignificação cultural da Ourofino e nosso valor Cuidar das Pessoas, com certeza, é um diferencial. Olhamos continuamente para as nossas pessoas, promovendo ações que além de fazer da Ourofino um lugar incrível para trabalhar, ainda oferece toda uma rede de apoio para o colaborador e sua família”, comenta Katia Lobo, diretora de Recursos Humanos e Sustentabilidade da companhia.

A Ourofino Saúde Animal é o maior grupo farmacêutico-veterinário de origem brasileira. Com o propósito de reimaginar a saúde animal, iniciou as operações em 1987 e atualmente é um grupo de capital aberto, com atuação internacional. É composta por diferentes empresas, que atuam na fabricação e distribuição de produtos veterinários, e tem seu complexo industrial instalado em Cravinhos (SP), em uma área de 180 mil m², sendo considerado um dos mais modernos do setor e possui operações no México e na Colômbia, além de parcerias estratégicas que levam os produtos da marca para vários países. Em junho de 2022 também foi eleita a Melhor Empresa do Agronegócio para Trabalhar pela Great Place to Work.

6 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 YES
FOTO: DIVULGAÇÃO EMPRESAS
FOTO: DIVULGAÇÃO

ENTREVISTA

INOVAR É COMPROMETERSE COM O CONHECIMENTO, COM A VONTADE DE ABORDAR ALGO DIFERENTE. NÓS SABEMOS QUE HÁ UMA FORMA DE VIVER PADRÃO, MAS PROCURAMOS ABORDAR ALGO DIFERENTE: QUALIDADE NOS PROCESSOS, METODOLOGIAS DOS PRODUTOS, QUE MODIFIQUEM PARA O BEM, PARA O MELHOR”

8 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA VETANCO

VETANCO

PRODUTOS SEGUROS PARA ALIMENTOS SEGUROS

Vice-presidente da Vetanco, Horácio Mancini recorda do início da Vetanco, há 35 anos, na Argentina, e da chegada no Brasil em meio a mitos de que o mercado brasileiro era fechado para o país vizinho. A iniciativa dele e do sócio Jorge Winokur funcionou e a Vetanco completa 21 anos no mercado brasileiro, atuando como um laboratório veterinário que desenvolve, fabrica e comercializa produtos controlados e seguros para a melhoria da produtividade e segurança agroalimentar. Atualmente, a empresa foca em “produtos seguros para alimentos seguros” em mais de 40 países e com mais de 300 colaboradores.

Em agosto de 2022, a Vetanco completou 35 anos no mundo e 21 no Brasil. Como surgiu a ideia da Vetanco e como foi o início da empresa na Argentina? Hoje, eu sou vice-presidente e o Jorge Winokur é o presidente da Vetanco. Essa história começou quando éramos colegas de Agronomia, na Uni versidade de Buenos Aires. Saindo da facul dade, eu comecei a tra balhar na área de arroz, milho e ele na área de suínos. Em pouco tempo, compreendemos que era difícil ter um trabalho fixo e estava difícil nos realizarmos profissionalmente. Com essa experiência e olhando para o mercado da Argentina, começamos a trabalhar volta dos à avicultura, que estava se desenvol vendo forte no país, mas estavam faltando fármacos de qualidade, regulados, com registro. E assim começou nossa ideia de iniciar a Vetanco. Começamos na avicul tura, que continuou sendo o carro-chefe por muitos anos, pois a suinocultura na Argentina está tomando um nível maior apenas nos últimos 10 anos. Mas, claro, com o tempo começamos a observar o que

produzir também na bovinocultura, que é outro tipo de mercado.

As decisões de investi mentos e inovações foram tomadas pelo senhor e pelo seu sócio? Sim, são mais de 42 anos de ami zade e uma socie dade de 35 anos. Eu sou comercial e ele desenvolvi mento e institucio nal. O Jorge sempre foi muito ágil para desenvolvimento industrial, agrícola e relacionamentos insti tucionais. Rapidamente ele achou que poderia ser a pessoa que viajaria, teria rela cionamento no campo. Mas, claro, eu tenho habilidades institucionais e ele tem habili dades comerciais. Para dar certo até hoje, observamos questões técnicas, questões ideológicas e emocionais na sociedade - e nas relações entre colaboradores e clientes também. É difícil de acreditar, mas em 35 anos nunca tivemos uma briga. Tivemos discussões, mas não brigas. Havia uma vontade dos dois em fazer as coisas certas e de realizar inovações. Então, sempre

tínhamos uma mesma linha e a Vetanco sempre teve altos investimentos para ino vação. Além disso, sempre houve muita transparência nas relações humanas. Somos formados numa época com valores humanos muito fortes de honestidade e transparência.

Vocês fariam algo diferente em relação a este início da empresa? Filosoficamente, não penso muito nisso. Fomos muito práticos, mas a área de pets poderia ter sido mais explorada, poderíamos ter tido mais dedicação, com mais investi mento global. Em termos de Brasil, não mudaria nada. Éramos dois engenheiros agrônomos, sem experiência, sem capital financeiro, com a única ideia de inovar em um mercado em desenvolvimento, que não tinha incorporado tecnologia, segurança, qualidade. Então, penso que chegamos longe demais. Nunca pensei que haveria um ponto de chegada. Então penso que não é chegar, é o caminho que traçamos.

Como foi a entrada da Vetanco no mercado brasileiro?

Havia um mito de que o mercado brasileiro era fechado para Argentina. Não havia his tória de empresas da Argentina no Brasil. Entramos no Brasil por São Paulo, uma porta conhecida, mas em dois anos

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 9

mudamos para o coração produtivo de proteína animal, em Chapecó. Tomamos essa decisão porque, na Argentina, era bem conhecido no ambiente avícola a importância de Chapecó, especialmente pelo relacionamento com a empresa Sadia. A Sadia era uma referência para o nosso país. Então, durante alguns eventos, visitas e com incentivo de um amigo que traba lhava na empresa, conseguimos promover esse relacionamento com Chapecó e insta lamos a Vetanco na cidade. Algumas inova ções trouxemos da Argentina para o Brasil, primeiro com foco na avicultura. E depois fomos conseguindo ajuda com clientes e parceiros para focar em outras áreas da proteína animal e entender como precisá vamos inovar no mercado brasileiro.

O que significa inovação para a Vetanco? Como a empresa tem inovado no agronegócio?

Inovar é comprometer-se com o conheci mento, com a vontade de abordar algo diferente do que é comum. Nós sabemos que há uma forma de viver padrão, mas nós procuramos abordar algo diferente: qualidade nos processos, metodologias dos produtos, que modifiquem para o bem, para o melhor. Conseguimos alcançar produtos diferentes, formas de tratar o cliente diferente, relacionamento entre colaboradores. Por exemplo: ter uma filial da Vetanco no Brasil é uma inovação para a área farmacêutica da Argentina.

E tem sido possível inovar e apostar em segurança alimentar, saúde animal, sustentabilidade?

Nossa origem está em química orgânica, antibiótica, e com o tempo fomos enten dendo a saúde animal, humana e a natu reza. Então estamos envolvidos em um compromisso muito grande junto a todo o mundo em relação a esses aspectos. O mundo todo vive um desafio quando obser vamos as mudanças climáticas, bactérias e vírus resistentes, substâncias tóxicas. Esse é um caminho estratégico para a Vetanco, é um desafio, que segue para a proteção e saúde pública. E em nossos produtos de 95% a 98% dos investimentos necessários são nessa área de tecnologia com soluções saudáveis e seguras. Esse é nosso desafio atual e também estamos pensando nisso para os próximos 10 a 20 anos. Nosso lema são produtos seguros para alimentos segu ros. Nossos investimentos na Argentina, no Brasil, nos Estados Unidos, em todos os

países que estamos presentes, são para esta evolução de saúde única.

De que outras formas a Vetanco contribui para o futuro do agronegócio, especialmente no Brasil? Temos uma organização que permanente mente interage com os clientes de forma positiva, gerando intercâmbio de informa ção. Pesquisamos e procuramos o que os clientes estão precisando, fazemos traba lhos de suporte, técnico, de todo o tipo, oficinas técnicas. Temos uma organização que pesquisa o ponto crítico que o cliente precisa melhorar. Descobrimos isso inte ragindo. Então, procuramos através dos

agradáveis. Trabalhávamos muito, não é possível desperdiçar este tempo sentindo -se mal, desconfortável, com brigas. Por isso, sempre pensamos em possibilidades de melhorias humanas permanentes, que permitam compartilhar um trabalho com relacionamento humano. As pessoas não precisam só de dinheiro, precisam sentir que há algo melhor lá em frente, que há muita satisfação em compartilhar objetivos, que não se está sozinho, que há um time.

E em relação a outros investimentos, quais são os principais?

TEMOS

UMA ORGANIZAÇÃO QUE PERMANENTEMENTE INTERAGE COM OS CLIENTES DE FORMA POSITIVA, GERANDO INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÃO. PESQUISAMOS E PROCURAMOS O QUE OS CLIENTES ESTÃO PRECISANDO, FAZEMOS TRABALHOS DE SUPORTE, TÉCNICO, OFICINAS TÉCNICAS”

consultores e especialistas todo o conhe cimento para gerar melhoria para o cliente, desde a saúde animal, manejo com ani mais, mas também questões financeiras e de liderança dos nossos colaboradores e clientes. Ou seja, compartilhamos o pro blema em busca de solução.

Então o foco nas pessoas é prioridade da Vetanco?

É até difícil de explicar, mas para nós a empresa era uma forma de viver, não era uma forma de ganhar dinheiro. Fomos cres cendo, mas o ponto importante era fazer as coisas certas e compartilhar momentos

De forma prática, neste momento, temos uma parceria com a empresa húngara Dr. Bata Company, uma empresa de biotecno logia com sede na Hungria, comprometida com o desenvolvimento de soluções para a saúde animal há mais de 30 anos. Também estamos prevendo uma nova planta de pro dução em Chapecó, voltada para menores custos e mais eficiência na produção avícola saudável. Outro investimento permanente é no relacionamento com as universidades; e, claro, seguir multiplicando nosso jeito em toda a América e Europa, para conseguir compartilhar e aprender como deve ser a questão da saúde animal. Ainda pensamos que o mundo precisa estar comprometido com questões humanas, acho imprescindí vel que cada um coloque um grão de areia para isso.

E quais são as perspectivas da empresa diante de um mundo em constante mudança?

No século XX, os fatos econômicos e tec nológicos aconteciam a cada 20, 30 anos. Agora, acontecem mensalmente, sema nalmente. É uma dinâmica incrível. Então, antes, se pensar em uma década, era lógico. Agora, temos que planejar para 10 anos e revisar a cada mês. Não existe devagar. Para os próximos dois anos, temos certeza: primeiro, é necessário que os seres humanos cuidem do meio ambiente e pensem na saúde como algo único. E como a Vetanco está pensando em trabalhar nesse ambiente? Com pro dutos inovadores, muito investimento, e ter uma produção segura e confiável com metodologias como a biotecnologia, por exemplo, onde conseguimos agentes bio lógicos naturais que não atinjam a água, os animais. Estamos trabalhando assim para os próximos anos, mas é claro que provavelmente teremos que rever nos próximos meses.

ENTREVISTA
10 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022

SAÚDE E SEGURANÇA ELEVAM A

Uso do equipamento de proteção individual é extremamente importante para a prevenção da grande parte dos acidentes de trabalho.

OBrasil é destaque mundial em produção de alimentos e, para manter toda essa excelência, é preciso estar atento às tendências de mercado e priorizar investi mentos em técnicas diferenciadas de produção, tecnologias, inovações e no bem mais valioso de qualquer modelo de negó cio: as pessoas. Portanto, seja no campo ou na cidade, é fun damental que os empregadores garantam um ambiente livre de acidentes e cuidem da saúde, segurança e qualidade de vida do trabalhador.

EMPRESAS
PRODUTIVIDADE NO CAMPO 12 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
FOTO: DIVULGAÇÃO SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 13

As propriedades rurais evoluíram tanto que hoje são reconhecidas como grandes empreendimentos do agro. Utilizam má quinas, equipamentos e aplicativos de úl tima geração e contam com equipes res ponsáveis por planejar, comandar e executar as mais diversas tarefas, desde as mais simples às mais complexas. O principal objetivo é atingir a melhor produ tividade e para que tudo ocorra conforme o planejado é essencial estar atento às medidas de saúde e segurança do traba lhador rural. Afinal, quem atua na agrope cuária está suscetível aos mais variados riscos de doenças ocupacionais e aciden tes que comprometem o bem-estar do profissional e o andamento da produção.

Mesmo com os avanços tecnológicos, os casos de acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais no meio rural ainda são comuns. Além do contato com produ tos tóxicos, como fungicidas e pesticidas, há possibilidade de inalar fumaça ou par tículas de substâncias químicas, riscos de quedas, cortes, ataque de animais vene nosos, exposição à radiação solar, proble mas de ergonomia, entre outros. Para evitar ou, pelo menos, reduzir problemas como esses foi criada a Norma Regula mentadora nº 31 (NR 31), que estabelece as obrigações por parte do empregador e dos empregados para manter o ambiente laboral rural mais seguro.

EXCELÊNCIA NA PROTEÇÃO À VIDA

Reconhecida pela tecnologia de ponta, inovação, produtos de qualidade e ex celência no atendimento, a BUNZL EPI oferece ao mercado soluções comple tas para proteger a vida dos trabalhadores. A empresa conta com 10 unidades no Brasil sendo 2 centros de distribuição, estrategicamente posicionados para atender todo território nacional, com as principais marcas locais e internacio nais para suprir a necessidade dos clientes com os melhores e mais adequados produtos e serviços do segmento.

Fundado em 1854 em Londres (Reino Unido), o grupo BUNZL está presente em 31 países, cinco continentes e possui um faturamento de mais de US$ 10 bilhões. Presente no Brasil desde 2008, a organização tem forte atuação nas áreas de distribuição e logística com destaque para os segmentos de Equipa mento de Proteção Individual (EPI), higiene e limpeza, saúde e food service.

Entre as empresas que integram o grupo internacional estão as brasileiras PROT-CAP (fundada em 1973) e a Casa do EPI (criada em 1999). Com a união dos negócios são mais de 70 anos de presença e experiência, investindo em infraestrutura, pessoas e tecnologia. A cobertura geográfica também é ex pressiva e inclui 10 unidades estrategicamente posicionadas para atender todo território nacional, entre eles, estão dois Centros de Distribuição – um em São Paulo e Outro em Minas Gerais.

“Temos orgulho por sermos tão fortes em vendas no mercado brasileiro. Somos flexíveis para atender dos clientes pequenos aos grandes com apoio de uma equipe dedicado a inteligência comercial por meio de nossas unida des de negócios”, destaca o Erick Marques.

A trajetória bem-sucedida dos negócios levou a BUNZL a conquistar posi ção entre as 500 maiores e melhores da Exame 2021 e entre as 100 marcas mais valiosas do mundo, segundo a Best Global Brands da Interbrand. Atual mente, conta com uma carteira de mais de 15.000 clientes ativos e possui robusta estrutura logística (22.700m²) que permite altos níveis de estoque com suporte tecnológico que traz maior eficiência aos processos.

EMPRESAS
14 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 FOTOS: DIVULGAÇÃO

RECONHECIDA PELA TECNOLOGIA DE PONTA, INOVAÇÃO, PRODUTOS DE QUALIDADE E EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO, A BUNZL EPI OFERECE AO

MERCADO

SOLUÇÕES COMPLETAS

PARA PROTEGER A VIDA DOS TRABALHADORES

Considerada a principal norma re gulamentadora referente ao serviço especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural, a NR 31 inclui os segmentos de agricultura, pecuária, silvicultura, aquicultura e exploração florestal. Seu objetivo é oferecer boas condições de trabalho, higiene e con forto das equipes do meio rural com a adoção de adequadas medidas de segurança. Dessa forma, o emprega dor deve fornecer um ambiente de trabalho seguro, que inclui avaliações dos riscos e adoção de medidas para garantir que todas as atividades, am bientes de trabalho, máquinas, ferra mentas e processos produtivos, te nham segurança.

Entre as medidas determinadas pela NR 31 estão os programas de

prevenção e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) – indicados por técnicos de segurança ou enge nheiros agrônomos, conforme a ati vidade exercida. Alguns dos mais utilizados são: viseira, touca árabe, avental, luvas, bota e máscara.

Ao chegar à etapa industrial tam bém há uma lista de riscos a ser con siderada e, por isso, é necessário que todas as máquinas, equipamentos e veículos industriais estejam adequa dos à Norma Regulamentadora NR-12. O uso de EPIs também é determinado conforme as atividades exercidas.

Erick Marques, da BUNZL EPI des taca que o uso do equipamento de proteção individual é extremamente importante para a prevenção da gran de parte dos acidentes de trabalho.

DIFERENCIAIS

Além de se destacar como pioneira na introdução de importantes marcas no Brasil, a empresa é importadora exclusi va de marcas globais, possui completo portfólio de produtos, conta com fabri cação própria de vestimentas impermeá veis, além de significativa presença digi tal com mais de 16.000 clientes online (e-commerce).

“Nosso objetivo é fornecer soluções de negócios essenciais em todo o mundo e criar valor sustentável de longo prazo para o benefício dos stakeholders. Cada dia que passa obtemos mais êxito no compromisso de garantir que nossos ne gócios sejam conduzidos de acordo com rigorosos padrões éticos, profissionais e legais”, frisa Erick Marques.

Entre os principais valores presentes no Código de Conduta Global estão a po lítica anticorrupção, confidencialidade, políticas alinhadas com a declaração uni versal dos direitos humanos da ONU, me lhores práticas de saúde e segurança do trabalho, além de iniciativas para meio ambiente e mudança climática.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 15

Selo Bronze Ecovadis de sustentabilidade Duas novas fábricas até 2024

A CFS do Brasil, subsidiária da Camlin Fine Sciences, atenta à sua política global de ESG dá mais um passo e acaba de receber o selo bronze da Ecovadis, maior e mais confiável empresa provedora de classificação de sustentabilidade empresarial do mundo. “Este resultado confirma que as nossas operações já caminhavam em conformidade aos temas meio ambiente, ética, direitos humanos e compras sustentáveis”, inicia o Diretor de Operações e Processos da CFS do Brasil, Julio Sarti.

Para esta conquista, recorda Julio, foi necessário o envio de documentos e o preenchimento de um amplo questionário. “Foi um processo que permitiu uma visão geral do momento atual das nossas operações, mostrando que sabemos onde queremos chegar e que estamos no caminho certo”, completa.

Diante do crescimento acelerado do setor, Biotrop está investindo mais de R$ 100 milhões para ampliar sua estrutura e capacidade fabril, com unidades exclusivas de produção de bioinsumos à base de fungos e bactérias

Após finalizar recentemente a primeira expansão da sua fábrica em Curitiba/PR, foca agora numa segunda fase, atingindo uma produção total acima de 9,5 milhões de litros/ano, e na construção de duas novas unidades de produção que - em conjunto com a atual estrutura - ampliarão a capacidade de produção total para mais de 30,0 milhões de litros/ano, com o investimento superior a R$ 100 milhões.

De acordo com Eduardo Pesarini, engenheiro químico e diretor de operações da empresa, uma das unidades em construção em Curitiba deve ser concluída no final de 2023, iniciando as atividades em 2024. Será uma fábrica focada na multiplicação de bactérias.

Inobram reúne mais de 40 profissionais

Nos dias 5 e 6 de outubro, a InoBram foi palco da segunda edição do INOELETRIC – Encontro Técnico sobre Soluções InoBram para Eletricistas. O evento aconteceu nas dependências da empresa e contou com a participação de mais de 40 profissionais de seis estados do Brasil. Foram dois dias intensos de muito aprendizado, troca de experiências e um engajamento incrível, tanto na teoria, quanto nas práticas executadas ao longo do encontro.

Para ver um resumo destes dois incríveis dias acesse: https://youtu.be/oZKrt1Iyv98

16 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 EMPRESAS
BIOTROP INOELETRIC 2022
FOTO: DIVULGAÇÃO FOTO: DIVULGAÇÃO Participantes e instrutores do INOELETRIC – Encontro Técnico sobre Soluções InoBram para Eletricistas – Edição 2022.

Empresa lança e-commerce para consumidor final

são vendidos a partir da plataforma para o público da capital paulista.

Para isso, a Marfrig conta com dark stores em diferentes regiões da cidade, que são pequenos espaços para armazenagem e envio das carnes para o consumidor por sistema de geolocalização – a dark store mais próxima encaminha o pedido e garante entregas rápidas, de até 1 hora. Cada espaço tem cerca de 15 metros quadrados e abriga cinco refrigeradores. Um funcionário é responsável pelos processos de logística, envio e controle de estoque.

