Revista Kéramica n.º 366 Setembro / Outubro 2020

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nº366 Publicação Bimestral €8.00

Edição Setembro/Outubro . 2020

KÉRAMICA revista da indústria cerâmica portuguesa

INOVAÇÃO



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Index

Editorial . 03

Inovação . 26 Prémio Inovação Jovem Engenheiro 2020

Destaque . 04

Entrevista . 27

A Transição para uma Indústria 4.0 está no bom caminho

À Conversa com Manuel Tedim Maia, Diretor Geral da Cerâmica Vale da Gândara

Te c n o l o g i a . 0 7 7 Plano Nacional do Hidrogénio. Injecção de Hidrogénio Verde nas Redes de Gás Natural 9 Hidrogénio na Indústria Cerâmica

Investigação . 31 A Inovação através das Enzimas : como uma startup biotecnológica se adapta ao estado actual da I& D&I

Energia . 13

Cooperação . 31

H2, uma Molécula Pequena para um Problema Enorme!

A Universidade do Porto e o desígnio da aliança com a Indústria

Ensino . 16

Arquitetura . 37

Doctorate in Business Innovation (DBI)

Azulejo, luz e reflexos

Digitalização . 19

Economia . 40

Soluções i4.0 e de digitalização também estão ao alcance das PMEs portuguesas

A Evolução da Economia Portuguesa em 2020 e 2021

Prémio . 21 Prémio Arquétipo - 2.ª edição distingue soluções inovadoras

Secção Jurídica . 24

Noticias & Informações . 42 42 Novidades das empresas Cerâmicas Portuguesas 53 SEW-EURODRIVE Portugal 30 Anos. Aqui para si!

Calendário de eventos . 56

Stay away, STAYAWAY COVID (?)

Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023 Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt Tiragem 500 exemplares Diretor Marco Mussini Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira e Marco Mussini. Capa Nuno Ruano

Colaboradores Albertina Sequeira, André Fernandes, António Oliveira, Campos Rodrigues, Celso Pedreiras, Domingos Moreira, Eduardo Maldonado, Filomena Girão, Gil Andrade-Campos, Joana Resende, João Tiago Aguiar, Luís Machado, Magda Rodrigues, Maria Fátima Lucas e Nuno Vitorino Paginação Nuno Ruano Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com Distribuição Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €32,00 (IVA incluído) ; União Europeia €60,00 ; Resto da Europa €75,00 ; Fora da Europa €90,00 Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal Notas Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da revista Técnica n.º 5 Setembro / Outubro 2020 (CTCV)

Índice de Anunciantes Bongioanne (Contra Capa) • Cerâmica Vale da Gândara (Página 29) • CERTIF (Página 51) • INDUZIR (Verso Capa) • Magellan (Verso Contra Capa) • SEW Eurodrive (Página 1) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem Publicação Bimestral nº 366 . Ano XLV . Setembro . Outubro . 2020

Depósito legal nº 21079/88 . Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php

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Editorial

Há meia dúzia de temas que disputam entre si a cada momento, a liderança dos chavões e dos rótulos que constituem os grandes desafios para a economia dos países e do mundo. Estão nesse caso alguns temas da atualidade como sejam a economia circular, a sustentabilidade, as energias, a digitalização, a descarbonização e as alterações climáticas, todos eles discutindo o primeiro lugar desse ranking, em que cada um vai aparecendo a seu tempo como desafio maior para a sociedade e para a economia, pelo que deveremos tratar o tema eleito com reverência e respeito, sob ameaças de condenação social e de colapso das organizações que a ele não dediquem a sua maior atenção. São estes sinais que vamos vendo e ouvindo, e que à força de tanta repetição e empolamento, vão deixando de ser apenas sinais para passarem a ser factos de que todos nos apercebemos. Da minha parte, não será com o meu voto que algum destes temas sairá vencedor, até porque quem cuida desse título são a comunicação e o marketing, que se encarregam de injetar nestes temas umas pitadas de negócio, o que lhes retira isenção para lhes acrescentar valor económico. Já no que respeita à inovação, considero que a nobreza deste tema lhe permite ser equidistante de todos os outros, tirando partido do facto de se encaixar em todos

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eles, fazendo parte do seu conteúdo em todos os momentos, em todas as modas e em todas as circunstâncias. De facto e em boa verdade, não há economia circular sem inovação, do mesmo modo que não há sustentabilidade, nem energias fósseis ou renováveis, nem digitalização nem descarbonização nem atenção às alterações climáticas, se não pusermos inovação em tudo aquilo que fizermos com pensamento no futuro. Por outro lado, e quando nos referimos às organizações, é inovação que se pede quando se reclama por mais gestão e mais modernidade, e quando se exige maior competitividade para que as empresas cresçam e se reiventem. A arte de gerir é assim a arte de inovar, de ser capaz de apurar as rotinas sem se deixar adormecer por elas, indo mais além no pensamento, de forma a prevenir e antecipar o futuro, ou seja, acrescentando estratégia a esse pensamento, para que a inovação resulte em melhoria e em ganho. Se olharmos uns anos para trás em qualquer atividade económica e em qualquer empresa, facilmente nos apercebemos do quanto inovamos, do quanto fomos capazes ou fomos obrigados a mudar e a evoluir, por vezes até com algum ceticismo à mistura, mas o certo é que conseguimos chegar até aqui quando tudo é tão diferente, tão exigente e tão diversificado. Mas, vai continuar a ser assim, só com a diferença de que teremos de inovar ao ritmo das necessidades e das circunstâncias que não dominamos, mas que o marketing se encarregará mais uma vez de conduzir com mais celeridade e até com mais requinte. Inovar não é fácil, mas é mobilizador, direi mesmo apaixonante, até porque tem uma particularidade: a inovação não tem metas nem tabus, e apenas tem o escrutínio do bom senso! Dr. José Luís Sequeira (Presidente da Direção da APICER)

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Destaque

A TRANSIÇÃO PARA UMA INDÚSTRIA 4.0 ESTÁ NO BOM CAMINHO

p o r E d u a r d o Ma l d o n a d o , Pre si de n te da A g ê n ci a Na ci o na l d e Ino v a çã o

atual administração da Agência Nacional de Inovação (ANI) até ao final da década de 20. Mas os bons resultados não ficam por aqui: subimos uma posição no Global Innovation Index face a 2019, passando Portugal a ocupar o 31º lugar, destacando-se na produção de artigos técnicos e científicos. Registámos, também, bons desempenhos noutras áreas que contribuem para o processo de inovação, como na despesa com software de computadores, marcas registadas por origem, serviços públicos online ou no ambiente para fazer negócios.

Eduardo Maldonado - Presidente da Agência Nacional de Inovação

Portugal tem vindo a convergir com a União Europeia ao nível da capacidade de inovação e os reflexos no posicionamento do país nos principais rankings internacionais já se começam a fazer sentir. Atualmente, somos o 12º país mais inovador da União Europeia (EU 27), integrando pela primeira vez em 2020 o grupo dos países “fortemente inovadores”, de acordo com o European Innovation Scoreboard 2020 divulgado em junho deste ano. Ainda segundo este relatório europeu, liderámos, pelo segundo ano consecutivo, em “inovação nas pequenas e médias empresas (PME)”. Portugal conquistou, assim, aquela que era a principal meta da

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Destaque

Nas últimas duas décadas, o país foi dotado de infraestruturas de investigação e de desenvolvimento (I&D) de excelência em áreas de grande importância estratégica, tais como a saúde, as TIC, os materiais ou a nanotecnologia. Esses setores apresentam, atualmente, recursos humanos altamente qualificados, absorvendo dezenas de milhares de investigadores, quer portugueses, quer de outras nacionalidades, que desenvolvem investigação de base científica e tecnológica com o objetivo de acelerar a transferência de tecnologia e de conhecimento para o tecido empresarial. É igualmente crescente o número de empresas nacionais com competências de inovação e de I&D, nos vários setores de atividade, que são capazes de competir à escala global. Verificamos, ainda, a intensificação de relações entre as entidades científicas e o tecido empresarial, incluindo as start-ups, que se traduzem no desenvolvimento de projetos colaborativos, intensivos em conhecimento e tecnologia, dos quais nascem soluções inovadoras para responder a problemas concretos da sociedade. As instituições de ensino superior, os centros de investigação, os laboratórios colaborativos (CoLAB) e os centros de interface tecnológica (CIT) apresentam atualmente competências interdisciplinares para integrar conhecimento avançado em produtos e serviços. Estas entidades abriram-se ao mundo e ao mercado e apostam, cada vez mais, numa colaboração ativa com o setor empresarial, que, por sua vez, percebeu que a diferenciação alavancada pela inovação é fundamental para sobreviver e competir no mercado global. A transferência de conhecimento científico e tecnológico e a inovação colaborativa fazem hoje parte da realidade do ecossistema de inovação português. Contribuem, por um lado, para uma economia mais sustentável, sustentada e menos suscetível a ciclos de crise. Adicionalmente, oferecem ao mundo novas tecnologias, novas visões de negócio, novos futuros, promovendo a exportação de novos produtos, serviços e know-how. Portugal é cada vez mais um país de destino de tecnologias digitais Em outubro de 2018, o Governo Português e a Web Summit anunciaram uma parceria a 10 anos que permite manter a maior conferência da Europa sobre tecnologia no país até 2028, após duas edições muito bem-sucedidas em Lisboa. O investimento de gigantes tecnológicas não para de aumentar em Portugal. Google, Microsoft, Uber, Mercedes-Benz, Amazon, Euronext, Fujitsu, Volkswagen, Huawei, Bosch… Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de grandes multinacionais que têm vindo a deslocar os seus centros

