Revista Escada - Edição 51

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Alunos protagonistas

Uma chave para educação cidadã

Professores e comunidade acadêmica precisam criar mecanismos para a promoção da autonomia dentro das salas de aula

Página 08

ENTREVISTA Inteligência emocional que se ensina e aprende na escola

A professora e palestrante Jane Haddad explica a relevância do desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais dentro da escola para a promoção de uma educação mais humana e alinhada com as necessidades do futuro.

Página 22

Educação

antirracista: os vinte anos da Lei

10.639

Entenda a história da Lei que incluiu o resgate histórico da contribuição negra no Brasil e a relevância desse passo para a construção de uma sociedade antirracista.

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Número 51 | Ano 11

julho 2023

Publicação Sinepe/PR

A REVISTA DAS ESCOLAS PARTICULARES DO PARANÁ

Índice

REVISTA ESCADA

Publicação periódica de caráter informativo, com circulação dirigida e gratuita, desenvolvida para o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná.

Conteúdo e comercialização

V3COM

Projeto gráfico e ilustrações

V3COM

Design gráfico e arte final

Marcelo Winck

Redação Gabrielly Domingues da Silva

Jorge de Souza Nathalie Oda

Jornalista responsável

Ari Lemos | MTB 5954

Críticas e sugestões ari@v3com.com.br

Conselho editorial

Carmem Murara

Everton Drohomeretski

Fatima Chueire Hollanda

Marcio Mocellin

Haroldo Andriguetto Júnior

Adriana Veríssimo Karam Koleski

Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista.

ALUNOS PROTAGONISTAS:

UMA CHAVE PARA EDUCAÇÃO CIDADÃ

Professores e comunidade acadêmica precisam criar mecanismos para a promoção da autonomia dentro das salas de aula

Corrente do bem: trabalho conjunto potencializa gestão escolar Coordenações de ensino mais democráticas conseguem maior assertividade na tomada de decisões no dia a dia

PPP: Planejamento que dá resultado nas escolas

O Projeto Político Pedagógico é um instrumento fundamental para construção de um ambiente mais inclusivo e eficiente nos ambientes acadêmicos

ENTREVISTA DO MÊS

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Meio ambiente em sala de aula: trabalho em prol do futuro

Conscientização desde a infância sobre a importância desses cuidados é fundamental para o desenvolvimento sustentável

Inteligência emocional que se ensina e aprende na escola

Para Jane Haddad, o caminho para uma educação mais humana começa com gerenciamento das emoções e relações mais saudáveis

Educação antirracista: os vinte anos da Lei 10.639 Avanços alcançados ao longo das duas últimas décadas ainda estão longe do ideal para a construção de uma educação plural, que reflete a diversidade brasileira

O que vem depois do vestibular?

Evasão escolar é uma das preocupações constantes da comunidade acadêmica. Atuar na prevenção e no acolhimento é dever do Estado e das instituições de ensino

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Sergio Herrero Moraes

Presidente do Sinepe/PR

Caros leitores e leitoras, É com grande satisfação que lançamos a nova edição da Revista Escada. Desta vez, trazemos temas caros à educação nacional e global. Com esses conteúdos, queremos provocar reflexões significativas e contribuir para a evolução do ensino básico e superior no Brasil, fortalecendo a cidadania e a responsabilidade socioambiental das próximas gerações. Um dos temas abordados aqui é a educação antirracista e a importância da Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino de história africana, afrobrasileira e de relações etnico-raciais. Esse é um dos enormes desafios que precisamos enfrentar de frente para combater preconceitos e desigualdades estruturais, tanto dentro como fora das escolas. Afinal, a formação escolar é um dos elementos essenciais no desenvolvimento humano, que impacta diretamente no que somos, em nossos valores, crenças e responsabilidades. Falar sobre educação é falar de futuro. Por isso, convidamos a professora e palestrante Jane Haddad para explicar um pouco sobre a inteligência emocional, habilidade cada vez mais requerida no mercado de trabalho que preci-

sa se tornar uma direcionadora dos processos educacionais. Teremos a alegria de recebê-la no auditório do Sinepe para uma palestra em breve. Com a entrevista, esperamos poder ampliar o alcance dessa reflexão tão fundamental. Ainda buscando caminhos que nos preparam para a educação do futuro, apresentamos discussões sobre a evasão escolar no ensino superior, educação ambiental, gestão escolar democrática, protagonismo dos estudantes e possibilidades para a construção de projetos político pedagógicos mais eficientes. Vale a pena dedicar um tempo para a leitura e reflexão! Convidamos professores, gestores escolares, pesquisadores, estudantes e familiares para um mergulho nas próximas páginas da Revista Escada e também para tornar esse material ainda mais rico, trazendo contribuições, opiniões e contrapontos. Enquanto comunidade escolar e acadêmica, precisamos conhecer o passado, aprender com nossos erros e olhar para frente, buscando construir uma educação cada vez melhor para nossas crianças e jovens. O futuro começa agora! Boa leitura!