A Marfrig, líder global em produção de hambúrgueres e uma das maiores empresas de carne bovina do mundo, lançou o e-commerce Bassi (www.bassi.com.br), que atende o consumidor final por meio de delivery. Nesta primeira etapa do projeto, produtos das marcas Bassi, Bassi Angus, Montana Steakhouse e PlantPlus Foods (de proteína vegetal)

Na primeira compra pelo site, o consumidor tem 10% de desconto em qualquer produto e frete grátis (mediante disponibilidade de estoque). O e-commerce Bassi utiliza plataforma de tecnologia para gestão dos pedidos, dos produtos e da cadeia logística e tem parceria com agência de desenvolvimento especializada em serviços de transformação digital, o que garante segurança nas operações.

MFG

Maior produtora de carne certificada Angus do Brasil

A MFG Agropecuária foi agraciada com o “Top Produtor Carne Angus Certificada”, prêmio concedido por alcançar a condição de maior fornecedora do produto no Brasil Central, envolvendo sete estados da federação. Segundo a promotora da honraria, a Associação Brasileira de Angus, a empresa abateu quase 8 mil animais enquadrados no programa.

A MFG Agropecuária é uma das maiores empresa especializadas na terminação de bovinos em regime intensivo, com previsão de 280 mil abates até dezembro. Vagner Lopes, gerente corporativo de Originação de Gado da empresa, avalia que é um privilégio receber esse prêmio da maior entidade do Angus.

“Entendemos que este é um reconhecimento ao trabalho realizado todos esses anos, não só fomentando genética eficiente da raça Angus como também entregando aos consumidores

mais exigentes uma carne de excelente qualidade, por meio de animais bem-acabados. Estamos lisonjeados”, enfatiza o executivo.

A MFG Agropecuária possui 15 anos de operações e foi uma das pioneiras no fomento à produção de animais ½ sangue Angus no Brasil Central.

18 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 MARFRIG
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EMPRESAS
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VACCINAR LANÇA APLICATIVO COM

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA GESTÃO DE RUMINANTES

Seguindo a tradição de ser uma empresa inovadora e pioneira, a Vaccinar Nutrição Animal avança e lança o APP Ruminantes, um aplicativo que vai facilitar o atendimento consultivo e estra tégico aos clientes, em uma visão 360º, proporcionada por meio da inteligência artificial e que amplia a capacidade de gestão das pro priedades rurais. Em parceria com pesquisadores do Centro de Exce lência em Inteligência Artificial (CEIA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), o APP Ruminantes faz parte do hub dos aplicativos da empresa e será utilizado pelo corpo técnico e comercial da companhia. "Com o aplicativo, vamos conseguir simular soluções nutricionais que vão entregar o melhor resultado para nosso cliente e, consequente mente, viabilizar maior lucratividade", diz o Especialista em Nutrição de Ruminantes da Vaccinar, Fernando Camilo.

O aplicativo inteligente para smartphones foi desenvolvido para gado de corte. Nele é possível coletar, analisar e interpretar diversos indicadores produtivos e assim sugerir ações efetivas para os clien tes, como ajustes no plano nutricional e novas estratégias para otimizar a engorda.

Por meio de inteligência artificial no APP é possível propor uma solução otimizada para o ganho de peso ou redução de custo de pro dução, entre outras funcionalidades. O desenvolvimento do aplicativo buscou aliar a melhor solução com a praticidade do dispositivo.

"A tecnologia é uma grande aliada do agronegócio e a solução com Inteligência Artificial desenvolvida pela Vaccinar em parceria com a

UFG vai propiciar um diferencial competitivo para a empresa e mais eficiência no relacionamento com seus clientes", afirma o professor e pesquisador da UFG, Celso Camilo, Mestre e Doutor em Inteligên cia Artificial, coordenador do grupo que desenvolveu o aplicativo.

"O APP Ruminantes une nutrição, consultoria e tecnologia ao conectar clientes aos mais modernos conceitos nutricionais para o alto desempenho e sustentabilidade do negócio, tudo isso a um clique de distância. Afinal, o nosso objetivo é oferecer sempre as melhores soluções", frisa Fernando Camilo.

EMPRESAS
COM O APLICATIVO É POSSÍVEL COLETAR, ANALISAR E INTERPRETAR INDICADORES PRODUTIVOS , COMO AJUSTES NO PLANO NUTRICIONAL E NOVAS ESTRATÉGIAS PARA OTIMIZAR A ENGORDA. Solução foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Goiás 20 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
FOTO: VACCINAR DIVULGAÇÃO

ARTIGO TÉCNICO

DIFERENÇAS NA FISIOLOGIA EMBRIONÁRIA ENTRE AS LINHAGENS DE MATRIZES PESADAS

GUILHERME

Considerando a seleção gené tica do frango de corte que se concentrou na busca de ani mais com maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e maior rendimento de carnes nobres, prin cipalmente carne de peito, algumas perguntas nos inquietam:

Os embriões das linhagens atuais produzem mais calor do que os em briões das linhagens do passado? Seriam os embriões das linhagens comerciais de frango de corte dife rentes em seu desenvolvimento, crescimento e perfil de nascimento?

Tona et al., 2004, mostrou que li

nhagens de frangos de corte com di ferentes perfis de crescimento apre sentaram diferentes taxas metabólicas embrionárias. Foram avaliadas 3 linha gens, uma linhagem de reprodutoras pesadas padrão (selecionada para frangos de corte), uma linhagem ex perimental (linha de reprodutoras pe sadas, selecionada para desempenho reprodutivo e viabilidade), e uma linha gem selecionada para crescimento lento. A produção total de calor em brionário nas 428 h de incubação até a eclosão foi significativamente dife rente entre todas as 3 linhas (padrão > experimental > lenta).

Sem dúvida, a temperatura é o fator mais crítico na incubação (Mei jerhof, 2013). Vários experimentos e resultados de campo demonstraram que diferenças de frações de graus centígrados na temperatura influen ciam o desenvolvimento embrionário (Romanoff, 1960), a eclodibilidade (Wilson, 1990), a qualidade do um bigo (Lourens et al., 2005, 2007; Hulet et al., 2007) e o desempenho pós-eclosão (Foote, 2014). A tempe ratura durante a incubação influencia o peso dos órgãos, desenvolvimento do sistema cardíaco, dos músculos e tendões (Oviedo-Rondón, 2014). Es

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ADOBE STOCK
FOTO:
SEELENT Gerente Sênior e Especialista em Incubação da CobbVantress no Brasil.

Figura 1 - Níveis de produção de calor em embriões de linhagem pesada (S), linhagem experimental (E) e linhagem de crescimento lento (L).

odo perinatal para linhagem Cobb. Apesar de Hamidu et al., 2007 não ter observado dife renças quanto a condutância da casca, uma hipótese que explica essa diferença de perfil é a diferença nas características da casca do ovo observado nas duas linhagens, o que foi observado por De Ketelaere et al (2002), analisando 6 linhagens, sendo uma hipótese que devemos seguir analisando.

Uma diferença observada é que este me tabolismo mais elevado e crescimento mais rápido para o Cobb foi prolongado na primei ra semana de vida do pintinho, conforme podemos observar no gráfico abaixo.

Tona et al., 2010, ainda observou uma dife rença no perfil de perda de peso na incubação, conforme podemos observar na tabela 1, bem como uma diferença no período de incubação reforçando a diferença entre as duas linhas.

Período de Incubação (h) L E S

pecula-se que os embriões das linhagens modernas de frango de corte produzam mais calor do que as linhagens do passado. Isso pode causar superaquecimento podendo in fluenciar na mortalidade embrionária e a qua lidade dos pintinhos eclodidos.

Hamidu et al., 2007, comparando a con dutância da casca e o metabolismo embrio nário das linhagens Cobb 500 e Ross 308, não observou diferenças quanto a condutân cia da casca, consumo total de oxigênio, pro dução total de CO2 , quociente respiratório médio e produção total de calor. Porém, quando analisou o perfil diário desses indica dores observou que há uma diferença entre as linhagens. Especialmente na troca gasosa diária, durante os últimos dias de incubação, bem como a produção de calor. A hipótese levantada pelo autor é de que os embriões Cobb teriam uma taxa metabólica mais alta.

Tona et al., 2010 observou um comporta mento similar quando comparou as duas li nhagens. O autor observou um maior desen volvimento no embrião Cobb nos primeiros 4 a 5 dias e um maior desenvolvimento no Ross na segunda semana de incubação. Foi obser vado ainda, um metabolismo mais elevado e uma maior velocidade de desenvolvimento durante o último dia de incubação e no perí

Produção de calor (KJ/ovo/h) 1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5

Figura 2 - Mudanças na produção de calor em relação ao tempo de incubação de acordo com a linhagem

Produção de calor (KJ/ovo/h) Período de Incubação (h) Cobb Ross

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 23
420 430 440 450 460 470 0.120 0.100 0.080 0.060 0.040 0.020 0.000
Dessa forma, analisando os dados, pode mos concluir que as linhagens apresentam diferentes perfis de desenvolvimento. Essa diferença de perfil é observada na prática em incubatórios comerciais, que operam com grandes volumes de produção e nos reme tem a necessidade de termos ajustes espe cíficos para cada linhagem afim de obter o melhor resultado de ambas. 420 430 440 450 460 470 480 490

Figura 3 - Mudanças na produção de calor em relação ao nascimento e de acordo com as linhagens. A cada momento de pós-eclosão, um asterisco (*) indica diferença entre a produção de calor do pintinho.

Sugerimos alguns pontos a serem consi derados:

• Incubar as linhagens em máquinas distin tas, se possível dedicando grupos de má quinas por linhagem.

• Observar o perfil de perda de umidade na incubação e ajustar de acordo com a ne cessidade de cada linha.

• No caso de máquinas de estágio único, avaliar os programas para cada linhagem, conforme as monitorias de temperatura de casca.

• Monitorar a janela de nascimento de forma consistente e ajustar o período de incuba ção de acordo com o perfil de nascimento de cada linhagem.

• Ajustar a temperatura dos nascedouros a fim de sempre manter os pintos confortá veis, com temperaturas de cloaca entre 39,5 a 40,6ºC.

BIBLIOGRAFIA:

De Ketelaere, B., T. Govaerts, P. Coucke, E. Dewil, J. Viss cher, E. Decuypere, and J. De Baerdemaeker. 2002. Mea suring the eggshell strength of 6 different genetic strains of laying hens: Techniques and comparisons. Br. Poult Sci. 43:238–244.

Tabela 1 - Peso dos ovos e perda de peso na incubação e peso de 1 e 7 dias conforme a linhagem.

Parâmetro Número de ovos/pintinho

Tabela 2 - Ocorrência e duração dos eventos do nascimento em relação as linhagens.

Duração da incubação para 50% do IP 464b 466a Duração da incubação para 50% do EP 470b 472a

Duração da incubação para 50% da eclosão 484b 486a

Hamidu J. A., Fasenko G. M., Feddes J. J. R., O’Dea E. E., Ouellette C. A., Wineland M. J., Christensen V. L. The Effect of Broiler Breeder Genetic Strain and Parent Flock Age on Eggshell Conductance and Embryonic Metabolism. Poultry Science. 2007; 86: 2420-2432

Lourens A, Brand H van den, Heetkamp M J W, Meijerhof R, Kempt B. Effects of Eggshell Temperature and Oxygen Concentration on Embryo Growth and Metabolism During Incubation. Poultry Science 2007; 86:2194-2199

Lourens A, Brand H van den, Meijerhof R, Kempt B. Effect of Eggshell Temperature During Incubation on Embryo Development, Hatchability, and Posthatch Development. Poultry Science 2005; 84:914-920

Meijerhof R. Aspectos físicos da incubação e sua relação com o desenvolvimento embrionário. In: Macari, Marcos et al. Ma nejo da Incubação. Campinas: FACTA, 2013. p. 121-133.

Oviedo-Rondón, E. O. Fatores que Interferem no De senvolvimento Embrionário e Impactam no Meta bolismo do Frango. 10° Simpósio Técnico ACAV. 16 a 18 de setembro de 2014.

Romanoff A L. The Avian embryo: structural and functio nal development. New York: Macmillan; 1960

Tona k., Onagbesan O. M., Kamers B., Everaert N., Brug geman V., Decuypere E. Comparison of Cobb and Ross strains in embryo physiology and chick juvenile growth. Poultry Science. 2010; 89:1677-1683.

Tona K., Onagbesan O. M., Jego Y., Kamers B., Decuypere E., Bruggeman V. Comparison of Embryo Physiological Parameters During Incubation, Chick Quality, and Growth Performance of Three Lines of Broiler Breeders Differing in Genetic Composition and Growth Rate. Poultry Scien ce. 2004; 83:507-513.

Wilson H. Physiological requirements of the developing embryo: temperature and turning. In: Tullet, S G Editor. Avian incubation. 1990. p. 145-146

24 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
ARTIGO TÉCNICO
por
ROSS
cepa COBB
Pesos dos ovos no ajuste 600 70.18 ± 0.34 70.68 ± 0.33 Perdas de peso do ovo até 18 dias de incubação 450 9.13 ± 0.24b 10.08 ±0.14a Peso do pintinho de 1 dia 350 52.73 ± 032a 52.61 ± 0.37a Peso do pintinho de 7 dias 300 151.84 ±2.55ª 148.08 ± 2.41b
Evento de incubação1 COBB ROSS
Duração do IP 8.00 ± 0.66 7.94 ± 0.63 Duração do EP 12.89 ± 0.44 11.65 ± 0.38 Tempo de incubação 19.32 ± 0.67 18.84 ± 0.43 Eclodibilidade 91.51 90.10 Produção de calor (KJ/pinto/h) Idade dos pintinhos (h) Cobb Ross 6 5 4 3 2 1 6 26 46 66

RODRIGO CAPELLA

Diretor Geral da Ação Estratégica – Comunicação e Marketing no Agronegócio.

Com artigos e livros sobre agronegócio publicados no Brasil e no exterior, Capella é palestrante e influenciador digital do agronegócio. Também é editor do site Marketing no Agronegócio (www.marketingnoagronegocio.com.br) e do site Agro no Varejo (www.agronovarejo.com.br).

Defender uma causa é cada vez mais fun damental no agronegócio. Além de criar uma clara e consistente conexão entre empresa e público-alvo, esse tipo de postura faz a total diferença em um dia de campo, em uma ação dentro da agrorevenda ou em uma parti cipação da empresa em um evento específico.

É como se a empresa sinalizasse de forma contundente aos clientes e ao mercado a sua verdadeira essência e a razão que move as suas atividades diariamente.

Melhor ainda, então, se a causa defendida for incorporada à missão principal da orga nização. Aí, cria-se um interessante movi mento interno com o objetivo de atender demandas reais de uma sociedade.

Dentro deste contexto, quanto mais es pecífica for a causa, melhor tende a ser o resultado. Vejamos: se a sua empresa pre tende defender uma causa sustentável, opte por detalhar como será essa defesa. Não se limite a dizer que a organização apoia a sus tentabilidade, mas detalhe como essa defe

sa é feita durante o processo produtivo e no uso de matéria-prima, por exemplo.

O mesmo ocorre se a empresa optar por defender a produção orgânica. É preciso re velar para o consumidor, com total transpa rência, quais aspectos tornam a sua empre sa uma defensora deste tipo de produção. O diferencial está no campo, dentro da granja? A metodologia, dentro da empresa, está em conexão com práticas orgânicas? Explique.

Quando falamos em defesa de causa, a comunicação é mais do que necessária. Com estratégia certeira e transparência, criasse um natural diálogo com o público-alvo. É o poder de se contar uma história, com os ali cerces necessários para que a defesa de causa seja difundida de uma forma coerente para a empresa e para a sociedade.

Escolher, portanto, as melhores estraté gias e táticas comunicacionais é um ponto crucial. Não basta divulgar uma causa, é preciso divulgá-la de forma impactante, den tro de um contexto amplo e real.

26 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 MARKETING
Por Rodrigo Capella
SUA EMPRESA DEFENDE? SE A SUA EMPRESA PRETENDE DEFENDER UMA CAUSA SUSTENTÁVEL, OPTE POR DETALHAR COMO SERÁ ESSA DEFESA. NÃO SE LIMITE A DIZER QUE A ORGANIZAÇÃO APOIA A SUSTENTABILIDADE, MAS DETALHE COMO ESSA DEFESA É FEITA DURANTE O PROCESSO PRODUTIVO E NO USO DE MATÉRIA-PRIMA, POR EXEMPLO. FOTO: ADOBE STOCK
QUAL CAUSA A
SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 27

QUEM PRATICA, GANHA

A sigla “ESG” surgiu há 18 anos, após provocações da Organização das Nações Unidas (ONU) para grandes empresários de instituições financeiras. Os questionamentos geraram recomendações expressas e começaram, com o passar dos anos, a enraizar e capilarizar por áreas como o agronegócio, tão conectada ao meio-ambiente (E), e cada vez mais integrada às questões sociais (S) e de governança (G). A conexão entre as “três letras” veio para ficar, afirmam os especialistas, e já tem garantido uma série de benefícios, como de reputação de marca e financeiros às empresas que inserem essas práticas no cotidiano.

FOTO: ADOBE STOCK CAPA
28 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022

Como integrar a sustentabilidade aos investimentos de uma empresa e/ou de um setor? Esta foi a provocação do secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, em 2004, para CEOs de instituições financeiras do mundo todo. Foi a partir deste e de outros questionamentos parecidos que surgiu a publicação da Organização das Nações Unidas (ONU) “Who cares wins: Connecting Financial Markets to a Chan ging World”, que numa tradução livre para o português, significa “Quem cuida, ganha: conectando o mercado financeiro a um mundo em transformação”.

O documento apresenta, para cada um dos agentes do mercado, recomen dações para uma melhor integração ambiental, das questões sociais e de governança, ou seja: recomendações voltadas à sigla que tem estado cada dia mais em alta: “E” (environmentalmeio-ambiente, integração ambiental); “S” (social - questões sociais); “G” (go vernance - governança). Ou ainda: go vernança ambiental, social e corporativa.

Ao todo, 20 instituições financeiras, de nove países, com ativos de mais de seis trilhões de dólares sob gestão, par ticiparam do desenvolvimento e endos saram o relatório da ONU, entre eles o Banco do Brasil.

ESG CRIOU RAÍZES

Com o passar dos anos, o conceito “ESG” foi criando raízes e capilaridades no cotidiano das empresas de diversos setores e fortemente no agronegócio, que representa 27,4% do PIB brasileiro.

Apenas a produção agrícola brasileira tem previsão de crescer mais 20% até 2030, de acordo com a pesquisa Proje ções do Agronegócio, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Este cenário otimista tem evi denciado as questões ambientais, já tão intrínsecas do setor, e reforçado ainda mais questões sociais e de governança.

“A implantação de uma cultura ESG permite dar visibilidade às diversas prá ticas que são adotadas pelas empresas do agronegócio brasileiro. O que antes era visto como um tema de conformida de passa a ser visto como diferencial competitivo”, destaca Rodrigo Provazzi, sócio da PwC Brasil.

A PwC, empresa de prestação de ser viços em áreas como consultoria de ne gócios e assessoria em transações, deixou claro ao final da pesquisa “Importância da agenda ESG no agronegócio”, feita em 2021: “empresas que adotarem estraté gias e modelos de negócios alinhados às melhores práticas de ESG se diferenciarão no mercado e criarão as bases de seu crescimento e perpetuidade.”

“A jornada ESG veio para ficar, pois não se trata só de boas práticas, mas principalmente do olhar estratégico e responsável, capaz de gerar impactos positivos nas questões sociais, ambien tais e financeiras”, garante o gerente de Comunicação, Cultura e Sustentabilida de da M. Dias Branco, Tiago Timbó, ainda reforçando que adotar práticas ESG não é mais uma opção, é questão de sobrevivência para as companhias, é vantagem competitiva.

EXEMPLOS DE AÇÕES ESG

AÇÕES

(Environmental / Meio-ambiente):

Questões como emissões de carbono, número de operações com uso intensivo de água e porcentagem de redução da energia usada.

AÇÕES

(Sociais):

Iniciativas para o bem-estar de funcionários e fornecedores, inclusão e diversidade (diferença salarial média entre gêneros, percentual de representação de gênero e grupo racial/ étnico), além de planejamento e mensuração do impacto social das atividades da organização nas comunidades onde está inserida.

AÇÕES

(Governance / Governança):

Questões como diversidade do conselho, remuneração de executivos e transparência tributária.