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tecnológicos para o nosso país, ao ponto de a mão-de-obra especializada começar a escassear. Urge, portanto, apostar na nossa capacidade de inovação e na formação de recursos humanos mais qualificados, para nos posicionarmos entre os melhores da Europa e do Mundo, e mantermos o espírito de conquista e renovação que, desde sempre, nos caracterizou. A presença destas gigantes tecnológicas em território nacional, para trabalho qualificado e não para salários baixos, contribui decisivamente para acelerar o processo de transformação do nosso tecido empresarial para a chamada indústria 4.0. Uma transição que tem acontecido de forma transversal em termos setoriais, abrangendo também as áreas tradicionalmente menos intensivas em tecnologias e em conhecimento. Em setores como os de Calçado, Têxtil, Moldes, Vidro ou Cerâmica, por exemplo, são notórias as oportunidades proporcionadas pelas tecnologias da “indústria 4.0”, no que respeita à melhoria da produtividade e competitividade, que tem sido conseguida através da incorporação de I&D e inovação nos seus processos de produção. O papel de uma entidade como a ANI é ajudar as empresas no seu processo de transformação, alavancando a I&D e a inovação colaborativa e, com isto, contribuir para a construção de um país mais competitivo através da inovação. No âmbito da Estratégia para a Inovação Tecnológica e Empresarial 2018-2030, a ANI tem vindo a desenvolver um conjunto de instrumentos que dão resposta a muitas das necessidades das entidades do Sistema Nacional de Inovação (SNI), nomeadamente financeiros (Portugal 2020) e fiscais (SIFIDE). Através de programas como o Horizonte 2020 e o EUREKA/Eurostars, temos apoiado a integração de entidades e investigadores nacionais em redes de inovação internacionais, bem como temos contribuído para a capacitação dos atores do SNI, designadamente com a consolidação de centros de interface, a criação de laboratórios colaborativos e o apoio ao desenvolvimento de ideias e projetos de base científica e tecnológica (programa Born from Knowledge). Em 2020, assumimos a presidência da TAFTIE – The European Network of Innovation Agencies, uma associação com 31 agências de inovação de várias nacionalidades que representam um orçamento de nove mil milhões de euros de apoio público à investigação tecnológica e inovação. Esta rede, que reúne 28 países europeus e conta com quatro parceiros internacionais (no Brasil, Canadá, Coreia do Sul e Japão), tem como objetivo potenciar a melhoria dos serviços e instrumentos de apoio às empresas, bem como o aumento

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Destaque

de desempenho das suas agências-membro, promovendo a aprendizagem mútua e a colaboração. Esta presidência da ANI acontece num momento de transição entre programas-quadro da Comissão Europeia para apoio à investigação e inovação e pretende capitalizar o processo de transição para ajudar a desenhar mecanismos que venham a favorecer as PME nacionais. Com um montante acordado de cerca de 80 mil milhões de euros, o orçamento do novo programa-quadro (Horizonte Europa), que vigorará entre 2021 e 2027, será o maior de sempre, ultrapassando o do Horizonte 2020 em perto de 10%. Além disso, englobará um pilar de apoio exclusivo à inovação nas PME, virado para as empresas inovadoras, com capacidade de tolerância ao risco e com ambição de crescer (Scale-ups) e com um orçamento previsto de 12 mil milhões de euros, centrado no novo Conselho Europeu de Inovação (EIC – European Innovation Council). O desafio colocado à ANI para os próximos anos é o de aprofundar este caminho, tirando partido das oportunidades proporcionadas pelos vultuosos mecanismos financeiros pós-2020. Na próxima década, Portugal vai poder aplicar na economia e na sociedade um montante muito substancial de fundos europeus dedicados à investigação e à inovação com duas frentes prioritárias bem identificadas: a transição digital e o green deal (transição energética). Estes fundos serão fundamentais para tornar o país ainda mais competitivo em termos do conhecimento e da inova-

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ção. Para tal, sabemos que é fundamental alargar a base de empresas que apostam em inovação e tornar mais eficazes os apoios à inovação colaborativa (incluindo com entidades internacionais), desburocratizando-os, simplificando-os e tornando mais rápidos os processos de decisão. É também importante desenvolver mecanismos de monitorização e de avaliação dos instrumentos e da política de inovação que permitam melhorar o sistema, corrigindo fraquezas identificadas e apostando mais nos instrumentos que produzam mais resultados. Em cenário de pandemia e de uma crise económica que poderá revelar-se de uma dimensão sem precedentes, a industrialização do país é essencial para que a nossa economia volte a crescer rapidamente. Com a industrialização assente num modelo 4.0, e uma aposta clara na melhoria e aceleração dos produtos, bem como na inovação e diferenciação dos mesmos, o caminho será mais fácil. As crises, se bem que possam causar o desaparecimento das empresas que não se souberem adaptar à nova realidade, podem ser excelentes oportunidades para as empresas acelerarem a implementação de novos processos. A digitalização terá um papel absolutamente fundamental nestes processos. O papel da ANI passará por continuar a apoiar e capacitar os atores do SNI, ajudando-os a encontrar soluções para os seus problemas e para que possam, em conjunto, tornar o país um espaço de excelência para trabalhar e viver e com uma economia mais competitiva.

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Te c n o l o g i a

PLANO NACIONAL DO HIDROGÉNIO. INJECÇÃO DE HIDROGÉNIO VERDE NAS REDES DE GÁS NATURAL

po r Ce ls o Pe dre i r a s, Eng e nh e i r o , A d m i ni s t ra dor da Co e l ho d a Sil v a , Co ns e lh e i r o d o C E N E d a CIP, Con se l he iro do C T d a E R S E

A resolução do Conselho de Ministros nº 63/2020 que aprova o Plano Nacional do Hidrogénio e a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2) contém um conjunto de metas a cumprir até 2030, das quais destaco a seguinte: “10% a 15% de injecção de hidrogénio verde nas redes de gás natural” Este destaque deve-se ao facto do sector cerâmico ser o maior consumidor de gás natural (GN) da indústria transformadora, e por isso a necessidade da análise dos impactes técnicos e económicos que serão provocados pela incorporação de hidrogénio verde na rede de GN. Impactes técnicos: 1. O hidrogénio (H2) tem um Poder Calorífico Inferior (PCI) = 3,0 KWh/Nm3, enquanto o PCI do GN é 10,5 KWh/Nm3, isto é 3,5 vezes superior ao do H2; 2. Quando se incorpora H2 no GN, o PCI da mistura, doravante HGN, vai-se degradando à medida que se aumenta a percentagem de incorporação de H2 (ver figura 1); 3. Daí resulta que, para a mesma potência térmica necessária ao processo industrial, os caudais de HGN nas redes internas de gás vão ser mais elevados (de 8% a 13% superiores); 4. Outro aspecto a verificar é a adaptabilidade dos queimadores existentes ao novo gás HGN. Pode ser necessária a troca dos queimadores, ou pelo menos, novas regulações ar/gás nos queimadores existentes. 5. Uma especial atenção deve ser dada às instalações de cogeração com motores ciclo Otto alimentados a GN, face às novas características do gás HGN que as passarão a alimentar.