Sergio Herrero Moraes

EDITORIAL

SINEPE/PR

Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná www.sinepepr.org.br | www.facebook.com/sinepepr

CONSELHO DIRETOR - GESTÃO 2022/2024

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente Sergio Herrero Moraes

1.º Vice-Presidente Haroldo Andriguetto Júnior

2.º Vice-Presidente Celso Maurício Hartmann

Diretor Administrativo Everton Drohomeretski

Diretor Econômico/Financeiro Cristiano Vinícius Frizon

Diretor de Legislação e Normas Nilson Izaias Pegorini

Diretor de Planejamento Carmem Regina Murara

DIRETORIA DE ENSINO

Diretor de Ensino Superior Adriana Veríssimo Karam Koleski

Diretor de Ensino Médio Felipe Mazzoni Pierzynski

Diretor de Ensino Fundamental Ir. Maria Zorzi

Diretor de Ensino da Ed. Infantil Dorojara da Silva Ribas

Diretor de Ensino dos Cursos Livres Valdecir Cavalheiro

Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Magdal Justino Frigotto

Diretor de Marketing Rogério Pedrozo Mainardes

Diretor de Ensino da Educação Profissional

Técnica de Nível Médio Carolina Caramico Berg

Diretor dos Cursos Pré-Vestibulares Fernando Luiz Fruet Ribeiro

Diretor da EaD Dinamara Pereira Machado

Diretor de Sistemas de Ensino Acedriana Vicente Vogel

Diretor de Ensino de Pós-Graduação Ana Lucia Cardoso Ribeiro

CONSELHEIROS

1.º Conselheiro Fábio Hauagge do Prado

2.º Conselheiro José Mário de Jesus

3.º Conselheiro Angela Silvana Basso

4.º Conselheiro Raquel Adriano Momm Maciel de Camargo

5.º Conselheiro Durval Antunes Filho

6.º Conselheiro Leonora Maria Josefina Mongelós Rossato Pucci

7.º Conselheiro Artur Gustavo Rial

8.º Conselheiro Newton Andrade da Silva Júnior

9.º Conselheiro Josiane Domingas Bertoja

10.º Conselheiro Ricardo de Albuquerque Todeschini

12.º Conselheiro Guilherme Isensee Andrade

13.º Conselheiro Osni Mongruel Junior

14.º Conselheiro Fabrício Pretto Guerra

15.º Conselheiro Marcelo Ivan Melek

16.º Conselheiro Jose Luiz Coimbra Drummond

17.º Conselheiro Daniela Ferreira Correa

CONSELHO FISCAL

Efetivos Suplentes

Dilceméri Padilha de Liz Marta Regina Andre

Marcelo Pereira da Cruz Gisele Mantovani Pinheiro

Luiz Antônio Michaliszyn Filho Charles Pereira Lustosa Santos

DELEGADOS REPRESENTANTES - FENEP

Ademar Batista Pereira

Sergio Herrero Moraes

DIRETORIAS REGIONAIS

REGIONAL CAMPOS GERAIS

Diretor Presidente - Osni Mongruel Junior

Diretor de Ensino Superior - Patrício Vasconcelos e José Sebastião Fagundes Cunha Filho

Diretor de Ensino da Educação Básica - Rosângela

Graboski e Valquíria Koehler de Oliveira

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Bianca

Von Holleben Pereira e Carla Moresco

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas -

Paul Chaves Watkins

REGIONAL CATARATAS

Diretor Presidente - Artur Gustavo Rial

Diretor de Ensino Superior - Fábio Hauagge do Prado

Diretora de Ensino da Educação Básica - Edite Larssen

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ana

Paula Krefta

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/Idiomas -

Lucimar Neis

REGIONAL CENTRAL

Diretor Presidente - Dilceméri Padilha de Liz

Diretor de Ensino Superior - Roberto Sene

Diretor de Ensino da Educação Básica - Cristiane

Siqueira de Macedo e Juelina Marcondes Simão

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ir.

Roselha Vandersen e Ir. Sirlene N. Costa

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasMarcos Aurélio Lemos de Mattos

REGIONAL SUDOESTE

Diretor Presidente - Fabricio Pretto Guerra

Diretor de Ensino Superior - Ivone Maria Pretto

Guerra

Diretor de Ensino da Educação Básica - Velamar

Cargnin

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Márcia

Fornazari Abasto

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasVanessa Pretto Guerra Stefani

REGIONAL OESTE

Diretora Presidente - Marta Regina Andre

Diretora de Educação Infantil - Sônia Regina Spengler Xavier

Diretor de Educação Básica - Valmir Gomes

Diretor de Ensino Superior - Gelson Luiz Uecker Cursos Livres/idiomas - Denise Veronese

REGIONAL LITORAL

Diretor Presidente - Luiz Antonio Michaliszyn Filho

Diretor de Ensino Superior - Ivan de Medeiros

Petry Maciel

Diretor de Ensino da Educação - Básica (Ensino

Fundamental)- Selma Alves Ferreira

Diretor de Ensino da Educação Básica (Ensino

Médio) - Mirian da Silva Ferreira Alves

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Lilian R.

