KAYÁ

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Deixa eu me apresentar

Viemos aqui para tratar de assuntos importantes hoje em dia de uma maneira mais enfocada e um pouco diferente, mas faremos isso em paralelo com a ques tão que mais vive na cabeça de todos, o tempo. Visto muitas vezes como nosso maior inimigo, pode nos levar a ficar parado nele. Muitos veem o “ficar mais velho” como o fim da fase de rendimento na nossa vida, e estamos aqui para vocês leitores que creem o contrário disso, que acreditam que nossa idade não se relaciona a nossa produtividade. Está revista é para os que são cheios de vida, experiências e sabem que ainda terão muito em diante. Então a KAYÁ é para as pessoas mais maduras hoje em dia, que tem mais de 50 anos e não estão nem um pouco afim de seguir o padrão imposto pela maioria, que gostam do novo e buscam muito ainda para se deliciar no mundo dos negócios e no conhecimento em geral. Apresentaremos muitos exemplos de pessoas que nunca acharam que a partir de uma idade o seu trabalho para por ali, que foram em frente e buscaram o incomum. Veremos nas páginas seguintes exemplos de negócios criados, dicas para você que gostaria de saber mais sobre ou até mesmo ter o próprio, além de

Escola Superior de Propaganda e Marketing Design Visual Turma DSG3A 2022

Projeto 3: Marise Chirico Cor, Percepção e Tendência: Paula Csillag Produção Gráfica: Mara Roberto Finanças: Alexandre Ripamonti Marketing Estratégico: Leonardo Aureliano

Projeto Editorial Gráfico

Fernanda Amorim Gabriella Manzini Guilherme Puccini Isadora Menezes Lucas Taue Luisa Gionco

COLABORADORES

Camila Faus e Fernanda Guerreiro

Colunistas Criadoras da plataforma SHEt_alks falam sobre como o envelhecimento do corpo está longe de ser o fim de tudo.

Fernanda Noer

Fernanda Noer é uma mulher de 47 anos. Trabalha com mentoria de carreira para mulheres desde 2019.

Joice Berth

Joice Berth é Arquiteta e Urbanista pela Universidade Nove de Julho. Feminista Interseccional Negra e integrante do Coletivo Imprensa Feminista.

Jurandir Macedo

Colunistas Criadoras da plataforma SHEt_alks falam sobre como o envelhecimento do corpo está longe de ser o fim de tudo

78 RITA LEE PASSADO,PRESENTE & FUTURO

O QUE ROLA POR AQUI

10 ESQUENTA

Com o fim das restrições impostas pela pandemia da covid-19, cerca de dez establecimentos inaugurados no estado

24 ABRE ALAS

Para combater os inúmeros impacto da indústria da moda no Brasil, é preciso eleger parlamentares comprometidos com o setor.

42 VERA HOLTZ: CAMINHOS

Atriz encena adaptação do best-seller Sapiens, em que interpreta 20 personagens, e fala à ELLE sobre finitude, etarismo e Instagram.

58 GENTE GRANDE

Maior número de startups fundadas por pessoas acima de 50 anos mostra tendências para esse ano.

18 Mexe, balança e mistura 20 Tropical 22 Saidera 32 Deixe-me ser 34 Novo hype 38 Potencializando 40 Nas passarelas 50 Pipoca com mateiga 52 Tudum 54 Clímax 56 lado direiro 66 prateando 70 Olhar Além 74 O jogo virou 76 Retomada 78 Negócio fechado 98 Preliminares 100 Quebrando tabu 102 Afeto 102 Coluna assinada

DE BARES SÃO PAULO TEM AUMENTO

Com o fim das restrições impostadas pela pandemia da covid-19, cerca de dez establecimentos inaugurados por dia no estado

por ANDRE RAMALHO foto por SErGIEW WHItE
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Pexels
Foto:

Vai um whisky ai?

A bebida volta á moda em casas noturnas e bares de São Paulo

A chef

Daniele Borges já era dona de um res taurante vietnamita e com a pandemia viu o movimento cair pela meta de. Para ajudar no orçamento do seu estabelecimen to, ela e a irmã Juliavvna, que é advogada e padeira, decidiram apostar em um novo negócio.

Com o fim das restrições sanitárias, impostas pela pandemia da covid-19, São Paulo registrou um aumen to de 40% na abertura de novos bares e restaurantes. Todo dia, 10 estabelecimentos são abertos no Estado.

A chef Daniele Borges já era dona de um restaurante vietnamita e com a pandemia viu o movimento cair pela metade. Para ajudar no orçamento, ela e a irmã Juliana, que é advogada e padeira, decidiram apostar em um novo negócio.

O setor de serviços de alimentação, que inclui os bares e restaurantes, cresceu em média 11% ao ano de 2009 a 2019, segundo dados da Associação Bra sileira da Indústria de Alimentos (abia), que levanta os dados junto aos fornecedores de food service. Com a pandemia de covid-19, o faturamento do setor teve forte impacto em 2020, com recuperação parcial em 2021. Desde então, os empreendedores seguem se reinventando para garantirem seu espaço no mercado.

Antes da crise, o setor gerava cerca de 450 mil novas oportunidades de emprego por ano, segundo a Asso ciação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Na pandemia, a estimativa é que pelo menos 600 mil empregos tenham sido perdidos, vindo como reflexo

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Gin com tutti-fruti e leite condensado. O novo sabor de bebida que está circulando por São Paulo e mundo a fora

também do encerramento de atividades de uma parte dos estabelecimentos do país.

Agora, a atenção do ramo se volta para a recuperação efetiva e retorno do crescimento sustentável. Para isso, os negócios têm apostado, por exemplo, em otimiza ção de processos, revisão do cardápio e ampliação dos serviços (em especial a manutenção do delivery). Ainda, reforçar a higiene e segurança segue como ponto crucial, justamente com preço justo.

Não apenas no Brasil, mas no mundo, o setor de bares e restaurantes tem buscado alternativas para atender o público nos últimos dois anos. Se a frequência nos estabelecimentos esteve restrita, serviços como delivery, bebidas engarrafadas e a aposta no e-commerce são

apenas algumas das ações que têm contribuído para levar a experiência da gastronomia e da coquetelaria para casa, enquanto os estabelecimentos vivenciam o princípio de retomada do mercado e tentam, aos poucos, com o avanço da vacinação, recuperar os patamares do período pré-pandemia, Prova disso, no segundo semestre de 2021, o setor deu sinais de crescimento, quando o número de consu midores nos bares e restaurantes aumentou, embora o movimento não tenha sido homogêneo. Dados do Sindi cato dos Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio) sobre o mercado apontaram que, em novembro, foram gerados 25.620 empregos formais, atingindo a soma de 92.962 novas vagas no País, no período de um ano.

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Foto: Pexels

Números

Apesar dos números antecederem a disseminação da variante ômicron, já servem de inspiração para que tanto os profissionais quanto gestores projetem o cenário de recuperação pós-pandemia. Segundo Percival Maricato, Diretor Institucional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), “o setor apresentou recuperação, mas esperava muito mais, o que não aconteceu devido à ômicron, à inflação, e a não recuperação do poder aquisitivo do cliente. Estamos um pouco melhor do que no ano de 2020”.

Diante disso, o que esperar de 2022? Alguns especia listas acreditam que, neste ano, será preciso resiliência e cautela. O retorno do público aos estabelecimentos deverá ocorrer em ritmo gradual, já que depende de fatores como controle da pandemia e a volta das sensações de segurança, confiança, além, claro, da manutenção dos protocolos de saúde.

Neste sentido, estabelecimentos que desenvolve ram o serviço de delivery têm promovido iniciativas com foco em equilibrar o movimento do salão com as entregas – que ganharam muito espaço diante das restrições – e se tornaram mais uma possibilidade de receita para o comércio de bebidas e alimentação. Quem não desenvolveu o serviço próprio, fez parcerias com aplicativos para ajudar nas operações.

Na opinião do diretor, o tipo de serviço se consolidou nos estabelecimentos de comidas e bebidas e deverá seguir em alta, contribuindo para os lucros, mesmo no pós-pandemia. “A tendência é de crescimento do deli very, muitos estabelecimentos aderiram e as famílias se acostumaram com suas facilidades. Todos os produtos de bares e restaurantes, mesmo supermercados, inclusi ve bebidas, sobremesas, etc., passaram a ser entregues. O delivery contribui, em média, com 10% a 30% do faturamento, dependendo do produto, do marketing, da facilidade de embalar e entregar”, defende.

Outro diferencial deste ano é a previsão da volta dos eventos, que costumam agitar os setores. Um exemplo: marcado para novembro, a Copa do Mun do é vista com bons olhos pelos profissionais e pode ajudar a aumentar as vendas, caso a pandemia esteja controlada. “Os grandes acontecimentos esportivos sempre ajudaram a movimentar bares e restaurantes. A Copa é a principal atração e ajudará a melhorar nossa performance”, aposta Maricato.

O retorno das feiras também tende a favorecer os segmentos, com lançamentos de produtos e tendências e novas oportunidades de negócios. O bcb São Paulo, uma delas, está agendada para 21 e 22 de junho, no Expo Barra Funda, em São Paulo.

O evento tem buscado, em sua plataforma on-line, as novidades e os principais movimentos do mercado, trazendo dicas de especialistas gabaritados para

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Na pandemia, a estimativa é que pelo menos 600 mil empregos tenham sido perdidos, como reflexo também do encerramento de atividades

o setor de bares com ideias, inovações, conhecimento para profissionais e gestores.

A comemoração por conta do Dia dos Pais, neste fim de semana, deve gerar um incremento de 10% nas vendas dos bares e restaurantes em Belo Horizonte e região metropolitana. A projeção é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), numa comparação com a referida data em 2019, na fase pré-pandemia.

Um dos fatores identificados pela entidade para o otimismo quanto à data está inicialmente ligado à importância do ciclo vacinal. Porém, segundo a associação, outros pontos são levados em considera ção, conforme explica o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel.

“Hoje estamos funcionando com um faturamento similar em comparação ao mesmo período antes da pandemia. Porém, não temos a mesma lucratividade que antes tinhamos. Mesmo com a inflação dos últi mos anos, os restaurantes não repassaram os valores ao consumidor”, conta.

Matheus Daniel ressalta também que, durante a pandemia, os estabelecimentos tiveram como maior desafio a questão de lidar com as contas. Ele detalha

que como reflexo desse movimento há ainda mui tos restaurantes que estão trabalhando com prejuízo, tentando equilibrar as finanças. “O faturamento dos bares foi bem prejudicado por conta da pandemia. Quando falamos de 2019 com uma projeção de 10%, estamos falando de uma reposição praticamente por conta da inflação. Para este ano, estamos vendo que não teremos um aumento muito grande de demanda, mas o faturamento será maior”.

De acordo com as pesquisas realizadas pela Abrasel ao longo da pandemia, o setor identificou que quanto menos restrição houvesse, maior seria a chance de uma recuperação. A expectativa para o Dia dos Pais, segundo Matheus Daniel, é de otimismo. Otimismo este que também se estende em relação ao segundo semestre deste ano.

Felicidade também para as irmãs Daniele e Juliana, que estão com as expectativas altas com o novo negócio. “A gente tem sentido a clientela bastante animada em retomar a rotina de sair”, disse Juliana Borges, advo gada e padeira. “Então a gente está bastante otimista. Se continuar assim, eu vou acabar, invariavelmente, deixando a carreira de advogada “ – conta a advogada Juliana Borges sobre o assunto.

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Bares com novos conceitos de mixologia e apresentação viram febre em São Paulo.

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Foto: Unsplash

Neli Pereira é a nova mixologista Absolut

Especializada em drinks com infusões de ervas, Neli apresentará tudo oque uma boa vodka oferece

Ao chegar lá vemos um ambiente vintage, colagens, fotografias, luminárias, quadros e móveis

Com passagens por lugares de peso na imprensa como bbc e BandNews, Neli Pereira sempre se sentiu atraída pelo mundo da gastronomia e da coquetelaria e, durante muito tempo, conciliou as atividades de jornalista e bartender. Após cinco anos realizando cursos e um mes trado em Estudos Culturais Latino-ameri canos, decidiu se dedicar exclusivamente

à pesquisa sobre ingredientes brasileiros. O assunto já fazia parte das atividades acadêmicas de Neli desde 2005, já que a sua tese foi Identidade Cultural Bra sileira. Assim, em 2012, a profissional abriu com o artista Renato Larini o Espaço Zebra: híbrido de ateliê e bar experimental. O local funciona também como palco para a apresentação de seus drinks criados com garrafadas, preparos de ervas, cascas, madeiras e raízes infusionadas em bebidas.

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mexe, balança e mistura
Foto: Alice Amaral

Agora, Absolut e Neli, se unirão durante os próximos seis meses para reforçar que uma boa vodka pode ser a catalisadora de ótimos drinks. Uma série de iniciativas no Espaço Zebra, assim como vídeos e a participação da mixologista em eventos, terão como objetivo destacar a versatilidade de Absolut e mostrar as diversas formas de como o destilado pode compor uma criação.

“Com a popularização da coquetelaria, as pessoas estão cada vez mais interessadas em criar misturas interessantes. Porém, muitas vezes, elas não sabem pode onde começar,” explica Sabrina Zanker, Head de White Spirits na Pernod Ricard Brasil. “Nossa união com Neli vem ao encontro desse momento e visa mos trar que Absolut é uma bebida que oferece inúmeras possibilidades˜, completa Zanker.

“A vodca é um dos destilados mais versáteis que existem, e um excelente condutor para as infusões de ervas, cascas e raízes brasileiras que venho fazendo. Ela respeita o sabor de cada ingrediente e funciona como uma tela em branco para todos os bartenders criarem. Acho importante levar a bebida a outro pata mar: o de um destilado premium capaz de acolher os sabores mais diversos do Brasil e do mundo. A minha intenção é promover a arte da mixologia com vodca e enaltecer ainda mais os sabores do nosso país”, explica Neli Pereira.

Entre os temas que serão abordados nos encontros mensais com o público no Espaço Zebra estão: a ver satilidade da vodka, maneiras de se criar uma vodka aromatizada a partir da infusão de botânicos e como fazer um bitter. São eventos limitados a convidados, mas os conteúdos desenvolvidos também serão dispo nibilizados nas redes sociais de Absolut, para ampliar o alcance deste material.

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Espaço Zebra, uma mistura de ateliê, galeria de arte, loja e até casa que vale a pena conferir Foto: Fernanda Susan Lima

Conheça o bar Urban Distillery

É sem dúvida inusitado o local de produção do gin Jardim Botânico, o novo gin premium brasileiro, pro duzido pela São Paulo Urban Distillery (spud) dentro do banheiro de um casarão dos anos 1920. O casarão, por sua vez, já abriga desde 2015 o Drosophyla bar, cuja história já contamos nesta matéria aqui.

Todo de azulejos, o local se revelou perfeito para o novo uso, com a instalação de um alambique de cobre feito à mão, com capacidade para produzir 60 litros do gin Jardim Botânico. Fica no andar superior, bem ao lado de um bar no estilo speakeasy, por sua vez instalado no que era, originalmente, o closet (provavelmente na época chamado de quarto de vestir) do quarto principal na época em que o casarão ainda era uma residência. Tudo num espaço de 50 metros quadrados.

Como o imóvel é tombado – e já foi lindamente restaurado em 2015 para a instalação do Drosophyla – todo o projeto teve que ser aprovado pelos órgãos de proteção do patrimônio histórico, além dos alvarás da Prefeitura e dos Bombeiros. E assim ficou instalada a primeira destilaria urbana de São Paulo, em plena Nestor Pestana, a menos de dois quilômetros da Praça da Sé e bem no meio da cena gastronômica nas ime diações do Copan.

“Tem coisas incríveis no Centro e tem coisas que ain da não maturaram, mas o Drosophyla tem o equilíbrio perfeito: uma casa tombada numa rua que tem várias boates. Não posso imaginar até hoje um lugar melhor para este projeto”, diz Nick Johnston, um dos sócios, sobre a escolha do Centro para instalar a microdestilaria.