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Incorporações até 15% de H2 na rede de GN não deverão ter impactes técnicos significativos para os consumidores industriais. Impactes económicos: 1. Vamos tomar como referência um preço médio actual do GN, para os consumidores industriais, de 20 €/MWh pcs; 2. Por outro lado, no documento “Roteiro para o Hidrogénio” publicado pela DGEG pode ler-se o seguinte: • Assim, o patamar de 2 €/kg H2 de custo de produção em 2030, poderá significar um custo final para o consumidor de 4-8 €/kg H2, dependendo da otimização dos modelos de negócio e respetiva taxação; • “(Power-to-Gas) Os custos atuais da introdução do hidrogénio diretamente na rede de gás natural variam entre 3,5 e 7,6 €/kg H2; 3. Tomando como referência o atrás escrito no ponto 2 b., isso significa que os preços energéticos do H2 introduzido na rede irão variar entre 105 e 228 €/MWh, portanto 5 a 10 vezes superiores ao preço actual do GN; 4. A figura 2 mostra o impacte no preço do HGN em função da percentagem de incorporação e do preço previsto (€/kg) para o H2; 5. Como se pode verificar na figura 2, o preço energético do novo gás HGN será muito superior ao preço actual do GN. No intervalo de preços do H2 acima referidos (3,5 a 7,6 €/kg), teremos incrementos de preço entre os 11% e 28% para HGN10% e entre os 17% e 43% para HGN15%; 6. Ainda na figura 2 pode verificar-se que a incorporação de hidrogénio verde no GN só não trará au-

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mentos significativos de preços do HGN, quando o preço do hidrogénio for inferior ou igual a 1 €/kg; 7. A figura 3 mostra a variação do preço energético da mistura (HGN 10%) em função dos preços do GN e do H2. Por exemplo, para um preço do H2 =3,5€/ kg, os incrementos de preço da mistura HGN serão de 11% quando o preço do GN = 20€/MWh, 6% para GN= 30€/MWh e 2% para GN= 60€/MWh. Quanto mais caro for o GN, menor será o incremento do preço da mistura HGN.

Figura 3

Figura 2

Figura 1

É afirmado, frequentemente, que o preço do GN irá subir nos próximos anos, tornando assim o H2 mais competitivo. Tal afirmação não me parece ter fundamento sabendo-se que as políticas para a descarbonização a serem seguidas pela Europa irão provocar reduções da procura do GN, pelo que o mais provável é assistirmos à descida do seu preço nos mercados internacionais. A não ser que as autoridades portuguesas decidam, por via administrativa, aumentar os impostos e as taxas que

incidem já hoje sobre o GN (ISP; taxa carbono). Qualquer que seja a opção, as consequências para os consumidores industriais será sempre muito nefasta para a sua competitividade e sustentabilidade. Ainda mais crítico será se os outros países europeus, nossos concorrentes, não aplicarem as mesmas políticas e metas de descarbonização das suas economias, como as seguidas por Portugal. Tenho sérias dúvidas que tal possa vir a acontecer, porquanto existem alguns governos europeus que dão primazia à defesa da sustentabilidade e competitividade das suas economias. O que se passa com a produção de energia eléctrica a partir do carvão na Europa é paradigmático. Enquanto alguns países, como Portugal, prometeram encerrar, a curto prazo, todas as centrais a carvão, há outros, como Alemanha, Polónia, R. Checa, Dinamarca, Holanda, Irlanda, etc. que continuam a produzir electricidade a partir do carvão! Portugal continua a dar primazia à defesa do planeta, apesar de saber que as suas emissões carbónicas representam só cerca de 0,15% das emissões mundiais! Não pondo em causa a necessidade da promoção da descarbonização das sociedades e das economias, julgo contudo que as políticas ambientais europeias e mundiais, têm de ser concertadas, justas e equilibradas, sem voluntarismos e até fundamentalismos exagerados, como parece ser, uma vez mais, o caso português. Num passado recente a introdução maciça da produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis intermitentes (eólica, solar), com enormes sobrecustos para os consumidores portugueses, parece não ter servido de lição aos nossos responsáveis governamentais. Assim, inexoravelmente, continuaremos a perder competitividade e a caminhar para a cauda da União Europeia!

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Te c n o l o g i a

HIDROGÉNIO NA INDÚSTRIA CERÂMICA

po r Campos Ro dr i g u e s, P r e s i d e nt e da D ire c ç ã o da A P 2 H 2

Sobre o Hidrogénio O hidrogénio fez uma entrada recente na Agenda energética nacional, à semelhança do que se está a verificar na maioria dos países desenvolvidos. O principal drive são os objectivos de sustentabilidade energética expressos na Agenda climática assumida na Conferência de Paris em 2015. A mensagem enuncia-se de forma muito simples: Um novo paradigma energético que assegure a neutralidade carbónica em 2050. As energias renováveis, nas suas diferentes formas, são a solução disponível e que se tem de implementar, para se libertar a sociedade da sua actual dependência dos combustíveis fósseis, principal fonte de emissão de gases poluentes com efeito de estufa. A queda dos respectivos custos viabiliza esta mudança de paradigma sem agravar os custos a suportar pela sociedade. Mas as energias renováveis têm algumas condicionantes bem conhecidas e a que se tem de atender num quadro de aplicação generalizada: As ER não são despacháveis. São aleatórias, intermitentes e sazonais Adicionalmente, a electricidade não é o vector energético mais adequado a algumas utilizações, como são os casos da mobilidade (nomeadamente pesada e interurbana) e de vários sectores industriais. O hidrogénio (verde/ renovável) surge neste contexto como solução para estas limitações. • É um gás combustível não poluente. A sua combustão gera unicamente vapor de água (daí o nome que lhe foi atribuído em 1783 por Lavoisier).

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• Pode-se obter através da eletrólise da água. Utilizando electricidade renovável na sua produção é um combustível inesgotável. • Permite o armazenamento de electricidade renovável conferindo à rede a resiliência e fiabilidade que as energias renováveis isoladamente não asseguravam. Com o hidrogénio no sistema, as energias renováveis tornam-se despacháveis, viabilizando o ajustamento, entre a oferta e a procura de energia eléctrica. • É um gás combustível (renovável) que pode substituir actualmente o gás natural utilizado na indústria, descarbonizando os respectivos processos produtivos. • É um combustível que pode ser utilizado na mobilidade (eléctrica), substituindo os tradicionais hidrocarbonetos, reconhecidos como sendo uma das principais fontes emissoras dos gases com efeito de estufa. Para além das características enunciadas, e que são relevantes para os objectivos de neutralidade carbónica almejados, o hidrogénio, associado às fontes renováveis, permite a qualquer espeço geográfico ambicionar a autonomia energética, libertando-se dos combustíveis fósseis. É esta a visão assumida recentemente pela União Europeia (Green Deal), que Portugal subscreve. O hidrogénio entra na Agenda política, económica, energética e ambiental e encontra a sua expressão política na EN-H2

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(Estratégia Nacional para o Hidrogénio), recentemente aprovada pelo Governo (Resolução do Conselho de Ministros n.º 63/2020, de 14 de Agosto de 2020). Desafios à indústria Cerâmica A indústria cerâmica é um sector industrial dependente do Gás Natural enquanto fonte energética. A decisão anunciada de retirar o GN do sistema energético em 2040 (PNEC 2030) é uma ameaça directa ao sector. É de esperar que as penalizações associadas à emissão dos gases de efeitos de estufa se tornem cada vez mais gravosos, na lógica do poluidor pagador. O sector terá, num quadro em que se espera que o dumping ambiental seja banido do comércio internacional, que encontrar alternativas energéticas viáveis. O objectivo é o de assegurar a continuidade duma indústria que faz parte do património cultural e social do País. O sector terá de se adaptar a estas novas realidades e saber encontrar as soluções adequadas para vencer os obstáculos que as exigências da neutralidade carbónica põem. O hidrogénio será parte da solução, e é essa análise que nos propomos realizar neste artigo: • Pode o hidrogénio constituir uma alternativa ao GN na indústria cerâmica? • Que tecnologias estão disponíveis e qual a sua maturidade? • Quais os custos associados a esta solução energética? • Quais as implicações sobre a competitividade das empresas? • Há riscos adicionais associados? Estas são algumas das questões que empresários e trabalhadores do sector legitimamente se colocam, quando subitamente são colocados perante estes novos desafios a

que muito rapidamente terão de saber responder. Sucintamente vamos procurar dara lgumas pistas sobre as soluções a avaliar e testar, esperando contribuir para o esclarecimento necessário de todos os que trabalham na indústria. a) As soluções PtG Uma das medidas prevista na EN-H2 é a da descarbonização progressiva da rede de GN, através da injecção de hidrogénio na rede de GN. Esta mistura pode atingir valores de 20% em volume de H2, mantendo-se o GN nos limites das suas especificações conforme a legislação em vigor. Este será um passo muito importante: consumir um GN enriquecido em hidrogénio renovável e menos poluente, havendo vários projectos hoje a ser estudados e preparados com esse objectivo. São os projectos PtG (Power to Gás), com os excedentes de energia eléctrica que a rede não absorve convertidos em hidrogénio, injectado na rede de Gás Natural. Espera-se para breve a publicação de legislação que regulamente os termos em que essa injecção poderá ser efectuada. De acordo com a experiência já adquirida em projectos semelhantes esta solução é transparente para os consumidores, sejam estes domésticos ou industriais, não obrigando a adaptações dos equipamentos de queima.Será uma gás combustível com um LHV superior em termos mássicos (embora inferior em termos volúmicos) o que resulta naturalmente das diferentes densidades volúmicas entre o GN e o H2. É uma medida que afectará globalmente todos os consumidores, mas cujo alcance terá os limites que decorrem dos valores máximos de mistura definidos tecnicamente. O impacte macroeconómico (diminuição das importações de GN) e ambiental pode ser progressivamente mais relevante.