M. Borba

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasLiliane C. Alberton Silva

EXPEDIENTE

Corrente do bem: trabalho conjunto potencializa gestão escolar

Coordenações de ensino mais democráticas conseguem maior assertividade na tomada de decisões no dia a dia

Por Jorge de Souza

A comunicação é uma das habilidades primordiais ao ser humano, mas nem sempre ela é bem aplicada nas relações diárias. Dentro das escolas, esse aspecto também pode ser um desafio quando ocorrem falhas no diálogo entre diretores e gestores com professores e entre educadores e alunos.

“A escuta dentro da escola é fundamental. Seja dentro do grupo de educadores, de maneira geral, como também dos professores com os alunos. Quando a gente consegue estabelecer diálogos, a gestão do processo educacional torna-se mais democrática e assertiva. Precisamos ter um tempo reservado para que esses diálogos aconteçam. Com os professores, por exemplo, é necessário implantar uma rotina de organização e planejamento, incluindo momentos de trocas e conversas significativas”, explica Ana Paula Detzel, coordenadora da Educação Infantil do Marista Santa Maria.

Foto: freepik.com
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É fundamental que os gestores compreendam a importância da relação democrática em todos os níveis das escolas. Quando diferentes pontos de vista são ouvidos e considerados, muitos problemas cotidianos podem ser solucionados de forma mais efetiva e a tomada de decisão se torna mais inteligente. “Conforme as coisas vão acontecendo dentro da escola e as necessidades vão surgindo, é importante que o gestor tenha o hábito de fazer as trocas, envolvendo a opinião dos professores. Hoje em dia temos muitos recursos para isso, mesmo não estando presencialmente, podemos utilizar a tecnologia a nosso favor, possibilitando o debate em encontros presenciais ou virtuais”, prossegue Detzel.

E essa prática também se estende aos estudantes: é fundamental que as escolas abram espaço para que os alunos possam se manifestar. Esse retorno auxilia na resolução de conflitos, que muitas vezes os gestores e educadores não conseguem sequer observar, tornando o ambiente escolar mais harmônico e saudável.

“A democratização de ideias só traz resultados positivos. Gestões fechadas sem espaço para diálogos resultam em decisões unilaterais. Quando envolvemos todas as pessoas que fazem parte do processo, as decisões são mais justas,

ricas e próximas da realidade da escola, trazendo à tona questões do dia a dia da sala de aula”, complementa.

A troca de ideias também é benéfica para os estudantes, que podem construir uma visão mais crítica sobre a escola, compreender melhor o papel que exercem como alunos e até planejarem e desenvolverem ações para melhorar o ambiente escolar, a relação com os colegas e professores e a conservação dos espaços comuns. Esse aprendizado também tem grande importância para o dia a dia dos jovens, afinal, o fomento de uma consciência coletiva desenvolve cidadãos ativos e preparados para a construção de uma sociedade justa e igualitária. “Quando realizamos a escuta ativa com os alunos, garantimos uma parceria de trabalho. Eles se sentem pertencentes ao espaço e, consequentemente, passam a se comportarem de forma mais próxima, prazerosa e até afetiva com o ambiente escolar. A grande lição da escuta ativa dentro da escola é que todos fazem parte do mesmo processo e não estão de lados opostos. Mesmo com funções diferentes, caminhamos em prol do bem comum”, finaliza a coordenadora.

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Alunos protagonistas: uma chave para educação cidadã

Professores e comunidade acadêmica precisam criar mecanismos para a promoção da autonomia dentro das salas de aula

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A educação tem um papel central na construção social, com as escolas sendo parte integral da formação cidadã. Mas para isso é fundamental promover a autonomia dos estudantes no dia a dia escolar, estimulando que crianças e jovens convivam em um ambiente democrático e entendam a importância dos direitos e deveres dentro da sociedade. Isso porque a educação não é apenas a base intelectual dos alunos, ela permite o desenvolvimento social e formação do ser humano - o que também implica na construção de um futuro mais humano e justo, por meio do senso crítico e da liberdade de ideias e pensamentos.

“A autonomia dos estudantes nas decisões acadêmicas e cotidianas relaciona-se com a sua proatividade para resolver problemas, aprender a aprender e criar caminhos para aprendizagem. Algumas ações pedagógicas contribuem para esta autonomia, como a presença de metas, que deixam claro o que se espera, aspectos e tempo a serem executados, para que os estudantes possam se sentir mais seguros ao realizar suas atividades”, explica Roseni Rudek, coordenadora pedagógica dos anos finais e ensino médio do Colégio Dom Bosco Batel.

“É fundamental favorecer situações de diálogo para que os estudantes se sintam mais acolhidos e respeitados”
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Todos esses conhecimentos são fundamentais em uma sociedade com mudanças sociais, econômicas e tecnológicas cada vez mais velozes. É preciso que os jovens adquiram habilidades que permitam melhores interações dentro e fora dos ambientes onde estão inseridos, sempre prezando por escolhas éticas e morais. No geral, as escolas e demais centros de ensino são os primeiros ambientes de socialização das crianças, onde começam a desenvolver habilidades sociais fundamentais para o desenvolvimento humano, como a construção da identidade e personalidade. A partir da convivência com outros indivíduos, essas crianças aprendem valores importantes como o respeito e a tolerância - fatores primordiais para a construção de uma sociedade mais igualitária.