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A São Paulo Urban Distillery produz o gin premium Jardim Botânico no antigo banheiro de um casarão

O que o motivou? Um gin destinado ao consumo próprio

Dos cinco sócios, quatro são estrangeiros, mas todos vivem em São Paulo há mais de dez anos. Além de Nick, que é escocês, empresário e sócio de outros negócios, como a Baccio de Latte, na República, os demais sócios da São Paulo Urban Distillery são: Isaac Sinclair, perfumista neozelandês, trabalha no Brasil há 11 anos; Philippe Roques, francês, também perfumista, no Brasil há mais de 10 anos; Robert Adair, inglês, é homeopata e chef e vive no Brasil há . mais de 10 anos; Robert Adair, inglês, é homeopata e chef e vive no Brasil há 13 anos. E Lilian Varella, a única brasileira, a dona do Drosophyla, que antes do atual casarão na Rua Nes tor Pestana já esteve em outro imóvel histórico no Baixo Augusta e, antes de São Paulo, já fazia história em Belo Hori zonte. O nosso tem dois”, destaca Nick o criador da marca. “Perfume e gin têm muitas coisas em comum.”.

O Projeto Swordfish (batizado assim porque a primeira conversa, entre Nick e Isaac, ocorreu quando eles estavam no Drosophyla, sentados embaixo de um peixe espada empalhado pendurado na parede) começou há três anos, quando eles lamentavam que o dólar muito alto tornava o gin importado caríssimo no Brasil, numa época em que as opções nacionais de qualidade ainda não eram muitas. Inspirados por uma destilaria de Londres, a Spismith, tiveram então a ideia de produzir a própria bebida. E, já que era amigos dos donos do Drosophyla, e frequentavam o local, porque não instalar ali o alambique.

E assim nasceu o alambique no banheiro

Ao contrário de alambiques de cana-de-açúcar, destila rias de gin ocupam pouco espaço, porque a produção começa com um álcool já pronto. No caso do Jardim Botânico, álcool de cana orgânica, que é purificado antes da adição dos botânicos – as especiarias que vão dar sabor e tornar a bebida única. A inclusão de zimbro, uma semente preta, que parece um grão de pimenta do reino, é obrigatória para que a bebida seja considerada gin. E os demais dependem da criatividade.

No caso do Jardim Botânico, elaborado por um grupo que inclui dois perfumistas, o resultado é um gin aromático e de sabor suave, que também pode ser degustado puro. Ao todo são 17 botânicos, entre eles o pau-rosa, uma planta amazônica que também foi usada na composição do clássico Channel nº 5, um dos perfumes mais conhecidos do mundo.

Desde a primeira conversa no sofá do Drosophyla, foram mais de dois anos procurando fornecedores e desenhando tudo de forma artesanal e exclusiva, da garrafa que lembra um vidro de perfume dos anos 1920, feita à mão, ao rótulo, impressa em letterpress, em alto relevo, ambos com elementos que homenageiam São Paulo, como o hexágono inspirado no Marco Zero da Praça da Sé e ícones arquitetônicos como o Copan, a Catedral da Sé e o Altino Arantes. E a arara azul representa o pássaro que faz a coleta dos botânicos.

Tudo ficou pronto no primeiro trimestre deste ano e o grupo estava pronto para lançar o Jardim Botânico quando veio a pandemia.

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Gin Jardim Botânico ao lado de especiarias utilizadas para drinks com mais sabor Foto : Gustavo alves

Utensílios para montar seu bar

Coqueteleira de inox, colher bailarina, dosador duplo: confira os itens básicos e os rótulos essenciais para começar seu próprio bar caseiro

A pandemia levou o hábito de beber na rua para dentro do lar e ressuscitou uma tendência dos anos 1970: a de ter em casa um bar para chamar de seu. Vale ocupar um canto da sala com prateleiras e um balcão, man dar fazer um móvel sob medida de madeira nobre ou recuperar aquele carrinho móvel vintage. Depois, vá atrás dos utensílios certos e invista nos rótulos certos.

Em seu charmoso apartamento no centro de São Paulo, a artista plástica e mixologista Suemi Uemura mantém seu bar caseiro em um cômodo ornamentado, formado por um balcão no centro e duas amplas pra teleiras, como se pode ver na foto acima. Os objetos foram garimpados em antiquários na época em que ela trabalhava como restauradora de arte. Entre dosadores duplos de diversos tamanhos, colheres bailarinas e coqueteleiras, a coleção de utensílios foi tomando forma aos poucos.

“Não é necessário comprar tudo de uma vez. Com algumas peças básicas já dá para montar um bar caseiro

e depois ir incrementando com novos ingredientes e utensílios”, diz Uemura, que só abre seu canto de prazeres etílicos para os amigos mais próximos.

“Gosto de ensinar as pessoas a prepa rar os seus próprios drinques caseiros. É sempre muito divertido para quem ama a coquetelaria, além de proporcionar uma experiência criativa.” Consultamos ain da Maurício Porto, criador de drinks do bar Caledônia, e Kennedy Nascimento, embaixador da Tanqueray, para passar as preciosas dicas a seguir. Esses utensilhos são primordiais para começar a prepa rar os seus primeiros drinks em casa e com mais profissionalismo. Alguns deles podem ser substituidos, que será utilizado para a realização de sua receita. Confira os seis itens para se ter em casa.

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POLÍTICA DENTRO DA

MODA

Para combater os inúmeros impacto da indústria da moda no Brasil, é preciso eleger parlamentares comprometidos com o setor

por BÁRBARA POERNER foto por MAURICIO SUSIN

Foto: Josephy Augostin

Moda

e política têm muito em comum. Por meio do poder judiciário, execu tivo e legislativo, é possível combater violações que tangem a indústria, como casos de trabalho análogo ao escravo, preservar e regenerar o meio ambiente e amparar as trabalhadoras do setor, garantindo seus direitos fundamentais.Regionalmente, existem medidas direcionadas de acordo com o pólo produtivo de cada cidade ou estado, mas no Congresso Nacional o cenário é mais heterogêneo. O Brasil tem um histórico – breve, considerando a jovem idade de nossa democracia – de políticas nacionais voltadas para a moda. Em 2010, durante o governo Lula, foi criado o Colegiado Setorial de Moda, entidade vinculada ao Conselho Nacional de Política Cultural do então Ministério da Cultura. Sua função era debater, acompanhar e definir diretrizes e estratégias para o setor da moda brasileira. Contudo, ele foi descontinuado com a extinção temporária do MinC, durante o governo Temer.Nas urnas, Eloisa Artuso, a diretora executiva do Instituto Febre, vê a possibilidade de impulsionar um país e uma moda que esteja apta a enfrentar as inúmeras crises que estamos vivendo e a sustentabilidade está ligada ao cuidado e ao amor.

Segundo ela, é preciso levar em conta as agendas dos candidatos, não só dos cargos executivos (presidência e governo estadual), mas do legislativo (deputados e senadores), “para que uma vez eleitos, eles possam implementar políticas socioambientais comprometidas com nosso futuro”, além de restabelecer os organismos de defesa dos direitos humanos e meio ambiente que foram desmontados nos últimos anos, como o Ibama e o ICMBio.Ela analisa que mesmo a moda sendo responsável por muitos impactos ambientais e sociais, ainda não existe, de forma organizada, um movimento do setor para incidência política ou advocacy, que “pressione o poder público para criar regulamentações e uma agenda que favoreça as pessoas que compõem a indústria”.A diretora aponta algumas medidas que podem ser promissoras, como regulamentar as prá ticas de compra das grandes marcas e suas relações comerciais com fornecedores, restabelecer um salário mínimo compatível com a realidade material do país, exigir mais transparência e prestação de contas das companhias do setor e prover incentivos fiscais para diferenciar empresas que têm práticas mais responsá veis de outras negligentes.De forma semelhante, Yamê Reis, mestre em sociologia política, coordenadora de

Pressione o poder público para criar certas regulamentações que favoreça as pessoas que compõem a indústria

design de moda do IED-Rio e fundadora do Rio Ethical Fashion, defende que “sem políticas públicas, nosso setor não vai avançar em medidas que são urgentes para sua regulação. Não podemos esperar que as empresas tenham práticas sustentáveis. Se não tivermos políticas que exijam isso, não irá acontecer”.

Ela ainda destaca a importância de “políticas que sustentem pequenos produtores, que são a maioria da indústria da moda, mas que não têm nenhum suporte de qualificação e manutenção”.Vale ressaltar que “nosso papel como eleitores não acaba nas eleições. Como cidadãos, temos o dever de acompanhar e cobrar os mandatos, programas e atividades do legislativo e exe cutivo”, continua Eloisa.Para evidenciar a relação da moda com a política, listamos os principais gargalos do setor no Brasil que merecem atenção na agenda dos seus candidatos e/ou candidatas.Resíduos têxteisI magens das montanhas de roupas e tecidos ocupando o deserto de Atacama, no Chile, podem chocar. Mas basta dar uma volta pelo centro da cidade de São Paulo, entre os bairros do Brás e Bom Retiro, para ver essa realidade de perto.

Diariamente, partem da região 16 caminhões lixo têxtil, o equivalente a 45 toneladas, destinados

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FOTOS: LEONARDO SILVA

aos aterros sanitários, conforme dados do relatório Fios da Moda.Lidar com os resíduos, têxteis ou não, é um desafio em qualquer cidade, estado e nação. Uma das formas do Brasil lidar com o problema é por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que configura a Lei n°12.305/2010. Ela “prioriza a gestão compartilhada e o gerenciamento de resíduos sólidos em uma ordem de prioridade que consiste em: não gerar; reduzir; reutilizar; reciclar; tratar e dispor ade quadamente”.Ou seja, a PNRS assume que o manejo dos resíduos sólidos deve ser feita de forma comparti lhada entre empresas, setor público e cidadãos, o que requer o esforço público municipal para ser efetivado.

O problema é que não existe uma diretriz específica para o têxtil e vestuário na lei, já que o manejo de fios e tecidos exige recursos específicos. Daí a importância de se projetar um recorte na política que abarque a peculiaridade da moda.Agenda trabalhista e direitos das mulheresAs mulheres são 60% da indústria da moda no Brasil, que é majoritariamente informal e composta de pequenos produtores. Com a reforma trabalhista de 2017, flexibilizações tornaram-se mais comuns e a perda de direitos trabalhistas básicos abriram ainda mais espaço para jornadas exaustivas, sem segurança ou férias, com salários baixíssimos.A flexibilização e fragmentação da indústria da moda faz com que casos de trabalho análogo à escravidão sejam recorrentes. Se em âmbito nacional a maioria dos trabalhadores resgatados dessa condição são homens, quando ana lisado apenas o setor têxtil e do vestuário, as mulheres aparecem como metade do número.

Um exemplo de política pública regional é a Lei Bezerra, criada em 2013 a partir do projeto do deputado estadual Carlos Bezerra Jr (psdb sp). Seu texto diz que

empresas paulistas flagradas utilizando trabalho análogo à escravidão em seu processo produtivo perdem suas inscrições no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (icms) e podem ser fechadas e impedidas de realizar qualquer transação formal. Nacionalmente, existe desde 2003 a Lista Suja, um cadastro de emprega dores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas a de escravo. Publicada semestralmente pelo governo federal, ela foi criada pelo extinto Ministério do Trabalho e Emprego (mte) e pode servir de base para analisar quais empresas de vestuário já foram flagrados cometendo o crime.Desmatamento e AmazôniaNão é segredo que o desmatamento na Amazônia Legal cresce década após década. Ao olhar para a indústria joalheira encontramos algumas pistas da relação desse crime com a moda. Isso porque existe pouquíssima rastreabilidade e insuficiente fiscalização na extração, distribuição e comércio dos minérios no país. Muitas joias expostas em vitrines podem ser originárias do garimpo ilegal, algo que deixa sequelas irreversíveis no bioma brasileiro.

Os impactos ambientais e o descarte excessivos dentro da indústria textil

Além disso, o desmatamento pode aparecer no setor por meio da produção de algodão e viscose. O Cerrado é a região com a maior concentração de cotonicultura do Brasil, mas nos últimos dez anos perdeu cerca de 50 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa, confor me o Fios da Moda, para o agronegócio. Outro elo fica exposto na produção e distribuição do couro, que por meio de um relatório internacional ligou dezenas de marcas globais à prática. Mesmo com tanto impacto, poucas empresas parecem estar comprometidas com a preservação ambiental. O Índice de Transparência da Moda Brasil 2021, que aponta que nenhuma gran de etiqueta, dentre as 50 analisadas, divulga um

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Aprovar leis que claramente reforçam sua hegemonia no campo e na economia

compromisso mensurável e com prazo determinado para o desmatamento zero.A nível nacional, existem alguns projetos de lei, além da própria Constituição Federal, que prevêem a proteção de Terras Indígenas (ti) e Unidades de Conservação (ucs) e atuam contra o desmatamento. Um exemplo de iniciativa em anda mento com implicação direta na joalheria é o sistema de rastreabilidade do ouro, proposto e elaborado pelo Instituto Escolhas. Ela pode ajudar a indústria a melhorar suas práticas, monitorar de onde vem sua matéria-prima mineral e ainda pressionar marcas para melhorarem suas políticas de compliance.Outra medida importante tange a agricultura regenerativa e orgânica.

Yamê explica que existem alguns programas que favo recem a agricultura familiar como, o pronaf, dedicado ao financiamento para pequenos agricultores, mas que são “de pequeno alcance face à força do agronegócio, que tem a maior bancada de parlamentares no Con gresso e, por isso, aprova leis que claramente reforçam sua hegemonia no campo e na economia brasileira”. Além disso, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, criada em 2012, foi amplamente desmontada na atual legislatura, que também concentra uma bancada empenhada em aprovar projetos de lei

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consultados concordam que o nível atual de consumo é insustentável, apesar de crescer cada vez mais. Ou seja, não é compatível com a sustentabilidade”, diz a empresaria e designer Flavia Aranha.

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A falta de rugas no mundo da Barbie

O mundo da Barbie com mais diversidade e representatividade, pelas rugas

Barbiecore. Vou falar sobre essa tendência antes de contar da nova Barbie em homenagem à Dr. Jane Goodall. Escreva #barbiecore nas buscas das redes sociais e encontre milhões de fotos de pessoas em looks totalmente pink. Por que?

Porque é a pedida da vez, em alusão à boneca Barbie, que ganhará filme em 2023 protagonizado por Margot Robbie e Ryan Gosling. Cenas de divulgação entregaram parte do mundo pink do futuro longa. Antes disso, nas passarelas, o desfile Pink PP da Valentino trouxe o tom de volta às discussões.

Redes sociais, cinema, uma supermarca, celebridades aderindo… pronto, o hit e a # aconteceram. E daí, no meio disso, o lançamento da Barbie feita com material reciclado, em homenagem à primatologista e ativista Dr. Jane Goodall, nem ganhou a atenção merecida.

A boneca faz parte da coleção Inspiring Women™ e traz Dr. Jane com sardas no rosto e zero rugas. A Barbie que representa a mulher de 88 anos tem a cara lisinha, assim como a Barbie que faz ode à Iris Apfel, que tem 100 anos. Qual o sentido de criar representações de pessoas velhas como se fossem jovens?

Por que será que até as Barbies mais velhas são iguais entre si e tão diferentes da realidade? Não sei responder, mas fico curiosa. Tanto que fiz um post no @vivaacoroa para assuntar: E se a Barbie envelhecesse?

E, ali nos comentários, li muita gente animada com a ideia de uma Barbie enrrugadinha, com marcas de expressão, cabelos grisalhos ou até pintados…

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deixe-me ser

A @viva60mais escreveu que já pro curou bonecas e bonecos de idosos e não encontrou. Mesmo os que repre sentam o vovô e a vovó têm rosto sem rugas, ela contou. “Penso que os bonecos enrugados ajudariam a tornar o processo de envelhecimento mais aceito e com naturalidade”, completou a jornalista. A @lizbucksilva escreveu, empolgada, que uma Barbie velha seria “a maior afronta à ditadura da juventude”. Quem quer passar por uma ditadura? E quem não quer uma dose de doce rebeldia?