Fonte: Importância da agenda ESG no agronegócio (2021), PwC Brasil

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 29
IMPLANTAÇÃO DE UMA CULTURA ESG PERMITE DAR VISIBILIDADE ÀS DIVERSAS PRÁTICAS QUE SÃO ADOTADAS PELAS EMPRESAS
AGRONEGÓCIO BRASILEIRO.
QUE
CONFORMIDADE
A
DO
O
ANTES ERA VISTO COMO UM TEMA DE
PASSA A SER VISTO COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO” RODRIGO PROVAZZI , sócio da PwC Brasil

SLC AGRÍCOLA

ESG TRANSFORMADA EM JORNADA HÁ 15 ANOS

A integração do ESG começou a ser pautada na SLC Agrícola - produtora brasileira, entre outras commodities, de soja, milho e algo dão - depois que a empresa abriu o capital, em 2007. “Naquela época, as pressões in ternacionais sobre o agronegócio já estavam começando a ficar fortes, e a empresa cami nhou no sentido de participar de mesas-re dondas nacionais e internacionais, especial mente da produção de soja responsável”, relata Álvaro Dilli, diretor de Recursos Hu manos, TI e Sustentabilidade. Há 37 anos na SLC, o diretor recorda desse histórico em razão da proporção que a pauta ganhou na empresa, tanto que se transformou na pri meira trilha/jornada dentro da companhia.

Os passos dessa trilha foram avançando com o passar desses 15 anos, segundo o diretor, com o início da certificação das uni

dades, primeiro em relação a soja. “Em 2008 tivemos a clara noção de que o futu ro seria da agricultura certificada, da com modity rastreável, que tivesse origem, que se soubesse onde é produzida, como, que tipo de mão de obra é empregada. Isso nos levou para o futuro e o futuro é hoje”, pon tua Álvaro.

As ações de ESG foram capilarizando den tro da SLC Agrícola também com a criação de um sistema de gestão integrado que ado tou quatro normas internacionais voltadas ao meio-ambiente, à medicina e segurança do trabalho, à responsabilidade social e à quali dade. Com a adoção dessas normas (ISO e NBR), a empresa começou a certificar as 22 fazendas de produção em seis estados bra sileiros, onde estão mais de cinco mil colabo radores e as plantações de mais de 670 mil

CENTRO DE INFORMAÇÕES AGRÍCOLAS

No Centro de Informações Agrícolas (CIA), são monitoradas todas as etapas da produção da SLC

BIOFÁBRICAS

30 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 CAPA
A SLC conta com 11 unidades para a produção de biodefensivos, utilizados nas fazendas, cada uma com capacidade semanal de 15 mil litros
FOTOS: DIVULGAÇÃO

hectares de soja, milho e algodão. “Essas premissas e ações foram facilitando a ges tão de riscos e evoluindo a reputação da SLC”, destaca Álvaro.

Outros dois marcos dessa trilha tam bém são considerados essenciais pela empresa: a entrada da SLC no Pacto Glo bal da ONU, em 2015, e a criação do Co mitê ESG, em 2021, para formular reco mendações e acompanhar a implantação de políticas, estratégias, investimentos e ações que se relacionem à gestão de ESG.

Todas as decisões dos últimos 15 anos renderam uma série de prêmios para a em presa, o último foi o Prêmio Exame Melhores do ESG 2022, que reconhece as ações das companhias responsabilidade social, ações ambientais e de governança. “Tudo isso é resultado dessa jornada longa de forma mui to estruturada. ESG a gente não faz do dia para noite. O que a empresa garante é uma redução dos nossos impactos ambientais, melhorias nas questões sociais, tendo a go vernança disso”, afirma o diretor Álvaro Dilli.

EXEMPLOS DE AÇÕES ESG NA SLC AGRÍCOLA

“E” = ENVIRONMENTAL (MEIO-AMBIENTE): Práticas agrícolas como plantio direto, rotação de culturas, uso de tecnologias, sequestro de mais carbono do solo, mantendo o solo mais vivo e reduzindo impactos das operações e do efeito estufa, com a meta de reduzir 25% do efeito estufa até 2030.

“S” =

SOCIAL (QUESTÕES

SOCIAIS): Foco na qualidade de vida dos colaboradores, academia de líderes na empresa, com colaboradores desenvolvidos ao longo do tempo, sendo 77% das lideranças desenvolvidas internamente. Também trabalhando mais a participação do público feminino na empresa. “Sabemos que na agricultura predomina muito o masculino, então a tendência é que tenhamos menos mulheres, hoje temos 15% do nosso time formado por elas, mas queremos atingir pelo menos 18%, especialmente em cargos de liderança”, afirma Álvaro Dilli. Outros pontos destacados pela empresa são a segurança do trabalho e o cuidado com benefícios às comunidades ao redor das unidades/fazendas.

“G” = GOVERNANCE

(GOVERNANÇA):

Neste ponto, a empresa aposta na certificação e rastreabilidade dos produtos. “Hoje, somos o maior produtor e exportador de pluma de algodão do Brasil. Todo ele é certificado e vai com selos e rastreabilidade”, afirma Álvaro. Ainda, a SLC estabeleceu um Código de Ética e Conduta com um processo de educação dentro da empresa; e frisam a inovação, oferecendo oportunidades para startups com programas como o “Horizonte SLC”; também apostam na agricultura digital; e na gestão de riscosfinanceiros, de preço, de commodities e sócio-ambientais -, fazendo gestão através de um sistema integrado que agilize e impeça qualquer erro ambiental que possa ferir a imagem e reputação da empresa.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 31 FOTO: DIVULGAÇÃO EM 2008 TIVEMOS A CLARA NOÇÃO DE QUE O FUTURO SERIA DA AGRICULTURA CERTIFICADA, DA COMMODITY RASTREÁVEL, QUE TIVESSE ORIGEM, QUE SE SOUBESSE ONDE É PRODUZIDA, COMO, QUE TIPO DE MÃO DE OBRA É EMPREGADA. ISSO NOS LEVOU PARA O FUTURO E O FUTURO É HOJE” ÁLVARO DILLI , diretor de Recursos Humanos, TI e Sustentabilidade da SLC Agrícola

ESG BENEFÍCIOS FINANCEIROS E DE MARCA

Quem estuda o mercado e acompanha o tema ESG afirma que as “três letras” vieram para ficar, tanto no agronegócio, quanto em todos os setores produtivos da sociedade. Um grande estímulo são os benefícios que têm sido colhidos pelas empresas que ado tam as práticas.

No documento da ONU que deu vida ao ESG, as instituições participantes afirmaram que estavam convencidas, ainda lá em 2004, de que “a maneira como as questões ambientais, sociais e de governança corpo rativa são gerenciadas são parte da qualida de geral da gestão das empresas, necessária para competir com sucesso”, destacando que apresentar melhor desempenho em ESG pode aumentar o valor para o acionista, gerenciar adequadamente os riscos, contri buir para o desenvolvimento sustentável das sociedades em que operam, e ter um forte impacto na reputação e marca da empresa.

Emanuel Pessoa, advogado especializa do em Governança, Direito Societário, Econô mico e Contratos, destaca que, nos últimos anos, os principais fundos de investimento do

mundo decidiram orientar seus aportes ape nas para empresas que fossem consideradas aderentes às práticas ESG. “Particularmente, a maioria deles já fazia isso no que tocava à governança corporativa (o "G"), principalmen te no exterior, mas a imposição de observân cia de práticas ambientais ("E") e sociais ("S") é mais recente”, afirma.

O “BOOM" ESG

No caso ambiental, explica Pessoa, isso de corre das mudanças climáticas mais acen tuadas dos últimos anos, que têm chamado cada vez mais a atenção da sociedade civil e

se tornado um assunto corriqueiro para os consumidores, ao que se somou a demanda por produtos saudáveis e sustentáveis mais elevada após a pandemia da Covid-19.

Já quanto às práticas de âmbito social, movimentos como o Black Live Matters im pactaram fortemente a percepção da socie dade civil quanto à necessidade de atenuar as desigualdades e combater a discrimina ção. “Isso não depende de se achar que um Movimento qualquer é bem ou mal gerido ou intencionado, mas do fato de que eles trouxeram o problema à tona e o colocaram na ordem do dia”, afirma o advogado.

A SLC Agrícola, por exemplo, afirma que além do reconhecimento da marca e de pre miações, as questões financeiras foram im pactadas, com empréstimos mais atrativos baseados na sustentabilidade. “No ano pas sado, captamos R$ 700 milhões em três certificados recebíveis e mais dois emprés timos fundamentados em ESG, com taxas mais atrativas. Claro, com a contraproposta de atingir metas estabelecidas em contrato. Mas, sim, é possível ter benefícios financei ros”, afirma Álvaro Dilli, diretor de Recursos Humanos, TI e Sustentabilidade.

“Entendemos que a adoção de práticas ESG aumenta a credibilidade e o engajamen to com clientes, colaboradores e a sociedade como um todo. Além disso, amplia o acesso a fontes de financiamento. Por fim, estas práticas geram mais valor aos acionistas no longo prazo e ampliam a resiliência das em presas”, afirma Rodrigo Provazzi, sócio da PwC Brasil.

32 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 CAPA
FOTOS: DIVULGAÇÃO

AÇÕES DEVEM SER DETALHADAS

O advogado Emanuel Pessoa cita que os principais benefícios de ingressar no mercado ESG estão no acesso a um mercado consumidor disposto a pagar mais por produtos e serviços, além de um posicionamento corporativo capaz de gerar um branding efetivo perante os consumidores.

“Para qualquer empresa, a propaganda mais efetiva que ela pode ter é de consumidores que se tornam fãs da sua marca, sendo efetivos propagadores das vantagens e benefícios de se optar por aquela empresa, na aquisição de produtos e serviços, em vez de outra”, destaca.

O especialista em marketing, Rodrigo Capella afirma que defender uma causa é cada vez mais fundamental no agronegócio. “Além de criar uma clara e consistente conexão entre empresa e público-alvo, esse tipo de postura faz a total diferença em um dia de campo, em uma ação dentro da agrorevenda ou em uma participação da empresa em um evento específico”, afirma.

Rodrigo ainda recomenda: “se a sua empresa pretende defender uma causa sustentável, opte por detalhar como será essa defesa. Não se limite a dizer que a organização apoia a sustentabilidade, mas detalhe como essa defesa é feita durante o processo produtivo e no uso de matéria-prima, por exemplo”, afirma o colunista da Setor Agro & Negócios e diretor geral da Ação Estratégica-Comunicação e Marketing no Agronegócio.

No entanto, para que sejam perenes e façam sentido para a empresa, as práticas ESG devem estar conectadas à estratégia, sugere Rodrigo Provazzi, sócio da PwC Brasil. “Por este motivo, entendemos que a melhor forma de iniciar com esta agenda é identificando de forma realista as oportunidades de melhoria dentro da empresa e implementar ações estruturantes”, finaliza.

ENTENDEMOS QUE A ADOÇÃO DE PRÁTICAS ESG AUMENTA A CREDIBILIDADE E O ENGAJAMENTO COM CLIENTES, COLABORADORES E A SOCIEDADE COMO UM TODO. ALÉM DISSO, AMPLIA O ACESSO A FONTES DE FINANCIAMENTO. POR FIM, ESTAS PRÁTICAS GERAM MAIS VALOR AOS ACIONISTAS NO LONGO PRAZO E AMPLIAM A RESILIÊNCIA DAS EMPRESAS”

M. DIAS BRANCO SUSTENTABILIDADE É O PRÓPRIO NEGÓCIO

Fundada há 69 anos no Ceará, a M. Dias Bran co é líder nos segmentos de massas e biscoi tos e recebeu o Prêmio Exame Melhores do ESG 2022, na categoria Agronegócio, Alimen tos e Bebidas. O reconhecimento, segundo o gerente de Comunicação, Cultura e Sustenta bilidade, Tiago Timbó, se deve a uma jorna da que começou há pelo menos uma década, quando a companhia compreendeu a impor tância de estabelecer uma agenda de susten

tabilidade de forma consistente, estruturada e alinhada com a estratégia da companhia.

Em 2013, por exemplo, a empresa realizou um estudo para definir os principais temas ESG que impactavam o negócio e, ao longo dos anos, foi evoluindo gradualmente nas práticas. “Criamos indicadores de gestão para os temas de sustentabilidade, monta mos grupos multidisciplinares com reuniões sistemáticas, aderimos ao Pacto Global da ONU e passamos a reportar os avanços anu almente em nosso relatório integrado, que é divulgado junto com os resultados financei ros, pois queremos deixar claro que o lucro e a sustentabilidade andam juntos”, destaca Tiago. Neste ano, a companhia inclusive re visitou a agenda de ações firmadas.

Para a M. Dias Branco, um dos reconhe cimentos de que o caminho é o certo está no fato de que, em janeiro de 2021, a com panhia passou a integrar o Índice de Susten tabilidade Empresarial da B3, um grupo seleto de empresas que são reconhecidas por suas práticas sustentáveis. “Na nova carteira do índice anunciada em janeiro deste ano, apenas 45 empresas, das cerca de 400 listadas na bolsa, foram selecionadas, entre elas, a M. Dias Branco”, destaca Tiago.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 33 FOTO: DIVULGAÇÃO

PRÁTICAS COTIDIANAS E DESAFIOS

Entre as diversas iniciativas da empresa estão, na questão ambiental, um acordo com a Omega Energia para a geração de 18 MW de energia por três parques eólicos, instalados em Paulino Neves/MA, contri buindo para o fortalecimento de matrizes energéticas mais renováveis e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa.

Na frente social, a companhia tem apoiado diversas ações de capacitação que fomentam o empreende dorismo e a profissionalização no setor de alimentos. “Em toda a companhia, que conta com mais de 16 mil funcionários, 26% das mulheres ocupam posições de liderança. Até 2030, a M. Dias Branco se comprome te a ter 40% dos cargos de liderança ocupados por mulheres”, destaca Tiago.

Para uma empresa com 17 unidades industriais em várias regiões do país, além de 35 escritórios comer ciais, o grande desafio é engajar os colaboradores. “Os controladores da companhia deram o pontapé inicial para abraçarmos essa jornada, mas era preciso envol ver todos os 16 mil colaboradores. Esse é um desafio constante. Por isso, divulgamos cada uma de nossas iniciativas, realizando eventos e campanhas internas, ministrando palestras temáticas, capacitando as lide ranças, entre outras ações”, destaca o gerente.

TEMAS PRIORITÁRIOS DE ESG NA M. DIAS BRANCO

As metas da agenda estratégica de sustentabilidade da M. Dias Branco, com visão até 2030, tem 15 temas prioritários, com metas claras definidas para cada um. Essas metas têm por base três pilares que representam o ESG: cuidar do planeta (ambiental); acreditar nas pessoas (social); e fortalecer alianças (governança).

“E” = ENVIRONMENTAL (MEIO-AMBIENTE):

No pilar ambiental, os temas são: (1) água, (2) energia, (3) mudanças climáticas, (4) resíduos, (5) embalagens sustentáveis, e (6) combate à perda e ao desperdício de alimentos.

“S”

= SOCIAL (QUESTÕES SOCIAIS):

No pilar social, os temas são: (7) relacionamento com as comunidades, (8) capital humano, (9) diversidade e inclusão, (10) saúde e segurança, (11) alimentos saudáveis e nutritivos.

“G” = GOVERNANCE (GOVERNANÇA):

No pilar governança são: (12) riscos e oportunidade em sustentabilidade, (13) governança, ética e integridade, e (15) cadeia de valor sustentável.

34 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
DESDE O INÍCIO DA NOSSA JORNADA NESSE TEMA, ENTENDEMOS QUE A SUSTENTABILIDADE É O PRÓPRIO NEGÓCIO. CONSUMIDORES BUSCAM COMPRAR PRODUTOS DE EMPRESAS RESPONSÁVEIS, PROFISSIONAIS QUEREM TRABALHAR EM EMPRESAS QUE TENHAM UMA CAUSA SOCIAL, CLIENTES PRIVILEGIAM EMPRESAS QUE RESPEITAM O MEIO AMBIENTE, PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS GERAM ECONOMIA DE RECURSOS E OTIMIZAM A PRODUTIVIDADE. ENFIM, SER SUSTENTÁVEL É UMA EXIGÊNCIA QUE VAI TRAZER MAIS VALOR PARA AS EMPRESAS QUE TIVEREM PRÁTICAS ESG” TIAGO TIMBÓ, gerente de Comunicação, Cultura e Sustentabilidade da M. Dias Branco CAPA
FOTO: ADOBE STOCK

CARACTERÍSTICAS:

- Gestação individual e coletiva, maternidade e terminação;

- Pode ser utilizado em diversas aplicações;

- Dosador injetado;

- Capacidade de 9 litros;

- Tampa lateral de fácil remoção para limpeza;

- Registros de regulagem e fechamento individuais;

- Tubos de descarga em aço galvanizados ou PCV;

- Sensor de aproximação para desligamento automático;

- Sistema de abertura pode ser motorizado com programação de horário.

COMEDOURO MODELO RETANGULAR INOX

Modelos creche e terminação duplos, proporcionam fácil acesso a ração seca ou úmida, com regulagem simples e sem desperdícios.

CARACTERÍSTICAS:

- Creche 5 bocas, cap. de 50 a 60 animais;

- Terminação 3, 4 e 5 bocas, cap. de 60, 80 e 100 animais;

- Fabricado em aço inox 304, nas opções soldados e/ou parafusados;

- Mecanismo de fácil regulagem com sistema de guilhotina, que permite acesso fácil do suíno na ração;

- Fácil instalação em qualquer tipo de baia;

WWW.EDEGE.COM.BR WWW.EDEGE.COM.BR Rua Reinaldo Pinhat, 300E | Bairro Quedas do Palmital Chapecó-SC | (49) 3319.6700 | edege@edege.com.br TERMINAÇÃO MATRIZES CRECHE TERMINAÇÃO COMEDOURO AUTOMÁTICO COM DOSADOR
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INOVADORES

BIOTROP

Soluções biológicas e naturais é foco da gerente de tecnologia em cana-de-açúcar

O agronegócio inicia uma forte transição do uso de insumos agrícolas sintéticos para as soluções biológicas e naturais. Na cultura de cana-deaçúcar, puxada sobretudo pelas grandes usinas e grupos, a utilização dos bioprodutos avança a passos largos, em curva crescente, especialmente devido à demanda para elevar a sustentabilidade na produção sucroenergética.

Com esse foco, Inês Janegitz , que é engenheira agrônoma, com MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), chega para reforçar o time da Biotrop, empresa brasileira de soluções naturais e biológicas. Ela assume a gerência de tecnologias para a cana-de-açúcar, com a missão de levar cada vez mais a agricultura regenerativa ao setor.

A profissional possui vasta expertise no setor sucroenergético, atuando em grandes empresas e usinas. Começou sua carreira no segmento em 1987, como estagiária no Grupo Cocal, passando por todas as áreas do departamento agrícola até alcançar a gerência, e após ter atuado em outras companhias, retornou para o grupo como diretora, onde atuou até 2015.

FUNDAÇÃO MT, ESALQ/USP E FEALQ

União para levar conhecimento e profissionalização ao agro

O intuito das entidades é de que juntas possam promover atividades de extensão, como eventos técnicos-acadêmicos, treinamentos e visitas técnicas, estágios de estudantes de graduação, intercâmbio de pós-graduandos, pesquisadores e especialistas. “Considerando a importância da atividade agrícola em nosso país, é fundamental estarmos preocupados com a formação pessoal a fim de que possam utilizar as novas tecnologias e transformar conhecimento em riqueza, seja de forma acadêmica ou na extensão universitária”, destacou o diretor da Esalq, Durval Dourado Neto.

Em uma iniciativa inédita, com o objetivo de difundir conhecimento, promover a profissionalização no agronegócio e o desenvolvimento da pesquisa no setor, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), a Universidade de São Paulo (USP), por meio da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), firmaram um protocolo de intenções. A parceria irá desenvolver ações entre as instituições para o incremento da formação de pessoal em áreas estratégicas.

O diretor-presidente da Fundação MT, Francisco José Soares Neto, vê como um marco a assinatura do documento. “A Esalq é referência há muitos anos dentro da agricultura brasileira. Para nós, é uma honra iniciar essa parceria que será um complemento nas nossas atividades. Estamos há quase 30 anos trabalhando em prol da agricultura no Mato Grosso, no Centro-Oeste e em todo o Brasil. Mas, o que era gargalo quando começamos, já não é mais, os obstáculos são outros, especialmente quando falamos em pessoas, instrução, conhecimento e mão de obra”, ressalta.

