Os caminhos de ferro A inauguração das primeiras ferrovias acelerou o progresso ao garantir o rápido escoamento de produtos e criar novas facilidades para o deslocamento de pessoas.
O meu pai nasceu em Picciorana, na Itália, região de Lucca, e a minha mãe nasceu em Portugal, numa província chamada Trás-os-Montes. Meu avô materno era ferroviário. Inclusive foi o maquinista da máquina blindada, na revolução de 1932. Meu avô morreu com 106 anos. Eu convivi com ele desde criança. Ele contava as histórias dos trens quando era maquinista da antiga Mogiana. Andei bastante de trem com ele. O meu irmão quis ser padre e minha mãe, meu avô, eu e meu pai íamos visitá-lo duas vezes por ano. Eu tinha 10, 11 anos. Carro era muito difícil, nós íamos de trem. O trem demorava 12 horas para chegar. Fazíamos baldeação em Santa Rita do Sapucaí e pegávamos aquele trem maria-fumaça. Foi nessa máquina que o meu avô trabalhou quase a vida inteira. Numa dessas viagens, a maria-fumaça fez uma curva e deu uma freada brusca. O chefe do trem sabia que o meu avô estava nessa viagem. Ele veio pedir desculpas ao meu avô porque ele era um dos maquinistas mais antigos e também tinha sido chefe dos maquinistas. Olha em que tempo nós vivíamos! [Fernando Selmi] Meus pais eram filhos de imigrantes italianos. Eu nasci numa fazenda. A minha primeira infância foi em Santa Cruz das Palmeiras, uma cidadezinha bucólica na década de 1940. Tinha um trenzinho maria-fumaça. Quando chegava de trem, você avistava a cidadezinha, a torre da igreja. O trem dava uma volta em toda a cidade e depois a cidade sumia. Tinha uma região de mata em que ele fazia uma curva. E a cidade era aquilo: a pracinha, a igreja, a praça. E a gente morava ali. [Oswaldo Baldoni]
Pátio de manobras na Estação Anhumas. Campinas (SP), 2007
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