“A escola é fundamental na formação cidadã dos estudantes. O espaço escolar deve possibilitar e favorecer a expressão, partilha de informações, ideias e sentimentos, produzindo sentidos que levem ao entendimento mútuo. Os estudantes devem formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns, com base em direitos humanos, consciência socioambiental e ética”, prossegue Rudek.

Enquanto espaço de socialização, as escolas têm o papel de criar espaços de aprendizagens respeitosos, com acolhimento e valorização da diversidade, tomando decisões com base em princípios democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

“É fundamental favorecer situações de diálogo para que os estudantes se sintam mais acolhidos e respeitados. Isso também contribui para ampliar a compreensão daquilo que é dito por outras pessoas, com abertura, ponderação e respeito. Nesse processo, o uso de metodologias ativas ajudam a estreitar a comunicação entre estudantes e escola, pois incentivam o aprender de forma autônoma e participativa, como em metodologias da sala de aula invertida, gamificação, estudos de caso e simulações”, contextualiza Rudek.

A partir dessas construções, os estudantes desenvolvem uma visão global

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“A escola é fundamental na formação cidadã dos estudantes. O espaço escolar deve possibilitar e favorecer a expressão, partilha de informações, ideias e sentimentos, produzindo sentidos que levem ao entendimento mútuo”

para de fato assumirem seus papéis de cidadãos. Seja no combate ao preconceito, no zelo com os patrimônios públicos e até mesmo no voto. Ou seja, as atividades escolares empoderam e preparam para o futuro, respeitando as individualidades de cada estudante. Portanto, é necessário que os professores ofereçam diferentes ferramentas para apoiar o processo de aprendizagem, além de acompanhar o desenvolvimento de cada aluno e fomentar a busca por novos métodos que contribuam para solucionar desafios.

“O ensino tradicional ainda é ampla-

mente utilizado, com fragmentações no processo ensino-aprendizagem, o docente assume um papel de transmissor de conteúdos e ao estudante cabe a retenção e a repetição, tornando-se mero espectador, sem a necessária crítica e reflexão. É necessário romper essa lógica do professor como o centro do processo de aprendizagem. Os estudantes precisam reconhecer a importância e utilizar o conhecimento para a tomada de decisões individuais e coletivas, colocar ideias em prática, aprendendo com erros e acertos”, finaliza Rudek.

PPP: Planejamento que dá resultado nas escolas

O Projeto Político Pedagógico é um instrumento fundamental para construção de um ambiente mais inclusivo e eficiente nos ambientes acadêmicos

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Por Jorge de Sousa

O trabalho em conjunto dentro da comunidade escolar é fundamental para a criação de um ambiente mais inclusivo e eficiente, onde alunos, professores e coordenação acadêmica caminhem para o mesmo lado em prol da educação. Uma das principais ferramentas que possibilitam esse avanço é o Projeto Político Pedagógico (PPP), documento que aponta as responsabilidades e o papel dos agentes educacionais no cumprimento das metas de cada instituição.

É o PPP que define a intenção e as estratégias de cada escola, servindo como diretriz para a gestão para torná-la mais eficiente por meio da organização das atividades pedagógicas. Ele é construído considerando o contexto socioeconômico da localidade em que a escola está inserida.

“O Projeto Político Pedagógico é o coração da escola. Nele deve constar a essência e a intencionalidade pedagógica da instituição, bem como a descrição do papel de cada um - educadores, estudantes, famílias - no ecossistema de aprendizagem. É por meio de um PPP consistente e vivo que a escola se torna potente e cumpre a sua função social de contribuir para a formação integral dos estudantes”, explica Maria Fernanda

Suss, Gerente-Geral do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento dos colégios do Grupo Positivo (CIPP).

O PPP só consegue ser inserido de forma prática na rotina dos estudantes quando

“O Projeto Político Pedagógico é o coração da escola. Nele deve constar a essência e a intencionalidade pedagógica da instituição, bem como a descrição do papel de cada um - educadores, estudantes, famílias - no ecossistema de aprendizagem”

eles ocupam um papel central, não apenas com foco no desenvolvimento pedagógico, mas também com a responsabilidade de ser agente integrante na construção da proposta. Assim, os alunos também se desenvolvem de forma social, tendo participação ativa no desenvolvimento do documento. Volatilidade é uma das características mais importantes do PPP: as propostas inseridas nesse material não são imutáveis e sim ajustáveis de acordo com as demandas socioeconômicas da comunidade acadêmica, evitando que fatores externos possam prejudicar o desenvolvimento dos alunos. “Por se tratar de um documento vivo e, portanto, inacabado, é necessário que se considere, constantemente, as imprevisibilidades surgidas ao longo do caminho, aprendendo com elas, para que seja possível ressignificar e rever as rotas estabelecidas”, prossegue Suss.

