O trabalho que agora se publica sugere obras literárias numa perspetiva plural: desde as escolhas para além das diretrizes programáticas, até à proposta de algo inusitado, paradoxal, como indicia o título do primeiro capítulo. Na realidade, a educação de surdos carece de uma abordagem aberta e transdisciplinar e esta obra tem o arrojo de propor isso mesmo. O ensino de Português como língua segunda é fundamental e está estatutariamente reconhecido, porém, está na altura de ser um ensino digno, sólido e em equidade. As crianças e jovens surdos não precisam do Português apenas como ferramenta de comunicação. A comunidade surda deve conhecer a riqueza literária do seu país, acedendo de forma plena à cultura nacional. Desta forma, é salutar propor o domínio da educação literária também para crianças surdas. Contudo, e como este livro o demonstra, é necessário ter em mente os ensejos das crianças e as suas expetativas, por isso, o acesso à literatura deve considerar a vertente bilingue e, até, ultrapassar as...