Fernanda Ruiz
resultado de anos de discussões e evolução de um setor que já entendeu que o modelo está falido e com sua curva descendente irreversível. As marcas já compreenderam que os que não mudarem seu estilo de produzir e comercializar não sobreviverão. “Cabe ao consumidor, cada vez mais, exigir as ações de transformação”.O Brasil pode e deve ser um dos líderes nessa regeneração da indústria da moda. “Não podemos pensar em crescimento infinito, enquanto na verdade, vivemos em um planeta com recursos naturais finitos, como o petróleo, que é de onde sai o poliéster, a matéria-prima mais utilizada pela indústria da moda. O dia da sobrecarga na terra vem se antecipando a cada ano, mostrando que estamos administrando muito mal os recursos naturais que o planeta é capaz de regenerar”, completa Eloisa. Na avaliação de Damylla Damiani, consultora de estilo da espresa Damyller, a questão da redução do uso único do plástico é a mais fácil de ser alcançada: “Além de trabalhar a reciclagem como grande foco, é fundamental
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O olhar de incerteza define essa industria
que nós passamos a substituir o plástico por outros materiais à base de algodão por conta das microfibras que vão parar no oceano”. Outras metas demandam mais investimento tecnológico e podem demorar mais. Mesmo assim, para Yamê Reis, o Brasil pode e deve ser um dos líderes nessa regeneração da indústria têxtil: “Somos o quarto mercado produtor e consumidor de moda, além de termos uma biodiversidade riquíssima a ser explorada de forma sustentável, e que pode ser muito rentável ao país”. Temos os grandes desafios do pilar social e econômico, além do ambiental no que diz respeito à sustentabilidade. A urgência climática, em vez de frear a economia têxtil, pode ser um incentivo para quem souber se adaptar às novas demandas da sociedade da moda. A produção do algodão agroecológico de estrutura familiar, produzido sem agrotóxicos, por exemplo, é um dos caminhos.