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O PPP é fundamental para que as escolas possam criar parâmetros para avaliações internas e estratégias de curto, médio e longo prazo. Esses indicadores deixam claro que esse documento não pode ser considerado apenas como uma formalidade pela comunidade acadêmica, mas sim uma peça imprescindível para o desenvolvimento escolar, norteando a identidade dos centros de ensino.

A elaboração desse documento precisa ser feita de forma minuciosa, sem esquecer o cenário socioeconômico da localidade. Portanto, o mapeamento deve levar em conta os perfis de alunos, familiares, professores e demais funcionários, com a inserção de questionários que ajudem a comunidade acadêmica a estabelecer um plano de ação e metas.

O mapeamento também irá auxiliar as escolas na criação de uma identidade própria, permitindo melhor entendimento dos valores e virtudes fundamentais para serem colocadas no dia a dia acadêmico, seja na relação com os alunos e familiares, mas também dentro de toda a cadeia de funcionários da comunidade escolar.

“Promovendo a integração de todos que fazem parte da comunidade escolar nas ações que permeiam o Projeto Político Pedagógico da instituição, fortalecemos o engajamento e o sentimento de pertencimento de todos os envolvidos na comunidade escolar que, consequentemente, nesta atmosfera, passam a atuar de forma intencional para o fortalecimento do projeto pedagógico da escola”, finaliza a gerente-geral.

Passo a passo para a construção do PPP:

• Identificação da instituição: relatar, além da história, a composição do corpo docente e administrativo;

• Princípios, missão e valores: importante que sejam diretos e condizentes com o restante do PPP;

• Panorama do público: o perfil dos estudantes que a escola atende, bem como das suas famílias;

• Dados atualizados: desde o número de alunos que a escola tem, passando pela média de aprovações e notas;

• Recursos disponíveis: humanos, físicos e tecnológicos. Uma descrição minuciosa para que a comunidade escolar saiba o que a escola já tem e o que ainda precisa;

• Diretrizes pedagógicas: o conteúdo, o método de ensino e das avaliações que serão utilizados;

• Plano de ação com prazos e metas: informações claras e objetivas de como serão desenvolvidos os projetos escolares para um ensino de qualidade, bem como, quais as tratativas em caso de um desempenho insuficiente;

• Após tudo isso, é necessário que se engaje toda a comunidade escolar para a produção do PPP, o que não se limita apenas aos professores e demais profissionais da instituição, mas engloba também alunos, pais e familiares.

Trabalhar de forma colaborativa pela voz ativa de todos, com uma discussão democrática para a produção desse documento que será seguido por todos.

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Meio ambiente em sala de aula: trabalho em prol do futuro

Conscientização desde a infância sobre a importância desses cuidados é fundamental para o desenvolvimento sustentável

Por Jorge de Souza

Como um desafio global, o enfrentamento das emergências climáticas e ambientais é um tema que precisa estar presente em toda a formação humana e educacional. Educação ambiental é um aspecto fundamental para gerar consciência crítica, demonstrando os desequilíbrios na relação entre o ser humano e a natureza. Desde muito cedo, podemos transmitir a mensagem de que mudanças em atitudes individuais são imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável, estimulando hábitos mais conscientes.

“As escolas e centros de educação têm extrema importância no desenvolvimento social e cívico dos jovens, desde as séries iniciais até a conclusão do ensino médio.

Essas instituições de ensino devem garan-

tir e facilitar ambientes de aprendizado que vão além do conteúdo quer formal ou informal, trabalhando valores éticos, morais e culturais e ambientais”, explica Carlos Gomes, professor do ensino médio do Colégio Bagozzi.

Trata-se de um processo gradual: a partir de informações e troca de ideias entre professores e alunos, a educação ambiental passa a ser uma ferramenta de mudança. Assim, a preocupação e o respeito pelo meio ambiente passa a ser incorporado no subconsciente e multiplicado dentro de casa.

“É na escola que aprendemos regras de convivência e valores como respeito aos colegas e professores, responsabilidade e honestidade, além de habilidades como o

Foto: freepik.com
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trabalho em equipe. As escolas também são responsáveis por estimular o desenvolvimento da consciência cívica, ensinando direitos e deveres dos cidadãos, importância da participação política e valorização da diversidade cultural. Isso precisa ser feito com o envolvimento da família em todos os momentos”, prossegue Gomes. Ou seja, todo o trabalho de conscientização dos estudantes acaba por se tornar um catalisador dentro de cada comunidade. Os conhecimentos adquiridos na escola são disseminados dentro das casas, bairros e cidades. Por isso, é tão importante que os educadores estejam preparados. “O trabalho de conscientização com as futuras gerações é fundamental para a preservação imediata e a longo prazo. Afinal, os alunos de hoje terão a responsabilidade de construir o mundo de amanhã e precisamos cada vez mais de pessoas sensíveis às questões ambientais. Se os alunos entenderem que a natureza é parceira para a vida toda, evoluímos enquanto sociedade”, complementa Gomes.