36 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
FOTO: DIVULGAÇÃO FOTO: DIVULGAÇÃO Diretor da Esalq, Durval Dourado Neto, diretor-presidente da Fundação MT, Francisco José Soares Neto e o presidente da Fealq, Nelson Massola

BIOGÉNESIS BAGÓ

Gerente de serviços técnicos e veterinária são premiados

Durante a reunião anual da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE) realizada em Foz do Iguaçu (PR), foram premiados o Gerente de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó, Reuel Luiz Gonçalves, como Profissional de Destaque do Ano na Área Aplicada, conquistando o ‘Prêmio Roberto Jorge Chebel’, e a médica-veterinária e parceira da empresa, Roberta Machado Ferreira Saran, com o prêmio de Melhor Trabalho na Área Aplicada.

O ‘Prêmio Roberto Jorge Chebel’ é concedido ao profissional de campo com destaque na área, com relevantes serviços prestados à biotecnologia aplicada à reprodução animal, que tenham resultado em contribuição efetiva para o desenvolvimento da pecuária nacional. O prêmio é entregue após a elaboração de uma lista tríplice, por parte de ex-presidentes e o atual da SBTE, e os indicados passam por um escrutínio pelos associados da entidade, sendo o mais votado o agraciado com o Prêmio.

Reuel Gonçalves conta que Roberto Jorge Chebel trabalhou em projetos ambiciosos e promissores pela inseminação artificial e transferência de embriões no Brasil. “Foi um incansável incentivador, com seu espírito irrequieto e dinâmico, sempre em busca do melhor e de seu crescimento. Além da competência técnica, tornou-se sinônimo de união, integração e cavalheirismo, inspirando, assim, a criação deste prêmio”.

FOTO: DIVULGAÇÃO
Médica-veterinária, Roberta Saran, o coord. de Serviços Técnicos e Capacitações, João Paulo Mendes Lollato, e Reuel Luiz Gonçalves, Gerente de Serviços Técnicos, ambos da Biogénesis Bagó

EMBRAPA

Nova diretoraexecutiva de Pessoas, Serviços e Finanças

Mara Silvia Rocha Ribeiro é a nova diretora-executiva de Pessoas, Serviços e Finanças da Embrapa. Com graduação em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília e especialização em Gestão Pública pela Faculdade Fortium de Brasília, tem experiência em gestão pública de pessoas, orçamento e finanças, contratações, tecnologia da informação, gestão de contratos.

Exerceu funções de Chefe Adjunto de Administração e de Gerente-Geral Substituta da Embrapa Negócios para Transferência de Tecnologia e Embrapa Produtos e Mercado em Brasília/DF (2008 a 2018).

Até a posse no mês de outubro, ocupava o cargo de assessora do Diretor-Executivo de Negócios da empresa, Tiago Toledo Ferreira.

VETANCO

Primeiro software de gestão de Salmonellas do Brasil

O Poultry Science Latin American Scientific Conference 2022, realizada em outubro, em Foz do Iguaçu/PR, foi o evento escolhido para apresentar à avicultura brasileira o primeiro software de gestão de Salmonellas do segmento. O Guardian Software é a nova solução inteligente para auxiliar na saúde animal e na segurança alimentar.

"A prevenção é a melhor forma de controle de Salmonellas. Com isso, a Vetanco desenvolveu um programa repleto de soluções, o Guardian Program, que em conjunto com medidas de biosseguridade trazem segurança contra um dos principais desafios da avicultura brasileira, que são as salmonelas. Para coroar este portfólio, recentemente foi lançada a Biotech Vac Salmonella, primeira vacina de subunidade para o controle deste desafio no mercado brasileiro", explica o Gerente de Marketing da Vetanco, Thiago Moreira Tejkowski.

E a Vetanco continua inovando e traz para o mercado outra solução exclusiva: o primeiro software de gestão de Salmonellas do Brasil. Com acesso simplificado pelo navegador, o Guardian Software é personalizado para cada realidade e integração, permitindo lançar dados de amostras ou ser abastecido automaticamente através da interface com o laboratório de análises. Desta forma, a padronização dos principais indicadores oferece uma visão ampla de toda a cadeia.

Exportar para o Chile

Líder do mercado de genética, a Agroceres PIC acaba de receber autorização para exportar suínos de reprodução para o Chile. As unidades de Palma Sola e Santa Cecília, ambas em Santa Catarina, foram habilitadas em outubro, após auditoria realizada pela missão oficial chilena, que constatou o cumprimento de todos os requisitos exigidos pelo Chile.

A abertura do mercado chileno foi concluída e oficializada no início de 2022, após 5 anos de negociações entre as autoridades dos dois países e é resultado de ações diretas da Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (ABEGS), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e autoridades chilenas.

Com o acordo bilateral, o Brasil fica autorizado a exportar para o Chile suínos de reprodução vivos, produzidos em unidades instaladas em área certificada como livre de Febre Aftosa sem vacinação. Ao conquistar a habilitação sanitária, a Agroceres PIC torna-se a primeira companhia de genética de suínos do Brasil autorizada a exportar para o mercado chileno.

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INOVADORES
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Leitões mais pesados e uniformes no desmame

A evolução genética dos últimos tempos fez com que fêmeas suínas se tornassem altamente produtivas. Dessa forma, com o aumento do número de leitões nascidos e a produtividade das granjas, o setor passou a enfrentar um maior número de leitões de baixo peso e desuniformes. Portanto, uma complementação nutricional aos leitões faz-se cada vez mais necessário. "O Pigger Cream é um produto focado para auxiliar nessa problemática, pois se apresenta como uma solução para suprir a quantidade de leite insuficiente enfrentada por leitegadas numerosas. Ele auxilia na redução de mortalidade dos leitões de baixa viabilidade e colabora para que tenham maior ganho de peso no pré e pós desmame", inicia a Gerente Técnica de Nutrição Suínos da Polinutri, Natalia Sitanaka

Por garantir proteínas de alta qualidade, digestibilidade e atender as exigências do leitão, o Pigger Cream aprimora o funcionamento do sistema digestivo. "O Pigger Cream é um leite UHT pronto e de fácil uso que aumenta o número de leitões desmamados. O produto também é uma ferramenta aliada para a redução de mães de leite, diminuindo a mão de obra com a movimentação de leitões e melhorando a sanidade e estresse do sistema”, acrescenta a Gerente Técnica.

OUROFINO SAÚDE ANIMAL

Reconhecida por inovar no agronegócio

No mês de outubro foi anunciado o Ranking TOP 100 Open Corps 2022, que reconhece as corporações que mais praticaram inovação aberta com startups no país no último ano, a partir de dados gerados pelo próprio mercado.

A Ourofino Saúde Animal está na vice-liderança no segmento agronegócio do ranking que ficou mais competitivo esse ano, de acordo com a organização.

Maira Zampier, gerente de inovação aberta da Ourofino Saúde Animal, explica que o trabalho com startups faz parte do pipeline da empresa, que tem como propósito reimaginar a saúde animal. “Um ecossistema de inovação é formado pela colaboração de diversos agentes que trabalham com o mesmo propósito, neste sentido temos a prerrogativa de trabalhar com pesquisadores, órgãos de fomento à pesquisa e conexão com startups, para estarmos antenados com o que há de mais inovador sendo desenvolvido. O resultado desse trabalho é oferecermos o que há de melhor para os nossos clientes em linha com as tendências do mercado consumidor”, comenta.

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EVONIK

Novo CEO está focado na sustentabilidade

O Grupo Evonik efetuou mudanças em vários cargos de alta gestão com o objetivo de reforçar ainda mais a diversidade de culturas e experiências internacionais em funções-chaves.

Com as mudanças, Hendrik Schoenfelder assume a posição de CEO para a América Central e do Sul, enquanto Elias Lacerda, que até então presidia a região, assume a responsabilidade global pela linha de negócios Coating Additives.

A troca de comando está muito bem alinhada com a estratégia de crescimento mundial da Evonik. “O desafio será levar a empresa ao próximo patamar de crescimento. O enfoque na sustentabilidade será o principal impulso de muitas das iniciativas futuras de promoção desse crescimento", destaca Schoenfelder.

A paixão do executivo é a sustentabilidade, em particular as transições para a neutralidade climática e a economia circular, após ter vivenciado grandes experiências relacionadas aos temas no Oriente Médio, onde muitos players estão empenhados na substituição do petróleo e do gás por fontes de energia limpa, como a solar. Ele ressalta que os produtos e tecnologias da Evonik atendem aos clientes interessados nesta mudança e podem melhorar a sua pegada ambiental de produção, tornando as empresas mais sustentáveis.

Gerente comercial prevê integração e excelência nos atendimentos

José Rodolfo Franchim Sabadin é o novo gerente comercial da Semex Brasil. O profissional atuará no gerenciamento das ações comerciais, em sintonia com a gerência de mercado, equipe técnica corte e leite, direção e equipe matriz, contribuindo com a manutenção de um padrão de excelência no atendimento aos clientes e parceiros. “Acredito na importância de trabalhar muito próximo às demais gerências para que as visões, estratégias e informações técnicas de todos os setores da Semex sejam compartilhadas e sustentadas por uma comunicação de qualidade com a equipe comercial,” ressalta.

Formado em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário da cidade de Rio Preto

(SP) e pós-graduado em gestão de agronegócios pela Rehagro de Belo Horizonte (MG), José Rodolfo tem uma forte experiência no segmento de genética. Atuou como técnico de campo, coordenador técnico-comercial e gerente geral da In Vitro Brasil, gerente comercial de embriões na ABS e gerente de produto de embriões na Alta Genetics.

“Para mim, assumir a gerência comercial de uma equipe que vem entregando excelentes resultados ano após ano, torna-se uma responsabilidade ainda maior, pois precisaremos garantir a continuidade das boas práticas, e propiciar espaço de replicação para as ações exitosas, sempre buscando iniciativas que irão nos diferenciar continuamente no mercado de genética.”

40 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
INOVADORES
SEMEX BRASIL
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EFFATHA TECHNOLOGY

A Effatha Technology é conhecida por reorganizar átomos de modo que o novo conjunto seja mais "cômodo" para uma finalidade específica. A solução já vem sendo utilizada há algum tempo no agronegócio, tornando os nutrientes mais facilmente absorvíveis e metabolizáveis, o que resulta em uma planta com mais vigor, crescimento e produtividade.

A solução, porém, foi desmembrada e deu origem a oito diferentes companhias, hoje incorporadas na Arca Real, uma holding brasileira que atende um mix de setores. As aplicações englobam do agro ao saneamento básico, alimentação, bebidas e saúde humana.

Por conta da tecnologia inovadora, a Arca Biotech, divisão da holding focada em saúde humana, acaba de receber investimento de 4 milhões de dólares do fundo brasileiro WinCapital. A intenção é levar a lógica dos átomos para o tratamento de pacientes com câncer de cérebro e câncer de mama.

O investimento será utilizado para acelerar pesquisas de desenvolvimento em fases que antecedem a aplicação clínica, como testes in vitro e em animais. O trabalho ficará a cargo de cientistas no

Hospital de Massachusetts, que tem relação com o instituto de pesquisas da Universidade de Harvard.

"A previsão é que este período de pesquisa leve três anos. Depois, devemos captar de novo para acelerar isso em larga escala", diz Marcelo Leonessa, CEO da Effatha Technology. Na Arca Biotech, a aplicação será utilizada para inibir a produção exacerbada das células cancerígenas de tumores que atingem o cérebro e as mamas.

Com tecnologia utilizada no agro, empresa pretende combater câncer
Marcelo Leonessa, Luzo Dantas Junior e Rodrigo Lovato, sócios da Arca Real FOTO: DIVULGAÇÃO

AGRONOMIA 4.0 DE MÃOS DADAS COM A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Não há como separar a Agricultura 4.0 da preservação ambiental. É o que afirma o time de especialistas entrevistados pela Setor Agro & Negócios para este especial sobre o papel da agronomia e dos agrônomos em um cenário de cada vez mais profissionalização e tecnologias voltadas a toda a cadeia da agricultura. Nesta segunda reportagem especial continuamos o debate sobre Agricultura e Agronomia 4.0 nos dias atuais, qual o papel do produtor e de profissionais como os engenheiros agrônomos, e também ampliamos o debate sobre os desafios e benefícios em estar de mãos dadas com a preservação ambiental, com a sustentabilidade e, mais do que isso: estar de mãos dadas com o “ESG” (em inglês: environmental, social e governance), que corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização e, claro, também no agronegócio.

ESPECIAL

TIME DE ESPECIALISTAS

PATRÍCIA MENEGAZ DE FARIAS

Engenheira Agrônoma e doutora em Ecologia. Possui experiência na área de Agronomia com ênfase em Entomologia. Atua como consultora em projetos de cooperação nacional e internacional, desenvolvendo atividades técnicas e de assessoria na gestão, elaboração e execução de projetos de desenvolvimento regional e local de sustentabilidade. Atualmente é CEO | Founder na empresa Nisus Inovação e Tecnologias Agroambientais e professora na Universidade do Sul de Santa Catarina.

RICARDO MIOTTO TERNUS

Engenheiro Agrônomo e doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes. Possui experiências nas áreas da tecnologia de produção de sementes, defesa agropecuária, fiscalização de insumos agrícolas e plantas de lavoura. Professor no Centro Universitário Barriga Verde. Secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de SC

FERNANDO CESAR BAUER

Engenheiro Agrônomo e doutor em Agronomia - proteção de plantas. Experiências como pesquisador do Instituto de Pesquisa Tecnológica de Mato Grosso do Sul, professor em diversas universidades, como Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal e Universidade Federal de Santa Catarina, na qual foi coordenador do curso de Agronomia até 2017. Coordenador da Câmara Especializada em Agronomia do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea/SC), até 2019.

ANGELA FORTES MUNARO

Engenheira Agrônoma. Engenheira da Horticultura. Especialista em Desenvolvimento Rural e Agronegócios. Sócia da Projeagreen, empresa de consultoria e treinamentos agrícolas. Experiência de 13 anos de atuação no Senar/SC com programas de Gestão e Empreendedorismo Rural / NR-31 Segurança em Aplicação de Agrotóxicos/ Jardinagem e Paisagismo. Professora e orientadora do curso Técnico em Agronegócio e-tec e palestrante de Sucessão Familiar Rural e Agro 4.0.

FOTO: ADOBE STOCK

AGRONOMIA 4.0: SINÔNIMO DE AÇÕES VOLTADAS AO MEIO AMBIENTE, AO SOCIAL E À GOVERNANÇA

Engenheira Agrônoma e doutora em Ecologia, Patrícia Menegaz de Farias afirma com convicção: “não há como separar a Agricultura 4.0 da preservação ambiental.” Segundo ela, devemos esclare cer primeiramente que preservar não é o mesmo que conservar, mas que ambas as ações devem ser exercidas pelo Agronegó cio. “Especialmente pelo fato de que o Brasil é considerado a principal matriz de biodiver sidade do mundo. Para tal, prever políticas públicas e práticas ESG que embasam a conservação e o uso do capital natural pelo Agronegócio é fundamental para a efetivi dade da Agricultura 4.0.”

Segundo a profissional, o agronegócio é interdependente dos recursos naturais, tor nando fundamental a manutenção dos ecos sistemas naturais para fins de preservação do capital natural. “Neste sentido, em uma visão mais conservacionista e sistêmica do agronegócio devemos considerar a gestão do capital natural como ponto de partida, para então contribuir com o cenário atual da Agricultura 4.0”, afirma Patrícia.

“A palavra-chave é sustentabilidade”, re força Angela Fortes Munaro, engenheira agrônoma e especialista em Desenvolvimen to Rural e Agronegócios. Para ela, o agrôno mo tem um papel importante de no campo exercer o trabalho de estudos para aumen

to da produtividade, monitoramento de ges tão e operações agrícolas, produção mais assertiva reduzindo desperdício, a análise de clima, entre outros.

“Isso reflete ao consumidor final um ali mento de melhor qualidade, uma diversida de de produtos e a preparação dos produto res para exigência de mercado, sem falar que neste novo modelo de agricultura temos os jovens mais atuantes no campo e realizados em permanecer dentro das suas porteiras”, afirma Angela.

TECNOLOGIAS ALIADAS À

PRESERVAÇÃO

Também engenheiro agrônomo e doutor em Ciência e Tecnologia de sementes, Ricardo Miotto Ternus afirma que a Agri cultura/Agronomia 4.0 também significa diminuir os impactos ambientais, pois está tudo interligado. “A Agricultura/Agronomia 4.0 se resume ao processo de se utilizar das estruturas e dos métodos computacio nais avançados, para que através da conec tividade se promova incremento de produ tividade, melhoria de eficiência, redução de custos e, é claro, dos impactos ambientais. Esse é o grande significado da Agricultura/ Agronomia 4.0 no benefício do desenvolvi mento rural de toda a agricultura”, reforça.

Doutor em Agronomia, engenheiro agrôno mo Fernando Cesar Bauer também ressalta a importância da conexão entre as engenharias como um todo e com outras áreas para se alcançar o processo de modernização conhe

NÃO HÁ COMO SEPARAR A AGRICULTURA 4.0 DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL. [...]

cido como Agronomia ou Agricultura 4.0, “responsável por uma nova revolução na pro dução agropecuária.” Ele lembra, por exemplo, dos sistemas de gestão, que evoluíram com informações que vão desde a telemetria até a biotecnologia e análise climatológica e ambien tal, e também das máquinas agrícolas, que vêm sendo equipadas com sensores, atuado res, controladores e sistemas, oriundos da indústria e adaptados para uso no campo de forma mais tecnológica e cada vez com mais controles para preservação ambiental.

“Isso resulta em sistemas que, uma vez embarcados nas máquinas agrícolas, permi tem níveis de controle e precisão no uso des sas máquinas nunca antes conseguidos. A exemplo disso, tem-se o uso de diferentes tipos e formas de sensores capazes de men surar e detectar variações na temperatura, umidade, salinidade, níveis de fertilidade, flu xo de produtos e insumos, velocidade, loca lização, etc. Com essas informações o gestor tem condição de efetuar ajustes e adequa ções no sistema de produção e melhor pla nejar as atividades produtivas”, afirma.

44 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
ESPECIAL
ESPECIALMENTE PELO FATO DE QUE O BRASIL É CONSIDERADO A PRINCIPAL MATRIZ DE BIODIVERSIDADE DO MUNDO. PARA TAL, PREVER POLÍTICAS PÚBLICAS E PRÁTICAS ESG QUE EMBASAM A CONSERVAÇÃO E O USO DO CAPITAL NATURAL PELO AGRONEGÓCIO É FUNDAMENTAL PARA A EFETIVIDADE DA AGRICULTURA 4.0. PATRÍCIA MENEGAZ DE FARIAS, engenheira agrônoma e doutora em Ecologia

INTERNALIZANDO

PRESERVAÇÃO E A CONSERVAÇÃO

A

Mas, primeiramente, reforça Patrícia, a pre servação e a conservação deste patrimônio natural deve ser internalizada no Agronegó cio. “Há dificuldade em internalizar o capital natural na economia, o que acaba contribuin do de maneira significativa para a degradação dos ecossistemas e consequentemente para a perda da biodiversidade. Neste sentido, além da complexidade que traz ao cenário da Agricultura 4.0, que não trata apenas do uso de tecnologias, mas de que os serviços ecos sistêmicos impõem o desafio de traduzir essa sofisticada rede de valores para uma lingua gem que o setor compreenda e possa aplicar em sua tomada de decisão”, reforça.

Ela ainda observa o quanto ainda há a ne cessidade de quebrar o paradigma de que a agricultura é inimiga do meio ambiente. “Ob viamente que toda atividade gera impacto, e no agronegócio não é diferente. Por isso, a Agricultura 4.0 é uma aliada, juntamente

A PALAVRA-CHAVE É SUSTENTABILIDADE, O AGRÔNOMO TEM UM PAPEL IMPORTANTE DE LÁ NO CAMPO EXERCER O TRABALHO DE ESTUDOS PARA AUMENTO DA PRODUTIVIDADE, MONITORAMENTO DE GESTÃO E OPERAÇÕES AGRÍCOLAS, PRODUÇÃO MAIS ASSERTIVA REDUZINDO DESPERDÍCIO, A ANÁLISE DE CLIMA, ENTRE OUTROS.”

com as práticas ESG, para que haja uma real transcendência da importância da conser vação do capital natural e que seja exequí vel”, reforça Patrícia.

“O grande desafio é o Agronegócio reco nhecer o valor dos ecossistemas, com o embasamento de que os ecossistemas e a

biodiversidade são parte das sociedades e comunidades a fim de garantir a conserva ção e o uso sustentável. Esse reconheci mento passa a ser um forte argumento para que a natureza não seja espoliada, mas vis ta como oportunidade de gerar e distribuir ganhos econômicos e sociais”, finaliza.