Fica claro que a Mattel não quer consi derar o fato de a boneca ser o símbolo de um padrão de beleza cruel e excludente – e de alienação. Uma pena. Até porque, quando foi criada nos anos 1950, por Ruth Handler, fundadora da empresa, a boneca tinha o objetivo de inspirar a independência feminina.

A maior parte das bonecas do mer cado, na época, eram bebês e meninas. As crianças brincavam só de ser mães. A ideia da fabricante era oferecer outras possibilidades. O propósito se perdeu no tempo, enquanto a imagem da boneca se fortaleceu. O #barbiecore está aí como prova do maravilhamento que a boneca ainda desperta. Enquanto a ausência de rugas em bonecas que representam musas 80+, está aí como prova do horror que as rugas podem despertar. Mas até quando isso continuará?

Tudo, incluindo o mundo e a nossa vida, é exatamente do jeito que a gente enxerga. E eu escolho ver a Barbie como um brinquedo afetivo – sem fechar os olhos para a questão dos padrões.

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Bem Vindos a Neo-NeoPsicodelia

A busca por maneiras responsáveis de produzir couro, por escapismo e até por equilíbrio

O reino fungi está em alta. Nem plantas nem animais, os fungos são uma nova obsessão cultural. Mais especificamente, os cogumelos, que tem alta demanda na moda e psicoterapia. Eles aparecem como uma alternativa mais sustentável ao couro bovino e são procurados por pacientes com necessidades emocionais e mentais das mais destintas.

Vive-se hoje um neo-neopsicodelia, ou a terceira onda psicodélica, e a moda faz parte do alvoroço. Há sinais de lisergia “clássica” no verão 2021 de rafsimons, Matt Bovan, JwAnderson. As referências de estampas tie-dye, prints e bordados de cogumelos e releituras do estilo paz & amor de décadas passadas até formas, cores e texturas não muito diferentes daquelas relatadas por quem já passou

Vive-se hoje um neo-neopsicodelia, ou a terceira onda psicodélica, e a moda faz parte do alvoroço

por boas viagens alucinógenas. “Estamos acompa nhando uma série de marcas explorando cogumelos de forma magnífica, desde marcas jovens de streetwear até joias ultrafemininas adornadas com os fungos”

Vale lembrar que nada é exatamente novo. Nos anos 1970, marcas como Missioni, Pucci, Yves Saint Laurent bebiam grandes goles da fonte hippie com os seus tingimentos e estampas em tonalidades vibrantes, silhuetas amplas a franjas.

Meio espírito do tempo, meio apropriação de um movimento anticapitalista. Para além da estética e de questões culturais, os fungos têm se provado uma poderosa ferramenta na produção de uma moda mais responsável. No ano passado, foi montado um con sorcio entre empresa de biotecnologia Bolt e Adidas, Stella McCartney e Lululemon com o objetivo de criar materiais com menor impacto no ambiente. O Mylo, um couro vegano macio e flexível a base de micélio –ramificações que ficam sob o solo, descompõem matéria

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orgânica e distribuem nutrientes para as plantas.É como se fosse a raiz do cogumelo.

O micélio foi usado pela primeira vez em um pro duto de moda em 2018, na bolsa Falabella, de Stella McCartney, exposta no museu Victotia & Albert, em Londres. Com a parceria em 2020, a marca expandiu sua aplicação para um top preto com bustiê e para uma calca da mesma cor. Mais recentemente, a Adi das escolheu o clássico tenis Stan Smith para estrear a fibra têxtil natural. Apresentado em 15 de abril deste ano, o modelo entretanto ainda não está a venda. A previsão de lançamento é, com volume limitado, nos próximos 12 meses.

Já Hermes, em colaboração exclusiva com a startup MycoWorks, apresentou na coleção de inverno 2021 a bolsa Victoria, feita com fibra Sylvania, também a base de micélio. “Com um planeta, precisamos aprender a trabalhar com a natureza e a favor dela, e não contra. Temos de focar todos os nossos esforços em encontrar

soluções que utilizem recursos renová veis e sustentáveis, desenvolvidos em sinergia com o ecossistema”, diz Amy Jones, head global de “Futuro” da Adidas. “Como marca, continuaremos a explorar cada vez mais inovação desse tipo.

Inicialmente criado em laboratório, Mylo é cultivado em modelo vertical e de larga escala, com uma tecnologia agrícola que otimiza a área de cultivo. Ele usa menos recursos do que a pecuá ria e tem rápido crescimento – menos de duas semanas. O processo funciona assim: é feita a reprodução do solo da floresta em um ambiente artificial. Na sequência, as células miceliais são nutri das com serragem e matéria orgânica. Há o desenvolvimento e a formação de uma camada de espuma.

Há alguns anos, as pesquisas e os deba tes sociais foram retomados. Existem uma associação histórica da psicodelia com momentos de intensa contestação e revi são da moralidade, como nas décadas de 1960 e 70, e agora não é diferente. Contudo, Ronald Griffth afirma que não se trata apenas um movimento cultual, espiritual e filosófico, mas sim científico.

Conforme escreveu o pesquisador, em dezembro passado, na Jama Psychiatry: “Psicodélicos não são nem cura para transtornos mentais nem saída fácil para uma vida incompleta e não devem ser apresentados como panaceias. Subcultu ras pro-psicodélicas, de modo agouren to, estão fomentando de maneira cres cente visões utópicas para a sociedade com base em achados de pesquisa que,

embora intrigantes, ainda devem ser considerados pre liminares”. No Brasil, como em boa parte do mundo, a maioria dos psicodélicos é tipificada como substância ilícita. Porém existem brechas na legislação nacional que permitem o consumo de algumas delas. É o caso da ayahuasca, por sua condição de sacramento, e dos chamados “cogumelos mágicos. A psilocibina, seu princípio ativo, é proibido em sua forma pura, já o produto orgânico é legal. É como se fosse ilegal comprar thc da cannabis, mas permitido adquirir um cigarro de maconha.

Segundo dados cientifícos divulgados pelo laborató rio Os efeitos emocionais da viagem com cogumelos duram sete dias. Além disso, foi comprovada que novas conexões cerebrais permaneciam ativas em um mês depois uma provável explicação para o efeito antide pressivo do psicodélicos. Os pesquisadores publicaram na Lancet Psychiatry bons resutados de um teste com portadores de depressão tiveram redução.

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ilustra: Leonardo Campos

Aos 45 anos: Mônica muda de vida

A marca Santa Resistência é uma das apoiadas pelo projeto Sankofa e consegue espaço na SPFW

“Engenheira de profissão, a moda entrou em minha vida de forma muito intuitiva e afetiva. Sempre disse que a minha ocupação me realizava, mas faltava alguma coisa.

Com isso, aos 45 anos de idade, mudei radicalmente de área e criei a minha marca, a Santa Resistência. Na época, tive medo, mas posso garantir que hoje, após seis anos dessa aposta, estrear no maior evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week, é a certeza de que fiz a escolha certa.

Sabia que a minha moda autoral com dna africano, que também traz referências ancestrais, era valorizada no mercado, mas um evento do porte do spfw é algo distante para pequenos empreendedores.

É um lugar que queremos ocupar, só que esbarramos com as difi culdades de empreender no Brasil. Mas a moda, ao mesmo tempo que tem seus empecilhos, é capaz de construir pontes e abrir barreiras. Para mim, o Sankofa foi essa ponte.

O projeto Sankofa nasceu de uma ideia da Natasha Soares, do coletivo Pretos na Moda, e do Rafael Silverio, guardião da startup de inovação social inter-racial vamo, que são duas pessoas extremamente competentes e corajosas. A iniciativa liga marcas consolidadas e res peitadas no mercado a outras emergentes, como a Santa Resistência.

É algo transformador levar essas ideias lideradas por pessoas negras para o evento. O projeto fez com que a minha marca e tantas outras fossem assessoradas pelos melhores profissionais da moda atual e isso foi fundamental no processo.

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Modelo veste duas peças da coleção Verão 22, da Santa resistência

A Santa Resistência veio para ficar e estou aqui para provar que nós, negros, não vamos mais nos limitar aos bastidores, ocuparemos todos os lugares

A minha marca madrinha, a Angela Brito, que dispensa apresen tações, se mostrou extremamente generosa ao compartilhar tanto conhecimento. Ela, assim como Isaac Silva e Luiz Cláudio do Apar tamento 03, já era minha referência cruzando a passarela com suas coleções. Eles tornaram tudo mais real, mais próximo e abriram os caminhos para que nós consolidássemos o movimento de racialização do evento. É representatividade.

Elizabeth de Toro, presente! “Sem perder a elegância, o conforto e a praticidade da mulher que usa Santa Resistência, nós voltamos ao passado e trouxemos para o presente o estilo Elizabeth de Toro.”

Legado nas passarelas Junto com tantas emoções de estar inserida neste projeto pioneiro, também há o sentimento de que estou assumindo uma grande res ponsabilidade, principalmente pelo fato desta edição ter o maior número de estilistas negros da história. Há um legado por trás de tudo isso e eu quero ser referência para quem está iniciando.

Ao ouvirem falar de mim, uma mulher, negra e que mudou de carreira após os 40 anos, espero que outras pessoas se identifiquem e acreditem que, se eu pude, eles também podem”, aspira Mônica, que desfila virtualmente com a sua marca Santa Resistência, nesta sexta-feira (25), no spfw.

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Diversidade nas passarelas

Temporada de moda traz modelos de diversas faixas etárias e chama atenção

As passarelas da moda têm um longo caminho a per correr para que sejam consideradas verdadeiramente diversas e como um palco de representatividade. Mas na temporada de outono de 2019, houve uma mudança notável. Em desfile após desfile, pôde-se ver modelos de todas as idades e uma diversidade etária – não apenas uma ou duas mulheres simbólicas na faixa dos 70 anos, mas também, outras na meia-idade.

É verdade que várias dessas mulheres eram lendas voltando. No Hellessy, Pat Cleveland (68) encerrou o show em sua passarela de assinatura. Batsheva incluiu Veronica Webb (53), Patti Hansen (62) apareceu na Michael Kors e a Christy Turlington (50) voltou à pas sarela após mais de duas décadas na grande Marc Jacobs. Assim, o motivo dessa diversidade etária veio dos designers que prestavam homenagens à história da moda e à quem já foi importante para as suas marcas.

Mas as supermodelos não eram as únicas mulheres com mais de 30 anos nas passarelas. A 11 Honoré deu início à Semana de Moda com um desfile de tamanho inclusivo que terminou em um final espetacular com Laverne Cox, que possui 46 anos. Rachel Comey, que frequentemente escala modelos não profissionais em seus desfiles, incluiu uma lista de amigos, artistas, escritores, e outros tipos de criativos. A ex-editora da Vogue, Tonne Goodman (67), que costuma ficar na primeira fila dos desfiles, deu uma reviravolta e foi desfilar na CDLM. A Deveaux, criada pelo fotógrafo de estilo de rua Tommy Ton, apresentava um elenco

predominantemente mais maduro usan do peças mais sofisticadas – você poderia imaginá-los vestindo as roupas em casa.

Os casos continuaram na medida em que os desfiles se mudaram para a Europa. Em Londres, a favorita dos anos 90, Stella Tennant (48), desfilou pela Burberry em um elegante visual de camelo.. E também, Simone Rocha fez a curadoria de um elenco que incluía um grande ícone da geração X, a Chloë Sevigny (44), a musa de Helmut Newton, Marie Sophie Wilson (54) e a modelo dos anos 90 Kirsten Owen (48) – esta não é a primeira vez que Rocha escala uma ampla faixa etária.

Então, em Milão, a MM6 Maison Mar giela foi all-in com uma apresentação composta inteiramente de mulheres de cabelos grisalhos que pareciam se divertir enquanto dançavam ao som de músicas. A ex-diretora criativa da Gara ge, Shala Monroque (40), ressurgiu na Marni enquanto a Versace tinha Shalom Harlow (45) abrindo o desfile e a Stepha nie Seymour (50) fechando-o. O que se espera, é que outros designers entendam a importância da representatividade e diversidade e façam o mesmo.

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nas passarelas

Foto: Getty Images

Da esquerda para a direita de cima para baixo: Carla Bruni e Naomi Campbell, Pat Cleevand, Grace Jones e modelo (nome não encontrado)

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VERA HOLTZ VIROU

BICHO

Atriz encena adaptação do best-seller Sapiens, em que interpreta 20 personagens, e fala sobre finitude, etarismo e Instagram.

por LUCAS NEVES foto por ALÊ CATAN
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Vera

VeraHoltz virou bicho. Ovelha, asno, fóssil genérico, até o bom e velho Homo sapiens. E virou planta também. A versatilidade da atriz paulista de 70 anos é posta à prova numa peça que adapta o best-seller Sapiens – Uma breve história da humanidade (2011), do historiador e filósofo israelense Yuval Noah Harari.

Ficções, em cartaz no ccbb Rio até 30 de outubro, toma o ensaio arrasa-quarteirão – já traduzido para mais de 60 idiomas – como base para encenar a capacidade humana de inventar histórias, sonhar e projetar a vida coletiva, um diferencial evolutivo que ainda não se traduziu em felicidade universal. No palco, guiada pelo texto e pela direção de Rodrigo Portella, Vera encarna quase 20 personagens das mais variadas espécies e só tem a companhia do músico Federico Puppi.

Desde a primeira peça, em 1979, a atriz trabalhou com alguns dos faróis do teatro brasileiro, como Antô nio Abujamra, Gerald Thomas, Amir Haddad, Bibi Ferreira e Luís Antônio Martinez Corrêa. No meio dos anos 1990, Mauro Rasi a escalou para o papel-título de Pérola, fábula autobiográfica que marcou época, ficou cinco anos em cartaz e deu os principais prêmios das artes cênicas do país à protagonista.

Na TV, a atriz é muito lembrada por Santana, a pro fessora alcoólica de Mulheres apaixonadas (2003). Mas antes vieram a Fanny de Que rei sou eu (1989), criada de Ravengar, a Simone de De corpo e alma (1992),

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Holtz veste blazer cinza e conjunto dourado em sessão de fotos para a divulgação da sua peça

uma mulher presa num casamento frio que descobria o calor dos amassos com um stripper, e a empoderada Marta de Presença de Anita (2001).

Mas palcos e telas por pouco não perdem seu vigor, o bom humor e o delicioso sotaque interiorano. A atriz se formou em desenho e artes plásticas e chegou a trabalhar em empresas de engenharia e institutos de tecnologia fazendo mapas geológicos. O “bicho” da atuação a mordeu pra valer só depois dos 20 anos, quando ela se inscreveu no vestibular da Escola de Arte Dramática (ead) da Universidade de São Paulo. Não chegou a completar a formação antes de se mandar para o Rio, onde também deixaria pela metade a pre paração para ser professora de artes cênicas.

“Gosto do acaso. Não acredito que as coisas que não me pertencem vão chegar pra mim”, diz. “A vida pra mim é esse rio que corre para o oceano. Posso parar na beira do rio, posso seguir na correnteza. Nunca consegui definir: ‘Agora eu vou fazer isso’.”

O acaso também fez dela um fenômeno das redes sociais. Suas fotos e vídeos conceituais no Instagram, cuidadosamente planejadas, mobilizam mais de 1,2 milhão de seguidores. Um abraço num peixe graúdo sobre fundo cinza, um enorme coração que arde em fogo, uma costela plantada/enterrada num canteiro… Tudo acompanhado de títulos sucintos e enigmáticos. “É um convite: ‘Olhe de outra forma, não fique no lugar comum, saia da catalogação, da etiquetagem, conceitue você mesmo’”, explica ela. Sua carreira também se esquiva habilmente de cate gorias, expectativas. Tanto que ela diz não sentir sobre si os olhares enviesados do etarismo, ou seja, o estrei tamento do espectro de papéis oferecidos a atores (e sobretudo a atrizes) a partir de uma certa idade. “Talvez tenha a ver também com o fato de eu não me sentir muito atraída por papéis ligados à família”, especula ela. “Fiz um pacto comigo: ‘No dia em que você sentir que está se repetindo, pare e pegue outro caminho’.”