Portanto, cabe a cada escola e centro de ensino fomentar desde a educação básica as discussões sobre sustentabilidade. Independente de qual disciplina for escolhida, esses debates são vitais para a formação de cidadãos conscientes, que compreendem o seu papel dentro da sociedade e se preocupam verdadeiramente com o futuro.

“Saber preservar o ambiente desde cedo faz com que se crie uma consciência ecológica por toda a vida. Precisamos garantir para todos e todas um futuro sustentável e isso com certeza passa pelas escolas”, finaliza Gomes.

Como

promover a educação ambiental nas escolas?

Confira quatro temas que podem ser utilizados para estimular a consciência e o respeito ao meio ambiente:

1. Incentivar a prática da reciclagem e gerenciamento de resíduos: a escola pode mostrar a importância da reciclagem e da reutilização na prática, além de explorar formas de dar vida nova aos resíduos.

2. Promover o uso consciente de recursos naturais: incentivar o uso responsável de recursos, como água e energia traz benefícios ao planeta e às escolas.

3. Sustentabilidade multidisciplinar: é possível incluir conteúdos sobre sustentabilidade em todas as disciplinas ou até desenvolver projetos que envolvam diferentes níveis de ensino, como feiras de ciências, semanas culturais e visitas.

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Educação antirracista: os vinte anos da Lei

10.639

Avanços alcançados ao longo das duas últimas décadas ainda estão longe do ideal para a construção de uma educação plural, que reflete a diversidade brasileira

Em janeiro de 2023, a Lei 10.639 completou vinte anos de existência. Essa é a regulamentação que tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nos currículos escolares, resgatando a contribuição negra na história do Brasil. Contudo, é um engano pensar que a lei marca o início da busca por uma educação plural, igualitária e, principalmente, antirracista. A luta dos povos negros por seus direitos vem de um Brasil colonial, com movimentos de resistência que já davam indícios da necessidade de contar a história de um país diverso, sem apagar questões de raça ou etnia. Mais adiante, em tempos de ditadura militar e redemocratização, pensadores como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Azoilda Loretto da Trindade e Nilma Lino já traziam reflexões sobre a educação das crianças em perspectiva antirracista. Ou seja, de uma forma ou de outra, o tema sempre esteve presente, mesmo que ainda sem furar a bolha dos ambientes acadêmicos.

“A criação da Lei 10.6239/2003 só foi possível porque durante todo o século passado houve um movimento social negro na rua e entre profissionais da educação, que trabalhavam isoladamente com seus alunos, promovendo iniciativas de educação das relações étnico-raciais”, analisa Maria das Graças Gonçalves, doutora em educação pela USP, pesquisadora em equidade racial na educação e formação de professores e

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Por Gabrielly Domingues

consultora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). De acordo com a pesquisadora, nos mais de 20 anos da legislação, alcançamos muitos avanços, mas estamos ainda muito longe do que desejamos. Entre os entraves que impedem a priorização de uma formação integral e cidadã, que inclui questões etnico-raciais, estão a falta de tempo e organização para o estudo e planejamento do tema, a inserção concreta do tripé História da África, História Afro-Brasileira e Indígena e Educação para as Relações Étnico-Raciais no Projeto Político Pedagógico das escolas, a falta de protocolos antirracistas nos regimentos internos escolares e a pouca abertura das escolas para a diversidade. “Temos diretrizes nacionais, temos muito material de trabalho, literatura, marcos legais para a formação inicial dos educadores. Porém, a lei continua sendo adotada como movimento de sensibilização e adesão, mas a lei é uma obrigatoriedade e não uma opção. É urgente aprimorar a formação inicial e continuada dos educadores, pois não se consegue avançar mais sem instrumentalizar professores. Precisamos trabalhar o currículo escolar para que traga a todos o sentimento de pertencimento, pluralidade cultural, sensibilidade para olhar as especificidades locais, história e cultura do espaço onde a escola está inserida e, sem dúvidas, ter orçamento para implementar as ações afirmativas. Afinal,

não se faz nenhuma mudança sem financiamento”, pontua. Como responsáveis pela condução do trabalho técnico e pedagógico, os gestores escolares têm um papel fundamental na evolução da educação antirracista. Ao lado de toda a equipe pedagógica, é necessário que esses profissionais compreendam a agenda histórica do negro, entendendo que ela é importante para a sociedade como um todo e não apenas para uma parcela da população. Investimentos na formação inicial e continuada também são imprescindíveis, especialmente para reduzir indicadores de evasão e repetência, que também estão associados ao racismo. “Todos os indicadores sociais são influenciados pelo racismo. Não adianta falar em desempenho, índices de evasão e repetência e dificuldades de aprendizagem sem falar de racismo. Hoje, a escola é uma estrutura de reprodução do racismo e das desigualdades. Sem combater o racismo educacional, não conseguiremos jamais uma educação de qualidade pra nossos irmãos negros. Não constrói educação sem coração aberto, sem afeto, sem ouvido atento”, finaliza.