FOTO: ADOBE STOCK
SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 45

DEMANDA MUNDIAL DE LÁCTEOS CONTINUARÁ CRESCENDO

Vivemos num planeta onde a demanda e o acesso a alimentos, de maneira segura e sustentável, cresce vertigi nosamente. Apesar da taxa de natalidade mundial estar diminuindo, de acordo com levantamentos da ONU e FAO, a população mundial deve atingir ainda neste ano 8 bilhões de pessoas, podendo alcançar 10 bilhões de habitantes em 2050, o que aumentará a necessidade de produção global de alimentos entre 61% a 71% nos próximos 30 anos.

Essa demanda será alavancada especial mente pelas nações mais populosas do mun do, com destaque para os países asiáticos, os quais devem melhorar seu poder de compra, impactando diretamente no aumento do con sumo de proteína animal, onde o leite e seus derivados estão inseridos.

Análises realizadas pelo instituto IFCN demonstram que entre 2020 a 2050 o con sumo de leite per capita no mundo deve crescer em média 19%, aumentando a de manda global de lácteos em 51% (4,5 vezes a produção de leite atual dos EUA), o que representaria um déficit global de 22 mil toneladas de leite equivalente. Atrelado a isso, devido especialmente a questões climá ticas e socioambientais, o número de fazen das ao redor do mundo deve reduzir em 61% até lá, com uma redução de 21% no número de vacas e um aumento aproximado de 88% na produtividade.

Diante deste cenário, vislumbramos uma oportunidade enorme para o Brasil aumen tar sua participação e relevância no merca do mundial de lácteos. Produzimos cerca de 36 bilhões de litros/ano, ainda exporta mos muito pouco, e temos a grande missão de tornar consistentemente nossa balança comercial superavitária. Já quando avalia mos nosso mercado interno, responsável por absorver grande parte de nossa produ ção, apesar de todos os desafios sociais que ainda enfrentamos, o consumo de leite e derivados deverá continuar aumentando. Há uma tendência forte de evoluirmos eco nomicamente, e além disso nossa popula ção continuará crescendo.

Nesse contexto, faz-se necessário a ado ção de políticas de apoio ao setor para es timular a produção no campo, o consumo interno e o aumento das exportações. Pre cisamos investir fortemente em adequa ções logísticas, melhorar a produtividade, qualidade do leite e sanidade dos rebanhos, e agregar mais valor aos produtos lácteos. Somente com o aumento da eficiência, em todos os elos da cadeia produtiva do leite, conseguiremos continuar crescendo de ma neira competitiva e sustentável.

MERCADO
AIRTON VANDERLINDE Médico Veterinário Consultor Técnico de Bovinos de Leite – Cargill/Nutron Presidente Comissão Científica –Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite
46 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022
ENTRE 2020 A 2050 O CONSUMO DE LEITE PER CAPITA NO MUNDO DEVE CRESCER EM MÉDIA 19%.

FIAGRO

Kijani completa um ano de investimentos

7 em cada 10 pessoas enxergam o Agro de maneira positiva

Pesquisa inédita intitulada “Percepções Sobre o Agro. O Que Pensa O Brasileiro”, idealizada pelo Movimento Todos a Uma Só Voz, mostrou que 7 em cada 10 pessoas têm uma percepção positiva em relação ao Agronegócio.

O levantamento entrevistou 4.215 pessoas distribuídas por todas as regiões do Brasil, diversas faixas etárias e diferentes classes sociais. Neste total da amostra, a maioria (65%) declarou ter uma atitude positiva em relação ao Agronegócio. No extremo oposto, 22% indicaram que boicotariam o setor, enquanto 43% seriam neutros.

O coordenador geral da pesquisa, Paulo Rovai, assinala que quem já trabalhou (84%) ou tem parentes que trabalham no Agronegócio (80%) tendem a avaliar o setor de maneira mais positiva. Por outro lado, a faixa etária de 30 a 59 anos tendeu a ser mais crítica que o total da amostra em aspectos ambientais. “Para esta faixa etária, o Agro é mais descrito como responsável por impactos ambientais e má utilização de recursos hídricos”, apontou o coordenador.

Para ele, esses recortes são importantes porque vão ao encontro dos objetivos da pesquisa, que pretende identificar o que o brasileiro pensa sobre o Agronegócio para que os resultados norteiem um plano de comunicação entre o setor e a sociedade urbana.

Empresa de tecnologia oferece livro gratuito

A Webjump, empresa de tecnologia especializada na construção de lojas virtuais seguras, oferece gratuitamente o e-book “O potencial do agronegócio e as oportunidades no e-commerce”.

Com o aumento significativo de 46% da preferência dos brasileiros por canais digitais, o setor agro está diante de uma grande oportunidade no e-commerce. No ebook da Webjump, é possível encontrar cases de empresas, como Banco do Brasil, BRF e Minerva Foods, que alavancaram seus resultados por meio da transformação digital e como gerar valor nesse ramo.

O conteúdo está disponível no link: https://materiais.webjump.com.br/ agronegocio-ebook

A Kijani Investimentos, gestora focada 100% no agronegócio nacional, completa um ano de operação e celebra a marca de R$ 300 milhões sob sua gestão, cumprindo em plenitude os objetivos traçados. O montante foi captado por meio do Fiagro Kijani Asatala e de um club deal de private equity. Devido ao sucesso de ambas as captações, a previsão é de que a gestora ultrapasse R$ 1 bilhão sob gestão ao longo do seu segundo ano de atividades.

“Pretendemos fazer novos investimentos através de nossa vertical de private equity, além de aumentar de maneira considerável nossa exposição ao crédito para o agro”, diz Bruno Santana, fundador e CEO da Kijani. “Temos muita demanda de investidores que desejam ter a possibilidade de alocar recursos no Asatala, o que mostra que estamos no caminho certo e que o investidor tem apetite para Fiagros com histórico positivo de retornos”, acrescenta.

O fundo da Kijani se posiciona como um dos principais Fiagros do mercado, tanto em volume quanto em performance. Além disso, o Fiagro Kijani Asatala possui um dos mais diversificados portfólios da sua categoria, por conta de sua pulverização setorial e regional, o que colabora para que o fundo tenha nível de remuneração análogo a dos melhores pagadores de dividendos do setor.

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Canadá em busca de empresários brasileiros

lá. A agência Invest Alberta, dedicada à atração de investimentos, assinou um Memorando de Entendimento (MOU) com a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC) com o objetivo de promover a intensificação das relações bilaterais.

A ideia é atrair empresas brasileiras em processos de internacionalização que possam utilizar o Canadá como principal porta de entrada na América do Norte. Os setores de maior potencial são: alimentos e bebidas, tecnologia para agricultura, energia, mineração e soluções para cidades inteligentes, entre outros.

O acordo entre CCBC e Invest Alberta inclui ainda a cooperação e organização de missões, eventos e projetos que contribuirão para identificar e promover oportunidades de negócios e investimentos, além de parcerias para troca de conhecimento tecnológico e ações culturais.

O governo da província canadense de Alberta quer atrair empresas do Brasil para fazerem negócios ou se estabelecerem por AGTECH SUPERCAMPO

“Vemos um tremendo potencial para ambos os mercados. Ao destacar os empreendedores de Alberta e ajudá-los a expandir seus negócios para o Brasil, incentivamos a inovação e as parcerias que ajudarão a diversificar nossas economias. Nosso trabalho já começa agora com eventos em Calgary e Edmonton, na primeira semana de outubro, para apresentar as oportunidades do Brasil para empresas e instituições da província canadense”, afirma Paulo de Castro Reis, diretor de Relações Institucionais da CCBC.

Balcões digitais tornam-se nova ferramenta para cooperativas

Os investimentos no agronegócio levam o Brasil a ser referência em práticas modernas, entre elas o investimento tecnológico, não limitado à tecnologia para campo e colheita, mas também para o e-commerce. E com esse foco, as cooperativas passam a investir também em novas formas de negócio, com suporte tecnológico, surgindo assim, os balcões digitais, uma nova ferramenta de compras para as cooperativas.

Leandro Carvalho, CEO da Supercampo, responsável pela criação dos balcões digitais das cooperativas formadoras da agtech, explica que o visual do Balcão Digital é similar a de um e-commerce, onde o cooperado realiza o pedido online por meio de uma plataforma virtual completa e ilustrada, podendo optar em pagar de forma digital ou presencial na loja. “Com essa ferramenta, a compra de produtos recorrentes pelo cooperado se torna mais rápida e fácil, onde a pessoa pode salvar o pedido para repeti-lo quando precisar, além de facilitar a retirada do produto, que pode ser realizada pelo próprio cooperado, ou por funcionários, sem o risco de erro na compra”, salienta.

“Hoje todo processo de digitalização das cooperativas não é algo 100% tecnológico, ao contrário, é um processo comercial”, enfatiza Leandro. Para ele, a criação dos balcões digitais para as cooperativas é uma tendência e um facilitador para atender o público cooperado. “A agilidade, confiança e facilidade na compra, por ela ser atrativa, gera uma nova experiência, não apenas ao cliente, como para o vendedor, que tem todo o estoque num mesmo aplicativo”, explica.

O papel da Supercampo nesse processo da criação dos Balcões Digitais é de unificação dessa forma de compra e a negociação realizada visando à redução de custos para as cooperativas. “Com o tempo, o cooperado será o maior beneficiado, pois terá, além de uma tecnologia de ponta, as melhores opções de negócios e de custo”, finaliza Leandro.

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Convênio de cooperação estimula boas práticas aeroagrícolas

A Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) e o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) assinaram um convênio de cooperação para estimular as boas práticas aeroagrícolas, por meio da promoção de materiais educativos, treinamentos e divulgação de informações.

O presidente executivo da Andav, Paulo Tibúrcio, ressaltou a importância desse convênio, que envolverá as áreas de educação, treinamento e regularização da entidade.

Para o diretor operacional do Sindag, Claudio Junior Oliveira, o acordo de cooperação fortalece o agronegócio, que conta com a força da tecnologia e pode aproveitá-la de forma ainda mais produtiva. Segundo ele, o setor aeroagrícola conta com desafios, incluindo a questão regulatória. A seu ver, a cooperação com o setor de distribuição é fundamental para superar todos os desafios.

Investimento no mercado reforça presença digital Kstack investe R$ 5 milhões em desenvolvimento

A DSM inova novamente no mercado e anuncia uma parceria com o InstaAgro, considerada a primeira loja online de produtos e serviços voltados para o agronegócio. Inicialmente, a parceria visa contemplar produtores de todo o Estado de São Paulo, que já podem adquirir os suplementos nutricionais da marca Tortuga®, da DSM, que ajudam a impulsionar os resultados produtivos dos bovinos de corte e leite, pequenos ruminantes, cavalos, suínos e aves.

A plataforma InstaAgro funciona através do seu site www.instaagro. com, nas versões web e mobile, conectando produtores rurais, consumidores e fornecedores em um ambiente digital de revenda de produtos e serviços voltados para o agronegócio em todo o território nacional. Toda a compra é feita de maneira privada, dentro de uma sala online de negociação, garantindo completo sigilo do consumidor.

Para Sergio Schuler, vice-presidente do negócio de Nutrição e Saúde Animal para Ruminantes da DSM, a parceria será bastante benéfica para o produtor, que poderá concentrar seus esforços nas atividades do dia a dia. "Queremos que o produtor se preocupe com o que realmente importa: seu trabalho com a nutrição e saúde dos animais. Por isso, ter acesso com pedidos online aos produtos da Tortuga com a tecnologia DSM sempre que necessário, contribui para uma operação mais eficiente com otimização de recursos e tempo", afirma.

O Agroraíz360, da empresa Kstack, tem ajudado dezenas de empresas em processos de transformação digital. A empresa já havia prestado serviços para companhias do agronegócio e, a partir de 2019, decidiu investir mais fortemente na área, iniciando um trabalho intenso de imersão, de entendimento e de visualização de todo o processo que começa no produtor ou fornecedor e termina no porto, com a carga embarcada. Inclui-se aí as nuances da negociação, a movimentação digital, as necessidades operacionais e de gestão, identificação das lacunas funcionais, de informação e de apoio à tomada de decisão.

A Kstack investiu R$ 5 milhões no desenvolvimento do MinhaSafra360, uma solução inovadora que facilita toda a gestão dos grãos (milho, soja e sorgo, trigo, arroz e outros)comercial, operacional e de apoio ao produtor / fornecedor. E novas funcionalidades têm sido incorporadas conforme retorno do mercado.

Cristian Dias, Head Comercial Agroraiz360, ressalta dois pontos fundamentais a existência de um enorme potencial dentro do setor e a inexistência de uma solução que ajudasse efetivamente os participantes do ecossistema; e a experiência da Kstack na área tecnológica, o conhecimento em negócios e a capacidade de execução para colocar a solução para o mercado.

50 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 MERCADO
DSM
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SETOR AGRO&NEGÓCIOS |

UM MUNDO COM COMPLICADOS

OBSTÁCULOS EM 2023

FELIPPE SERIGATI

Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/ FGV), professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro).

ROBERTA POSSAMAI

Mestre em Agronegócio pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/ FGV) e pesquisadora do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro).

ANDRÉ DIZ

Mestre em Economia

Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQUSP) e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro).

Enquanto, aqui no Brasil, aca bamos de encerrar o processo eleitoral, lá fora, a economia mundial tem desenhado um 2023 bem complicado. Inflação alta e resistente, juros elevados, custos de energia em patamares históricos, guerra cambial, sustos com grandes bancos e empresas com fluxo de caixa economicamente delicado. O fato é que o mundo que emerge do pós-pandemia é um ambiente repleto de desequilíbrios, tanto eco nômicos quanto geopolíticos.

Esses desequilíbrios têm se tradu zido visivelmente em inflação alta em diversas economias pelo planeta. Após uma certa resistência, agora em 2022, os Bancos Centrais têm final mente reagido e adotado medidas para conter esse processo inflacioná rio. No entanto, uma consequência direta dessa necessária decisão é o desaquecimento da atividade econô mica. Diante disso, o mundo tem se perguntado: olhando para 2023, qual economia puxará o crescimento da economia global? A ausência de fortes candidatos tem aumentado a expec tativa de que operaremos em 2023 com um planeta variando de baixo crescimento à recessão.

Naturalmente, todos os ativos associados ao crescimento econô mico estão sendo reavaliados com um preço menor, inclusive as com modities. Felizmente, as principais

commodities agropecuárias associa dos ao agro brasileiro, embora não estejam imunes a esta conjuntura, têm apresentado fundamentos bem sólidos - aliás, o relatório do USDA de setembro, finalmente, confirmou essas expectativas.

Como a economia não é uma uni dade homogênea, nos próximos parágrafos, vamos detalhar quais são os obstáculos a serem enfrenta dos pelas principais economias do planeta em 2023 e suas interações com as commodities agrícolas.

EUA: QUAL A DOR NECESSÁRIA PARA TRAZER UMA INFLAÇÃO

DE 8.3% PARA 2.0%?

Após longa resistência, nos últimos seis meses, o Banco Central dos Es tados Unidos (FED) tem elevado o tom dos seus comunicados junto ao mercado para deixar de forma clara e convincente seu compromisso com a redução da inflação. Por trás dessa preocupação, vale mencionar: • Inflação resiliente e elevada: em agosto, a inflação “cheia” anualiza da desacelerou de 8.5% (julho) para 8.3%. Porém, o núcleo da inflação (ou seja, o índice cheio descontado alimentos e energia) anualizado ace lerou de 5.9% para 6.3%. Além disso, os sticky prices (preços que dificilmente cedem, como aluguéis

e serviços de educação e saúde) passaram a crescer de forma ainda mais acelerada de 5.8% para 6.1%;

• Mercado de trabalho ainda muito aquecido: essa inflação elevada e persistente (principalmente no setor de serviços) é consequência de um mercado de trabalho ainda bem aquecido. Em agosto, a taxa de de semprego foi de 3.7% e os salários aumentaram, em média, 6.7% (taxa anualizada) - para quem trocou de emprego, a remuneração média aumentou 8.4%;

• Taxa de juros de 10 anos no maior nível nos últimos 11 anos: diante dessa conjuntura, está claro que o FED terá que elevar a sua taxa de juros e desaquecer o mercado de trabalho para conter a inflação. O mercado já está precificando esse cenário e buscando um porto se guro nos juros longos. Com isso, no momento em que esse artigo é escrito, a taxa de juros de 10 anos dos EUA está no seu maior nível desde março de 2011. Isso reflete menor apetite a risco (contraindo bolsas e commodities), bem como água fria no mercado imobiliário. Enfim, dado o desafio de reduzir a inflação em uma economia com um mercado de trabalho tão aque cido, o FED terá que fazer um aper to monetário mais longo ou mais duro, reduzindo as projeções de crescimento para os EUA.

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ANÁLISE
DE MERCADO
Por Felippe Serigati, Roberta Possamai e André Diz

EUROPA: COMO LIDAR SIMULTANEAMENTE COM RECESSÃO E INFLAÇÃO ELEVADA?

Assim como nos EUA, a Zona do Euro (mas podemos incluir várias outras economias europeias) também está passando por uma elevada inflação. Na realidade, essa é a maior inflação que a moeda europeia já tes temunhou ao longo de toda a sua vida, que começou em 1997. Em agosto, essa infla ção atingiu 9.1% (e acelerando), com o nú cleo aumentando 4.0% (e acelerando). Claramente, por trás dessa elevada inflação há o forte choque de energia que se dete riorou com o conflito do leste europeu. Em agosto, a inflação anualizada da energia

(eletricidade, gás e combustíveis) foi de 51.9%. Todavia, vale ressaltar que o merca do de trabalho na Zona do Euro ainda está operando em ritmo acelerado, com taxa de desemprego em 6.6% em julho (menor pa tamar na história do bloco) e as remunera ções crescendo 4.0% (taxa anualizada) ao final do segundo trimestre.

No entanto, diferente do FED, o aumento da taxa de juros do Banco Central Europeu não deverá trazer alívios tão cedo, uma vez que o bloco está passando por um choque de oferta (forte elevação do preço da ener gia). Além disso, o aumento da taxa de juros precisa ser usado com alguma moderação dada a frágil situação fiscal de algumas eco nomias, como a Itália.

INFLAÇÃO NA ZONA DO EURO (% A.A.) - Jan/19 a Ago/22

• Menor dinamismo de suas exportações (já podemos falar em decoupling?): o mundo está buscando depender menos da China e os chineses, ao testemunha rem as sanções contra a Rússia, também estão buscando maior resiliência frente a possíveis futuras restrições. Com isso, as exportações chinesas têm contraído em um ritmo bem intenso, a maior contração desde 2008 (com exceção de 2020 de vido à pandemia);

• Domicílios muito "machucados" e com maiores incertezas com relação ao futuro: com uma menor participação das expor tações, a China aumentará a relevância do seu mercado interno para sustentar seu crescimento. No entanto, todos os fatores mencionados anteriormente deixam os domicílios mais receosos em expandir o seu consumo.

Com isso, diversas instituições financei ras têm projetado um crescimento inferior a 3.0% este ano para a China, o menor crescimento desde 1980 (com exceção de 2020). Como parte desses problemas deve permanecer em 2023, a economia chinesa não deve voltar com força já no próximo ano.

ENFIM, DE ONDE VIRÁ

O CRESCIMENTO DA ECONOMIA MUNDIAL?

jan-19 mar-19 mai-19 jul-19 set-19 nov-19 jan-20 mar-20 mai-20 jul-20 set-20 nov-20 jan-21 mar-21 mai-21 jul-21 set-21 nov-21 jan-19 mar-22 mai-22 jul-22

CHINA: COMO MUDAR O MOTOR DO SEU CRESCIMENTO?

Se EUA e Europa têm problemas complica dos, mas bem definidos, a situação da China é mais complexa. Claramente, alguns desa fios chineses são mais estruturais e outros são menos sensíveis aos instrumentos de política macroeconômica. Dentre esses últi mos, merecem destaque:

• Política de "Covid zero": as autoridades chi nesas mantêm a política de forte restrição à circulação para evitar (ou eliminar?) o espa lhamento do vírus da Covid-19. No momen to em que esse texto é escrito, a estimativa é de que há entre 70 e 90 milhões de pes soas com circulação limitada na China;

• Quebra de safra devido a problemas climá ticos: a produção agropecuária chinesa em algumas regiões tem sido castigada por seca e por ondas de calor.