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Vera Holtz aparece com um coelho na mão enquanto faz cara de espanto

Na entrevista a seguir, ela fala também sobre o quanto a pandemia a “desa celerou” e defende a necessidade de mudarmos algumas práticas na indústria do entretenimento se o objetivo é “uma narrativa mais democrática”. “Não cabe mais o ‘nós contra eles’. Chega disso.”

Por que você decidiu participar da adaptação do livro?

Eu já conhecia o livro quando recebi o convite. Também tinha ótimas referências do Rodrigo Portella. Ele disse que queria um espetáculo com uma mulher e que tinha feito um resumão, mas que faltava um recorte. Falei: “Vamos juntos”. Abri as asas e me lancei no abismo sem ter a menor ideia para onde iríamos. A obra se completa com o pensamento do público, que vai ligando os pontos.

Faz mais de 40 anos que você está no tetro. O que ele tem de especial para você?

Quando vi pela primeira vez uma peça, Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, do Vianinha, pensei “Nosssaaa!”.

Tinha música, artes visuais, figurinos, aquela movimentação. Eu já sabia que aquilo era a minha turma. A mesma coisa com as artes plásticas. Na plateia do teatro, percebi que era ali, em cena e no palco, que eu queria estar, naquela interseção de todas as artes. O teatro é uma exuberância. E você tem uma hora e meia, duas horas para contar uma his tória de uma vida, quem sabe. O meu encantamento diante do teatro segue intacto, brilhante, até os dias de hoje.

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No dia em que você sentir que está se repetindo, vá e pegue outro caminho

O etarismo na sua indústria passou a ser muito denunciado. Você se sentiu afetada?

Eu não sinto muito isso, não. Não sei falar sobre ela, não tenho como discutir contigo uma questão que não é minha. Sei que isso de fato ocorre com muitas atrizes e que é uma realidade, porém não consigo opinar.

Você acha que o fato de não ter tido filhos de alguma forma contribuiu pra isso? No sentido de não ter te associado a uma imagem maternal, talvez redutora? Pode ser. Talvez tenha a ver também com o fato de eu não me sentir muito atraída por papéis ligados à família. Acredito que os personagens encontram a gente. É uma relação um pouco mais poética com a vida. Não acredito que as coisas que não me pertencem vão chegar pra mim. Já saí da escola sabendo disto: “Não quero fazer os mesmos papéis”. E no teatro fiz um pacto comigo: “No dia em que você sentir que está se repetindo, pare e pegue outro caminho”.

E essa reflexão deságua em alguma reso lução concreta, do tipo “ainda quero fazer esse personagem”? Não. O acaso, ele realmente continua por perto. A vida pra mim é esse rio que corre para o oceano. Eu posso parar na beira do rio, posso seguir na correnteza. Nunca consegui definir: “Agora, vou fazer isso”. Fiz um pacto comigo: “No dia em que você sentir que está se repetindo, pare e pegue outro caminho”.

Com milhares de seguidores na redes e se tornando um fenômeno na internet, a que atribui isso? Tem uma equipe por trás pensando e preparando o conteúdo? Tenho o Renato Santoro, que fotografa. O Evaldo Mocarzel dá os títulos – fica mos horas discutindo isso. É tudo feito num smartphone. A ideia é incentivar reflexões sobre o tempo de hoje, mas por outro caminho, diferente daquele a que as pessoas estão acostumadas. É um convite: “Olhe de outra forma, não fique no lugar comum, saia da cataloga ção, da etiquetagem”. Cada pessoa tem um olhar, um ponto de vista. Conceitue você mesmo.

Como você atravessou os últimos anos no Brasil, com ataques recorrentes do presidente à cultura e aos artistas? Quais são as perspectivas para 2023? Vai ser um trabalho longo. De reflexão, de atitude, de conhecimento… Se a gente quer uma narrativa mais democrática, mais pautada pela maioria, algumas prá ticas precisam mudar o mais rápido pos sível. Não cabe mais o “nós contra eles”. Precisam surgir novas ficções, novos acordos como diz Harari em Sapiens. É o nosso caminho a partir de agora… É hora de recriar. Cuidar do nosso habitat, tirar o homem do centro de tudo. Chega disso. Mas olha, eu sou melhor em fazer foto sobre isso do que de falar. É por aí que consigo conceituar, chamar a aten ção para determinados assuntos. Apesar de ler muito e ser atriz, não sou muito habilidosa com as palavras e prefiro a comunicação visual.

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Vera segurando uma ovelha pela coleira e com expressão de espanto

Investindo no cinema nacional

porque é vantajoso investir no Brasil.

Há muito mais entre as empresas e o apoio ao cinema do que três segundos de logotipo durante os créditos iniciais. Dentro do mercado financeiro, há um negócio lucrativo movendo a captação para filmes, com busca de títulos que atraiam longas filas na bilheteria e alto potencial de retorno, muito além dos benefícios fiscais.

Apoiados nas leis de incentivo ao cine ma nacional, as cotas de investimento são negociadas por meio dos certificados audiovisuais, que representam uma fatia da obra. Os papéis têm emissão e regis tro obrigatório na Comissão de Valores Mobiliários (cvm), autarquia do merca do financeiro nacional. Entre janeiro e agosto, o investimento em filmes já movimentou 40 milhões em 29 projetos, segundo dados da cvm

Lucro no escuro Pelos certificados, o investidor tem direito à participação no resultado comercial do filme. As margens podem ser enormes, permitindo que ainda anos depois os investidores recebam direitos de uso do filme em tv e dvd. A diferença é a ori gem do investimento: optando por usar uma fração do seu imposto de renda para investir, e não apenas patrocinar um filme, as empresas apostam em retorno com custo baixo.

Também equivalente às aplicações financeiras em ações há os Funcines,

fundos de investimento na indústria cinematográfica. Existem 14 Funcines registrados na cvm.

A produtora executiva Paula Cosenza, da BossaNo vaFilms, ressalta a importância de captar no mercado financeiro. “É uma oportunidade de acessar organiza ções que talvez não investissem de outro modo “. O longa do estúdio Tudo Bom, Tudo Bem, ainda em fase de produção, captou 3 milhões de reais, limite máxi mo da captação via certificados, em junho deste ano.

Do lado das empresas, incentivar o cinema nacional acaba sendo um bom negócio. “Apenas sob o ponto de vista financeiro, sem falar no marketing, o investi mento é atrativo e seguro”, explica Luigi Pasquarelli, consultor de captação para audiovisual. O lucro sobre o investimento chega, antes mesmo da bilheteria e estreia do filme, a 25% do valor aplicado, na forma de economia dos impostos, explica Fábio Pessanha, da corretora Geração Futuro, que intermediou a cap tação das obras As Vidas de Chico Xavier, Cazuza, a Dona da História e A Partilha.; “É uma equação de custo zero, mais 25% sobre investimento, mais renda líquida do filme”.

Retorno financeiro para a marca Em teoria, a regulação prevê que no final de 2010, todos os modelo de investimentos baseados na lei do audiovisual vão expirar, incluindo os certificados. Como são mecanismos de incentivo, foram criados para criar uma ambiente de independência para o cinema nacional, e então serem instintos. Como isso claramente não aconteceu, é provável que os mecanis mos sejam prorrogados e permaneçam, explica Felipe Claret da Mota, superintendente de registro de valores mobiliários da cvm. O modelo já foi prorrogado antes. No momento, depende da temperatura das discussões.

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pipoca com mateiga
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Série joga luz sobre as delícias da 3ª idade

Agora em sétima e última temporada, abre portas para a nova onda de protagonismo

Na casa do namorado, Grace (Jane Fon da), uma senhora elegantérrima na casa dos 80 anos, descobre um problema embaraçoso: para conseguir se erguer do vaso sanitário, precisa se alçar a uma estátua temporária no banheiro, o que não dá muito certo. A intempérie faz com que ela recorra à melhor amiga, também oitentona, Frankie (Lily Tomlin).

A solução pensada por elas? Uma engenhoca que ejeta o usuário da privada em segurança. O projeto, descobre-se depois, não é útil apenas aos problemas de coluna e joelho de Grace, mas a uma geração de idosos que não tinha suas necessidades específicas atendidas pelas facilidades da vida moderna. A dupla, protagonista da série de comédia da Netflix Grace and Frankie, decide, então, vender a ideia para uma grande empresa americana.

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Grace e Frankie estão encarando a temida terceira idade, mas não da forma que imaginavam. por TAMARA NASSIF
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Foto: Annie lebowitz

A escassez de produtos criativos voltados para os idosos era também um problema no cenário do entre tenimento. Com pouco espaço na televisão, raras eram as vezes em que a terceira idade protagonizava alguma produção – e Grace and Frankie, assim como o fez com a criativa engenhoca batizada de “The Rise Up”, foi uma das pioneiras da boa fase do tipo na TV. Ou melhor, no streaming. Com ampla variedade de catá logo e capacidade de desenvolver múltiplas tramas ao mesmo tempo, as plataformas expandem o leque de públicos-alvo a um modo que a TV aberta – muito mais suscetível às tendências do mercado – não con segue. Talvez seja por isso que, do ano passado para cá, quem tem mais de 60 anos aumentou em 89% o uso de streamings pagos como a Netflix, segundo uma pesquisa do Kantar Ibope. O tédio pandêmico com certeza deu um empurrãozinho para a estatística, mas não é de hoje que a indústria tem se mexido para acomodar o segmento.

A série acompanha a história das antigas rivais Grace (Jane Fonda) e Frankie (Lily Tomlin), cujos caminhos voltam a se cruzar por conta do novo rumo dos seus casamentos. Jane Fonda em cena de ‘Grace and Frankie’: uma engenhoca para poupar os joelhos (e a estátua) de uma subida difícil do vaso sanitário.

Bem antes da sétima temporada de Grace and Fran kie chegar à plataforma de surpresa no último fim de semana, a série já mirava em assuntos pouco explorados pela mídia. E mais, com a leveza necessária para criar

um contraponto às dramáticas histórias de idosos com Alzheimer e câncer, domi nantes quando se trata do protagonismo idoso. Jane Fonda deixou isso claro quan do a estreia aconteceu: “Ninguém está se dirigindo aos mais velhos, é isso que é incomum na série.”

A produção engata com os respecti vos maridos de Grace e Frankie pedindo divórcio, porque, amantes de décadas, decidiram passar os últimos anos de vida casados e sem guardar segredos do resto da família. Elas, então desafetas, passam a morar juntas em uma disputa por uma casa na praia – e, assim, dão início a uma amizade deliciosamente improvável. Grace é a clássica dondoca carrancuda, enquanto Frankie, uma senhora dócil e doidinha de pedra. É de Frankie outra ideia de invenção para a terceira idade que conduz as primeiras temporadas: um vibrador, ajustado às necessidades e difi culdades de mulheres idosas sexualmente ativas. O produto “Ménage à Moi” não é apenas um quadro cômico em uma série de comédia, mas também uma ênfase na valiosa mensagem de que ainda há muita diversão a ser vivida pela faixa etária mais velha.

CLÍMAX agenda cultural

Monet à Beira d’Água Depois de atrasos na montagem, finalmente poderemos conhecer Monet à Beira d’Água no dia 1º de novembro. Enormes projeções de 285 obras impressionistas formam diferentes narrativas em animações digitais que envolvem os visitantes.

LOCAL: iIlha Musical do Parque Villa Lobos: Av. Prof. Fonseca Rodrigues, 2001, Alto de Pinheiros.

INGRESSOS: a partir de R$30 (meia-entrada).

Reinauguração do Museu do Ipiranga

As visitas serão gratuitas até 6 de dezembro, mas é preciso reservar seus ingressos no site do Museu do Ipiranga. Por enquanto, novos lotes ficam disponíveis toda sexta-feira às 10h. Caso não consiga visitá-lo, o passeio on-line ainda continua disponível para acessa-lo.

LOCAL: Museu do Ipiranga: Rua dos Patriotas, 20, Vila Monumento

iNGRESSOS: evento gratuito

Museu das Culturas Indígenas Este espaço de resistência indígena conta com qua tro andares expositivos em que indígenas de todo o Brasil assumem o protagonismo para apresentar sua história e sua arte, uma opção fantástica para quem quer conhecer um pouco mais desta cultura.

LOCAL: Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca.

INGRESSOS: R$15 (inteira) e R$7,50 (meia).

A arte do Ramen Domburi na Japan House

A exposição traz detalhes sobre um dos mais famosos pratos da culinária japonesa (o lamen) e também sobre as tigelas em que ele é consumido.. Conheça a enorme diversidade de variações do prato em cada região do Japão e aprecie 30 tigelas transformadas em obras de arte.

LOCAL: Japan House: Av. Paulista, 52, Bela Vista.

INGRESSOS: Evento gratuito em SP.

Pelas ruas na Pinacoteca

As 150 obras expostas englobam o período de 1893 até 1976, décadas importantes para que o país firmasse sua reputação de importante produtor cultural.

LOCAL: Pina Luz: Praça da Luz, 2, Bom Retiro.

NGRESSOS: Entrada gratuita aos sábados. Nos demais dias, R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).

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Marieta Severo: musa do cinema

Com 3 filmes em cartaz apenas este ano, Marieta se reafirma a frente do desmonte cultural

Em um cenário de completo desmantelamento do audiovisual nacional, agravado por um contexto de pandemia em escala mundial, estrear um filme no circuito comercial já é uma grande conquista. O que dizer de três, então? Pois essa é a improvável façanha que Marieta Severo conseguiu realizar em pleno 2022 - além do recém-lançado Aos Nossos Filhos, em julho passado, a atriz protagoniza outros dois lançamentos só neste semestre: Duetto e Domingo à Noite. “Com os impasses que foram colocando para o cinema brasileiro, foi muito difícil”, desabafa a atriz à Vogue. “E não foi só a pandemia, é realmente uma situação de bloqueios e dificuldades que o atual governo impõe. Foram nos colocando obstáculos desnecessários, para realmente tentar impedir o que não se consegue impedir, que é o fluxo cultural”, completa.

Com direção de Vicente Amorim, Dueto se passa na Itália, em 1965, quando, depois da trágica morte de seu filho em um acidente de carro, Lúcia (papel de Marieta) deixa o Brasil recém-tomado pelos militares para viajar com a neta Cora até sua cidade natal, Bari, em Puglia. Lá, reencontra a irmã e o cunhado, vivido pelo icônico ator italiano Giancarlo Giannini, de quem guarda um segredo a ser resgatado. “Nessa busca, ela procura abrir caminhos depois do fato mais cruel que pode acontecer na vida de uma pessoa, que é a per da de um filho, se entender com seu passado e abrir caminhos para a neta”, adianta a atriz sobre o arco narrativo de sua personagem na trama.

O novo longa vem com um gostinho de flashback para Marieta que, no fim dos anos 1960, havia recém-estreado na dramaturgia atuando na novela O Sheik de Agadir (1965) e na primeira montagem de Roda Viva (1968) quando, grávida da primeira filha, Sílvia, teve de exilar-se na Itália com o então marido Chico Buarque por conta da perseguição do regime militar no Brasil. “Com muita facilidade, se instala o horror. A gente nunca imaginou que a ditadura fosse durar 20 anos”, recorda a atriz. “Eu quero um outro país para os meus netos. Eu não quero um país nada parecido com o que foi o da minha juventude. Sei muito bem o que é ser jovem em um país sob uma ditadura”, emenda.

Em Duetto, dirigido pela portuguesa Maria de Medeiros, Marieta encarna uma ex-combatente da ditadura militar que foi presa e torturada e, no presente, atua como coordenadora de uma ong que cuida de crianças soropositivas de comu nidades carentes em busca de adoção. “Queria muito que o filme fosse visto por essa juventude que apoia esse projeto pavoroso que está sendo colocado para o país”, defende Marieta.