Blend H2/GN Blend H2 e GN- Reduções de CO2 A tabela em anexo apresenta um case study de blend de H2 com GN, de acordo com os objectivos de redução de CO2. Tem como referência o consumo de 1 ton/ano de GN, (17,3 MWh) e analisa vários cenários de redução de emissões de CO2, através da injecção de H2 na mistura de queima.

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b) As soluções “in-house” Uma alternativa a ser estudada pelas empresas consumidoras de GN é a de elas próprias procederem internamente a uma progressiva descarbonização do combustível usado, procedendo à mistura “in-house” de hidrogénio no GN reduzindo por esta via as suas emissões de gases com efeito de estufa. O gráfico seguinte representa a % de H2 a misturar no GN de acordo com os objectivos de redução pretendidos de emissões de CO2. Necessariamente que a realização destas misturas (>5%?) terá de ser feita em colaboração com os fornecedores dos equipamentos de queima, obrigando a regulações específicas dos mesmos, face às características diferentes do combustível: densidade volúmica, temperaturas de chama, velocidade de propagação da chama… Esta será uma matéria que justifica um trabalho experimental e de teste a realizar em cooperação entre o SCTN, as empresas interessadas e os fornecedores de equipamento visando optimizar as condições em que a injecção deverá ser realizada. c) A logística do H2 O abastecimento de Hidrogénio poderá ter algumas alternativas a considerar: • Acordos com potenciais fornecedores de Hidrogénio, nomeadamente nos casos em que haja uma produção localizada em zonas próximas da unidade industrial; • Produção própria, por electrolisadores dimensionados para os objectivos específicos da empresa, neste caso ainda com duas variantes no que se refere à fonte de energia eléctrica (instalação dedicada, tendencialmente off-grid ou ligação à rede); • Partilha de uma central de produção de H2 com fornecimento comum a várias unidades industrias, ganhando efeito de escala, factor relevante no custo do Hidrogénio. Eventualmente haverá uma evolução na optimização das soluções. Numa fase inicial a aquisição externa do Hidrogénio poderá ser a solução mais adequada, para projectos piloto de teste e demonstração, com a empresa a concentrar-se nas questões associadas aos aspectos técnicos relacionados com a queima do “novo” combustível. A produção autónoma, on site, poderá verificar-se subsequentemente, beneficiando da redução esperada de custos (CAPEX e OPEX).

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d) A maturidade das tecnologias e custos Relativamente às tecnologias de produção de H2 por electrólise há actualmente 2 principais tecnologias em fase comercial (TRL 9): alcalina e PEM. A tecnologia PEM permite produzir H2 com elevado grau de pureza (5 noves), de acordo com os requisitos das pilhas de combustível utilizados na mobilidade. A tecnologia alcalina produz um H2 com menor grau de pureza (3 noves) o que no caso das aplicações de blend com GN não é uma questão relevante, sendo actualmente significativamente mais baratas que as PEM (k€/kW). Aponta-se, porém, para uma evolução tecnológica significativa das PEM podendo traduzir-se numa redução drástica dos custos de investimento associados até 2030. Em pipeline (TRL 5 a 7) estão outras soluções tecnológicas que poderão entre 2025 e 2030 vir a competir com as soluções actuais: SOE, Termólise, Membrana anódica. A reter é haver actualmente uma oferta de tecnologias com maturidade que responde às especificações da indústria, prevendo-se que até 2030 a gama de alternativas tecnológicas comerciais se alargue com benefício da indústria. Uma questão a considerar, nos casos em que a opção seja a de produção autónoma de hidrogénio, relaciona-se com a valorização do O2 produzido na electrólise. Há um mercado de Oxigénio a explorar. A utilização directa deste na combustão traduz-se em melhorias relevantes na eficiência na queima dos combustíveis. É uma temática a estudar e sobre a qual se torna necessário desenvolver trabalho experimental, podendo contribuir de forma significativa para uma redução dos custos globais associados a esta solução (1kg de H2 representa a produção associada de 8 kg de O2) e) Riscos associados e competitividade das empresas Em termos industriais o hidrogénio é um gás cuja utilização se encontra devidamente regulamentada, não diferindo nesse aspecto de outras matérias primas utilizadas pela indústria. Existe um quadro normativo aplicável a toda a sua cadeia logística a cumprir, e relativamente ao qual existe grande experiência industrial. O tratar-se de hidrogénio renovável não introduz qualquer alteração às práticas industriais já aprovadas. O impacte na competitividade das empresas vai decorrer de outros factores a ter em consideração futuramente, nomeadamente a penalização associada à emissão de CO2. Prevê-se um agravamento significativo dos res-

Te c n o l o g i a . K é r a m i c a . p . 1 1


Te c n o l o g i a

A EN-H2 identifica a descarbonização da rede de GN como uma das utilizações privilegiadas do hidrogénio. O hidrogénio é um gás combustível a ser utilizado directamente na indústria, reduzindo as emissões de CO2 nas aplicações em que a electrificação não é uma solução adequada. A indústria cerâmica está muito directamente afectada por estas novas realidades. Se hoje o hidrogénio ainda não será uma alternativa competitiva ao gás natural a previsão é que ao longo da década nos deparemos com duas tendências de sentidos contrários e favoráveis ao hidrogénio: aumento dos custos do GN decorrente da penalização das emissões de CO2 e redução de custos significativos do H2 pelas várias razões acima enunciadas. No fim do processo, e antes do fim da década, estamos convictos que o hidrogénio renovável em aplicações industriais vai poder competir com os custos do GN (€/MJ). Mas para que essa transição energética possa acontecer sem rupturas haverá muito trabalho preparatório a realizar e experiência a adquirir. A EN-H2 (e mecanismos financeiros associados), o Green Deal e o Innovation Fund são instrumentos já hoje disponíveis para promover a transição energética necessária. Há que os aproveitar.

pectivos custos, podendo-se antecipar valores superiores a €100,00/ton CO2, até ao final da corrente década. Esta penalização afectará directamente o custo do GN consumido pela indústria, em benefício do hidrogénio cujo valor não será afectado. O custo do hidrogénio renovável tenderá a reduzir-se significativamente no decorrer da década, pelo efeito conjugado de vários factores: em termos do CAPEX refere-se o efeito de escala nos custos dos electrolisadores, produção em série industrial, tecnologias alternativas emergentes, maiores eficiências e curvas de aprendizagem. Igualmente no que se refere ao OPEX se podem prever reduções significativas nos custos da electricidade renovável de que os recentes leilões de centrais solares fotovoltaicas constituem um exemplo bem ilustrativo. Conjugando os dois factores pode-se considerar que a substituição progressiva de GN por hidrogénio poderá vir a realizar-se, preservando a competitividade das empresas. A alternativa será muito mais penosa no médio prazo. Conclusão O RNC e as metas definidas para a sustentabilidade energética constituem um desafio ao sector cerâmico na parte em que está dependente do GN como principal fonte energética.

ANEXO Tabela - % de injecção de H2 (em vol) no GN e redução correspondente de emissões de CO2 Case study para um consumo de 1 ton de GN Redução de CO2

%

0

10%

20%

30%

50%

70%

100%

CO2 emitido

kg/ano

3490

3141

2792

2443

1745

1047

0

GN consumido

kg/ano

1000

900

800

700

500

300

0

Energia produzida GN

kWh/ano

17300

15570

13840

12110

8650

5190

0

Compensação H2

kWh/ano

0

1730

3460

5190

8650

12110

17300

GN consumido

Nm3/ano

1609

1448

1287

1126

804

483

0

H2 compensação

kg/ano

0

52

105

157

262

367

524

H2 compensação

Nm3/ano

0

583

1166

1749

2916

4082

5831

Volume gás (blend)

Nm3/ano

1609

2031

2453

2875

3720

4565

5831

O2 produzido

kg/ano

0

415

831

1246

2077

2908

4154

0%

29%

48%

61%

78%

89%

100%

% H2 (vol)

p . 1 2 . K é r a m i c a . Te c n o l o g i a

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Energia

H2, UMA MOLÉCULA PEQUENA PARA UM PROBLEMA ENORME!

po r Nu no Vi t or i n o , D i r e t o r Co m e r ci a l d a Ind uz i r

H2 no contexto Europeu O rápido desenvolvimento industrial nas últimas décadas, juntamente com o aquecimento global e a taxa de redução de recursos de natureza fóssil, originou uma necessidade urgente para encontrar novas fontes de energia limpa e desenvolver tecnologias mais eficientes de utilização de energia. O Roteiro de Energia¹ emitido pela Comissão Europeia explora a transição do sistema energético com o objetivo de tornar compatíveis as medidas adotadas para a redução de gases de efeito estufa, e destaca a eficiência energética como um dos pilares para a melhoria da

competitividade e da sustentabilidade da economia europeia. Por este motivo há diretrizes claras para o desenvolvimento e investimento na eficiência energética de todos os setores de atividade, com foco no setor industrial, que apesar do seu consumo ter recuado nos últimos anos, continua a ser um dos maiores consumidores. Assim, a União Europeia pretende chegar à neutralidade carbónica até 2050, sendo que para o horizonte 2030 definiu as seguintes metas²: • 30-35% de quota de energia proveniente de fontes renováveis no consumo final bruto; • 30-35% de redução do consumo de energia; • 35-40% de redução das emissões de gases com efeito de estufa relativamente aos níveis de 1990; • 10-15% de interligações elétricas.