Dentre os problemas mais estruturais:

• Desalavancagem do setor imobiliário: as au toridades chinesas têm feito grande esforço para reduzir o excesso de endividamento do setor de forma gradual e segura. Apesar do empenho, algumas companhias estão em situação bem delicada, inclusive levando mu tuários a se recusarem a pagar suas presta ções enquanto seus imóveis não forem en tregues. Como esse setor responde por uma fração significativa do PIB chinês, a economia como um todo tem sentido esse choque;

Um mundo que cresce menos é um am biente com menor demanda para commodities. Isso fica claro ao observar a contração na cotação de minérios, espe cialmente, do cobre. No entanto, para di versas commodities agrícolas, o relatório de oferta e demanda do USDA, ao reco nhecer que as safras no hemisfério norte serão menores do que aquelas inicialmen te projetadas, trouxeram alguma susten tação para suas cotações.

Enfim, o planeta está operando em um ponto de inflexão. Nesses momentos, situ ações pouco comuns são observadas; por exemplo, talvez, agora em 2022, após mui to tempo (se é que há um registro histórico disso), o Brasil poderá crescer mais do que a economia chinesa com uma inflação me nor do que a norte-americana (na realidade, com uma inflação menor do que qualquer economia do G7). Infelizmente, essa com binação deverá ficar restrita a 2022, pois, em 2023, deveremos sentir de forma mais intensa os ventos desfavoráveis vindos do resto do mundo.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 53
Fonte: Federal Reserve
10 8 6 4 2 0 -2 (% a.a.) 9.1

VALOR DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

DE 2022

É ESTIMADO EM R$ 1,188 TRILHÃO

O resultado foi determinado por problemas climáticos no Sul, que afetaram a produção de soja e outras lavouras, além da queda do VBP da pecuária.

OValor Bruto da Produção Agropecu ária (VBP) atingiu R$ 1,188 trilhão neste ano, pouco abaixo do obtido em 2021, que foi de R$ 1,196 trilhão. As lavouras, com crescimento real de 0,9%, representam R$ 821,2 bilhões, e a pecuária R$ 367,6 bilhões, com recuo de -3,8%. Para ambas as atividades, o resultado deste ano mostrou-se abaixo do observado em 2021.

O resultado foi determinado por proble mas climáticos no Sul, que afetaram a pro dução de soja e outras lavouras, além da

queda do VBP da pecuária, principalmente em carne bovina, carne suína e de frango. A retração dos preços dos principais itens da pecuária foi o principal fator que afetou esse setor. Como exceção, o leite vem atin gindo média de preço não obtida nos últi mos 17 anos.

Entre um grupo relevante de produtos com bom desempenho neste ano desta cam-se o algodão, com aumento de 26,2% no VBP, o café, com 31,3%, o feijão, com 7,8%, o milho, com 12,9%, e o trigo, com

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O ranking dos produtos no VBP mostra a primeira posição para soja Algodão

PRODUTOS EM DESTAQUE

Esses produtos, têm neste ano o maior valor de faturamento numa série desde 1989.

Milho

37,8%. Esses produtos, têm neste ano o maior valor de faturamento numa série desde 1989.

As exportações do agronegócio, com destaque para algodão, café e carnes, têm gerado valores superiores em relação a 2021, principalmente nas exportações de carne e café. O valor das exportações de carne, entre 2021 e 2022 (entre janeiro e agosto) aumentou 30,4% em dólares, e no café, o aumento foi de 54,3%.

O ranking dos produtos no VBP mostra

AS LAVOURAS, COM CRESCIMENTO REAL DE 0,9%, REPRESENTAM R$ 821,2 BILHÕES.

ESTADOS EM ALTA

Entre as regiões, o destaque é para o Centro-Oeste e Sul, e os estados são Mato Grosso, Paraná e São Paulo.

as primeiras posições para soja, milho, cana de açúcar, café e algodão. Estes são res ponsáveis neste ano por 83,7% do VBP das lavouras.

Entre as regiões, o destaque é para o Centro-Oeste e Sul, e os estados são Mato Grosso, Paraná e São Paulo.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 55 FOTO: SHUTTERSTOCK
26,2%
31,3% Feijão 7,8%
Café
12,9%
37,8%
Trigo
SP PR
MT

MERCADO

ATUALIZAÇÕES DA OVINOCULTURA LEITEIRA NO BRASIL

LETIERI GRIEBLER

Doutora em Zootecnia, professora dos cursos de Agronomia, Zootecnia e Mestrado em Sanidade e Produção Animal da Unoesc Xanxerê.

GABRIELA SOLIVO

Graduanda do curso de Zootecnia da Unoesc Xanxerê.

Aatividade da exploração lei teira em ovinos no Brasil é muito recente, com início da atividade na década de 90, no estado do Rio Grande do Sul com a importação de animais, embriões e sêmen de ovinos da raça Lacaune. Posteriormente, observamos o avanço da ovinocultura leiteira na região Oeste de Santa Catarina, através do fomento a produtores para que a região se tornasse um polo leiteiro. Com isso, atualmente o estado de Santa Catarina é referên cia na produção de leite de ovelha e produtos lácteos, como queijos, doces, iogurte e sorvete.

Segundo Bianchi (2018), apesar da atividade ser nova e a produção de leite ovina no Brasil seja hetero gênea nos diferentes sistemas de produção, algumas propriedades são extremamente eficientes na produção e nos indicadores econô micos, o que demonstra que a ativi dade tem grande potencial no país. Ainda segundo o autor e atual se cretário da ABCOL, a atividade lei teira apresenta grandes oportunida des no país, pois o produto e seus derivados se diferenciam no merca

do pela sua qualidade e valor nutri cional. Como a atividade pode ser desenvolvida em pequenas proprie dades, é ótima oportunidade para o comércio local através de cadeias curtas de comercialização, pelo bai xo custo de logística e alto valor agregado aos produtos.

Trinta anos se passaram da pri meira importação de ovinos leiteiros para o Brasil, porém somente a par tir do ano de 2015 observamos o aumento mais expressivo no núme ro de produtores envolvidos na ati

AGRADECIMENTO:

ABCOL e produtores que colaboraram com o levantamento.

Ao observarmos a evolução na pro dução de leite de ovelha ao longo das décadas, é possível afirmar que a ovi nocultura leiteira no Brasil está em um momento muito promissor. Podemos afirmar isso pela produção anual de leite ovino, que nos últimos três anos teve um aumento de 211.000 litros, o dobro do aumento que ocorreu entre os anos de 2011 e 2018. Segundo o último levantamento realizado pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos Leiteiros (ABCOL) e Universi dade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC - Xanxerê/SC), a produção anual de leite ovino no ano de 2021 no Brasil foi de 823.000 litros (Figura 1). Vale salientar que esta produção de leite no país deve, possivelmente, ser maior, pois nem todos os produtores de ovinos leiteiros no país estão asso ciados à ABCOL, que estima que o rebanho e produção anual de leite ovino seja maior que o volume levan tado no último ano.

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Figura 1 Produção de leite ovino anual entre o período de 2011 a 2021 no Brasil.

800.000 750.000

çalves. A região Centro-Oeste tem uma propriedade em Pouso Novo; A região No roeste conta com uma propriedade em Ser tão e por fim, na região Sudeste uma pro priedade no município de Herval.

Em Santa Catarina foram avaliadas cinco propriedades, quatro na região Oeste, nos mu nicípios de Chapecó, Jaborá, Lajeado Grande e São José do Cedro; Na região do Vale do Itajaí uma propriedade foi avaliada no município de Petrolândia. No estado do Paraná são duas unidades produtoras de leite ovino, uma em Londrina e uma no município de Urai.

vidade. Os dados apresentados neste artigo são referentes a 37 propriedades produtoras de ovinos leiteiros, de 11 estados brasileiros, as quais em sua grande maioria (70%) pro duzem queijos, iogurtes e doces. As demais propriedades (30%), comercializam o leite para laticínios maiores.

700.000 650.000 600.000 550.000 500.000 2010 2012 2014 2016 2018 2020 2022 Faixa de produção de leite anual (litros) 200 a 10.000 10.000 a 20.000 20.000 a 30.000 30.000 a 40.000 > 40.000 Figura 3 -

No Rio Grande do Sul foram identificadas e estudadas 10 propriedades, sendo três delas na região Fronteira Oeste, nos municí pios de Santana do Livramento e Quaraí; Na região Nordeste, na Serra Gaúcha, são qua tro propriedades, nos municípios de Farrou pilha, São Francisco de Paula e Bento Gon

da

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Figura 2 - Distribuição das faixas de produção anual de leite ovino no Brasil.
Distribuição
produtividade
ovelhas
No estado de São Paulo, região Sudeste do país, foram seis unidade produtoras de leite ovino avaliadas, uma no município de Porto Feliz, duas no município de Cunha, uma em Capivari, uma em Cabreuva e uma no município de Cesário Lange. No estado do Rio de Janeiro, foram avaliadas duas pro priedades, uma na região Serrana, no muni cípio de Miguel Pereira e outra na Serra Fluminense, no município de Paraíba do Sul. No estado de Minas Gerais, sete proprieda des ovinoculturas foram identificadas e ava liadas, sendo uma no município de Gonçal ves e outra em Soledade de Minas, na região Sul; uma propriedade em Itabirito, uma em Ouro Preto e duas no município de Jaboti catubas; Na região Oeste de Minas Gerias uma propriedade no município de Itapeceri ca. No estado do Espírito Santo, foi avaliada uma propriedade no município de Aracruz. de
Litros de leite Anos (litros/matriz) < 100 100 a 200 200 a 300 300 a 400 > 400
de
leiteiras no Brasil. Produção
leite

Figura 4 - Proporção dos sistemas de criação de ovinos no Brasil.

de 78 matrizes e produção de 212,04 litros/ matriz, e por fim os rebanhos de 292 matrizes (média) com produção média de 184,24 litros/ matriz. Este cenário demonstra que nos reba nhos menores, o número de matrizes por unidade de trabalho homem é menor e con sequentemente ocorre maior direcionamento de atenção a cada animal, refletindo em maior produtividade.

Na região Nordeste do Brasil, foram identi ficadas três unidades produtoras de leite ovino, nos municípios de Bonito (Bahia), Pombos (Pernambuco) e Governador Edson Lobão (Maranhão), com uma propriedade cada.

A variação de produção de leite ovino anual nas propriedades brasileiras fica entre 250 litros até 105.788 mil litros (Figura 2).

O ranking de produção anual de leite ovino são nos rebanhos em que o número de matri zes é acima de 120 animais, com média de 53.798,7 litros (variação entre 10.000 a 106.000 litros), seguido dos rebanhos com número de matrizes entre 91 a 120 cabeças, com produção média de 24.000 litros. Em terceiro lugar, os rebanhos que apresentam entre 61 a 90 cabeças, com produção média de 16.433,33 litros. Em quarto lugar, com mé dia de 12.293,33 litros, as propriedades com número de matrizes entre 31 a 60 cabeças e por fim, as propriedades que apresentam rebanhos com número abaixo de 30 matrizes, com produção média de 5.735 litros ao ano. Porém, ao observar a produtividade média por animal/ano, verificou-se que os menores reba nhos apresentam as maiores produções anu ais, ou seja, nos rebanhos em que a média de matrizes é de 41 ovelhas, a produção anual foi de 302,30 litros/matriz, seguido dos rebanhos com média de 19 matrizes e produção de 301,84 litros/matriz. Em terceiro lugar, nos rebanhos com média de 100 matrizes, a pro dução anual média foi de 239,20 litros/matriz. Em seguida aparecem os rebanhos com média

Na figura 3, esta a produtividade do rebanho de ovinos leiteiro no Brasil, e vale destacar no vamente que nas propriedades com menor número de matrizes, está a maior produtivida de, sendo que em 27,03% das propriedades alcançam produções acima de 300 litros/ma triz ano. Nas propriedades onde as produções médias por matriz ficam entre 100 a 200 litros e 200 a 300 litros, representam 59,46% do total das propriedades estudadas e apenas 13,51% das propriedades tem produtividade média menor que 100 litros.

A escolha do tipo de sistema de produção de ovinos leiteiros está atrelada a diversos fa tores, como por exemplo a área, instalações, mão de obra, tamanho do rebanho e número de matrizes, manejo, controle parasitário, entre

Figura 5 - Distribuição dos sistemas de criação de ovinos leiteiros no Brasil.

outros. No atual levantamento, a produção de ovinos leiteiros no Brasil são em sua maioria (54,05%) em sistema semi-confinado (Figura 4), ou seja, parte do dia permanecem em pas tagens e parte do dia os animais são mantidos confinados (PENNA et al., 2014). Em 27,03% das propriedades avaliadas adotam o sistema confinado, em que os animais permanecem em galpões, com disponibilidade de alimento volumoso e concentrado em comedouros du rante todo o ciclo de produção. A grande van tagem deste sistema é a facilidade de manejo e separações dos lotes das ovelhas lactantes, bem como o maior controle de endoparasitas. O sistema a pasto, representa 18,92% dos produtores de ovinos leiteiros, sendo que os animais permanecem em pastagens durante todo o ciclo de produção. O aumento no custo de produção deste sistema está associado ao nível tecnológico adotado na propriedade, que vai desde a calagem, adubação, investimento em sementes e irrigação.

Tendo em vista o atual cenário brasileiro do elevado custo dos grãos usados para as die tas (rações concentradas) utilizadas nos sis temas de criação confinado e semi-confinado, pode levar alguns produtores a migrarem para o sistema a pasto ou semi-confinado, conforme afirma a presidente da ABCOL, Martha Eliana do Amaral Ribeiro.

É possível observar no mapa (Figura 5) que somente sete propriedades adotam o sistema de produção de ovinos a pasto, sendo que cinco destas estão no Rio Grande do Sul, es tado com tradição neste sistema de produção.

Outro aspecto que chama atenção, é que o confinamento não está presente no estado Rio Grandense.

Portanto, pode-se observar que a ovinocultura leiteira esta distribuída em diversas regiões do país em propriedades com diferen tes capacidades de produção, em virtude do tamanho da propriedade e sistema implantado. Com isso, a produ

Sistema de criação Semi-confinado Confinado Pasto

ção de leite e dos produtos são distintos de acordo com as características regionais, da propriedade e do rebanho. O momento é promissor para a expansão da atividade, pois o mercado de produtos lácteos de ovinos é bem específico, ou seja, atende um nicho de mercado que gosta de consumir produtos de leite de ovelha ou está disposto a provar no vos produtos.

BIANCHI, Anderson Elias. Avaliação de sistemas produtivos de ovinos leiteiros em diferentes regiões do Brasil. 2018. 1 recurso online Tese (doutorado) - Uni versidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Defesa: Curitiba, 2018. Disponível em: http://hdl.handle.net/1884/59961. PENNA, C.F.A.M.; BORGES, I.; CAVALCANTI, L.F.L. Y CERQUEIRA, M.M.O.P. Sistemas de producción de leche ovina para pequeños productores. In: GANZÁBAL, A. Guíaprác tica de producción ovina en pequeña escala enIberoamérica. Uruguai: INTA, 2014. p. 54-61.

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MERCADO
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Sistema de criação Semi-confinado Confinado Pasto
T12.com.br

Por Diego Devens e Monique Regina Bonikowski

LEI DO BEM: A INOVAÇÃO COMO ALIADA DA REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA

Segundo a Organização das Nações Unidas - ONU, a estimativa é de que até o ano de 2050 a população mundial atinja 9,7 bilhões de pessoas, o que acarretará um crescimento na

demanda de alimentos. Em vista disso, o agronegócio terá um papel fundamental para atender essa volumosa necessidade mundial.

Pensando nisso, as empresas atuantes do agronegócio devem se

preparar para cada vez mais au mentar a sua produtividade. Por consequência, o ramo do agro ne cessita de investimentos voltados para a inovação e melhoria de seu processo produtivo.

Neste cenário, apesar de os in vestimentos serem, por vezes, de altos valores, as empresas detêm uma série de benefícios quando investem em inovação e desenvol vimento, especialmente, no aspec to tributário.

DIEGO DEVENS

MONIQUE REGINA BONIKOWSKI

Analista

Contadora: CRC/SC 043.883/O-2 Graduanda

60 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 GESTÃO E COOPERATIVAS
ILUSTRAÇÃO: ADOBESTOCK
Fiscal na Dome de Direito Analista Fiscal na Dome Bacharel em Ciências Contábeis Graduando de Direito

A exemplo disso, em 2005, foi publicada a chamada Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005), a qual estabeleceu uma série de incentivos, regimes e benefícios tributários, dentre eles incentivos à inovação tecnológica, que são tratados no Capítulo III.

Esses incentivos criaram um tratamento diferenciado que proporciona reduções fis cais às empresas que investem em pesqui sa e desenvolvimento, contribuindo assim para o crescimento tecnológico do país.

Com isso, o Estado atua para que os va lores gastos em inovação, pesquisa e de senvolvimento pelas empresas, sejam ame nizados, uma vez que, no momento do investimento a empresa não detém a cer teza se a inovação ou melhoria trará, de fato, retornos financeiros a ela.

Pode-se dizer então que tais incentivos tratam-se de um subsídio que ajuda as empresas a se aperfeiçoarem, objetivan do a solução de barreiras na cadeia pro dutiva e o fortalecimento de sua capaci dade competitiva.

BENEFÍCIOS DA LEI DO BEM E A SUA RELEVÂNCIA

A Lei do Bem concede reduções na carga tributária das empresas beneficiárias, den tre elas, a dedução do valor a recolher de IRPJ e CSLL, os quais podem chegar a 34% do lucro líquido apurado no ano calendário.

Os gastos dispensados no processo de inovação podem ser deduzidos da base de cálculo dos referidos tributos num percentu al mínimo de 160%, podendo alcançar até 200% do valor do custo. Com isso, na práti

ESSES INCENTIVOS CRIARAM UM TRATAMENTO DIFERENCIADO QUE PROPORCIONA REDUÇÕES FISCAIS ÀS EMPRESAS QUE INVESTEM EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO, CONTRIBUINDO ASSIM PARA O CRESCIMENTO TECNOLÓGICO DO PAÍS.

ca, para cada R$ 1,00 gasto, pode ser dedu zido, no mínimo, R$ 1,60 e, no máximo, R$ 2,00, da base de cálculo do IRPJ e da CSLL.

Outro benefício previsto no texto legal é a depreciação e a amortização acelerada, pelas quais no próprio ano calendário a em presa poderá deduzir integralmente o valor pago na aquisição de máquinas, equipa mentos, aparelhos, instrumentos e bens intangíveis, da apuração do IRPJ e da CSLL, desde que os bens sejam novos e utilizados no processo de inovação.

Ainda, na aquisição desses bens, tam bém é possível a empresa reduzir em 50% o valor pago de IPI, diminuindo assim o custo de compra de implementos para o seu parque tecnológico, bastando, tão so mente, comunicar seu fornecedor acerca de seu benefício.

Em linhas gerais, a empresa implementa o processo para atender as exigências da

Lei do Bem e ganha em todo o processo, pois aprimora sua cadeia produtiva com inovações, refina os processos internos de controle, aumenta a competitividade diante dos seus concorrentes e diminui os custos através da redução da carga tributária.

Assim, o benefício da empresa é efetivo e imediato, no entanto é preciso observar as exigências legais para sua fruição, a fim de garantir que não existam complicações futu ras, como, por exemplo, a cobrança de tribu tos não pagos, acrescidos de juros e multa.

MAS COMO SABER SE MINHA EMPRESA É INOVADORA?

O art. 2º, do Decreto nº 5.798/2006, o qual regulamenta os incentivos fiscais às atividades de pesquisa tecnológica e desen volvimento de inovação tecnológica previs tos na Lei do Bem, define que “inovação tecnológica” é a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou ca racterísticas ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resul tando maior competitividade no mercado.

Dessa forma, a busca da melhoria do processo, a fim de garantir ganhos em qua lidade ou produtividade, é entendida como inovação, desde que desenvolvida de forma sistemática a partir de um projeto pré-de finido e posteriormente comprovado.

seja com pesquisa tecnológica ou desenvolvimento de inovação tecnológica, devem ser classificados como atividades de pesquisa básica dirigida, pesquisa aplicada ou desenvolvimento experimental;

• Enviar relatório técnico ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, demonstrando onde e em qual projeto cada valor foi gasto, para que, em até 5 anos, estes projetos sejam avaliados.

Por tudo isso, dada a especificidade do tema, é essencial que as empresas contem com uma assessoria tributária, contábil e ju rídica para auxiliá-la na fruição dos benefícios da Lei do Bem, bem assim na implementação dos procedimentos necessários e acompa nhamento do processo. Para isso, conte com a Dome Consultoria Empresarial!

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PARA A EMPRESA TER DIREITO AOS BENEFÍCIOS ELA PRECISA SEGUIR ALGUNS REQUISITOS: • Ser optante pelo lucro real no ano calendário; • Ter auferido lucro líquido decorrente de suas operações; • Comprovar a sua regularidade fiscal através da certidão negativa de débitos;
Os gastos dispensados com inovação,

GESTÃO

IMPORTÂNCIA DA SUCESSÃO FAMILIAR ESTRATEGICAMENTE EFICAZ

Administradora e Especialista em Análise do Comportamento, com atuação na área Organizacional, Empresarial e Educacional.