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saída pelo lado direito
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Se Duetto e Aos Nossos Filhos remetem ao passado de Marieta (e do Brasil), Domingo à Noite, dirigido por André Bushatsky, se conecta com um difícil momento presente da atriz. O filme conta a história de Margot (vivida por Marieta), uma das maiores atrizes do Brasil, casada com Antônio – escritor premiado e com Alzhei mer avançado –, que descobre que também é portadora da doença. “Domingo à Noite chegou depois do fato de eu estar com meu parceiro impossibilitado, numa cama. Aí vem um filme que fala exatamente sobre o limite físico na vida”, reflete Marieta.

Dos aprendizados trazidos por seus personagens recentes, Marieta também guarda os cabelos brancos, que assumiu depois de mais de três décadas, enquanto vivia a simpática cozinheira Dona Noca em Um Lugar ao Sol. “Depois que você se liberta da escravidão que é pintar o cabelo, ninguém te coloca mais amarra” Conta. “A natureza é muito sábia, parece que fica tudo de acordo. Você entra em harmonia com a ruga que está aparecendo, com a tua cara, com você, com teu jeito. Existe o lado prático, mas tem uma sintonia interna que vem junto.”

Marieta também acredita que a mudança só vem a contribuir num momento em que discussões sobre representatividade estão em ebulição. “O melhor de tudo é que eu estou velha numa época em que se tala abertamente dessas questões. Etarismo, há 20 anos, não se discutia”, comenta a atriz. “Modificações muito grandes estão acontecendo. Mas ainda existe muito preconceito com os mais velhos: expressões como a

Você entra em harmonia com a ruga que está aparecendo, com a tua cara, com você, com teu jeito

melhor idade ou não pode falar velho, tem que falar idoso... Parem com isso!”

Apesar do apego às luzes da ribalta, Marieta garante que o cinema nacional, do qual é musa há décadas, continua no foco do seu interesse. “Sempre tive uma paixão muIto forte por fazer cinema, de fazer parte da sua história. O cinema me revoluciona por dentro, me emociona”, suspira a atriz, que já estuda uma próxi ma empreitada para o ano que vem: um longa rodado na Amazônia, onde terá de se fixar por alguns meses. No mais, apesar da atual “angústia cívica” que diz sentir diante da situação política no país, o momento, profissionalmente, é de total liberdade. “Meu contrato com a Globo terminou agora em setembro na paz, e harmonia total. Agora eu que determino absolutamente tudo. A vida me deu essa chance, então eu quero usufruir.”

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A ALTA DA ECONOMIA

PRATA

Maior número de startups fundadas por pessoas acima de 50 anos mostra tendências para esse ano.

POR GABRIEL JARETA
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Consumidores com mais de 60 anos vêm ocupando espaço significativo e impactando áreas de inovação e negócios

Asnovas tendências que estão no radar do mercado e das organizações, a pauta da “economia prateada” está cada vez mais presente. Fazendo referência aos cabelos grisalhos de pessoas que já passaram dos 50 anos, esse segmento da economia diz respeito não só ao grande contingente de consumidores nessa faixa etária mas também àqueles que estão à frente de um negócio próprio.

Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta tística (ibge) mostram que a parcela de brasileiros com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% da população entre 2012 e 2021.

Por outro lado, uma pesquisa do Sebrae aponta que, entre os donos de micro e pequenas Startups lideradas por pessoas acima de 50 anos apontam caminhos para A inovação que empresas em atividade em 2022, 29% tem mais de 50 anos — somente os maiores de 65 anos correspondem a 6% do total de empreendedores Na esteira desses números, nada mais natural que os empreendedores mais velhos passem a explorar também uma área que ainda é dominada pelos jovens: a tecnologia. Mapeamento da Associação Brasileira de Startups mostra que 18,2% das startups brasileiras foram fundadas por pessoas com 46 anos ou mais.O Sebrae for Startups, por exemplo, fez uma iniciativa para apoiar o desenvolvimento e crescimento de startups lideradas por pessoas acima de 50 anos.

Hoje o programa tem 35 startups, em diversas fases, desde a ideação até as já validadas pelo mercado. Para

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Martins, a troca de ideias e impressões entre empreen dedores mais velhos e os mais jovens é fundamental para o crescimento das startups, cada um dando sua colaboração, porém os “prateados” conseguem se sair melhor em alguns tópicos fundamentais para quem quer ganhar mercado. “Em quatro anos trabalhando em projetos com startups, vejo que os mais experientes são os que têm uma visão mais clara de negócios”, diz.

Reinvenção

A vontade de transformar uma ideia inovadora em negócio – e também o receio de não conseguir espa ço no mercado devido à idade – foi o que levou a engenheira química Lilian Laraia a investir na criação de sua startup, a Laraia Tech, há cerca de seis anos. A empresa atua com análise de dados para auxiliar na tomada de decisões de empresas, utilizando para isso ferramentas de inteligência artificial, aprendizado de máquina, análise semântica e mineração de texto. “Acredito que as empresas precisam estar se reinven tando o tempo todo, e precisam de ferramentas para que isso aconteça”, diz.

Com uma carreira dedicada à pesquisa e desenvol vimento, e mais de 20 anos de atuação na indústria automobilística, Lilian encontrou uma oportunidade para empreender unindo a experiência dos processos do chão de fábrica com os estudos de seu mestrado.

Entre as soluções que a startup oferece, estão, um algoritmo para análise de patentes e análises preditivas a

partir de grandes bancos de informação. “Nosso objetivo é fazer com que nossos clientes sejam protagonistas do futuro da inovação, que possam dar um salto mais disruptivo”, afirma.

Nos bastidores do mercado com notícias exclusivas Para a startup sair do papel, ela teve de passar por capa citações para lidar com temas básicos necessários para gerir uma empresa, como finanças e planejamento de negócios. Hoje são cinco pessoas na empresa, incluindo um sócio de 75 anos. “A experiência de quem viveu muito tempo é valiosa e nem sempre conseguimos fazer com que ela seja transferida. Hoje a equipe tem de 25 a 75 anos, e os mais novos estão absorvendo o que os mais velhos têm a oferecer. Antigamente, uma pessoa com 50 anos era velha, havia uma cultura de desprezar o idoso, mas a gente pode fazer muita coi sa”, diz Lilian. Atualmente, a empresa está em fase de tração para se tornar sustentável no mercado.

Memória afetiva Ver de perto uma das principais queixas da pessoa idosa – a solidão – foi o que levou o empreendedor Adirson Allen a ter um “estalo”: por que não criar uma startup voltada para tal público, oferecendo as habilidades que eles têm para pessoas próximas que estejam com saudades do amor dos avós? Foi assim que surgiu a VoVs, nome inspirado no jeito carinhoso de chamar os avós, empresa criada por ele, hoje com 60 anos,

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A inovação envolve diversidade, e uma startup nasce de uma dor de mercado. Existe aí uma grande possibilidade de criar algo novo

e as duas filhas de 20 anos. “A gente trabalha com a memória afetiva, com quem sente falta da comida que a avó fazia”, diz.

O objetivo da VoVs é unir as pessoas mais velhas com uma habilidade especial a interessados em seus produtos ou serviços. Segundo Allen, o carro-chefe são habilidades culinárias, mas há muitos que oferecem serviços de artesanato, de pequenos reparos em rou pas e sapatos e até companhia para atividades: uma cliente procurou uma senhora que a acompanhasse à feira semanalmente, ajudando a escolher frutas como a avó fazia junto com ela.

“Tem também os que fazem serviços de reparos que ninguém mais faz. É fácil achar alguém que arruma

celular, mas não tem quem arrume um toca-fitas”, explica. Allen cita que o contingente de idosos conec tados após a pandemia chega a 11 milhões de pessoas – e 95% deles acessam a internet via mobile. “Nesse processo, entendi que a tecnologia poderia ser uma barreira, por isso o aplicativo é simples de usar”, diz. De acordo com o empreendedor, o VoVs tem uma logística baseada em “células” dentro de bairros ou regiões menores e os pagamentos são feitos direta mente entre o tomador e o fornecedor de serviços. O modelo de negócios é baseado em mídia dentro do aplicativo e em projetos maiores junto a empresas, além de mentoria para organizações que contratam pessoas acima de 60 anos.

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A economia prata move R$ 1,6 trilhão por ano

Apenas entre 2012 e 2021, 12,2 milhões de pessoas entraram no grupo de pessoas com 60 anos ou mais

Hoje, esse grupo soma mais de 37 milhões de pessoas. Mas, apesar do crescimento, essa população não tem sido atendida de forma satisfatória, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Wilson Poit. Hoje, afirma ele, a chamada “economia prateada” já movimenta R$ 1,6 trilhão por ano. Mas o valor poderia ser maior. “Notamos que as empresas no Brasil ainda têm uma cultura muito baseada no culto à juventude, no comer cial de TV, na propaganda ou nas mídias sociais”, afirma.

Estamos falando de um mercado muito grande que envolve a população com mais de 60 anos, e que não quer mais ser chamada de idosa. Trata-se da longevidade ativa, mercado que não é muito explorado no Brasil. Dados do ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, desde a década de 1950, essa faixa etária vem crescendo de forma importante. Esse movimento vai continuar.

Somos um País que está envelhecendo, com pessoas que vão viver mais tempo. Esse público não está sendo atendido? Um estudo da Fundação Getulio Vargas

(fgv) mostra que essas pessoas – de um modo geral –têm poder aquisitivo um pouco maior. Pessoas com mais de 65 anos são 17% da fatia dos 5% mais ricos. E apenas 4% da grande fatia de 40% mais pobres. Temos estatísticas aqui no Sebrae que mostram que os mais velhos não estão satisfeitos com o mercado. Em São Paulo, vemos grandes shoppings para gatos, cachorros e pets em geral. Mas não há nenhum sho pping center voltado para a economia prateada. Uma estatística da Hype60+ mostra que, de cada 10 pessoas da economia prateada, 6 estão descontentes com o mercado de moda.

Ou elas acham as roupas jovens demais ou velhas demais. Esse é um tipo de cliente que consome bem, tem autonomia de decisão e procura qualidade. Estamos falando de consumidores maduros, provedores de famí lias, que definem um tipo de consumo e não gostam de ser tratados como idosos. É um mercado enorme não só para se abrir novos negócios, mas também para empresas já constituídas pensarem em produtos voltados para eles. Não há iniciativa para atender a esse mercado? No Japão, onde tem muita gente com 100 anos ou perto de 100 anos, esse mercado é muito desenvol vido. Um exemplo prático é que há supermercados só para a economia prateada, com corredores mais largos e carrinhos com lupa. Precisamos de soluções para esses clientes. É preciso olhar as limitações desse público que está cada vez mais ganhando espaço.

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saída pelo lado direito
por MARCOS LIMA

projeção para 2030 é que a maioria da população brasileira tenha mais de 60

Qual o primeiro passo?

Acredito que é preciso pensar em programas de lazer, baseados em culturas, viagens e serviços para qualidade de vida. Esse pessoal é muito mais exigente quanto ao conforto na hora de comer, na hora de dormir etc. São pontos de atenção para o setor empresarial, como alimentação fora de casa e turismo. Além das atividades físicas, é preciso pensar em serviços de acolhimento.

Há o mercado de home care. Alguns fundos de inves timento compraram vários edifícios de flats em São Paulo para esse público, mas são poucas vagas. Países como Japão e alguns da Europa são exemplos, porque eles têm uma cultura voltada para esse público. No Brasil, notamos que as empresas ainda têm uma cultura muito baseada no culto à juventude. O primeiro passo para qualquer empresa é descobrir o que pode oferecer para esse público. É uma parcela da população que quer consumir, que guardou dinheiro e quer desfrutar mais o momento. Lógico que o Brasil é um país de muita

desigualdade. Estamos falando daqueles que têm acesso e não são bem atendidos. Qual o potencial desse mercado? A economia prateada já movimenta no Brasil R$ 1,6 trilhão por ano. Esse mercado está se duplicando. O Brasil está ficando mais velho. É um assunto que temos acompanhado bastante. Esse valor poderia ser muito maior porque há pessoas descontentes com os produtos oferecidos. “Ponderar todas essas coisas pode garantir aos 60+ não apenas uma boa condição financeira, mas consequen temente uma boa saúde e bem-estar físico e emocional”, finaliza Márcia Sena. A especialista em envelhecimento ressalta que o aumento dos anos de atividade faz com que muitas pessoas invistam.

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A
Previdência
Foto:
Família

Como ela faz e acontece: Giovana Pacini

Em apenas dois anos atravessados pela pandemia, a executiva que dobrou o faturamento da companhia

Apenas dois meses depois de ser promovida ao cargo de ceo da Merz Aesthestics no Brasil, Giovana Pacini suspendeu as atividades de toda a empresa. Ela assumiu o cargo pouco antes da pandemia do coronavírus assolar a economia mundial e a brasileira. Isso não impediu que, dois anos depois, ela dissesse com a modéstia que lhe é peculiar que dobrou o faturamento da companhia no Brasil (a empresa distribui componentes estéticos para clínicas de dermatologia no país). Em meio a esse cenário desafiador, Giovana conseguiu outro feito: o de manter a Merz como uma das melhores empresas para trabalhar no ranking do Great Place to Work no Brasil. Ela divide sua rotina e explica como se mantém ativa e motivada.

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Como cuida da saúde?

Em termos de atividades físicas, nas terças e quintas, eu faço funcional de manhã. E às quartas e sextas eu faço yoga. As duas práticas me ajudam muito a relaxar e a controlar a ansiedade. São momentos que dedico para meu autocui dado. Além, é claro, da minha rotina de skincare, que faço pela manhã e à noite sob orientação da minha dermatologista.

Quais seus escapes e hobbies?

Estar com as crianças me ajuda muito e viajar, claro, também faz parte dos meus escapes. Ler um livro, ver uma série e escutar um podcast são momentos que me ajudam a desconectar porque a minha cabeça não para um minuto. Se gosto de uma série (e a maioria das vezes é ficção para conseguir controlar os pensamentos), não consigo parar de assistir. Agora estou assistindo Manifest, do Netflix, e estou adorando. Adorei Game of Thrones e Stranger Things, e quero assistir Ozark! Gosto muito de ler livros de romance, suspense e ficção. Tenho até mesmo assinatura de um clube do livro. Eu também leio livros corporati vos para me inspirar. Nesses casos, para otimizar a leitura, leio algumas partes do livro e grifo o que eu mais gostei sendo mais rápido.

Outro escape e que faço questão é o momento que passo com minhas amigas de longa data, de mais 30 anos. Para mim, cultivar amizades é algo muito especial e eu comecei a fazer isso ainda mais depois da pandemia da Covid-19 – de encontrar mais elas, viajar para algum lugar só as meninas para reconectarmos e, em outros momentos viajar, com as respectivas famílias também. É muito gostoso fazer isso.

O que te

inspira?

A insatisfação positiva é algo muito for te para mim, e o Mário Sergio Cortella é quem fala muito bem disso. Sempre querer fazer mais, mas não no sentido de estar insatisfeita com o que eu tenho, não é isso. Eu estou muito satisfeita com o que eu conquistei, mas ao mesmo tempo acredito que a gente pode fazer mais. Quando atinjo um objetivo, eu celebro

a conquista. E a gente tem isso muito forte na Merz, até mesmo é um lema da empresa, de celebrar as pequenas grandes conquistas. E logo depois pen so no que vou fazer em seguida. Isso é algo que me motiva muito. Eu não tenho uma zona de conforto, não tenho um único objetivo final. Eu quero sempre fazer coisas novas e mais. E eu estou muito atenta o tempo todo a todos aos estímulos. As ideias podem vir quando estou vendo uma série, no banho, em uma festa de criança e alguém fala algo que me desperta um insight. Por isso, sempre mando um áudio de WhatsApp do celular pessoal para o corporativo e, assim, não correr o risco de esque cer. Acho que essa forma de enxergar o mundo tem a ver com o que eu acredito. Acredito muito em energia, nas pessoas que te rodeiam e agregam de alguma forma na sua vida... Às vezes eu falo algo e, coincidentemente, duas ou três pessoas próximas acabaram de ter uma experiência parecida. É inexplicável, mas acontece e também é algo que me inspira. Em relação à uma figura inspiradora, eu citaria o [executivo] Jean-Claude Biver. Eu me vejo na fala dele quando ele diz que trabalha com prazer. Eu também trabalho com prazer. E me identifico com as ideias dele, em especial o que ele fala sobre o erro. Na visão dele, precisamos recompensar o erro, porque se você erra

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olhar além
Outro escape e que faço questão é o momento que passo com minhas amigas de longa data, de mais 30 anos

muito, quer dizer que você está tentando. Se você erra pouco, quer dizer que você não está tentando.