Nuno Vitorino- Diretor Comercial da Induzir

Mais recentemente (final 2019) foi apresentado o Pacto Ecológico Europeu, criado para potenciar a utilização eficiente dos recursos no sentido de promover uma transição para uma economia assente na neutralidade carbónica, onde constam medidas como: • Apoiar a inovação industrial, investindo na implementação de tecnologias limpas, com vista à descarbonização dos seus processos; • Implantar formas de transporte (público e privado) mais limpas, baratas e saudáveis; • Assegurar o aumento da eficiência energética não só das operações unitárias que suportam a indústria, mas também dos edifícios; • Desenvolver com as entidades internacionais a melhoria das normas ambientais globais. Adivinha-se que nas próximas décadas, a indústria de processos de fabrico se transforme profundamente para cumprir a visão estratégica delineada pelo ¹ Commision E. European Commission´s communication ´Energy Roadmap 2050´, 2012 ² Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2)

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Energia

Pacto Ecológico Europeu de ter uma economia com zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa. A descarbonização irá afetar irreversivelmente os principais sectores económicos, incluindo a energia, transportes, indústria e agricultura. As indústrias, e em particular aquelas que são utilizadoras intensivas de energia, deverão reinventar-se uma vez que serão obrigadas a profundas mudanças na utilização e racionalização das diversas fontes de energia, com consequências inequívocas nas características dos produtos fabricados. H2 no contexto nacional Tendo por base as diretrizes apresentadas pela União Europeia, Portugal desenvolveu o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050), onde consta a estratégia a médio-longo prazo para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa. O RNC2050 indica que para atingir a neutralidade carbónica em 2050 é necessário baixar 85-90% (45 a 55% dos quais até 2030) a emissão de gases com efeito de estufas (ano de referência 2005) e ser capaz de capturar entre 10 e 13 milhões de toneladas de CO2 em 2050. Para além disso, o caminho para a neutralidade carbónica implica a total descarbonização dos sistemas de produção de eletricidade, da mobilidade urbana e alterações relevantes dos hábitos da sociedade de forma a utilizar a energia de uma forma racional e eficiente. Neste enquadramento, no final do ano passado Portugal enviou para a Comissão Europeia o Plano Nacional Energia e Clima (PNEC) para o período 2021-2030, onde apresentou os objetivos para o setor da energia. A saber: i) atingir pelo menos 80% de renováveis na produção de eletricidade; ii) diminuir a dependência energética do exterior; iii) reduzir em 35% o consumo de energia primária, por melhoria de eficiência. Em linha com as diretrizes da Comissão Europeia, o PNEC atribui uma relevância significativa ao papel do Hidrogénio como via para o cumprimento das metas de descarbonização estabelecidas, e identifica-o como uma das principais áreas que no curto prazo será alvo de forte investimento não só do ponto de vista regulamentar, mas também do ponto de vista de financiamento em novas tecnologias. Para isso, uma questão chave é: “Como produzi-lo!?”. Muito se tem discutido ao longo dos últimos meses em torno desta pergunta, se por via cinzenta, azul ou verde… Pois bem, não é objetivo desta publicação fazer juízo de valor acerca deste tema, nem falar das vantagens e desvantagens de cada um dos processos de produção de Hidrogénio, mas independen-

temente disso, tendo em mente os objetivos propostos, o foco tem efetivamente de estar assente neste objetivo comum, a descarbonização. As questões que diariamente ouvimos acerca da maturidade da tecnologia, custo-benefício de uma opção em detrimento de outra, etc., estão suportadas em questões de natureza técnica, política, económica e estratégica e cuja decisão final para além de extremamente difícil será sempre apoiada por uns e criticada por outros. Não obstante a divergência de opiniões, perfeitamente aceite e compreensível num estado democrático, o ponto mais importante a reter é que a Europa e Portugal não estão parados. Estão sim a trabalhar no sentido de conseguir obter condições para a produção de Hidrogénio e com isso tentar inverter o rumo, pois há cada vez mais evidências científicas de que o sistema energético atual, por libertar grandes quantidades de gases de efeito de estufa, está a provocar mudanças climáticas no nosso planeta, com implicações que atualmente já são avaliáveis e que no futuro serão imprevisíveis. H2 na Indústria Cerâmica Na Europa, a Indústria Cerâmica na sua globalidade é um sector que emprega mais de 200.000 pessoas, contribuindo para um balanço francamente positivo do comércio externo. Em Portugal são já mais de 1100 empresas neste setor, que empregam cerca de 16 000 trabalhadores e no seu conjunto representam cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto³. É do conhecimento geral que a Indústria Cerâmica tem operações unitárias que operam em condições de temperatura da ordem das várias centenas de graus centigrados, motivo pelo qual o consumo energético tem uma expressão relevante. Em média a energia representa 30-40 % dos custos de produção, onde o gás natural representa cerca de 85%, sendo os restantes 15% ocupados pela energia elétrica⁴. Num contexto de descarbonização, a utilização de eletricidade verde permitirá reduzir as emissões indiretas proveniente do uso da eletricidade, contudo outros esforços tecnológicos são necessários para conseguir uma redução drástica das emissões provenientes do uso dos combustíveis fósseis. A Indústria Cerâmica tem ao longo das últimas décadas mostrado que de uma forma geral é uma indústria que aposta fortemente na inovação, tanto nos produtos como nos processos. Prova disso são as reduções significativas de consumo específico de energia nos últimos 20 anos, muito à custa do desenvolvimento da engenharia

³ Dados 2015 ⁴ “Paving the way to 2050: the ceramic industry roadmap”, CERAM-UNIE, the European Ceramic Industry Association, 2012.

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Energia

de fornos em termos de design e eficiência da cozedura, da otimização dos ciclos de cozedura e do investimento em mais e melhores sistemas de controlo. Os objetivos severos de descarbonização sobre os quais teremos de trabalhar ao longo das próximas décadas obrigam a que ocorram desenvolvimentos rápidos e profundos dos processos de cozedura. Neste sentido, a incorporação de novos combustíveis limpos afigura-se como uma das alternativas promissoras, considerando que o “todo elétrico” não se vislumbra uma opção técnica e economicamente viável para esta indústria. De acordo com um dos mais recentes roadmaps da associação europeia SPIRE (Sustainable Process Industry Through Ressource and Energy Efficiency)⁵, que estabelece as grandes transformações e linhas de I&DT necessárias para que as indústrias de processos da Europa atinjam, entre outros desafios, a neutralidade carbónica em 2050. Neste roteiro, o gás natural massivamente utilizado como fonte de energia para o processamento cerâmico de média e alta temperatura (secagem e cozedura) deverá progressivamente ser substituído por processos inovadores, incluindo as tecnologias de cozedura assistidas por campos elétricos, ou ainda secagem sob vácuo. A eletrificação parcial é considerada possível (desde que vencidas as limitações técnicas), mas ainda não é economicamente viável, daí o facto das bioenergias e o hidrogénio serem apontadas como alternativas viáveis desde que sejam desenvolvidos/adaptados os queimadores para o processo, uma vez que o hidrogénio, leia-se misturas de hidrogénio e gás natural, tem uma dinâmica de combustão que claramente terá de ser ajustada, face à realidade atual. Não é novidade que nas próximas décadas haverá uma alteração do paradigma da energia à escala global. No caso concreto da Indústria Cerâmica, há questões de natureza técnica que têm de ser salvaguardadas, ou pelo menos os industriais e decisores têm de estar conscientes do que pode acontecer. Assim, note-se que do ponto de vista puramente termodinâmico para que os materiais adquiram as suas propriedades finais é necessário fornecer energia, independentemente da fonte. Contudo, há aspetos relacionados com transferência de calor e cinética das reações químicas, que esses sim estão relacionados com os mecanismos que dinamizam os processos e que podem impactar com a dinâmica dos processos produtivos. Para além disso, a alteração do combustível causará sem qual-

