O ambiente no apartamento de João Atílio não dava indícios de que houvera algum tipo de luta no local. O jogo de cadeiras de madeira da índia na varanda, de onde Luciana caiu, estavam alinhadas e não foi encontrado vestígios de sangue no local, pelo menos não a olho nú, mas os peritos não tinham equipamentos capazes de identificar vestígios de sangue em superfícies já limpas. Também é preciso lembrar que João ficou sozinho no apartamento do momento em que Luciana caiu até a hora que o delegado resolveu subir até a residência. Outro ponto bastante enfatizado pelo perito Amilcar foi de que, em casos de suicídio de onde a pessoa se joga de grandes alturas, ela tende a escolher o ponto em que vai cair. Mesmo tendo como objetivo a morte, inconscientemente a tendência é a escolha de um local aberto, sem obstáculos entre o ponto inicial e o chão. Não foi o caso de Luciana, que bateu primeiro no teto da guarita antes de chegar ao solo. - No subconsciente, a pessoa acha que ainda vai se machucar muito, então escolhe um lugar limpo, um gramado, uma calçada, alguma coisa desse tipo. Ali, aparentemente ela escolheu um lugar possível, mas na hora de cair ela tinha uma opção bem melhor. Caso ela tivesse pulado, pelo que a gente calculou, seria próximo da guarita, ela saberia que iria cair ali em cima e ia bater na guarita. Isso aí não é natural, o mais natural seria ela escolher um outro lado que cairia na área livre, sem nada que interrompesse a queda - disse Amilcar.