Baseada na minha criação e convívio, me deparei com a necessidade de entender a importância da sucessão familiar, pois alguns negócios são criados para passar de geração em geração, adap tando-se à realidade de cada momento, sem deixar de lado os princípios e valores. Para que essa transição ocorra da melhor forma possível é preciso realizar um pro cesso adequado que exige um plano de desenvolvimento baseado no pro pósito do negócio, assim o herdeiro entenderá que irá assumir gradativa mente o comando dos negócios se sentindo mais preparado.

Sair da concepção de que “não basta apenas plantar para termos boa colheita”, não é uma tarefa tão fácil. Tudo depende da cultura e da forma que está sendo conduzido o negócio. Ainda bem que a agricultura está expandida de uma forma sim ples e segura, baseada na coopera ção, associações e em empresas que destinam ferramentas de apoio aos agricultores. Lembrando que mesmo com esses apoiadores se o produtor

rural não estiver aberto a receber e introduzir esses conhecimentos em sua propriedade não irá obter reco nhecimento em sua trajetória.

Enfim, o quão relevante é semear uma nova geração através das expe riências, isto é, mostrar e ensinar o formato nos processos: de plantio, de criação, de produção de leite, e “abrir” os dados e números da forma mais simples possível, através de rabiscos, desenhos e anotações em papéis avulsos e/ou cadernos, onde possam estudar juntos como está sendo feito o planejamento das operações e como podem melhorar através da implantação de novos hábitos e cos tumes. Assim o senso de pertenci mento e honra de fazer parte e pro gredir com o negócio da família fica internalizado e ocorre naturalmente. Claro que encontramos obstáculos no processo de desenvolvimento da gestão, entre eles, a falta de interação, incluindo conhecimento técnico e re cursos financeiros, sendo esses os aspectos mais impactantes. Conside ro que a habilidade de maior relevância é a comunicação aberta e assertiva. Com esse entendimento retiramos a “imagem” que a sucessão familiar entre gerações é somente uma trans ferência natural e sim trata-se de uma gestão evolutiva gradual realizada através de um bom planejamento. Agricultura familiar é um segmento fundamental para o abastecimento alimentar, por isso é importante man ter a sucessão hereditária consolidada com base na conservação dos valores e cultura. A continuidade desse seg mento geracional tem sido ameaçada pela grande migração de jovens em decorrência da agricultura familiar vi ver intensamente transformações sociais, políticas e econômicas. Por isso, programar o processo de suces são e implementar práticas de gover nança são determinantes para a lon gevidade do negócio rural familiar, ou seja, a importância da conscientização

dos pais em entender a necessidade de que além de ensinar o que já viven ciam é de proporcionar aos seus fi lhos, herdeiros sucessores, estudos externos onde possam compreender e aperfeiçoar conhecimentos para que no momento que retornam a proprie dade familiar possam aplicar as téc nicas e métodos novos com embasa mento e maior resultados.

Diante disso, considero que para ter um processo estratégico na sucessão se faz necessário ter uma integração e preparação, onde é necessário man ter a aplicação da vivencia através da cultura e valores, dar aos seus herdei ros abertura para buscar conheci mentos e aceitação na aplicação dos mesmos. Fazer um plano de suces são, sem deixar de verificar sobre documentação e questões jurídicas, uma comunicação aberta entre os envolvidos para que entendam da melhor forma o processo, um bom planejamento financeiro para linha de créditos e parceiros de negócios, co operativas e associações. Com isso, a propriedade terá uma gestão rural descomplicada com planejamento agrícola, gestão econômica e financei ra mais precisa, indicadores por seg mento, controle de estoque e patri mônio, para que possam manter a prosperidade no negócio, valorizando as raízes familiares e fazendo com que a “semente” plantada com bastante trabalho continue gerando frutos.

Portanto, para podermos conside rar uma sucessão familiar estrategi camente eficaz, a mesma deve ser planejada com antecipação e com base na cultura, missão, valores e pro pósito da propriedade rural. E para conduzir o negócio de forma estrutu rada, precisa-se estar em constante adequações realizadas através de capacitações e ferramentas aplicáveis que possibilitam uma melhor garantia no fortalecimento destinado à prote ção do patrimônio e sucessivamente ao seu crescimento.

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Empresa aposta em molécula para mais de 30 cultivos

A Syngenta anunciou a obtenção do registro do ADEPIDYN® technology, um novo ingrediente ativo que torna possível à empresa introduzir ao mercado a marca MIRAVIS®, uma família de fungicidas com amplo espectro de ação e uma performance incomparável em mais de 30 cultivos no Brasil.

O ADEPIDYN® technology pertence a um novo grupo químico de fungicidas devido à sua estrutura molecular única e diferenciada, provendo excelente controle em mais de 40 patógenos, especialmente nas doenças mais difíceis. Contemplando esses atributos, a tecnologia irá simplificar a vida do agricultor, trazendo mais praticidade no manejo de doenças nos cultivos do algodão,

milho, soja e café, tomate, batata e hortaliças, trigo e cevada, além de um amplo conjunto de frutíferas.

De acordo com Bruno Zuntini, gerente da Linha de Fungicidas da Syngenta, “a nova molécula representa uma mudança radical para o agronegócio, desde os grandes cultivos até a agricultura familiar, devido à sua eficácia em todo o complexo de doenças, especialmente nas mais difíceis, que prejudicam inúmeras culturas no Brasil e afetam a rentabilidade dos agricultores, tais como: Mancha-Branca em Milho, Ramulária em Algodão, Mancha-Alvo em Soja, Mancha de Phoma em Café, Alternaria e Septoria em HF, além das manchas nos Cereais de Inverno”.

Lançamentos para combate eficaz de pragas e doenças

A brasileira Biotrop, empresa de soluções em tecnologia biológica e natural que figura dentre as líderes do setor, está lançando ao mercado duas novas e importantes ferramentas: Biomagno, para o controle de nematoides e doenças de solo; e Biokato, para o manejo integrado de pragas (bioinseticida).

O biodefensivo Biomagno possui potente ação biofungicida e bionematicida em um único produto. A dupla solução conta com uma mistura tripla de Bacillus: velezensis, thuringiensis e amyloliquefaciens. Devido sua pluralidade de atuação, a solução pode ser usada para vários cultivos, que tenham a presença dos alvos registrados.

Segundo Thales Facanali Martins, engenheiro agrônomo e gerente de portfólio da Biotrop, o Biomagno possui múltiplos modos de ação e amplo espectro de controle, podendo ser utilizado em todo o território nacional, atingindo uma alta frequência de respostas positivas nos resultados.

O outro lançamento da empresa, o Biokato, é um bioinseticida recomendado no manejo integrado de pragas, podendo ser associado ou não com agroquímicos. O produto possui em sua formulação uma bactéria de uso inédito agrícola (Pseudomonas chlororaphis), a qual proporciona uma resposta muito efetiva no controle de cigarrinhas do milho e de percevejos, pragas que atualmente causam muitos problemas e prejuízos. Segundo o biólogo e gerente de portfólio da Biotrop, Éderson Santos, Biokato tem apresentado performance acima de 50% de controle no combate à cigarrinha do milho e percevejos.

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Novo condicionador de solo utiliza tecnologia microbiológica

Acaba de chegar ao mercado o SC5®, um condicionador de solo microbiológico, com ingrediente ativo biológico composto 100% pela bactéria Pseudomonas thivervalensis SC5. A novidade é da multinacional francesa De Sangosse e é dotada de características únicas e múltiplas funcionalidades. Esta cepa exclusiva de microrganismos, é naturalmente adaptada às diversas condições de estresses presentes no solo, com alta capacidade e velocidade de colonização do ambiente rizosférico das plantas.

O SC5® compõe um portfólio eclético e em expansão da empresa denominado Bio Solutions, disponibilizado a partir deste ano aos agricultores no Brasil.

O engenheiro agrônomo e diretor de desenvolvimento, Flavio Matarazzo, explica quais são os principais benefícios desta solução, que pode ser utilizada em todos os cultivos agrícolas. “O produto age através das bactérias que uma vez aplicadas ao solo, se multiplicam rapida mente colonizando a parte externa e interna de caules e raízes das plantas. Devido às características genéticas únicas desta cepa, o SC5® atua de forma múltipla e simultânea contribuindo para maior atividade biológica e enzimática do solo, produzindo diferentes efeitos que promovem o bom desenvolvimento dos cultivos e possibilitam ganhos consistentes de produtividade com maior sustentabilidade”.

BIOGÉNESIS BAGÓ

Suplementação injetável aumenta rendimento de carcaça

A Biogénesis Bagó apresentou os resultados de um experimento sobre os efeitos da suplementação injetável à base de antioxidantes específicos aplicado na entrada ou saída do confinamento ou sua combinação, sobre o desempenho, parâmetros metabólicos e a qualidade da carne de bovinos na fase de terminação.

A pesquisa feita na Fazenda Santa Terezinha, do Grupo ARG, pela Universidade Federal de Viçosa-MG avaliou o desempenho zootécnico, a coloração, textura e a oxidação da carne a partir do uso do Kit Adaptador. Os resultados comprovam que o produto possui influência direta na melhoria dos resultados, tanto nas fazendas produtoras como para as indústrias processadoras.

Os resultados foram mostrados pelo Gerente Nacional de Demanda da Biogénesis Bagó, Bruno Di Rienzo, que apresentou o incremento de 1,61% no rendimento de carcaça, o que representa um ganho de carcaça de 12,52 kg por animal.

Di Rienzo explica que a utilização do Kit Adaptador otimiza a produtividade dos animais e contribui para uma melhor saúde financeira das fazendas. “Essa visão faz parte do projeto ‘Boi Azul’, que destaca sanidade, genética, nutrição, gestão, bem-estar e sustentabilidade como pilares da pecuária moderna”, aponta.

AUTOMAÇÃO ROBÓTICA Investimento para personalizar atendimento no setor agro

A Prodap, empresa do setor que combina nutrição sob medida, consultoria e tecnologia, segue com o compromisso de ser referência em inovações no campo e passa a ter atendimento comercial via chatbot. A automação robótica tem por objetivo aperfeiçoar e oferecer uma melhor experiência para os usuários do setor agro.

Para colocar o plano em prática, a Prodap desenvolveu a ferramenta, em parceria com a Take.blip para oferecer serviços personalizados aos profissionais do campo. O software automatiza conversas com os usuários e cria experiências individualizadas usando Inteligência Artificial para tornar assertivos os resultados da equipe comercial. O serviço também possibilita integração com outros dispositivos do Grupo Meta do Facebook.

Com a implementação do sistema operacional, os interessados em obter soluções tecnológicas para suas fazendas podem tirar dúvidas, fazer orçamentos e adquirir serviço personalizado. O atendimento comercial é realizado via WhatsApp através do número (11) 3003-6045.

Segundo o diretor de marketing da Prodap, Tiago Palhares, o projeto pretende aproximar a relação da Prodap com os produtores e demais agentes do campo localizados em diferentes regiões do Brasil.

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COMO A COMBINAÇÃO DE HARDWARE E SOFTWARE PROMOVE MAIS EFICIÊNCIA

De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 76% das agtechs utilizam o modelo de Software as a Service (SaaS), ou seja, oferecem soluções online que operam como softwares. Os números apontam para uma tendência: com a crescente digi talização do campo, o uso desses siste mas com as mais diversas finalidades vêm se expandindo ano após ano.

"Um software é, basicamente, um sis tema capaz de processar dados e enviar comandos para facilitar a rotina do cam po. Com seu uso, é possível mapear e monitorar solos, máquinas agrícolas e plantações, além de gerenciar as ativida des da produção agrícola", comenta Ber nardo de Castro, presidente da divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para a agricultura.

Mas os softwares são apenas parte do processo de inovação no campo. Sensores, atuadores e computadores embarcados são exemplos de hardware que também possuem papel fundamental na digitaliza ção do agronegócio. "Os softwares têm um potencial de escalabilidade maior, pela sua natureza, e temos visto a sua adoção

avançar rapidamente no ambiente agro. No entanto, a combinação destas ferramentas com componentes de hardware dedicados e de alto desempenho é que promoverá o alcance amplo dos benefícios para o pro dutor", explica Bernardo.

Para acompanhar um mercado cada vez mais exigente, a divisão de Agricultu ra da Hexagon lançou recentemente uma geração de displays de última geração. Com processador potente, o HxGN AgrOn Ti10 garante a execução de softwares complexos com desempenho superior, sendo capaz de processar tantos algorit mos avançados como a sincronização entre maquinários. "O Ti10 é um hardwa re que está preparado para futuras tecno logias, que são possíveis a partir dos seus recursos de alta performance", destaca o presidente da divisão.

INTEGRAÇÃO PERMITE MELHOR DESEMPENHO DE TECNOLOGIAS

Assim como a Apple uniu hardware e sof tware e revolucionou o mercado de ele trônicos de consumo, empresas de agro negócio que trabalham com as duas frentes de tecnologia também são capa

zes de sair à frente nesse setor. "Agregar hardwares e softwares de um mesmo fornecedor é a melhor forma de transfor mar equipamentos em verdadeiras ferra mentas tecnológicas", explica Bernardo de Castro.

Quando os produtos são integrados, o software consegue extrair as informações do hardware de forma mais eficiente, ge rando um melhor aproveitamento de da dos e evitando perdas de desempenho. Além disso, há uma otimização dos recur sos disponíveis.

Hoje, porém, somente 11% das empresas de tecnologia para agronegócio do Brasil atuam com hardware. Com a chegada do 5G, a expectativa é um aumento nesse nú mero, considerando as novas oportunida des que surgirão nesse mercado. "Para se chegar a um campo efetivamente tecnoló gico e eficiente, com mais produtividade e economia, softwares e hardwares precisam trabalhar de forma conjunta, em uma rela ção cíclica", reforça Bernardo.

O relatório Agricultura Digital 2021, da consultoria 360 Research & Reports, pre vê um crescimento de 183% no uso de tecnologias de software e hardware no segmento até 2026.

FOTO: FREEPIK TECNOLOGIA
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SUSTENTABILIDADE

SUSTENTABILIDADE E GESTÃO DO CARBONO NA PROPRIEDADE RURAL

GUSTAVO

QUEIROZ LIMA

DE VITA

Consultor em Sustentabilidade e Agropecuária.

Zootecnista, Mestre em Aquicultura e Especialista em Perícia e Auditoria Ambiental.

Por vezes, as conveniências dos supermercados, dos postos de combustíveis e de boutiques de roupas trazidas pelo progresso urbano causam um lapso de memória quanto à depen dência a que todos estamos sub metidos em relação ao campo. Onde, felizmente, graças ao domí nio de técnicas de cultivo da terra, são concebidas nossas necessida des mais elementares, especial mente os alimentos. Na atualidade, mais do que nunca se faz necessá rio recordar ações do setor agrope cuário que efetivamente contribuem para agendas globais de forma a abrir a porteira da fazenda para a cidade entrar, moti

var empatia e engajamento, des motivar o distanciamento.

Hoje o extrativismo como fonte de alimento é insuficiente e inexequí vel. Para a dimensão demográfica da nossa existência, a compreensão humana sequer evidenciou um prognóstico mais sustentável do que o atual meio de subsistência da po pulação global: a agropecuária. A questão é: este modelo atende aos preceitos ambientais, sociais e de governança hoje propostos pelo mercado e pela sociedade?

Espontaneamente, antes mesmo de serem conceituados termos como “Desenvolvimento Sustentá vel”, “Sustentabilidade”, “ESG” e até “Mudanças Climáticas”, o setor da

agropecuária de maneira geral está dedicado ao aumento da produção em menores áreas (produtividade) somado a conservação dos recursos naturais. A resolução desta equação gera emprego e renda, fixa o homem no campo e movimenta parcela con siderável da economia ao produzir riqueza. Além disso, da perenidade e da constância da atividade no campo depende a vida não somente do produtor, mas de toda comuni dade rural. Entre as atividades labo rais, talvez a lida com a terra esteja entre as mais inerentes à vocação pura e nata, a despeito do incontes tável crescimento da profissionaliza ção e especificidade do setor diante da modernidade.

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No decorrer da história do agronegócio brasileiro, para resolver a equação da produ tividade com conservação, dois são os as pectos fundamentais na formação do mo dus operandi do agricultor profissional nos últimos 60 anos: políticas públicas “agroam bientais” e a profícua parceria entre institu tos de pesquisa como a Embrapa e a inicia tiva privada. No recorte tropical, possivelmente não encontramos paralelo deste arranjo em todo mundo. Tanto no que diz respeito a rigidez das normas legais, haja vista os códigos florestais, como no que tan ge desenvolvimento de ciência aplicada às dores do produtor.

Neste contexto, grandes desafios sur gem. Ainda no final do século XX, se evi dencia no mundo um problema que o agri cultor convive desde o seu nascimento como tal: o clima. “Uma hora era o fogo que rasgava o chão, outra hora era a água que descia e afogava toda plantação…” (Zé Ge raldo). A influência do clima e sua relação química, física e biológica com o manejo de solo e água talvez constitua o alicerce da maior parte do estudo das ciências agrárias e da própria vida no campo. Dessa vez po rém, as predições de alterações drásticas na geografia global suplanta o campo. Na busca por responsáveis, se atribui ao agro uma parcela maior de causa do que de so lução. Ao mesmo tempo em que o Brasil converte-se de importador a exportador de alimentos, na concepção de alguns, passa de mocinho coadjuvante a vilão protagonis ta na trama das relações internacionais.

Atribuídas direta ou indiretamente às ati vidades humanas, as Mudanças Climáticas são alterações na composição da atmosfera planetária que influenciam o clima. Desde a era pós-industrial tem sido observado um aumento significativo nas concentrações atmosféricas de gases de efeito estufa como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, entre outros. Segundo parte substancial do universo científico, este incremento vem causando aquecimento da superfície da ter ra adicional ao natural. Modelos matemáti cos indicam que as consequências destas alterações podem resultar em maior frequên cia de eventos extremos, calor excessivo, chuvas e secas concentradas, além da perda de biodiversidade, extinção de espécies e elevação do nível do mar. Os riscos, portan to, estão associados à saúde, abastecimen to de água, segurança humana, crescimento econômico e, principalmente, segurança alimentar, ponto sensível ao Agro.

Diante desta conjuntura desafiadora, em 2012 o Brasil elabora o Plano ABC (Agricul tura de Baixo Carbono) com o objetivo de promover a redução das emissões de gases de efeito estufa na agropecuária, melhoran do a eficiência no uso de recursos naturais e aumentando a resiliência de sistemas pro dutivos e de comunidades rurais. Este plano, estruturado para o período de 2010 a 2020, inseriu definitivamente o setor na agenda climática mundial. Na prática, esta política se relacionou diretamente com a implementa ção de compromissos internacionais e vo luntários assumidos pelo Brasil como:

a) recuperar 15 milhões de hecta res de pastagens degradadas,

b) aumentar em 4 milhões de hec tares a adoção do Sistema Inte gração Lavoura Pecuária Floresta, c) ampliar em 8 milhões de hecta res a utilização do Sistema de Plantio Direto,

d) ampliar em 5,5 milhões de hec tares o uso da Fixação Biológica de Nitrogênio,

e) expandir em 3 milhões de hec tares a área com Florestas Plan tadas destinadas a produção de fibras, madeira e celulose e

f) ampliar em 4,4 milhões de m3 o Tratamento de Dejetos Animais para geração de energia e produ ção de biofertilizantes.

Passada a década de abrangência do Pla no ABC (2010-2020), o Instituto de Pesqui sa Econômica Aplicada (IPEA) conduziu estudo para avaliar o nível de adoção das tecnologias agropecuárias de baixa emissão de carbono e o cumprimento das metas es tabelecidas. Neste estudo, foi verificada uma mitigação de aproximadamente 153 milhões de toneladas de dióxido de carbono equiva lente sendo, portanto, atingida 113% da meta estabelecida para o período2. Para década de 2020 a 2030 foi lançado recentemente o Plano ABC+ que dá continuidade às ações do plano anterior com maior robustez me todológica. Novos sistemas, práticas, produ tos e processos de produção sustentáveis foram incorporados, como por exemplo Sistema de Plantio Direto em Hortaliças, Sistemas Irrigados, Terminação Intensiva, Bioinsumos, Microrganismos Promotores de Crescimento de Plantas, entre outras.

DE DENTRO PRA FORA DA PORTEIRA, QUAL A IMPORTÂNCIA DAS

TECNOLOGIAS ABC?