quer dúvida alteração nas atmosferas dos equipamentos térmicos, que podem ou não ter impacto na qualidade do produto final. No enquadramento acima, é importante que a possibilidade esteja identificada e que pelo menos as equipas técnicas, operacionais e de ID das empresas estejam preparadas para o que pode surgir, pois em articulação com os produtores/fornecedores de matérias-primas e de equipamentos terão um papel de extrema relevância na estabilização/adequação das condições de processo que irão advir da alteração do paradigma energético. Em suma: A descarbonização é fundamental para o Equilíbrio? Sim, fundamental, necessário e imprescindível! O Hidrogénio é uma via para a atingir? Sim, sendo um combustível que não emite GEE, a sua utilização pode e deve ser analisada, estudada, e se for caso disso implementada! As metas para a descarbonização propostas pela tutela Europeia e Nacional são razoáveis e exequíveis? Em boa verdade são metas ambiciosas. Sabe-se que o papel dos decisores, mais do que executar é tentar estimular o tecido que os rodeia para que um determinado objetivo se concretize. Dito isto, mesmo admitindo que as metas são ambiciosas, é necessário ter a perceção (possivelmente os decisores tiveram isto em conta) de que há causas que exponenciam mais o foco e a dedicação dos executantes do que outras. E esta é efetivamente uma delas! Assim, é dever de todos os setores refletir, estudar, analisar e propor medidas para que os resultados finais sejam o mais próximo possível das metas agora estabelecidas. A Indústria está preparada para o que se avizinha? Gostava de estar enganado, mas na generalidade estou convencido que não. No entanto, o período temporal em que nos encontramos permite ainda alguma margem. Contudo, 2021 é um ano chave para as empresas, instituições de ID e de IDT se preparem para as dificuldades que podem advir desta alteração de paradigma.

⁵ P4Planet 2050 Roadmap, SPIRE - Sustainable Process Industry Through Ressource and Energy Efficiency, Final Report, March 2020

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Ensino

D O C TOR AT E I N B U S I N E S S I N NOVAT ION ( DBI )

p o r Gi l An d r a d e -Ca m p o s, Diretor de curso

Génese e missão O Programa Doctorate in Business Innovation (DBI) resulta do pedido de um conjunto de empresas e da vontade da Universidade de Aveiro em oferecer uma formação de pós-graduação a nível de doutoramento em ambiente empresarial, com uma visão global e planificação plurianual, de carácter internacional, que consiga resolver problemas e reinventar os processos complexos e multidisciplinares das empresas. A missão do DBI é formar os melhores profissionais no âmbito da inovação nas suas diferentes aplicações empresariais, promovendo investigação de qualidade com impacto internacional e proporcionando à indústria as melhores ferramentas para melhorar a sua competitividade à escala global. O DBI é um programa flexível, adaptável ao contexto empresarial, focado para resultados aplicados e objetivos personalizados, dedicado à inovação e às empresas. O DBI promove aprendizagem em ambiente empresarial, melhorando as competências efetivas do estudante. Os estudantes aplicam diversos métodos assim como competências de liderança e trabalho de equipa multidisciplinar num projeto de inovação a nível de doutoramento. Caráter internacional A acrescer ao desígnio da universidade no seu papel determinante no desenvolvimento regional, importa salientar o alinhamento da génese, do formato do programa e do público-alvo do DBI com o que são as prioridades internacionais, nomeadamente no que diz respeito a investigação e inovação, agregadas à educação, reforçando o triângulo do conhecimento, inclusive evidenciado no novo programa de financiamento Horizonte Europe e no que é a Direção Geral da Comissão Europeia que a

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tutela. É exemplo o projeto-piloto do Conselho Europeu de Inovação, que visa reforçar o apoio a empresas, cientistas e inovadores como elementos-chave na estratégia de inovação e competitividade e no que é denominada a inovação “aberta”, que, como o próprio nome indica, permite envolver no processo de inovação, outros agentes para além do mundo académico e científico, o que é considerado no programa com o cariz do DBI. Com uma génese na excelência e rigor científico baseada no contexto empresarial e industrial, o DBI reforça a ligação entre as necessidades do mercado laboral, e sobretudo, societal, e os vários agentes para a inovação e investigação. É também exemplo a crescente relevância da temática Cooperação Universidade-Empresas por parte da União Europeia, como pilar para as instituições de ensino superior, o que é completamente endereçada com e num programa de doutoramento envolvido na realidade societal, promovendo inovação contextualizada e aplicada.

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Ensino

Objetivo principal: inovação em empresas Salienta-se que no DBI, docentes e investigadores de áreas científicas diversas, tais como a engenharia, tecnologia, ciências empresariais e design, assim como inovação e empreendedorismo, suportam e orientam os estudantes a obter resultados úteis para as empresas. Deste modo, a aprendizagem teórica estará diretamente ligada à aplicação prática.

O DBI não é um doutoramento de inovação empresarial, mas sim um doutoramento em inovação em empresas. O DBI irá (i) proporcionar aos doutorandos uma formação avançada em inovação a aplicar em ambiente empresarial, devidamente ancorada em bases teóricas cientificamente comprovadas; (ii) possibilitar uma adequação entre a formação facultada pelo curso e as formações iniciais dos doutorandos através das áreas de especialidade a desenvolver na tese; (iii) incentivar uma formação especializada em inovação que valorize e promova o diálogo e a ciência interdisciplinar; (iv) potenciar uma forte atitude colaborativa entre todos os envolvidos no curso bem como com outros parceiros que for possível agregar. Programa doutoral completamente orientado para a inovação O DBI é uma formação que terá o seu lugar nas empresas. No entanto, há também formação intensiva na Universidade de Aveiro durante 3 semanas: 1st, 2nd e 3rd immersive weeks, que decorrem em Novembro, Março e Junho, respetivamente. A formação será dada pela Universidade de Aveiro conjuntamente com o Strascheg Center for Entrepreneurship (SCE) da University of Applied Sciences Munich (MUAS), parceiro estratégico para o DBI. Nestas semanas, os estudantes do DBI estão durante toda a semana na UA e realizam trabalho conducente às unidades curriculares (UCs). As UCs são Business Innovation strategies, Seminars, Thesis preparation and planning e Thesis. Outras UCs complementares podem ser selecionadas pela equipa estudante/ orientadores ao longo do DBI. As metodologias de ensino das várias UC, ainda que possam apresentar particularidades, integram exigências comuns: redução ao necessário das aulas expositivas do docente e valorização da participação ativa

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dos estudantes, mesmo em ambiente empresarial. Tal dinâmica é um elemento fundamental visto permitir uma formação doutoral mais produtiva e partilhada e com uma aprendizagem em ambiente empresarial. Salienta-se que neste programa doutoral os orientadores deslocam-se à empresa na UC de tese, para um acompanhamento efetivo dos seus orientandos. Tal como consta dos objetivos, pretende-se que a metodologia de ensino permita aos alunos relacionar produtivamente (e tão autonomamente quanto possível) o enquadramento teórico, as observações, os dados e uma metodologia científica de investigação que compatibilize as particularidades dos dados com uma explicação global. O sistema de avaliação (redação e apresentação de artigos) mantém também uma relação direta com a metodologia de ensino e os objetivos. Ainda que, tal como é descrito, o DBI valorize uma participação autónoma e partilhada dos estudantes (reuniões, aulas, etc.) ao longo dos 3 anos regulares, tal não significa que esta seja desregulada. Será função do docente disponibilizar as informações necessárias que harmonizem a formação individual do aluno com a dos interesses gerais da turma e com o perfil da UC. Deste modo, as leituras, a recolha do estado-da-arte e outras atividades são orientadas a partir de indicações do docente (as revistas científicas mais relevantes, a investigação já feita na área e eventualmente acessível na internet, os instrumentos informáticos e outros disponíveis, etc.). Também as aulas expositivas, os seminários e eventos servirão de ponto de partida definidor do percurso que os alunos poderão desenvolver individualmente e coletivamente, ou seja, servirão de apresentação de um

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Ensino

enquadramento teórico, dos seus possíveis desenvolvimentos e das suas respetivas potencialidades. Todo este ciclo de estudos é ministrado em língua inglesa. Quem se pode candidatar Uma candidatura ao DBI inclui a participação de uma empresa, que suporta os trabalhos de doutoramento, quer ao nível da justificação/requerimento de inovação, quer ao nível de propinas. De resto, a candidatura deve incluir um termo de compromisso da empresa a apoiar e assegurar os recursos necessários à prossecução do plano de trabalhos que vier a ser estabelecido. Deste modo, o DBI deve ser visto como um projeto de uma equipa que inclui o estudante, a UA e a empresa. O objetivo é que seja a empresa a recetora da inovação desenvolvida para que haja um aumento de competitividade internacional da empresa e formação avançada dos seus recursos humanos. Juntamente com o curriculum científico e profissional do candidato, deve também ser incluída na candidatura uma descrição do problema a resolver e que, consequentemente, necessita de uma solução inovadora. Esta proposta, ainda que seja muito preliminar, permitirá a construção de uma proposta inovadora e do programa de trabalhos nos meses seguintes.

