VOZ-LEVANTE Mari Vieira
encontrar sua voz As mortes por Covid-19 atingiram um índice alarmante no Brasil. Ficar em casa mais que recomendação é necessidade para evitarmos a piora do cenário. No entanto, o que seria proteção tem se revelado um sofrimento terrível para muitas mulheres no mundo todo. No Brasil, as denúncias ao 180 subiram cerca de 40%, somados aos números de feminicídios temos uma pandemia dentro da pandemia cujas vítimas são mulheres. As notícias me rememoram Virginia Woolf que afirma “uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu, um espaço próprio, se quiser escrever ficção”. A mulher tem essas necessidades para exercer qualquer trabalho, para realizar qualquer conquista, além de sobreviver as demandas do mundo pandêmico. Sob o julgo de companheiros violentos a segurança das mulheres está ainda mais ameaçada durante o confinamento, além de enfrentarem o empobrecimento com a perda de empregos.
O início da vacinação sinaliza para um novo normal, mas, e para as mulheres quando será possível uma vida sem violência? No livro, Quarto de despejo - diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus fala de sua rotina e relata as agressões à algumas vizinhas: “O senhor Alexandre começou a bater na esposa. (...) Ele dava ponta-pé nos filhos. Quando ele ia enforcar a Dona Nena, a Dona Rosa pediu socorro”. Quantas Donas Nenas, neste Brasil de 2021, estão convivendo diariamente com a violência?
Continua na próxima edição.
nº.23
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Escritores brasileiros contemporâneos
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Março/2021
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