O que é inegociável na sua rotina? Sem dúvida, tempo para os meus filhos. É algo que me renova. Todo dia de tarde, quando eles chegam da escola, dedico esse tempo a eles, como conseguir assistir pelo menos o final da aula de futebol do Edu. E também faço questão de sempre colocar eles para dormir. Tem o ritual que é cobrir eles com a coberta, fazer a ora ção de agradecimento pelo dia, depois eu dou um boa noite diferente em cada um deles junto com um beijinho. E isso é tão importante pra mim, me reenergiza. E tem uma coisa que sempre fazemos, pelo menos uma vez por semana, que é ver fotos antigas, nós quatro. Eles põem na televisão e ficamos vendo fotos de quando eram bebezinhos. É muito gosto so relembrar. São momentos que a gente

constrói, lembranças que eles vão ter para sempre. Estamos sempre nós quatro e isso para impossível não ter nada.

Como se prepara para reuniões tensas? Em primeiro lugar, estudando. Se eu vou apresentar algo, eu tenho que estar segura do que estou dizendo. Preciso me pre parar e já pensar possíveis contra-argu mentos e perguntas que podem surgir. Se são apresentações mais importantes, eu ensaio antes. Mas o que eu acho mais importante é o controle emocional. Por exemplo, você está em uma reunião que precisa apresentar algum projeto, defender uma ideia e vão ter pessoas que vão divergir de você, das suas propostas. É importante você entender que aquilo não é pessoal e não deixar o lado emo cional falar mais alto. Por isso, além de estar aberto a novas ideias que podem agregar ao projeto, é essencial ter muito claro o objetivo da reunião.

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O futuro do consumidor

Após alguns anos de rápida aceleração industrial, tecnológica e social, 2024 inaugura uma era de reali nhamento – para nós mesmos, nossos locais de trabalho e o planeta. Nosso último white paper Consumidor do futuro 2024, apresenta os novos sentimentos e principais perfis do consumidor, e os pontos de ação para conquistar engajamento e aumentar sua parcela no seu setor e no mercado.

Nossos especialistas no mundo todo utilizam a exclu siva metodologia stepic, examinando as transformações em sociedade, tecnologia, meio-ambiente, política, indústria e criatividade para identificar os macro propul sores que vão determinar os sentimentos do consumidor. Abaixo, você encontra um trecho sobre os sentimentos do consumidor destacado do nosso white paper (dis ponível para download no nosso site), e o impacto que eles terão para as marcas nos próximos dois anos com um aumento significativo em suas vendas, por isso a importância de sempre estar atualizado.

Choque com o futuro Mudanças rápidas na sociedade e na tecnologia causam um sentimento de apreensão.

Em 2024, veremos o surgimento da internet de tudo –uma existência circular sem fronteiras entre os mundos físico e digital. A expectativa pela metaeconomia e a ansiedade trazida pelo excesso de mudanças em um período tão curto vão afetar a vida cotidiana. E esse sentimento tem nome: choque com o futuro.

Otimismo realista

Considerado um antídoto para a positividade tóxica, essa mentalidade que nos ajuda a encarar tudo de modo mais realista.

Pesquisadores que estudam os efeitos pós-traumáticos descobriram que as pessoas são capazes de desenvol ver sentimentos positivos em períodos difíceis. Mais importante ainda: não é o evento traumático em si que leva a esse aprimoramento, mas o modo como o

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o jogo virou
Conheça o seu consumidor do futuro: os sentimentos–chave para 2024

evento é processado. O otimismo realista vai ser fundamental em 2024 porque muitas pessoas estarão sobrecarregadas pela ‘cultura da superação’ e com medo do retorno à vida normal que já não corresponde mais às suas aspirações.

As pessoas estão buscando o autocui dado – mais de 20 bilhões de pessoas assistiram a vídeos com a hashtag #sel fcare no TikTok e há mais de 60 milhões de postagens #selfcare no Instagram. De acordo com dados da wgsn TrendCurve, à medida que os níveis de estresse e ansiedade atingiram seu auge durante os surtos de Covid, as interações com posts nas redes sociais contendo a frase “mood boost” também tiveram seu pico.

Encantamento

O encantamento é um sentimento de fascinação que se manteve em segundo plano nos últimos anos.

Ferramenta essencial para a sobrevi vência humana há diversos séculos, o encantamento é necessário para o futu ro, principalmente nos momentos de reconstrução. O encantamento é um misto de medo e admiração, um sen timento que esteve em segundo plano nos últimos dois anos. As pessoas tro caram os momentos de encantamento pela estabilidade, pela sobrevivência e pela certeza. Como emoção coletiva, o encantamento diminui a perspectiva do ‘eu’ e ajuda a expandir o mundo. Em 2024 o encantamento será o maior conector numa era de fragmentação.

Em um mundo em constante mudan ça, nunca foi tão crucial que as marcas acompanhem e se alinhem às neces sidades e desejos do consumidor. O Consumidor do futuro 2024 destaca as ações necessárias e estratégias de marke ting eficientes voltadas para esses novos consumidores, dessa forma, hoje para garantir que as marcas criem os produtos que os consumidores vão priorizar nos próximos meses e anos. O encantamento é um misto de medo e admiração.

Consumidores tendem a cada vez mais buscar encantamento e identificação com os produtos que consomem.

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Foto: Pexels

O protagonismo de mulheres +50

O Brasil tem mais de 30 milhões de mulheres 50+; evento propõe conexões e debates sobre desafios e oportunidades

Importância da criação de políticas de inclusão e normas econômicas que considerem uma população mais madura

As constantes mudanças na pirâmide etária do país mostram a importância da criação de políticas de inclusão e normas econômicas que considerem uma população mais madura, inclusive no mercado de trabalho. Apenas no Brasil, já são mais de 30 milhões de mulheres com 50 anos ou mais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ibge). Para debater o protagonismo dessas mulheres na eco nomia, acontece nesta terça (01) o lançamento do U+ Festival, movimento voltado às mulheres com idade a partir de 50 anos.

O evento de lançamento acontecerá em São Paulo, e será transmitido partir das 17h pelo canal do U+ Festival no YouTube.

Sobre o que é o U+ Festival

A realidade da chamada “economia prateada” traz inúmeras possibilidades, a começar pela avaliação criteriosa de marcas, que passam a entender ao poten

cial econômico de pessoas mais velhas no mercado de consumo. No entanto, é um cenário que também gera preocupa ções, especialmente para as mulheres. Diante disso, o U+ Festival se propõe a debater os principais desafios e oportu nidades para essa faixa etária.

Assuntos como sexualidade e maturi dade serão pautas do evento de lança mento do projeto em painel comandado pelas especialistas Juliana Schulze, Ana Canosa e a convidada Isabel Dias.

“Nós estamos vivendo o boom da economia prateada no mundo (conjun to de produtos e serviços que atendem pessoas 50+). Nosso movimento pre tende impactar 20 milhões de mulheres no Brasil até março de 2023. É preciso dar voz, entender e atender as deman

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das dessas mulheres que ainda se sentem invisíveis perante as marcas.”, diz Bete Marin, cofundadora do U+ Festival.

O U+ Festival também se propõe a discutir a cria ção de serviços e produtos para mulheres acima de 50 anos e o protagonismo feminino em campanhas publicitárias, por exemplo.

Quando acontece o U+ Festival?

O U+ Festival será realizado em março de 2023, nos formatos presencial e online. A programação contará com palestras, rodas de conversas, oficinas, experiên cias, desfile e exposições para falar sobre: menopausa, sexualidade, empoderamento.

Segundo organizadores do evento, é criar uma co munidade de acolhimento, escuta ativa, informações e dicas valiosas. experiência e aptidão são credenciais para abertura de um negócio, mas não bastam para determinar o sucesso do seu empreendimento.

Os dados demográficos estão aí para provar: a ma turidade vive um momento de grande expansão. Hoje em dia, já temos mais avós do que netos sobre a face da terra e, mais do que números, essa curiosa estatística reflete uma realidade de protagonismo econômico e social para as mulheres 50+. O evento Beleza Pura, nascido em 2018, tem o orgulho de ter antecipado essa tendência e ter ficado ao lado das mulheres durante toda essa jornada de inclusão, superação e reinvenção que culmina agora com a transformação do seu nome para universo + Festival.

A pirâmide etária do Brasil, por exemplo, está cons tantemente mudando e isso demonstra a necessidade e importância da criação de políticas públicas de in clusão e normas econômicas que considerem uma população mais madura, inclusive no mercado de tra balho. Somente no Brasil, já são mais de 30 milhões de mulheres com 50 anos ou mais, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ibge).

10 franquias de saúde e beleza para investir!

As pessoas estão cuidando cada vez mais da saúde e autoestima, tornando o setor de saúde, beleza e bem-estar um grande potencial econômico, sobretudo para quem quer investir.

De acordo com a Associação Brasileira de Franchi sing (abf), que faturou R$ 91,432 bilhões no primeiro semestre deste ano, o segmento que mais cresceu neste mesmo período foi o de Saúde, Beleza e Bem-Estar, que teve um aumento de 16,9% na receita em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Com o autocuidado cada vez mais em em alta, as franquias da área se tornam uma alternativa lucrativa e segura para quem quer empreender, tanto para os iniciantes quanto para os mais experientes.

Cuidare

Rede de serviços de cuidadores de pessoas, com profis sionais qualificados e atendimento humanizado.Ao todo são 02 unidades próprias e 74 unidades franqueadas em operação.

Investimento inicial total: a partir de R$ 35 mil Prazo de retorno: de 12 a 18 meses

Cada vez mais esses setores estão em grande potencial econômico, saiba em que investir sem errar!

Home Angels

É pioneira e referência no segmento de cui dadores de idosos supervisionados, sendo a maior da América Latina. As franquias prestam serviço de excelência em assis tência física e emocional, tendo sempre um atendimento supervisionado e per sonalizado aos assistidos e suas famílias.

Investimento inicial total: a partir de R$ 45 mil no modelo Ligth Retorno do investimento ximadamente 12 meses

Yes! Cosmetics

Atua com itens de perfumaria, cuidados corporais e faciais, maquiagem e aces sórios, além de uma linha assinada por Sabrina Sato. A rede investe em produtos de alta qualidade com preços acessíveis e acompanha as principais tendências mundiais no desenvolvimento de itens que não são testados em animais e tem mais da metade do portfólio de produtos veganos.

Investimento inicial total a partir de R$ 70 mil Retorno do investimento 18 meses

Royal Face

Há 4 anos no mercado do franchising, a maior rede de franquia de harmonização facial do país, está presente em 23 estados e já possui mais de 220 clínicas da marca em operação e mais de 300 negociadas.

Investimento inicial total 70 mil Retorno do investimento e 20 meses.

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Empresária Cristina Arcangeli

OdontoCompany

Maior rede de clínicas odontológicas do mundo, com mais de 2000 unidades em todos os estados brasileiros. Há mais de 30 anos no mercado e mais de 10 no franchising, é reconhecida pelo pioneirismo em implantar técnicas de ortodontia, dentística, estética, endodontia, implantodontia e outros procedimentos que utilizam a mais alta tecnologia.

Investimento inicial: R$ 300 mil Retorno de investimento: 16 a 20 meses

Emagrecentro

Reconhecida como uma das maiores redes de emagrecimento e estética corporal do Brasil, a rede está há 35 anos no mercado e conta com uma metodologia de emagrecimento própria chamada Método 4 fases, que é dividido em detox, redox, reindox e equilíbrio. Atualmente, oferece tratamentos a preços acessíveis e conta com operações no Brasil e nos Estados Unidos, com a bandeira Best Shape. Investimento inicial total: a partir de R$ 100 mil com taxa da franquia Retorno do investimento: Prazo de 6 a 12 meses

Pello Menos

Há 20 anos no mercado do franchising, a rede pioneira em depilação com cera indolor e laser e sem hora marcada no Brasil, está presente em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e já possui mais de 40 operações da marca. Investimento inicial total: R$ 320 mil, incluindo taxa de franquia Retorno de investimento: de 24 a 36 meses.

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Nails Care

A marca surgiu com a proposta de inovar no segmento de cuidados com as unhas. Oferece desde alongamento de fibras, utilizando as melhores técnicas encontradas no mercado, até experiências típicas de um Spa, com uma linha própria de produtos para que seja possível continuar o tratamento em casa.

Investimento inicial total: R$ 82 mil Retorno de investimento: 24 meses

Acesso Saúde

Pioneira no setor de clínicas médicas populares, a rede possui atualmente 44 unidades operando. O grupo conta com mais de 30 especialidades médicas e oferece mais de 1.200 tipos de exames, serviços odontológicos, centro de vacinação, psicologia, nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia e tratamentos.

Investimento Inicial: R$ 386.252,42 Retorno de Investimento: a partir do 15º mês

Botocenter

Franquia de estética especializada na aplicação de toxina botulínica que tem como proposta popularizar esses serviços com qualidade e custobenefício para os públicos das classes B e C. O centro também oferece preenchimento labial, peeling, bioestimulador de colágeno, entre outros tratamentos.

Investimento inicial total: a partir de R$ 97 mil com taxa de franquia Retorno do investimento: de 12 a 24 meses

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RITA LEE: PASSADO, PRESENTE E FUTURO

Feiticeira ou dondoca? Saber utilizar das coisas boas que a velhice oferece sem perder a jovialidade e os prazeres da vida, isso é o que a cantora Rita Lee ensina!

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POR MARINA CASTANHEIRA FOTOS POR HARRY FLINGERS Foto: Globo.com

Oisolamento social está sendo muito difícil para algumas pessoas, que sentem falta de ver e interagir com amigos, colegas de trabalho e família. Esse, no entanto, não é um problema para Rita Lee, que há oito anos vive isolada com seu mari do, Roberto de Carvalho, em seu sítio na Grande São Paulo, cercada por seus inúmeros animais. Durante uma conversa com a repórter Renata Ceribelli para o Fantástico na noite do último domingo, dia 31, a cantora explicou sua opção de vida: “Eu já sou uma profissional [em quarentena]. De repente eu me vi envelhecendo, e o envelhecer pra mim foi uma surpresa, porque eu nunca fui velha [risos]. Fiquei com vontade de viver minha velhice afastada dos palcos, não dividindo isso com o público. Meu jeito de me expressar no palco não tinha limites físicos, eu ficava de ponta cabeça, eu caia no chão, eu mostrava a bunda, eu fazia palhaçada, era uma delícia. Ficando velha, o corpo físico não me permite fazer o que eu fazia.”

Apesar desse afastamento, Rita garante que está bem, principalmente no aspecto mental. Segundo ela, seus 73 anos de idade são motivo de orgulho e representam uma nova fase de amadurecimento: “É uma fase de feitiçaria feminina, eu acendo incen sos, eu rezo, eu benzo a casa, perfumo. Então eu tenho as minhas feitiçarias que me inspiram a vontade de continuar vivendo apesar dessa loucura toda que está acontecendo no mundo. Eu gosto das minhas rugas, eu respeito as minhas pelancas.

Ensaio fotográfico para livro FavoRita.

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Foto: Globo.com

Ensaio fotográfico para lançamento de albúm

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Eu já fui loura, já fui ruiva, já tive o cabelo da cor do sol, agora os meus cabelos tem a cor da lua, são brancos.”