Os candidatos ao DBI têm de possuir o grau de Mestre ou equivalente, ou um curriculum profissional de relevo. O número anual de candidatos serão 10. Duração do ciclo de estudos O DBI foi criado para uma duração de 3 anos em regime de exclusividade. Porém, é possível a realização do DBI em regime de part-time. Neste último regime, as propinas sofrem uma redução correspondente. Algumas áreas científicas do DBI • advanced materials and processing; • applied mathematics; • biochemistry; • biology; • biology and ecology of global changes; • biomedicine; • biorefineries;• biotechnology; • business and economics; • chemical engineering; • chemistry; • civil engineering; • computer engineering; • computer science; • design; • electrical engineering; • energy systems and climate change; • environmental sciences and engineering; • food science and technology and nutrition; • geosciences; • gerontology and geriatrics; • history of sciences and scientific education; • industrial engineering and management; • information and communication in digital platforms; • marine science, technology and management; • marine sciences; • marketing and strategy; • materials science and engineering, including ceramics; • mathematics; • mathematics and applications; • mechanical engineering; • multimedia in education; • music; • nanosciences and nanotechnology; • physical engineering; • physics; • political science; • public policies; • refining, petrochemical and chemical engineering; • science and technology of polymers; • sustainable chemistry; • telecommunications; • territory, risk and public policies; • tourism; others… Contactos : A. Gil Andrade-Campos (gilac@ua.pt) Para mais informações: https://www.ua.pt/pt/curso/474 Contacto geral para informações acerca do DBI: rt-dbi@ua.pt

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Digitalização

SOLUÇÕES i4.0 E DE DIGITALIZAÇÃO TAMBÉM ESTÃO AO ALCANCE DAS PMES PORTUGUESAS

por Do mi n g o s Mo r e i r a , responsável pelo desenvolvimento de negócio da área de desenvolvimento de produto.

«Indústria 4.0», «digitalização», e «internet das coisas» são palavras ubíquas hoje em dia, e por boa razão. São conceitos que englobam um largo espectro de tecnologias e aplicações, em constante desenvolvimento, e que se traduzem em inúmeras oportunidades para acrescentar valor a produtos e processos, desde a redução do time-to-market, customização em massa de produtos e à rápida escalabilidade de sistemas produtivos. Estas novas tecnologias enfrentam, porém, ainda algumas dificuldades de aceitação. Por um lado, são perfeitamente valorizadas pelos especialistas e empresas/organizações qualificadas e com músculo para implementar soluções complexas, suportadas pelos vários domínios da ciência e da engenharia. Por outro lado, no entanto, ainda observamos uma grande reserva e hesitação por parte dos decisores nas empresas, nomeadamente quanto à capitalização e ao investimento inicial, que, para os casos mais complexos, tende ainda a ser avultado. A tendência para avaliar tecnologias sob o ponto de vista do retorno direto a curto ou médio-prazo, tende a deitar por terra a vontade de implementar novas soluções desta índole. E para empresas com menor capacidade de investimento, o esforço inicial necessário invalida qualquer tentativa. Estamos agora numa fase em que a tecnologia está a amadurecer rapidamente, tendo sido implementada em todos os setores avançados da indústria, como são a título de exemplo os casos da indústria automóvel e farmacêutica. No entanto, as soluções dos fornecedores com maior expressão no mercado são, na maioria dos casos, pouco adequadas à realidade do tecido industrial português, cuja transição para a realidade do 4.0 tem sido lenta. E até em grandes empresas é notório o desfasamento entre a necessidade que motiva uma consulta ao mercado, e o resultado obtido.

Uma realidade exigente impõe abordagens alternativas O mercado está familiarizado com soluções standard, mas estudos comprovam¹ que nem todos os projetos têm sucesso e que a identificação de casos de estudo e a integração de soluções, bem como a gestão de dados, são as maiores dificuldades. Os projetos de implementação de conceitos 4.0 na indústria são de tal maneira complexos que a integração das diferentes soluções em harmonia é, frequentemente, o passo mais complicado. Ademais, os requisitos, as necessidades e os indicadores de gestão das diferentes equipas são muitas vezes contraditórios, e a programação, sendo um processo de lógica, vive mal com este tipo de abordagem. Nesta medida, uma das maiores e mais complexas etapas do processo é o levantamento de necessidades e a sua transformação em requisitos e especificações, alinhadas com os diferentes níveis de atuação. A associar a este ponto, a heterogeneidade dos sistemas obriga-os a um processo de integração, sendo que as linguagens de programação e os protocolos de comunicação são muitas vezes distintos e por vezes propriedade das marcas, criando restrições ao acesso de dados que têm que ser consideradas. Por vezes, obriga a recorrer à integração de elementos e sensores complementares, que operam em paralelo com o equipamento, contornando a falta de acesso a sistemas mais antigos ou fechados, garantindo-se o acesso à informação necessária. A este desafio acresce a dificuldade relacionada com a gestão e qualidade de dados, sendo vastos os estudos que indicam fragilidades neste ponto, com necessidade de investimento em hardware especializado e sistemas de redundância que garantam a recolha e processamento de informação realmente útil. Isto porque os dados devem espelhar a realidade dos processos, e não deve ser

¹ Beechan Research INSIGHT Report: "Why loT projects fail: towards new business value”

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Digitalização

dada margem na sua recolha para extrapolações que induzam os seus utilizadores em erro. Quando estas implementações são feitas corretamente e de forma informada, porém, resultam em naturais ganhos de eficiência, qualidade nos produtos e melhor capacidade de gestão da produção. A maior parte das PMEs procura implementar projetos i4.0 para melhorar a produtividade, a utilização dos dados relevantes do seu processo, e principalmente reduzir custos. Neste sentido, introduzir tecnologias em empresas menos «preparadas» envolve estruturar a implementação com foco neste tipo de resultados, mas também considerar as necessidades técnicas de implementação, que podem não ser óbvias. Construir soluções à medida da realidade das PMEs A realidade das PMEs portuguesas exige uma abordagem simplificada e personalizada no caminho rumo ao 4.0. Razão pela qual, reconhecendo esta necessidade, o INEGI tem apostado em levar a cabo projetos com as empresas numa lógica de parceria, com base na definição de etapas, com resultados a curto prazo, e com investimento reduzido. Este compromisso faz-se com recurso a soluções simples, com tecnologias de instrumentação relativamente acessíveis, e plataformas informáticas open-source

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ou adaptadas à medida. Também o retrofitting, isto é, a adaptação ou digitalização de equipamentos antigos, tem grandes vantagens, seja em termos de custos de capital, e até do ponto de vista ambiental com a extensão do seu ciclo de vida. Neste contexto, é também relevante ter em consideração a barreira cultural. Uma vez que implica mudanças no "chão-de-fábrica”, nos processos, e na forma como as equipas operam no terreno, sendo crucial, para projetos de sucesso, envolver as equipas no processo e dedicar tempo à formação. Ao contrário do que muitos supõem, mais do que depender da capacidade para grandes investimentos, o êxito destes projetos depende da presença de equipas multidisciplinares experientes e de um planeamento tecnológico que envolva órgãos de gestão, perfeitamente alinhado com os objetivos da empresa. Isto, aliado à proximidade entre especialistas e utilizadores finais, constitui uma receita de sucesso para a implementação de projetos de transformação para a "Indústria 4.0” em PMEs.

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Prémio

PRÉMIO ARQUÉTIPO 2.ª EDIÇÃO DISTINGUE SOLUÇÕES INOVA DOR A S

No passado dia 25 de Setembro realizou-se a Cerimónia Pública de entrega do Prémio Arquétipo – 2ª edição, um prémio que tem na sua génese um trabalho colaborativo entre a Ordem dos Arquitetos – Secção Regional Norte (OASRN) e empresas do sector da construção. O Prémio Arquétipo tem o apoio Institucional do Ministério da Economia e, na segunda edição, participaram as empresas Arch-Valadares, FILSTONE e MAPP. Apresentação do Prémio O PRÉMIO ARQUÉTIPO, promovido pela OASRN, é instituído com o objetivo de incentivar o desenvolvimento ou [re]invenção de produtos, conceitos ou técnicas, com aplicabilidade direta no setor da construção, dando resposta às necessidades e tendências desse mercado, que se pretende dinamizar/ reinventar /valorizar. Para tal, aposta-se numa interação entre arquitetos, principais prescritores de materiais e equipamentos e conhecedores privilegiados das necessidades do setor, e empresas ligadas à produção de materiais de construção, de acabamentos e/ou revestimentos, bem como de quaisquer peças e/ou equipamentos complementares à conceção da arquitetura dos espaços. Em cada edição são estabelecidas parcerias estratégicas com empresas de referência no sector, implantadas no mercado nacional, com valências de produção e vocacionadas para a inovação, na expectativa de que daí resulte investigação e desenvolvimento de produto, suscetível de, a curto/médio prazo, ser lançado no mercado. O conhecimento privilegiado que o arquiteto detém do setor e das necessidades dos vários agentes que neste operam, a forte componente interdisciplinar presente na sua formação, a sua capacidade de visualização