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“Não constrói educação sem coração aberto, sem afeto, sem ouvido atento”

O que vem depois do vestibular?

Evasão escolar é uma das preocupações constantes da comunidade acadêmica. Atuar na prevenção e no acolhimento é dever do Estado e das instituições de ensino

Ingressar em uma universidade raramente é um caminho fácil. Os estudos, as noites sem sono, os simulados e o tão temido vestibular são apenas o começo de um percurso bastante desafiador e poucos se atentam ao que se inicia após a aprovação. Entre fatores de contexto acadêmico, pessoal e profissional, a evasão no ensino superior é uma preocupação real tanto para as instituições, quanto para a sociedade como um todo em nível mundial.

Segundo o Censo da Educação Superior realizado pelo Inep, a trajetória dos estudantes resultou em 59% de desistências em 2021. Os dados de monitoramento apresentam a evolução de indicadores de alunos no curso de ingresso desde 2012. Os números específicos revelam que a

diferença da taxa de desistência entre as modalidades presencial e a distância é de apenas três pontos percentuais: 59% e 62%, respectivamente. Enquanto a diferença entre as universidades estaduais e privadas é 13 pontos percentuais: 48% e 61%, respectivamente.

De acordo com Juciméri Silveira, socióloga e professora do curso de pós-graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a permanência dos estudantes no ensino superior tem relação direta com condições materiais e socioemocionais. “As universidades precisam avançar em políticas de apoio e assistência, de modo a garantir uma educação integral”, observa a especialista.

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Por Nathalie Oda

Causas de evasão

A decisão de deixar um curso acadêmico depois de todo o esforço aplicado para conseguir a vaga não é simples. A necessidade e a vontade são colocadas na balança. “A vulnerabilidade social e fatores como o racismo, o preconceito e demais expressões de desigualdade são variáveis que precisam ser consideradas quando refletimos sobre os motivos da evasão escolar”, aponta. Jovens que dependem de um emprego para arcar com os custos da faculdade, de uma hora para a outra, se vêem perante um cenário complexo em que a subsistência anula as chances de uma formação acadêmica. Mulheres que precisam conciliar maternidade e formação também podem viver um grande dilema, especialmente com a ausência de uma rede de apoio presente. O estudo aponta também que os números têm grande variação entre alunos que possuem auxílios governamentais, como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). A taxa de desistência, nesses casos, é de 38% em comparação aos 63% que não possuem o Fies. Diante de casos tão variados, as possíveis estratégias para diminuir as taxas de evasão também são complexas.

Métodos de prevenção

Se o panorama de evasão já é uma realidade, cabe ao sistema e às instituições a elaboração de planos de incentivo à permanência no ensino superior. Para Silveira, a implementação de programas continuados de apoio aos estudantes deve abran-

ger serviços sociais e psicológicos, além de atividades preventivas de atendimento interdisciplinar. “É importante que toda a comunidade acadêmica esteja preparada para o acolhimento da diversidade e de situações que possam oferecer dificuldade para a permanência”, acrescenta.

Fora do âmbito familiar, os professores, orientadores e demais profissionais do meio são também responsáveis pelo incentivo de políticas de assistência estudantil voltadas aos que apresentam vulnerabilidades sociais, além da educação em direitos humanos, arte, cultura, convivência e oportunidades de inserção em projetos de pesquisa e extensão.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE, o percentual da população com ensino superior completo passou de 17,5% em 2019 para 19,2% em 2022. Os dados apontam um crescimento relevante, mas que, na contabilização final, vão de encontro aos números de evasão citados acima. Por isso, a socióloga reforça o efeito positivo de políticas integradas, com maior impacto social.

Diante das especificidades de cada indivíduo e seu contexto social, a profissional afirma a necessidade do governo e das organizações privadas empreenderem esforços para a melhoria do desenvolvimento humano. “A escolaridade e renda são fatores muito importantes para a mobilidade social e promoção de condições para uma sociedade humanamente diversa e socialmente justa”, conclui.

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Educar é uma das mais nobres atividades humanas. A função de transmitir aqueles conhecimentos e habilidades que serão determinantes para o futuro de outros indivíduos é capaz de gerar impactos transformadores em toda sociedade. Como toda ocupação intrinsecamente humana, a educação exige muito mais do que o domínio de conteúdos e assuntos específicos para cada etapa de ensino. É preciso ter criatividade, empatia, paciência, motivação, autocontrole e, principalmente, uma alta capacidade de gerenciar emoções com inteligência e de criar relações saudáveis e construtivas. É esse conjunto de atributos que chamamos de inteligência emocional. Proposto pelo psicólogo americano Daniel Goleman em 1986, o termo inteligência emocional é definido como a capacidade de identificar sentimentos próprios e dos outros, de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos. Cada vez mais valorizado por recrutadores, esse grupo de habilidades é

Inteligência emocional que se ensina e aprende na escola

Para Jane Haddad, o caminho para uma educação mais humana começa com gerenciamento das emoções e relações mais saudáveis

ENTREVISTA DO MÊS
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Foto: Divulgação

bastante requisitado no mercado de trabalho, independente da área. Dentro da escola, não poderia ser diferente: a inteligência emocional é um fator essencial para a criação de relações mais humanas, respeitosas e construtivas entre professores, alunos e demais membros da comunidade escolar. Para trazer um panorama sobre a inteligência emocional nas escolas e explicar a relevância do desenvolvimento desse conjunto de habilidades para o futuro, entrevistamos a professora e palestrante Jane Haddad, mestre em educação que defende uma revisão na forma de educar, dando o devido valor à subjetividade humana e deixando de reduzi-la apenas ao aspecto cognitivo.