73 anos de idade? Para a cantora, é isso mesmo. Rita revelou à Renata que, durante a quarentena, decidiu adiantar a data do seu aniversário:

“Eu nasci no dia 31 de dezembro, último dia do ano. Nunca tive uma festa minha, é sempre “Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem quiser”. Não, eu quero uma festa só pra mim. [risos] Aí eu escolhi o dia 22 de maio para fazer aniversário, que é o dia de Santa Rita de Cássia.”

A estrela do rock brasileiro também revelou que nunca se considerou feminista, apesar de questionar os moldes machistas que o Rock In Roll tinha na sua época: “ Nos anos 60, o Rock In Roll era coisa de menino. Tinha até um bordão que falava que pra fazer Rock In Roll tinha que ter culhões. Eu falei Ah é? Pois eu vou fazer com meus ovários e útero mesmo. “

Rita ainda diz que tem vontade de experimentar coisas novas, e revelou qual é a principal delas: “[Eu gostaria de] ser abduzida por um disco voador. Eu acho que [os extraterrestres] são nossos irmãos das estrelas.”

A cantora está tratando câncer de pulmão: ‘Quantas vezes não disse que teria de pagar algum pedágio da vida?, indaga ela, que ‘finalmente’ parou de fumar

Na primeira entrevista desde que recebeu, em maio, o diagnóstico de câncer de pulmão, Rita Lee ainda esbanja energia e bom humor, mesmo passando por um tratamento quimioterápico.

Na última sexta-feira, inaugurou megaexposição sobre os seus 50 anos de carreira no Museu da Imagem e do Som de São Paulo; amanhã, soltará nas plataformas digitais música inédita “Change”; e, em dois meses, lançará novo infantil pela GloboLivros, abordando a morte de um jeito lúdico. A cantora falou também conversas que anda tendo com “seres de luz”.

Foto: Globo.com

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Rita em sua casa, foto para as suas redes sociais.

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Rita em sua casa, comemorando seus 70 anos.

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Rita em um show.

Tesão na alma “Tudo muda o tempo todo. Aos 73 anos, por exemplo, tenho meus cabelos brancos. Já fui loira, já fui ruiva que era um sol na cabeça - e agora tenho a lua comi go. Sinto também um vetor da vida que transforma o desejo. Já transei para caramba e, agora, tenho mais tesão na alma. Um prazer que é despertado por um bom livro, meditação, quando tento me comunicar telepaticamente com irmãos das estrelas, com meus rituais espirituais.. Então, mude! Já que não tem jeito mesmo, abrace a mudança. Com essa música, gosta ria de dar um upgrade no lado legal, quero viver no arco-íris, na coisa bacana, na pureza, na coragem, na liberdade... apesar desse momento tão escuro e difícil que o Brasil enfrenta.

Seres de luz

“Fiz um pacto com o universo, com o Criador, com os ‘seres de luz’, de que ia segurar a barra de ter um câncer no pulmão. Fiz a radioterapia e agora faço quimioterapia. Os exames estão ótimos. Mas fácil não é. Vi minha mãe passar por isso: quimio, radio... e, há 45 anos, a medicina era muito diferente. Tinha trauma do jeito que ela ficou. Então, quando o médico falou que precisava fazer o tratamento, a primeira coisa que pensei foi: ‘Eu sabia!’. Sabe por quê? Por causa dos sinais que recebi. Sabia que iria acontecer algo. Quantas vezes não disse que teria de pagar algum pedágio da vida? Era um sopro atrás do outro: ‘Pare de fumar. Você fuma desde os 22 anos, pare agora. Era como uma luz que acendia no fundo da mente. Fora as coisas que me eram esfregadas na cara. Ia ler jornal, e estava lá uma personalidade dizendo que havia parado de fumar. Estava na estrada, parava atrás de um caminhão e estava escrito: ‘Pare de fumar’. Com a pandemia, aquele baixo-astral no mundo, não tem como não ser afetado: passei a fumar o triplo de antes. Tenho essa coisa de católico, de culpa, e continuei a me desrespeitar. E quando o médico falou: Você está com câncer no pulmão’, fechei os olhos e pensei: ‘Danadinhos, sarcásticos’.”

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Rita em sua casa desfrutando de sua fase atual.

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Rita em sensaio fotográfico para lançamento de albúm.

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Sensualidade em todas as idades

Para muitas mulheres, a resposta pode ser sim. Não é incomum encontrar mulheres que já passaram dos 40 e que encaram cinta-liga, espartilho e nipple pas ties - adesivos que cobrem apenas os mamilos - como acessórios muito ousados para a idade.

Mas, certamente, esse não é o caso da dançarina Karina Raquel de Campos, que faz desses objetos seus principais itens de trabalho como dançarina burlesca. Aos 48 anos, ela é prova de que a autoaceitação e autoconhecimento são os principais caminhos para uma vida mais livre – e muito sensual.

`Dedicada à personagem Fascinatrix há quase 15 anos, a dançarina brinca com o que é mostrado e o que fica escondido durante a performance. De fato, a insegurança é algo que pode afetar algumas mulheres após os 40 anos. A queda hormonal característica da perimenopausa e após a menopausa podem reduzir o desejo sexual e acabar interferindo na imagem que a mulher tem de si.

O medo de envelhecer também é algo que afeta as brasileiras desde muito cedo, segundo a antropóloga Mirian Goldenberg. Isso ainda está muito associado à aparência física: perder a juventude do corpo é motivo de medo para muitas.

Mudar é preciso Mas o que fazer para mudar essa história? Nesse sentido, começar a quebrar paradigmas, se livrar dos padrões e aceitar as constantes mudanças do corpo se torna algo muito necessário – e Karina comprova como isso pode ser benéfico para a própria sensualidade. Segundo ela, o corpo aos 48, claro, é diferente de dez anos atrás. Mas ela continua frequentando academia e pra ticando o autocuidado para se manter bem, por dentro e por fora. “Nosso cor po muda diariamente, um dia estamos mais enxutas, outro dia mais inchadas, é preciso saber lidar com esse corpo que está sempre em mutação”, afirma Karina, que se sente mais segura do que aos 40. “Não preciso provar para o outro quem eu sou, já me aceitei”, completa.

E será que existe um “prazo de vali dade” para essa personagem sensual ir embora? A performer prefere não espe cular. “Acho que, enquanto eu estiver.

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preliminares
Será mesmo que a sensualidade é algo mesmo que se perde ao longo dos anos?

Trazendo a sensualidade burlesca para casa

E para quem quiser se arriscar na perfor mance, nossa Fascinatrix é categórica “a primeira coisa a fazer é se conhecer, se olhar no espelho completamente nua e aceitar o que você vê”. O autoconhe cimento é o primeiro passo para você se sentir mais confortável em um papel mais sexy e diferente do seu dia-a-dia.

E ela ainda dá outras dicas como “a coreografia não precisa ser o principal, mas pense bem na roupa. Tem que ser fácil de tirar. Algumas peças são lindas de vestir, mas dão um trabalhão para tirar, o que pode atrapalhar”, diz a pro fissional. Além disso, a música também é importante. Busque algo que você já conhece e com que se sente confortável.

Instrumentos metálicos, como saxofo nes,trompetes e clarinetas, podem ajudar a criar deixas para os movimentos, dando mais harmonia e sensualidade à perfor mance.”E não precisa mostrar tudo”o que vale é a sua confiança”.

Foi dançarina de ballet clássico em grupos de dança de São Paulo. É formada em Hotelaria com especialização na área de entretenimento e realização de even tos.Formada também em Teatro Musical pela 4Act Performing Arts. Atualmente além das performances que apresenta em diversas casas noturnas e eventos, realiza trabalhos fotográficos como modelo para diversos sites internacionais dirigidos para uma nova geração de modelos de estética alternativa e de vanguarda, e editoriais de moda e publicidade.

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Ensaio fotográfico mostrando que a sensualidade não está ligada à idade. Foto: Pexels

Helena Schargel: 81 anos e empreendedora

O que pode-se fazer para ser uma pessoa a frente do seu tempo, com o exemplo de Helena

Se eu posso, você também pode.” É com essa frase que a estilista Helena Schargel, 81, tenta motivar a legião de mulheres que passou dos 60/70 anos a não se deixar influenciar pela idade. É preciso, diz, continuar criando, trabalhando. E dá como exemplo ela própria, que se reinventou quando já estava chegando aos 80.

Helena conta como foi a sua experiência como empreendedora aos 79, e estimula outras mulheres a não ficarem paradas, afirmando que “sempre é tempo de usar a nossa criatividade, nosso espírito empreendedor.”

Helena Schargel é considerada uma mulher à frente de seu tempo. E ousadia é o que não lhe falta. Assim, ganhou espaço na mídia ao lançar, há dois anos, uma coleção de lingerie para mulheres maduras(você pode ver clicando aqui). Ela criou as peças e também foi a modelo, vestindo as suas próprias criações.

A estilista se tornou uma ativista em favor dos que passaram dos 60 anos, defendendo com vigor que as pessoas mais velhas “precisam sair da invisibilidade.”. Assim Helena é capaz de influenciar e inspirar muitas pessoas, a não desistir dos seus sonhos e não deixar com que as pessoas pensem que seja tarde para iniciar novos projetos e continuar sendo pessoas ativas e com vontade de enfrentar desafios.

Ensaio para a nova coleção de vestuário da Helena Schargel

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quebrando o tabu
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Foto: instagran;@helenaSchargel

Sexo na terceira idade: cuidados e dicas

Manter relações sexuais na terceira idade é essencial para uma vida saudável

Se o sexo é um tabu para adolescen tes e até adultos, na terceira idade ele passa a ser ainda menos discutido e, principalmente, explorado. Com o passar dos anos, nosso corpo muda e, con sequentemente, hormônios e desejos também – mas a relação sexual segue sendo importante.

Apesar das mudanças fisiológicas natu rais que acontecem com o passar do tempo, o sexo não precisa ser deixado de lado. “Na terceira idade, ou seja, a partir dos 60 anos, as mulheres tendem a ter menos lubrificação e disposição, alterando a libido”, afirma a sexóloga Lelah Monteiro. Além disso, a muscu latura pélvica também é enfraquecida.

Já o homem começa a sentir os efeitos da idade a partir dos 45 anos, quando entra na andropausa, a “menopausa mas culina”. A sexóloga afirma que o cansaço e indisposição também podem afetar a ereção, dificultando o prazer sexual.

“Fazer exercícios físicos, ter uma ali mentação boa e completa e até mesmo, se for necessário e indicado por médico, fazer a reposição hormonal ou suple mento vitamínico já melhoram também o sexo”, diz Lelah.

A própria relação sexual também é um fator que contribui para a saúde, portanto é essencial investir nas trocas afetivas e preliminares, valorizando e incentivan do a intimidade com o parceiro – ou consigo mesma.

“A dica é sempre escolher o melhor para você mesma. E uma das melhores escolhas que podem ser feitas é se dar prazer”, indica a sexóloga. Portanto, a saúde também tem relação com ter uma vida saúdavel, por essa prática trazer diverssas sençações e emoções.

Cuidar bem da saúde, entender o próprio corpo e investir em acessórios, como lubrificante íntimo ou um sex toy, são os melhores caminhos para manter a sexualidade ativa – antes ou depois dos 60. E, por últi mo: se priorize. “Não é sempre que é preciso dizer sim aos netos e filho. O sim tem que ser para você. Digam não aos netos e filhos. Não é sempre sim para os netos, mas no geral tem que ser sim para você. Essa é uma linguagem acolhedora e que diz muito desse cuidado. Se não, tudo acaba sendo mais importante e o desejo acaba indo embora. Tenha projetos juntos no sentido da intimidade e desejo, e não só em relação a família”, finaliza Lelah. Portanto sexo na terceira idade pode ser pleno de prazer. Contudo é preciso aceitar as mudan ças físicas e ter criatividade a respeito delas. Esqueça o desempenho do jovem e busque novas formas de contato íntimo e de satisfação sexual. Pode parecer que isso não importa para muita gente, porém é pauta constante para pessoas mais 50+. Que a apesar da idade ainda se sentem dispostos e ativos apesar dos desafios.

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afeto
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Sobre novos (re)começos

Mudar de carreira na maturidade? Onde já se viu?!

“Quando a gente decide uma carreira, aos 16 anos, como eu fiz, não sabe de nada, então trabalhar com comida nem passava pela minha cabeça na época. Foi um processo natural a medida em que fui amadu recendo, e só me vejo fazendo mais coisas. A idade é muito mental para mim. Tenho um plano para o meu negócio, dentro do que eu quero para mim e não tenho preguiça do processo todo. Acordo muito de boa às 4h da manhã para assar pão, pois é isso que me move”. Esse, entre tantos comentários feitos pela padeira pau listana Fernanda Corvo de 45 anos, que já passou por duas transições de carreira, encontra eco em várias mulheres. Elas se sentem motivadas, felizes, e sabem que a escolha foi acertada.

Imaturidade ao escolher a carreira, plano de negó cios estruturado. Determinação. Paixão. São algumas das características que as mulheres que tem mais de 50, 60, 70 anos e que fizeram transições de carreiras bem sucedidas mencionam. Nem sempre todas estas

questões estão presentes, mas a maioria delas. E quase todas tem histórias de preparação, foco e apoio.

Criar oportunidades, entender as necessidades cons tantes e cada vez mais mutáveis do mercado, buscar um novo nicho, se desafiar, aprender o novo. Mulheres que conseguem identificar essas demandas saem à frente na escolha de carreiras mais atuais e duradouras. Estudo recente da Dell apontou que até 2030, 85% das profissões que conhecemos devem estar extintas. E qual o problema se as mulheres já criam negócios que nem existem, depois dos 50 anos de idade?

“A maturidade me fez questionar diversas coisas e me vi forçada a fazer um processo de autoconhecimento para lidar com as minhas dores emocionais e físicas, transtorno de ansiedade, crises de pânico, tudo em decorrência da minha necessidade de me encontrar como pessoa, achar o meu verdadeiro lugar como profissional. Não sei se serei bem-sucedida, se atingi rei as metas que estabeleci para mim mesma, mas sei

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que estou vivendo um dia de cada vez e estou muito orgulhosa por ter dado o primeiro passo em direção a essas mudanças”. Afirma Ludmila Macedo, cantiga advogada que resolveu seguir seu sonho no mundo da moda aos 52 anos.

No Brasil de 51,5% de mulheres, e de 56,7% idosas, as mulheres ainda ocupam apenas 14% dos cargos de liderança. E, pasmem, entre 4% e 7% de cadeiras em conselhos. Esses são índices que desenham com muita especificidade o quanto faltam oportunidades e o que existe de preconceito no mercado de trabalho. Mesmo sendo uma maioria numérica da população, as mulheres representam a minoria das posições profissionais. E se já há diferenciação antes de 40 anos, é depois disso que as habilidades e experiências acumuladas, algo que deveria ocupar posição de protagonismo profissional, passam a ser completamente desrespeitadas.

Outra característica bem comum entre as mulhe res com mais idade é a racionalização de seus

projetos. Pensar demais, ponderar e avaliar com muito preciosismo pode, em muitos casos, postergar por tempo indeterminado a tomada de decisões. “Idealizei e fantasiei por muito tempo uma mudança. Na minha cabeça tudo era mais sofrido e difícil do que foi de fato.” Renata reforça a importância de checar a reali dade de cada mercado, para entender como funciona e o que valerá a pena. Um contato destrói muitos dos mitos que podem impedir a mudança. E em alguns casos é o que basta.

Com passos talvez ainda mais lentos do que se pre cisa, o mercado já tenta afastar a camada de mofo que paira sobre ele. A pauta da diversidade surge cada vez mais importante e necessária. Mas e a diversidade etária?

Mudar de carreira não tem idade. Arriscar não tem idade. Se descobrir nao tem idade. Competência e pro fissionalismo não têm idade. Fazer o que nos faz feliz não tem idade. A única coisa datada, neste processo todo é alguém ainda não entender isso.

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Botox ou amarrar o próprio tênis?

O que é envelhecer bem, afinal? A boa notícia: você não precisa escolher entre duas opções para encontrar a resposta.

Nunca se falou tanto sobre envelhecer bem.

