Revista Subversa Volume 6, nº1 - fevereiro de 2017

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[CONTEÚDO EXTRA] O MITO DO TRADUTOR INVISÍVEL Por ser uma atividade que atravessa a história da humanidade desde os seus tempos mais antigos, a tradução está cercada por uma série de paradigmas e opiniões que estão cristalizadas tanto entre pessoas que nunca estudaram o funcionamento das línguas em geral quanto na própria comunidade de acadêmicos de Letras. Neste breve ensaio, tentaremos problematizar e questionar as noções tradicionais das atividades atribuídas ao tradutor de textos literários. Por noções convencionais, entendemos o pressuposto de que, ao passar um texto de um idioma (doravante língua de partida) para outro (doravante língua de chegada), é obrigação do tradutor não se posicionar quanto ao seu conteúdo, não emitir juízos de valor ou modificar a mensagem central do texto. Essa ideia já pode ser discutida quando buscamos o significado de “língua” num dicionário online: 8)(LING) Para Ferdinand de Saussure (1857-1913), linguista suíço, sistema abstrato de signos, subjacente à fala e à escrita, usado por uma comunidade e que se opõe à sua realização individual; langue. 9) Conjunto de modos de expressão particulares, dentro de um mesmo idioma, que reflete fatores determinados por idade, profissão, área de saber, ambiente sociocultural etc.: A língua dos jovens tem características bem peculiares. (MICHAELIS, 2016) Se para Saussure cada língua é um sistema de signos usado por uma comunidade, como esperar que outra comunidade tenha signos

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