Para começar, o que significa inteligência emocional e como ela pode ser aplicada dentro de ambientes escolares e acadêmicos?

Jane Haddad: Há muito tempo, o mundo e a sociedade vem se debruçando em explicar como o ser humano se torna humano e a inteligência emocional percorre essa reflexão. São habilidades que dizem muito sobre ser e estar no mundo. Fala-se muito dela mas pouco se pratica, especialmente em momentos de crise.

O mundo está refletido nas escolas e o que vemos hoje são ambientes escolares que dão muito mais respostas do que perguntas, mas esse modelo já não funciona mais. Precisamos nos reinventar e, principalmente, mudar a forma como tratamos nossos semelhantes. Nossas crianças estão sempre tentando nos ensinar o quanto se importam com os outros

há muito tempo, mas pouco aprendemos com elas. Nem ao menos valorizamos esse cuidado das crianças: em algum momento, começamos a treiná-las para guardar sentimentos, não expressar raiva, não emprestar o que é seu… Para mim, isso precisa avançar. Precisamos entender que alteridade, empatia e respeito só são ensinados na prática, no fazer diário, nas situações que nos deparamos a todo momento.

Nossas escolas não podem mais encarar a questão da inteligência emocional como uma opção. Ela é a rota principal para tempos incertos e a história da humanidade nos mostra isso. Sabemos que a humanidade é capaz de atrocidades que não podemos negar. Então, façamos diferente. Vamos nos demorar mais no essencialmente humano, desacelerar crianças e jovens que já pensam ser máquinas. Vamos desmedicalizar a vida e aprender a lidar com ela, com suas privações, ganhos, frustrações e exemplos.

O momento atual exige um olhar bem mais ampliado sobre a constituição de sujeito. Quem somos nós nessa enorme engrenagem chamada sociedade, chamada escola?

Como os professores podem desenvolver essa habilidade? E como ela pode auxiliar no dia a dia dos docentes?

Jane Haddad: A equipe pedagógica é composta por seres humanos que lidam com outros humanos. Cuidar de si, em todos os sentidos, permitirá cuidar dos outros, lembrando que o cuidado também envolve privar o outro, pois o excesso de amor é tão nocivo como a falta desse sentimento.

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Por que essa habilidade é cada vez mais importante para a educação do futuro?

Jane Haddad: A educação do futuro é consequência do que estamos fazendo e sendo no presente. Penso que com o boom tecnológico, poderemos delegar nossos afazeres burocráticos e mecanizados às máquinas. Em contrapartida, nos dedicaremos mais na humanização das nossas relações sociais e pedagógicas. O futuro dependerá do nosso olhar frente à decisão de fazermos um novo pacto civilizatório. O mínimo que a escola deve investir é no compartilhamento de saberes e no despertar de crianças e jovens. Por que essa nova geração não nos ouve, por exemplo? Porque estamos vivendo em um contexto de mudanças hierárquicas, não existe mais a relação de mandar e obedecer, os alunos vão prestar atenção naquilo que acreditam. Por isso, costumo perguntar aos professores: “vocês acreditam naquilo que fazem?”. Quero provocar que todos entendam a importância de falar com um sentido de causa, sem palavras vazias.

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O mundo está refletido nas escolas e o que vemos hoje são ambientes escolares que dão muito mais respostas do que perguntas, mas esse modelo já não funciona mais.

Calendário de eventos

Semana Pedagógica Moonshot Educação

Quando: de 24 a 28 de julho e de 07 a 11 de agosto, às 19h

Onde: Sinepe-PR, em Curitiba

Palestra Gestão Administrativa e Financeira para Serviços Educacionais

Quando: 03 de agosto, às 09h

Onde: Sinepe-PR, em Curitiba

Palestrante: Antônio Eugênio Cunha

Novas associadas

Inteligência Emocional de Educadores

Quando: 17 de agosto, às 19h

Onde: Sinepe-PR, em Curitiba

Palestrante: Jane Haddad

• 10/04/2023 | Instituto Betel, de Francisco Beltrão

• 28/04/2023 | Colégio Positivo Master, de Ponta Grossa

• 22/06/2023 | CEI Pingo de Gente, de Guarapuava

• 28/06/2023 | Terra Mãe, de São José dos Pinhais

• 28/06/2023 | Instituto Casagrande, de Curitiba

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