Os três maiores reservatórios de carbono no planeta, nesta ordem, são o oceânico, o ge ológico (combustíveis fósseis) e o solo3; este último a “fábrica da propriedade agrícola”. A estrutura do solo é constituída por ar, água, frações de minerais e matéria orgânica. For mada basicamente por carbono, a matéria

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FOTO: BANCO DE IMAGEM

orgânica é toda substância morta no solo proveniente de plantas, microrganismos e excreções animais. Na sua decomposição por fungos e bactérias, parte do carbono é emitido para atmosfera, parte é armazenada no solo. O estímulo a este armazenamento é uma das importantes contribuições das tecnologias ABC na mitigação das mudan ças climáticas. Existe ainda uma singularida de na gestão do carbono em propriedades rurais sem igual em outro setor da econo mia; além da mitigação ou redução das emissões proporcionadas pela adoção de boas práticas, o processo produtivo natural mente permite o sequestro de carbono, já que este elemento é a “matéria-prima” bá sica na fisiologia e constituição das plantas, que, por sua vez, é o produto final ou inter mediário do agronegócio. E a ‘cereja do bolo’ é que as tecnologias fomentadas podem proporcionar maior produtividade e saúde financeira à atividade. Ganha meio ambiente, ganha agronegócio, ganha a sociedade.

O eixo central das inovações desenvolvi das para sequestro de carbono e mitigação das emissões na propriedade agrícola está em uma das cadeiras mais tradicionais da Agronomia; Manejo Conservacionista do Solo. Ana Maria Primavesi, considerada por muitos uma das maiores agrônomas con servacionistas de todos os tempos, já dizia na década de 60 que “o clima faz o solo e o solo faz o clima”. Nascida e graduada na Áustria, de clima predominantemente tem perado, foi radicada no Brasil onde conduziu sua carreira e concebeu a maior parte de sua obra de enorme relevância até os dias de hoje. Uma das suas principais contribuições para os posteriores avanços nas ciências agrárias foi a ideia de tropicalização das téc nicas de manejo ecológico do solo. Na sua visionária concepção, cada região deveria desenvolver suas próprias técnicas como um “ecótipo”, adequadas às condições locais favoráveis ao desenvolvimento vegetal.

O Brasil começa a tropicalizar suas tecno logias agrícolas quando passa a produzir seu próprio conhecimento científico. E neste as pecto, a Embrapa, fundada em 1973, e outros órgãos de pesquisa e extensão regionais, têm papel primordial. Antes disso, tudo o que sa bíamos de agricultura era importado, princi palmente pelos imigrantes europeus que fi xaram residência nos nossos campos após as grandes guerras. Foi justamente nas adversi dades que se consolidou a exitosa parceria destes agricultores com os institutos de pes quisa e, concomitantemente, o entendimento de que a forma de se trabalhar a terra no

AS TECNOLOGIAS PODEM PROPORCIONAR MAIOR PRODUTIVIDADE E SAÚDE FINANCEIRA À ATIVIDADE. GANHA MEIO AMBIENTE, GANHA AGRONEGÓCIO, GANHA A SOCIEDADE.

clima tropical teria que ser completamente distinta daquela utilizada no clima temperado. Neste contexto começam a ser semeadas as bases que constituiriam a consolidação de tecnologias conservacionistas atualmente recomendadas inclusive pela FAO, a exemplo do Sistema de Plantio Direto (SPD).

Franke Dijkstra, Herbert Arnold Bartz e Ma noel Henrique Pereira quando se reuniram no interior do Paraná não planejavam impactar o clima global. Eram simplesmente agricultores imigrantes que, quando aqui chegaram, trata vam a terra da forma que aprenderam com seus pais e avós na Europa. No clima de lá, segundo palavras do Sr. Franke, somente é viável uma cultura por ano e a degradação que acontece no solo é incomparavelmente mais lenta. As temperaturas do solo mais baixas contribuem para menor atividade biológica, sendo necessária sua mobilização para o ade quado desempenho das culturas. Nas condi

ções temperadas, em benefício da vida e da produtividade do solo, as práticas de preparo são obrigatórias, a priori, para seu aquecimen to e aeração. Porém, replicadas aqui na zona tropical e subtropical estas práticas se mos traram prejudiciais no decorrer dos anos. No solo exposto e quente, a decomposição da matéria orgânica é muito mais rápida, o que favorece a perda de carbono e desestrutura ção do solo. O instinto de sobrevivência des pertou quando estes empreendedores passa ram a observar em suas áreas agrícolas perdas substanciais de solo por erosão e suas produtividades minguar. Não se conformaram e foram buscar soluções. Promoveram dias de campo, uniram esforços entre cooperativas e institutos regionais, abriram suas porteiras para a pesquisa, tiveram contato com outras realidades. Investiram tempo, dinheiro, paci ência. Erraram muito, tentaram de novo. Hoje são considerados os pais do Plantio Direto, um

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SUSTENTABILIDADE

‘case’ de sucesso incontestável. Uma revolu ção na agricultura que segue em constante evolução. No Brasil, dados mais recentes da CONAB (Companhia Nacional de Abasteci mento) e FEBRAPDP (Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto) para a safra de 2017/18 indicaram que, dos 61,7 milhões de hectares de área plantada com grãos, foram cultivados em plantio direto 33,06 milhões, o que representou, portanto, 53% da área na quela safra. Hoje, provavelmente esta contri buição seja maior, mas temos ainda bastante margem para avançar.

CURIOSIDADE

Por conta da importância do solo como es toque de carbono, a fim de trazer a temática definitivamente para a agenda global, duran te a COP 21 da Organização das Nações Unidas foi levantada a bandeira “4 por 1000”. A referência foi trazida a partir de cálculos que indicam que com um incremen to anual de apenas 0,4% de matéria orgâni ca nos solos agricultáveis de todo o mundo é possível frear o aumento da concentração antropogênica de carbono no planeta. Esta possibilidade, a longo prazo, não deixa de inspirar otimismo. Por todo o mundo, pes quisadores já têm se mobilizado neste sen tido. O incremento de matéria orgânica no solo, não de hoje, é um objetivo da agricul tura profissional por oportunizar, além da redução de emissões, condições adequadas para melhor estruturação do solo, retenção

de água, fertilidade, menores perdas por erosão e, finalmente, melhor produtividade.

PERSPECTIVAS FUTURAS

Para conhecimento da efetiva contribuição de um setor, tecnologia, cidades ou países na redução de emissões de gases de efeito estufa são necessárias mensurações. Mais do que isso. É preciso estar muito claro e definido todo o processo do que se conven cionou chamar de MRV, sigla em inglês para monitorar, declarar e verificar. Estas etapas, no agro, acabam por esbarrar em alguns obstáculos inerentes à atividade. São garga los factíveis de resolução pela pesquisa nos próximos anos. Neste sentido, dois desafios devem ser destacados para o setor.

Primeiro a forma de medir. Existem técni cas para, por exemplo, medir matéria orgâni ca, frações de carbono estocado e perdido do solo? Sim, existem. Porém estas técnicas são onerosas e demoradas para atender a de manda que precisa ser praticamente imedia ta, o que hoje parece inviabilizar sua utilização prática para o fim pretendido. A pesquisa e o mercado estão avançando a passos largos para contornar estes obstáculos. A atividade agrossilvopastoril é singular no que diz res peito a remoção de carbono da atmosfera e, para que esta seja adequadamente contabili zada nos inventários e projetos, precisam ser consolidadas metodologias de mensuração operacionalmente práticas, economicamente viáveis e adaptadas cada qual a diferentes

ambientes, sejam estes tropicais, subtropicais ou temperados.

Um segundo aspecto desafiador, que de pende mais de articulação política do que da ciência em si, é a questão conceituada como adicionalidade. Esta é a variável que deter mina uma contribuição. Seria, por exemplo, calcular quanto foram reduzidas as emissões com a adoção de uma tecnologia a partir de determinada data, definida como linha de base. E aqui está o imbróglio que gera algum debate e deve ser resolvido; a definição da linha de base para cálculo da adicionalidade no setor agropecuário. É fato que tecnolo gias como o Plantio Direto já vem proporcio nando adicionalidades há muitos anos nas propriedades rurais. Assim, resgatar a linha de base coerentemente para calcular a con tribuição da tecnologia não é tarefa trivial. Corre-se o risco de proporcionar maior van tagem para quem até hoje nada fez no que diz respeito a boas práticas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As perspectivas das mudanças climáticas matematicamente modeladas para os pró ximos anos e seus reflexos para a sociedade são significativos. Alguns dos eventos pre vistos são efetivamente observados desde já, causando danos em diversas áreas, por vezes irreparáveis. No caos, porém, não há nada mais essencial, no sentido fisiológico da palavra, do que o alimento. A escassez deste é factual e contemporânea. A deman da por quantidade e qualidade é exponen cialmente crescente. Este paradigma, no entanto, dentro da viabilidade técnico-cien tífica existente, não autoriza a produção de alimentos em bases insustentáveis.

As tecnologias fomentadas pelo Plano ABC têm enorme potencial de contribuição para a redução das emissões de gases de efeito es tufa. Para que o produtor rural faça além do que já vem sendo feito serão necessários in centivos econômicos e evolução das pesqui sas, além de regras claras estabelecidas. Para tanto, as ferramentas estão postas. Crédito Rural, Pagamento por Serviços Ambientais, Financiamentos Verdes, Economia de Baixo Carbono, Mercado de Carbono, entre outras. O problema não vai deixar de existir de um dia para o outro. O desafio já está lançado e mui tos estão engajados em soluções dentro do Agronegócio. Apontar dedos e transferir res ponsabilidades não geram nenhum efeito prático. Condenar a produção agropecuária é um desserviço à vida na terra. Precisamos de empatia, colaboração e paz.

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FOTO: ADOBE STOCK

SUSTENTABILIDADE: POTENCIALIZAR O AGORA PARA CONSTRUIR O FUTURO

MARINA KAMOEI

Médica-veterinária, com mestrado em Ciências.

Analista técnica no departamento de Estratégia e Inovação da MSD Saúde Animal

Segundo estimativa da Organi zação das Nações Unidas para a Alimentação e a Agri cultura (FAO), a expansão da popu lação mundial gerará um acréscimo de 70% da demanda de alimentos de origem animal até 2050. Para amparar essa demanda, o agrone gócio brasileiro precisa desenvolver -se de modo considerável, mas não a qualquer custo. Os recursos natu rais são limitados e temos uma res ponsabilidade global perante questões ambientais, sociais e eco nômicas. Diante disto, o Brasil e diversos outros países da ONU assumiram compromissos de desenvolvimento sustentável. Esses compromissos visam o atendimento de objetivos de longo prazo, contudo a sustentabilidade apresenta resul tados também para o nosso pre sente e se torna prioridade para os produtores que buscam uma maior inserção no mercado internacional.

• responder à crescente demanda por alimentos e aumentar sua con tribuição para a segurança alimen tar e nutricional;

• usar os recursos naturais de forma eficiente e mitigar impactos ambientais;

• melhorar a saúde e o bem-estar humano, animal e ambiental;

• e, ao mesmo tempo, proporcionar oportunidades econômicas e ser rentável.

Trata-se, portanto, de uma pre missa tanto para a longevidade das empresas quanto para a otimização da sua atividade atual. Pensando nisto, apresentamos a seguir alguns exemplos de práticas sustentáveis que também trazem resultados ime diatos para os seus negócios:

1. FOCO NA PRODUTIVIDADE

o que implicaria em emissões exorbi tantes de gases de efeito estufa (GEE) e perdas irreversíveis da nossa rica biodiversidade. Por outro, com o incre mento da eficiência produtiva, conse guimos aumentar a rentabilidade ao produzirmos mais, utilizando menos tempo e o mesmo espaço.

TAYNARA AVELAR

Zootecnista, Residente em Bem-Estar e Sustentabilidade na Produção Animal na MSD Saúde Animal.

Afinal de contas, o que é susten tabilidade? Ser sustentável é fazer escolhas inteligentes, considerando as relações complexas entre os ne gócios, a sociedade e o meio am biente. Para ser sustentável, o setor agropecuário deve:

O aumento de eficiência da produção é a maior oportunidade de sinergia entre objetivos de sustentabilidade e de ren tabilidade do agronegócio brasileiro. Por um lado, sem o aumento da pro dutividade, teríamos de desmatar a maior parte das florestas remanescen tes para alimentar o planeta em 2050,

Existem diversas formas de au mentar a eficiência na produção ani mal. A mais importante delas é fazer a lição de casa: cuidar da alimentação, saúde e manejo. Animais saudáveis produzem mais e vivem melhor. Eles tornam o processo de produção mais eficiente e rentável para o produtor. Com a saúde debilitada e nutrição e manejo incorretos, os animais não produzem em todo o seu potencial ou demoram a produzir. Além disso, fi cam mais suscetíveis às doenças e podem morrer antes mesmo da idade de reprodução, lactação ou abate, gerando prejuízos ao produtor e ao bem-estar animal.

2. PRODUZIR COM MENOS DESPERDÍCIOS

A FAO calcula que cerca de 30% dos alimentos produzidos é desper diçado. A região da América Latina

O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO É UM ALIADO NA POTENCIALIZAÇÃO DOS RESULTADOS. EXEMPLOS DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS SÃO OS SISTEMAS PRODUTIVOS QUE INTEGRAM A PECUÁRIA COM LAVOURA E/OU FLORESTA EM UMA MESMA ÁREA.

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INOVAÇÃO

PARA SER SUSTENTÁVEL, O SETOR AGROPECUÁRIO DEVE:

• Responder à crescente demanda por alimentos e aumentar sua contribuição para a segurança alimentar e nutricional;

• Usar os recursos naturais de forma eficiente e mitigar impactos ambientais;

• Melhorar a saúde e o bem-estar humano, animal e ambiental;

• E, ao mesmo tempo, proporcionar oportunidades econômicas e ser rentável.

e Caribe figura dentre as cinco regiões de maiores índices de desperdício, segundo os dados analisados. Essa é uma questão bas tante preocupante do ponto de vista de se gurança alimentar, considerando que um décimo da população mundial se encontra em estado de subalimentação. Ademais, a comida que não chega ao seu destino final, também representa um desperdício de re cursos, como água, energia, solo, sementes e outros insumos utilizados, aumentando emissões de GEE e também os custos de produção. Diante disso, é importante que avaliemos criteriosamente quais pontos da cadeia produtiva podem ser otimizados de modo a diminuir desperdícios.

Uma característica interessante da produ ção agropecuária é a ampla possibilidade de aproveitamento dos seus produtos e subprodutos, o que colabora com a redução de desperdícios. Qualquer parte dos animais, até mesmo penas, pelos e glândulas, tem valor comercial. Além disso, a destinação de dejetos como fertilizantes biológicos, é uma prática bastante consolidada pelo setor. Es tima-se que globalmente os dejetos animais forneçam até 12% do nitrogênio para cultivo agrícola. Essa destinação dos resíduos per mite uma nova fonte de renda ou, caso o produtor use os dejetos na própria fazenda,

diminui a necessidade de gastos com a com pra de fertilizantes sintéticos, os quais são mais intensivos em emissões de GEE.

3. ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS

O desenvolvimento tecnológico é um aliado na potencialização dos resultados mencionados acima. Exemplos de tecnologias sustentáveis são os sistemas produtivos que integram a pe cuária com lavoura e/ou floresta em uma mes ma área. Segundo estudos realizados pela Embrapa, dentre os benefícios ambientais dos sistemas integrados estão a melhora dos nu trientes no solo, o bem-estar dos animais e a proteção de recursos naturais. Com relação aos ganhos econômicos, a integração possibilita a exploração da propriedade rural o ano todo, favorecendo a oferta variada de produtos, como grãos, fibras, carne, leite e produtos madeireiros e não madeireiros e, com isso, gera empregos e contribui para a renda dos produtores.

Os sistemas integrados vêm ganhando tamanha importância no contexto agrope cuário brasileiro que recebem o apoio de políticas públicas para o seu desenvolvimen to. Outros exemplos de técnicas que tam bém recebem incentivo governamental são a recuperação de pastagens degradadas, o

sistema de plantio direto e o tratamento de dejetos animais. O que motiva o interesse federal por essas e outras tecnologias sus tentáveis no agronegócio é o potencial de redução das emissões de GEE, compromis so assumido internacionalmente pelo Brasil.

O setor agropecuário brasileiro vem sendo cada vez mais pressionado pelo mercado e pelos consumidores a reduzir suas emissões, e uma forma de tornar público o compromisso das metas de redução, é a construção de in ventários de emissões de GEE. Este é o primei ro passo para as organizações que querem participar do combate às mudanças climáticas. Os inventários são fontes de informações quantitativas e qualitativas para a gestão das emissões de GEE e geram um importante ma terial de reporte com o resultado das reduções ao longo dos anos. Esse reporte apresenta, perante a sociedade, a responsabilidade com questões climáticas, além de trazer visibilidade e transparência sobre a organização.

Em suma, podemos entender que práticas sustentáveis são urgentes para a construção de um futuro plausível, e são ao mesmo tempo ferramentas para alcançar maior ren tabilidade no agora, otimizando os recursos abundantes que ainda temos. Construir um agronegócio mais sustentável a cada dia é um benefício e nossa responsabilidade.

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A ARTE EM FAZER VENDAS CONSULTIVAS: MÓDULO II

As mudanças advindas para a humani dade nos últimos anos são mais impac tantes que no último século, e isso afeta todos os setores, pessoas, países e organiza ções e sistemadeorganização da civilização.

O acesso à internet diminui distâncias e tempo para acessar as informações diversas e variadas, que exigem do profissional co mercial melhor planejamento, conhecimento de mercado, concorrência e produtos. Essa mudança disruptiva está alterando a manei ra de fazer negócios, exigindo uma nova perspectiva dos profissionais da área comer cial, pois é necessário se reinventar

ELDEMAR JOSÉ NEITZKE

Formado em Administração, com mestrado em Gestão Estratégica, MBA em Marketing Estratégico e pós-graduado em Gestão Empresarial, Diretor da N & N Gestão de Estratégias Comerciais.

A capacidade de reinventar-se é um as sunto muito impactante, pois depende da idade, da cultura, formação, geração e capa cidade de adaptação ao novo, pois mudar exige sacrifício, disciplina e determinação, para sair do estado em que se encontra e desenvolver-se ao novo, que é efêmero, exi gindo sempre novas mudanças. Em geral nos deparamos com o temor, medo e resis timos, porém é uma opção sem volta.

Existem previsões pessimistas ao setor comercial, o qual será totalmente substitu ído pelo e-commerce e outras ferramentas on-line. Será que isso realmente deverá

acontecer? O que é possível ser realizado para minimizar essa tendência?

As vendas realizadas de forma transacio nal, que exigem pouca influência do “Consul tor de Vendas”, possuem uma grande ten dência de serem substituídas por outras ferramentas ligadas a internet, porém as “vendas consultivas” e ou “Vendas Empreen dedoras”, onde é possível agregar valor a atividade, essa dificilmente será substituída.

A questão é o que é necessário fazer para continuar a realizar a atividade comercial com eficácia e eficiência, atendendo ao clien te, satisfazendo suas necessidades, desejos que são conhecidos e/ou que ele ainda não conhece em sua totalidade?

O acesso à internet possibilita adentrar em um mundo sem fronteira, com muitos conta tos e amigos virtuais, porém vamos perdendo a essência de entender e compreender as pessoas. Isso dificulta a performance profis sional em atender o cliente Auditivo, Visual, Cinestésico, e como desenvolver a capacidade de rapport (criar uma relação) com o cliente.

Essa capacidade deverá ser desenvolvida na prática, no mundo real, identificando e en tendendo os mais diversos tipos psicológicos de pessoas, e assim como um camaleão, se adaptando e desenvolvendo uma capacidade única e própria de entender o ser humano.

Com essa capacidade, o Consultor Comercial obterá uma melhor performance em relação aos perfis dos compradores, utilizando as me lhores técnicas em atender o comprador que é “Meticuloso, Amigável, Analítico e/ou Expressi vo”, e assim realizar a negociação de ganha-ga nha, que gera relacionamentos duradores.

74 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2022 VENDAS
AS VENDAS REALIZADAS DE FORMA TRANSACIONAL, QUE EXIGEM POUCA INFLUÊNCIA DO “CONSULTOR DE VENDAS”, POSSUEM UMA GRANDE TENDÊNCIA DE SEREM TRANSFERIDAS A OUTRAS FERRAMENTAS LIGADAS A INTERNET, PORÉM AS “VENDAS CONSULTIVAS” E OU “VENDAS EMPREENDEDORAS”, ONDE É POSSÍVEL AGREGAR VALOR A ATIVIDADE, ESSA DIFICILMENTE SERÁ SUBSTITUÍDA.

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