Tem a turma que defende a aparência e faz de tudo para manter o rosto e o corpo “jovens”, mas sem se preocupar tanto com a saúde. Tem a oposição que não admite nenhuma intervenção estética e foca só no físico e mental. E, claro, tem a famosa turma do meio, que costuma pinçar um pouco dos dois lados.

Mas, envelhecer bem vai além de direita, esquerda ou centrão. É um direito de todos e cabe a cada um eleger o que é melhor para si. Mas, antes de tudo, é importante questionar: afinal, o que é envelhecer bem? Essa não é uma pergunta tão simples de ser respondida. Exatamente como para os eleitores, para cada pessoa “envelhecer bem ou mal” significa uma coisa diferente. E mais. Dependendo da idade e da situação em que nos encontramos, mudamos de opinião. Quantas de nós já não fomos de esquerda, depois viramos de direita ou vice-versa?

Nós, aqui do SHEt , já passamos por isso. Na

adolescência, não pensávamos muito nem sobre apa rência nem sobre saúde. A juventude nos garantia tudo. Pele boa e saúde perfeita. Aos 30, 40 anos, nossa tendência foi mais para o lado estético de conseguir o corpo que queríamos colocando peito (Camila) e iniciando procedimentos como botox (Fernanda), para garantir o máximo que podíamos da sonhada juventu de eterna (e que, feita sem moderação, vira uma luta insana contra o tempo). Já, aos quase 50, apesar de continuarmos querendo envelhecer com a aparência boa (tem gente que não liga para isso e tudo bem também), sabemos que cada idade tem sua beleza, não estamos dispostas a tudo para parecer jovens e nos preocupamos mais com uma qualidade de vida que nos permita amarrar sozinhas nosso próprio tênis aos 80, 90 anos. Interessante como os valores vão mudando à medida que envelhecemos. Mas, voltando à pergunta inicial, quem define o que é envelhecer bem? De uma maneira geral, seria o

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processo de estar saudável e ativo, considerando-se as dimensões física, cognitiva e social. Até aí, tudo bem. Mas, e quando se tem tudo isso e a pessoa envelhece mal de cabeça, infeliz, deprimida, sem satisfação ou motivação para se cuidar, simplesmente porque o tem po passou? Podemos dizer que ela envelheceu bem? Aparentemente, não.

Na sociedade machista e patriarcal que vivemos, principalmente para as mulheres, o emaranhado de demandas a que somos submetidas para nos manter mos sempre jovens, acaba tendo um peso tão grande sobre nós que acabamos adoecendo por causa da pressão estética. Muitas são as mulheres que acabam, de fato, doentes por causa do alto nível de estresse que desenvolveram por se preocuparem demais com a aparência. Sim, é uma realidade.

Por isso, precisamos mudar o jeito que pensamos o envelhecer. Entender que esse é um processo que dura a vida toda. Não se trata apenas de uma fase que

começa em determinada idade e que só tem a ver com aparência ou saúde. Um não exclui o outro. Está tudo interligado porque somos físico, mental e espiritual ao mesmo tempo. Envelhecer é um processo abrangente e com muitas variáveis subjetivas, e tentar julgar se uma pessoa envelheceu bem ou não, mesmo não sendo por mal, acaba sendo um erro.

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o ser idoso difere entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Nos primeiros, são consideradas idosas as pessoas com 65 anos ou mais, enquanto nos países em desenvolvimento, como é o caso do Bra sil, são idosos aqueles com 60 anos ou mais. Outro erro que costumamos fazer é achar que viver muito é viver bem. Segundo dados da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), 65% das pessoas acima de 60 anos são hipertensas e, também, são as que mais sofrem com depressão, o que está ligado à perda de relações familiares e sociais e o sentimento.

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Etarismo e racismo

“As pessoas falam sobre envelhecer com elegância, que é o que elas querem fazer, é claro. Então, natural mente, elas não querem olhar para pessoas que podem ter paralisia, as que não podem comer bem, as que podem sentar no meio-fio e atravancar a vizinhança com suas bengalas. Até que nossa sociedade construa (uma) perspectiva mais equilibrada sobre os grupos de idade, isso leva ao retraimento amargo dos idosos.” Robert Butler, Washington Post, 1969.

O assunto da moda é: etarismo.

Não me entenda mal, eu sou favorável à discussão desse assunto mas, contrária à maneira desleixada e racista com que vem sendo tratado. Por isso, te convido a se aprofundar nele, já que nada do que valha a pena saber nessa vida é raso. Afinal, o que é etarismo e por que esse assunto está intimamente ligado, principal mente, ao racismo?

Bom, a palavra “etarismo” consiste em um conjunto de práticas baseadas em estereótipos ou em ideias

depreciativas que se expressam em atitudes discrimi natórias e preconceituosas contra indivíduos ou grupos com base em sua idade ou faixa etária.

Não podemos negar que provavelmente nós já pre senciamos situações onde a idade foi motivo de piadas, até certo ponto inocentes ou despretensiosas. Até por isso, muita gente acha estranho que isso seja algo que ganha contornos mais complexos.

Porém, infelizmente, em uma sociedade desigual e hierárquica como a brasileira, isso não é apenas casual, ou seja, torna-se uma questão sistêmica, que piora as relações e o desenvolvimento humano de alguns grupos que já são fragilizados pelas estruturas sociais marcadas pelas opressões.

O curioso é que o conceito em si, como tudo que cai em solo brasileiro, onde as pessoas rejeitam os estudos mais profundos em detrimento das definições rasas ou que soam mais palatáveis ao mercado e ao consumo, tem sido vergonhosamente distorcido.

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Por que a velhice negra não é inclusa nos debates sobre etarismo?

Todas, absolutamente todas as discussões sobre eta rismo devem passar pelo racismo, tendo em vista que foi a partir dele que se pôde observar a ocorrência dessa prática de aprofundamento das opressões de raça e, posteriormente, de gênero. A matéria escrita pelo jornalista Carl Bernstein, intitulada “Idade e medos raciais vistos na oposição à habitação”, teve grande repercussão, e a imprensa passou a usar o termo para falar sobre a questão da pessoa idosa.

Ao reduzir a discussão sobre etarismo a mero enfren tamento estético ou outras questões mais fúteis, dei xamos de discutir os altos índices de violência e des criminação contra o idoso, que é uma das faces mais perversas desse conceito.

Outro sinal preocupante de esvaziamento dessa dis cussão tão importante e intimamente ligada à questão racial e de classe, tanto quanto de gênero, é a falta total de proposições. A impressão que dá é que colocar mulheres mais velhas em capas de revistas suntuosas é

a solução, quando, na verdade, pode ser uma faca de dois gumes, já que abre mais um padrão a ser seguido: o da velhice sensual.

Claro que a sexualidade e a autoestima são parte da abordagem do etarismo, uma vez que a gerontofobia abala e fragiliza muito o bem-estar mental das pessoas em processo de envelhecimento, e devem ser confron tadas no bojo desse assunto. Mas, em um mundo lotado de rígidos padrões excludentes, essencialmente racistas e elitistas, definitivamente não precisamos de mais um.

Por último fica a dica:

– Desconfiem de discussões sobre etarismo que não o situa como um instrumento de opressão e que não tenham uma abordagem interseccional e decolonial (reparem como as mulheres brancas e ricas são as que estão sendo estampadas como símbolo de luta contra o etarismo. Mas são as não brancas, latinas e não ocidentais as que mais sofrem com a violência na meia e na terceira idade).

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Longevidade, desafios e oportunidades

Processo de envelhecimento está sendo adiado

Quando eu nasci, em 1961, minha expectativa de vida era de 51 anos. Ou seja, dessa minha safra, metade estaria morta antes do ano de 2012. No entanto, não foi isso que aconteceu. Em 2012, pouco mais de 90% dos nascidos em 1961 ainda estavam vivos.

Em 1969, meu avô paterno morreu. Ele era um senhor que andava com uma bengala e passava os dias sentado em uma cadeira de balanço, pois havia delegado aos filhos o cuidado dos negócios. O velhinho tinha 59 anos.

Em 1974, Washington Olivetto e Francesc Petit, foram os primeiros brasileiros a conquistar o Leão de Ouro no Festival de Cannes, o Oscar da Propaganda. O prê mio colocou o Brasil na elite mundial da publicidade com o comercial “O homem com mais de 40 anos”. Essa peça encomendada pelo Conselho Nacional de Propaganda tinha como objetivo comemorar o 1º de maio. Ela começava com a frase: “Você já ouviu falar que um homem depois dos 40 anos fica ultrapassado, sem chance de se realizar profissionalmente, se não

tiver atingido o ponto máximo da sua carreira até essa idade? Você não acredita, então responda por que os anúncios classificados de certas empresas levam aquela frase com preconceito em negrito, ‘idade máxima 40 anos’”. Na sequência, dizia: “Essas empresas julgam os homens com mais de 40 anos velhos demais para conseguirem sucesso profissional”.

Em outubro de 2003, a Lei Federal nº 10.741, que ficou conhecida como “Estatuto do Idoso”, decretou que ficamos velhos ao atingir 60 anos. Na época, eu tinha 42 e me parecia plenamente razoável ficar velho ao me tornar sexagenário.

Há mais de três décadas, trabalho com educação financeira e uma das tônicas sempre foi ensinar as pes soas a se preparar financeiramente para a aposentadoria. De toda forma, toquei meus planos há muito progra mados. Construí uma casa na fazenda em que nasci, na Serra Catarinense, e resolvi parar uma consultoria que fazia no maior banco privado do Brasil. Passei a

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deixar segundas e sextas-feiras livres para subir a serra e ter tempo para meu lazer predileto: pedalar minha mountain bike ao lado da Celina, minha companheira de vida e de pedaladas.

A aventura durou seis meses. Não resisti ao convite para voltar a produzir conteúdo de educação financeira em uma corretora e investi em uma fintech, da qual me tornei conselheiro. Fiquei muito animado e feliz de voltar para o game. Por enquanto, o plano de parar foi transferido para os 70 anos.

Muitos dos meus amigos e amigas que passaram dos 50 ainda estão cheios de energia, abrindo novas empresas, decidindo interromper casamentos que já não lhes eram satisfatórios, resolvendo transformar hobbies em negócios.

Segundo Vaupel, diretor-fundador do Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica em Rostock na Ale manha, a expectativa de vida não está aumentando como resultado de uma desaceleração no processo de

envelhecimento. Em vez disso, o processo de envelhe cimento está sendo adiado. A entrada na velhice está sendo atrasada.

Não ficamos velhos por mais tempo, estamos ficando jovens por mais tempo. Esses 20 anos a mais antes da entrada na velhice passaram a ser conhecidos como segunda adolescência.

A adolescência é um período de dramas internos acerca da vida futura e do reconhecimento da própria identidade. Agora, pessoas na casa dos 50 começam a olhar para frente e ver que ainda lhes resta muito tempo, Quem eu quero ser além do que construí até aqui?”.

E você já sabe o que quer ser nesta nova fase da sua vida? Quer continuar tocando a vida sem mudanças? Tem projetos guardados no fundo do baú e não sabe como realizá-los? Suas finanças permitem que você pare ou escolha o que fazer? A forma como você gere seu patrimônio lhe agrada? Seus filhos são independentes financeiramente? E sobre essas e outras tantas questões.

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Os negócios podem nos levar a lugares incríveis mas lembre-se de priorizar sua mente. Por isso, trouxemos uns joguinhos para você se distrair!

Temos aqui um jogo de caça palavras, que representa o que tencionamos passar: trabalhe e invista em si mas não esqueça de tirar um tempo para você.

114 KAYÁ pra não perder
o costume
DIFERENÇA
CHEIOS DE VIDA
DIVERSIDADE EXPERIENCIAS POTENCIA REINVENTAR SONHAR TEMPO

Além do caça palavras, elaboramos aqui uma cruzadinha para você se divertir mais ainda. Aviso: só quem leu toda a revista saberá responder... Boa sorte!

1 8

2 3

4 5 6 7

Vertical

1) Rita Lee: passado ... futuro

3) Nova matéria prima usada pela indústria têxtil

4) Utensílio essencial para montar seu bar em casa

5) Nome dado à economia que os 50+ fazem rolar

6) Peça principal de coleção lançada por Helena Schargel

7) Peça teatral estrelada por Vera Holtz como adaptação do livro Sapiens

Horizontal

2) Nome de personagem criado pela Karina de Campos

8) Marca criada por ex engenheira que decidiu seguir o ramo da moda aos 40

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Livros

Capitães de areia

Autor: Jorge Amado Editora: Companhia das letras Lançamento: 1937 Disponível: Amazon O romance, retrata o coti diano de um grupo de me ninos de rua na cidade de Salvador, BA, que vivem de assaltos e violência, mas também cultivam so nhos e aspirações (mudar). Romance brasileiro.

Ensaio sobre a cegueira

Autor: José Saramago Editora: Companhia das letras Lançamento: 1995 Disponível: Amazon Uma terrível ”treva bran ca” vai deixando cegos os habitantes de uma cidade. Essa fantasia aterradora, nos obriga fechar os olhos e ver. Recuperar o tempos que se perdeu, recuperar a lucidez.

Admiravel mundo novo

Autor: Aldous Huxley Editora: Biblioteca azul

Lançamento: 1932

Disponível: Amazon A história se passa em Lon dres no ano 2540, o ro mance antecipa desenvol vimentos em tecnologia reprodutiva, manipulação e condicionamento clássi co, que se combinam para mudar profundamente a sociedade.

Povo, poder e lucro

Autor: Joseph Stiglitz Editora: Record Lançamento: 2019 Disponível: Amazon Ensaio definitivo sobre as fundações do capitalismo progressista e os perigos previsíveis do fundamen talismo de livre mercado, Joseph E. Stiglitz mostra que as soluções para a economia são, muitas vezes, bem óbvias.

Oceano azul

Autor: Chan Kim, W. Chan Editora: sextante Lançamento: 2017 Disponível: Submarino Sugere matrizes que podem ser aplicadas em modelos de negócio e ana lisa casos de grande suces so em todo mundo, como o do Cirque Du Soleil, que recriou o conceito de circo com sua capacidade de fidelizar clientes.

O capital

Autor: Karl Marx Editora: boitempo Lançamento: 1867 Disponível: Amazon O Capital. Crítica da Eco nomia Política é um con junto de livros escrito por Karl Marx, que constituem uma análise e crítica do capitalismo. Muitos, sim, consideram esta obra o marco do pensamento socialista marxista.

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Filmes

Don’t worry Darling

Direção: Olivia Wild Atores: Florence Pugh, Harry Styles, Olivia Wilde, Nick Kroll, Christopher Whitelaw Lançamento: 2022 Disponível: Now Ambientado nos anos 50 numa comunidade no deserto da Califórnia, o longa tem como protagonista Alice, uma feliz dona de casa que parece levar a vida perfeita. Ela e o marido Jack moram numa casa digna de comercial de margarina onde, mesmo casados, continuam em eterna lua de mel. Alice passa os dias cozinhando, limpando e frequentando diversas atividades junto às demais esposas da vizinhança.

ELA

Direção: Spike Jonze

Atores: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Rooney Mara, Olivia Wilde, Scarlett Johansson Lançamento: 2014 Disponível: Prime vídeo O drama Ela parte da história curiosa de um homem que se apaixona por uma máquina. Este mote foi ampla mente discutido, defendido por alguns e ridicularizado por outros, desde que o diretor e roteirista Spike Jonze anunciou o projeto à imprensa. O filme não se esgota nesta ideia criativa. Ele retrata as novas configurações do amor de maneira geral, e consegue transformar o relacionamento entre o escritor Theodore e o sistema.

Elvis

Direção: Baz Luhrmann Atores: Austin Butler, Tom Hanks, Olivia DeJonge Lançamento: 2022 Disponível: HBO max, Amazon Prime Cinebiografia de Elvis Presley acompanhará décadas da vida do artista e sua ascensão à fama, a partir do relacionamento do cantor com seu controlador em presário “Coronel” Tom Parker. A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário por mais de 20 anos em parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a perda da inocência de Elvis ao longo dos anos como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis encontrará Priscilla Presley.

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