Se fizéssemos uma dessecação normal através de glufosinato iríamos prejudicar as plantas de azevém e aveia, comprometendo também a pastagem já implantada, que estavam apresentado um ótimo desenvolvimento. Após consulta à área técnica decidiu-se aplicar um maturador fisiológico que iria controlar as folhas largas e causar injurias severas às folhas estreitas, porém se fosse aplicado nas plantinhas semeadas também iria causar problemas e comprometer todo o trabalho já realizado. Não podíamos aplicar e “pegar” a pastagem lá embaixo, ao nível do solo. Realmente uma situação difícil de ser resolvida com uma aplicação normalmente usada.
O que fazer? Vamos fazer uma péssima aplicação!!! Após definirmos dosagens e técnica de aplicação chegamos a conclusão que iriamos precisar de um vento moderado do quadrante sul, para evitar deriva em áreas vizinhas, usaríamos baixa taxa de aplicação, gotas extremamente grossas, voaríamos mais alto que o habitual para uma aplicação aérea, buscando com isso um ângulo de 45º na faixa de deposição efetiva, contando com o efeito “guarda-chuva” que a própria cultura da soja e as invasoras mais altas iriam propiciar, protegendo as plantinhas de azevém e aveia rente ao chão. Voaríamos com aeronave Air Tractor para fazermos o mais rapidamente possível observando os parâmetros previamente definidos. Esperamos por 3 dias para que as condições metereológicas fossem adequadas quanto ao vento. As 11 horas da manhã ele soprou na intensidade adequada para aquela aplicação. Após fazermos fumaça no centro da área, munidos de rádio de comunicação autorizamos a decolagem, e logo nas primeiras passadas brincamos com o piloto que sairia 36 | agairupdate.com | Português
da área pois a “chuva” de gota grossa iria quebrar o parabrisa da camioneta. Isso nos leva a reafirmar uma máxima aprendida durante muitos anos como aplicador “Sempre tem o jeito certo de fazer as coisas, as vezes é não fazer”, ou seja, muitas vezes precisamos esperar a condição ideal para uma péssima (nesse caso específico) ou para uma ótima aplicação (o que visamos sempre). É preferível em condições que não sejam as ideais não aplicar do que correr riscos com uma aplicação deficiente. Já perdemos cliente no afã de atendê-lo, pois o resultado não foi o esperado. Com a postura de não aplicarmos em algumas situações, preservamos a integridade da empresa e a confiança do cliente em nosso trabalho fica reforçada a sua confiança. Conhecimento técnico também é fazer a coisa certa na hora certa.
Resultado Conseguimos fazer a “péssima aplicação” de que precisávamos, emparelhamos a soja para colheita que, mesmo com as adversidades do tempo foi ótima, exterminamos as folhas largas como buva, picão, caruru e outras tantas invasoras, e de quebra estamos com as pastagens implantadas prontas para o uso, é só concluirmos a colheita e o gado seguirá utilizando a área. Dessa forma conseguimos ganhar 40 dias de pastejo. Como dizia o Tio Patinhas, tempo é dinheiro.
Conclusão Em muitas ocasiões os aviões são acionados para resolver problemas onde a situação já está praticamente fora de controle e a produção seriamente comprometida, mesmo quando acionados como bombeiros para literalmente “apagar o fogo”, a aplicação aérea quando bem planejada e executada é fator determinante para uma boa produtividade, é uma ferramenta fundamental para incrementos à produtividade e salvaguardarmos dos nossos cultivos.