CAPÍTULO 35
PERSPECTIVAS NO TRATAMENTO DA PSORÍASE Gleison V. Duarte1 Maria de Fátima Santos Paim de Oliveira2
A despeito da pluralidade dos tratamentos813,814, previamente discutida, entre 31-70% dos pacientes com psoríase estão insatisfeitos com suas terapias.815 Portanto, novas drogas com menor toxicidade, maior eficácia em longo prazo e menor custo são necessárias. Enquanto causa primária ou antígeno específico (endógeno ou exógeno) associado à maioria das formas de psoríase não são conhecidos, os tratamentos atuais são realizados sem auxílio de biomarcadores preditores de resposta, o que gera ônus financeiro e de tempo em casos de falhas primárias e secundárias. Evoluções no campo da genética, como a identificação de novos loci de suscetibilidade e polimorfismos em vias Th1, Th17 ou em vias de sinalização, podem ser a chave para novas biotecnologias com focos terapêuticos distintos dos existentes.814 Ademais, evidências recentes do papel de microRNAs nas doenças inflamatórias crônicas, incluindo psoríase, e sua possível modulação por componentes da dieta, abrem portas para abordagens nutrigenômicas.816 Os microRNAs são pequenas moléculas (22 nucleotídeos), abundantes e conservadas durante a evolução, que regulam em nível pós-transcricional a expressão de genes. Mais de 250 são expressos de forma aberrante na psoríase, a maioria no sangue periférico ou pele lesionada. Uma vez que perfis distintos de alteração de microRNAs são associados aos tratamentos sistêmicos da psoríase, essas moléculas são candidatas potenciais a biomarcadores preditores de eficácia a terapias específicas.817 Baseadas nas experiências de reprogramação nutrigenômica na oncologia, hipóteses sobre o efeito antiinflamatório do ômega-3, resveratrol, cúrcuma, vitamina D, polifenóis, etç., destacam o potencial destes nutrientes em modular negativamente ou positivamente microRNAs específicos associados à proliferação dos queratinócitos e/ou à inflamação.816 Diversos estudos com drogas promissoras, a maioria de fase II, prometem revolucionar o tratamento da psoríase com mecanismos inovadores, tais como agonistas do receptor da adenosina A3, inibidor de catepsina, inibidor de STAT3, agonistas inversos do receptor de ácido retinoico e ativador de sirtuína-1 (Tabela 1). Outros mecanismos estão sendo aperfeiçoados, como inibidores de PDE4 e janus-kinases (JAK), com mais de 18 drogas em investigação.814 Contextualizando as perspectivas, no Brasil, espera-se a chegada de novas drogas, como inibidoras de JAK, tildraquizumabe (anti-IL23) e brodalumabe (anti-IL17RA). Este último com resposta PASI100 em 62% dos pacientes, porém sem resposta na dactilite e respostas ACR50 (American College Of Rheumatology) modestas, diferente do bimequizumabe (anti-IL17A/F), cujas respostas em diferentes estudos alcançaram PASI90 ou IGA0/1 (avaliação global do investigador) em 80% dos pacientes e 80%, 40% e 23% de ACR20/50/70 na semana 12, respectivamente (A).818-820
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1.
2.
Instituto Bahiano de Imunoterapia (IBIS) - Salvador (BA). Dermapp - Clínica de Dermatologia - Salvador (BA).
98