Sesc Parque Dom Pedro II: transições culturais da cenografia à arquitetura

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area marked by the intense movement of people, which constitutes a commercial warehouse and a road junction, our effort has been to create a space and time for leisure, which provides visitors with personal development and strengthens community ties. For Sesc, ways of doing things are as important as what you do. To register memories and give visibility to an experience that we consider successful, this material brings together texts and images on the strategies, dilemmas and achievements of Sesc Parque Dom Pedro II from 2015 to 2021. Closing the doors to begin the works is a challenge almost as big as the one for its inauguration. Interruption, even if temporary, of activities can bring a strange feeling of emptiness and longing. We hope, however, that by highlighting some of the foundations of institutional work, this publication can help to maintain strong bonds with people until the moment of reopening, and beyond.

Várzea, parque, viadutos: a história do Parque Dom Pedro II Vanessa Ribeiro, Historiadora

Hoje, quando se lê ou escuta uma notícia sobre o Parque Dom Pedro II, certamente a imagem que figura em nosso imaginário é associada aos meios de transporte que por lá circulam: os ônibus que partem do terminal urbano mais movimentado da capital; os trens do metrô que cruzam a estação homônima, da Linha Vermelha, ponto de maior estrangulamento de passageiros por vagão, entre as sempre movimentadas estações do Brás e da Sé; as fileiras de carros, motos, caminhões e ônibus parados no trânsito caótico dos viadutos, que se sobrepõem às copas das árvores centenárias que resistem; e mesmo os ônibus articulados que, solitários, parecem cruzar o céu através do sistema de transporte que revolucionaria o acesso às áreas centrais da cidade, o Expresso Tiradentes. Em meio a tanta fumaça, buzinas e multidões, são poucos os que se lembram de que há um parque nesse cenário de caos urbano. Há um parque? Sim! Que já teve direito a coreto, casa de banhos, bancos e até parque de diversões, com montanha-russa, carrinhos de bate-bate e joão-minhoca. É o saudoso Parque Shanghai, ali instalado em 1945, e que além dessas atrações organizava festas com artistas ilustres como Ataulfo Alves, Grande Otelo e Adoniran Barbosa. A região do Parque Dom Pedro II corresponde à antiga Várzea do Carmo, uma porção charcosa de terras do rio

Tamanduateí, localizada entre o núcleo antigo da cidade e o bairro do Brás. Desde o final do século XVIII começaram a ser implantados projetos que visavam o saneamento e o embelezamento dessa região, em um esforço que culminaria com a construção de um parque urbano dedicado aos moradores dos bairros operários do Brás e da Mooca, em sua maioria imigrantes. A transformação do incômodo atributo natural em um grande e encantador parque, como prescrito por um paisagista francês, pode ser apontada como a maior iniciativa tomada pelo poder público para eliminar os males causados à saúde física e moral dos habitantes do núcleo central da cidade. As constantes cheias do rio Tamanduateí; a presença de lavadeiras que, ao pôr para quarar seus lençóis brancos na beira do rio, atraíam os olhares dos estudantes da Faculdade de Direito e de homens ilustres da capital; os banhos em pele de Adão – expressão usada para a prática de banhos nus, que gerava inúmeras reclamações nas atas da Câmara Municipal – mais a sujeira de dejetos despejados no rio eram alvos de queixas frequentes nas páginas dos jornais – e foi isso o que despertou a atenção do poder público para esse logradouro, que urgia ser saneado. O saneamento da várzea era desejado tanto do ponto de vista da saúde pública, em razão das teorias sanitárias que

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