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espacial/construtiva, a vocação para uma resposta rigorosa, fruto da exigência das tarefas que lhe são cometidas, conferem a este profissional, integrado no processo criativo ligado à investigação de novas soluções/ técnicas construtivas, o papel de elemento potenciador de inovação nas empresas vocacionadas para a produção. Deste modo, invertendo-se a lógica tradicional, passando o arquiteto a ser agente ativo do processo criativo e acompanhando o processo de produção de materiais, produtos e/ou equipamentos desde a sua conceção, garantir-se-á um maior êxito na introdução do produto no mercado. É pois, dentro desta perspetiva, que a OASRN se assume como entidade intermediária neste processo, que junta arquitetos e empresas na investigação e desenvolvimento de novas soluções mais capazes de antever e responder às necessidades do mercado da construção, tomando a iniciativa de organizar os PRÉMIOS ARQUÉTIPO, enquanto uma ação integrada no projeto Norte 41º. Numa primeira fase, convidam-se arquitetos a apresentar propostas de produtos, conceitos ou técnicas, com aplicabilidade direta no setor da construção, às empresas associadas a esta iniciativa, no âmbito do PRÉMIO

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Prémio

INOVAÇÃO N41°, sendo atribuído um prémio pecuniário por cada empresa. Na sequência do mesmo, para além da premiação e distinções previstas, será ainda atribuído um MASTER PRÉMIO INVESTIGAÇÃO N41° a uma única proposta, a que o Júri reconheça maior potencial de resposta às necessidades e tendências de mercado, com o objetivo, já não só de premiar, mas de apoiar efetivamente o desenvolvimento de um projeto de investigação, patrocinada pela AGEAS Seguros SA. Protótipo da 1.ª Edição apresentada na Concreta 2019, no espaço OASRN Pedro Devesas foi o primeiro arquiteto a vencer o MASTER PRÉMIO INVESTIGAÇÃO N41º, com o UNIWC, uma proposta desenvolvida para a Arch-Valadares. O UNIWC - um bloco que agrega lavatório, sanita e chuveiro, ao mesmo tempo que aproveita as águas saponáceas

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para as descargas da sanita - surgiu como solução que engloba as diferentes peças sanitárias, apresentando uma linguagem simples e equilibrada, que agrega um atributo ambientalmente sustentável. O Master Prémio Investigação N41º permitiu ao arquiteto e à empresa desenvolver um protótipo, apresentado na Concreta 2019. Na primeira edição a OASRN contou como parceiras as empresas Arch Valadares, Automatizadora – ATZ, Cobermaster, Enor e Knauf, que desde o início estiveram recetivas a propostas para novos produtos, novas técnicas ou novos conceitos que dessem resposta às necessidades e tendências de cada sector em que operam. A 2.ª Edição tem como ambição a apresentação de solução na Concreta 2021 A segunda edição, na fase de Prémio Inovação N41º destacou um toalheiro em cerâmica e uma solução de construção em pedra maciça, para cada empresa parceira, Arch SA Valadares e FILSTONE. Estas empresas, desde o início, estiveram recetivas a propostas para novos produtos, novas técnicas ou novos conceitos que dessem resposta às necessidades e tendências do sector, permitindo a sua dinamização e valorização. “Apesar do desenvolvimento das propostas ao Prémio Arquétipo – Inovação ter decorrido em período de confinamento, devido à pandemia, o resultado desta edição demonstra a persistência dos profissionais arquitetos em encontrar e reinventar soluções ou produtos para o sector da construção”, salientou Conceição Melo, Presidente da entidade promotora do galardão. A Arch Valadares reconhece o prestígio dos Arquitetos pelas provas prestadas depositando confiança na criatividade dos profissionais valorizando, a ideia do saber fazer português. Nesta edição a aposta foi feita à proposta de um acessório de instalação sanitária, no caso em concreto um toalheiro, previsto ser executado em cerâmica. Sendo um facto que nas últimas décadas os acessórios de cerâmica têm sido preteridos pelos acessórios de plástico, por permitirem múltiplas formas, a verdade é que estes evidenciam consequências nefastas para o ambiente. Por esse motivo a Arch-Valadares aposta na cerâmica como matéria-prima, o que permitiu implementar uma política de garantia de 20 anos para as suas peças. José Cardoso, vencedor do Prémio Inovação N41º - ARCH VALADARES, considera a solução proposta “exequível, eficiente, inovadora e de fácil manutenção, com uma vasta possibilidade de aplicações”.

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Prémio

Os arquitetos José Cardoso e Jérémy Pernet que receberam um prémio de 2.500€, têm agora a possibilidade de se juntarem às equipas de I&D das empresas e estudar o potencial de produção e adaptabilidade das suas soluções. Foi ainda atribuída uma Menção Honrosa ao arquiteto Sérgio Mendes, com uma solução de revestimento de paredes e pavimento feito em excedentes da extração de rocha. Na Cerimónia Pública de entrega de Prémios Arquétipo – 2.ª Edição, do passado dia 25 de Setembro, foi ainda conhecido o vencedor da fase de Master Prémio de Investigação N41º, entregue pela representante da AGEAS, Seguros e pelo Secretário de Estado Adjunto e da Economia, Dr. João Neves, numa cerimónia que teve lugar na sede da Secção Regional o Norte da Ordem dos Arquitetos (OASRN), entidade promotora do galardão e transmitida em streaming. Jérémy Pernet ganhou o prémio com uma proposta desenvolvida para a FILSTONE. Ao receber este prémio, no valor de 6 mil euros, o arquiteto e a empresa irão desenvolver um protótipo que será apresentado na Concreta 2021 e posteriormente lançado no mercado. Quanto ao projeto selecionado pelo júri do concurso para Master de Investigação, o arquiteto Jérémy Pernet explicou que “O projeto pretende estudar a viabilidade em termos construtivos, orçamentais e de uso, de um

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sistema construtivo em grandes blocos de pedra maciça, no contexto e clima Português. Não se trata só do material que usamos, mas sim de repensar a nossa abordagem da construção. Uma das numerosas vantagens da pedra é a sua grande massa térmica, permitindo uma regulação muito eficiente do clima interior, quando bem estudada. Trata-se então, de encontrar sobriedade na nossa forma de construir e usufruir dos espaços que nos albergam.” O Secretário de Estado Adjunto e da Economia destacou a importância da iniciativa da OASRN pelo efeito alcançado em prol de um desenvolvimento mais sustentável. Considerou ser este um Prémio simples mas com muito significado pelo resultado das respostas encontradas e pelo diálogo frutuoso que permite consolidar opções do ponto de vista económico. “Esta é a segunda edição de um prémio que, faz todo o sentido continuar, explorando sinergias entre os arquitetos, técnicos de áreas disciplinares complementares e a produção para encontrar as melhores soluções adaptadas aos desafios emergentes que não podem esquecer a emergência sanitária, climática e ambiental. Este é o desafio do futuro e o que queremos ver desenvolvido nas próximas edições.”, referiu Conceição Melo. A OASRN encontra-se já a preparar a 3.ª edição do Prémio Arquétipo, com data prevista para lançamento na CONCRETA 2021, por acreditar neste projeto de aproximação entre a Indústria e os arquitetos, procurando ideias com aplicabilidade direta no sector da construção.

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Secção Jurídica

S TAY AWAY, STAYAWAY COVID (?)

p o r Fi l o m e n a Gi r ã o e Ma g da Rodr igues , FAF Advogados

Os tempos incertos em que vivemos têm justificado a adoção de medidas, também elas, por vezes, incertas, exigentes e cujas consequências nem sempre se assomam de fácil diálogo com o normal. A app STAYAWAY COVID resultou de uma iniciativa levada a cabo no âmbito do programa INCoDe.2030 com o objectivo de desenvolver uma solução de rastreio digital de contactos para prevenir e mitigar a propagação da COVID-19. Este sistema destina-se a ser mais uma ferramenta ao serviço de uma estratégia global de resposta à pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2. A principal funcionalidade da aplicação é alertar o seu utilizador de exposições, consideradas de elevado risco, a outros utilizadores da aplicação a quem tenha sido, entretanto, diagnosticada a COVID-19. Em rigor, mais do que de uma solução de rastreio, trata-se de um sistema de notificação da exposição individual a factores de risco de contágio. De uma forma sucinta e muito simplificada, o sistema STAYAWAY COVID depende de uma aplicação móvel instalada nos telemóveis que, simultaneamente, emite identificadores únicos e que, tal como um radar, recolhe os

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identificadores únicos emitidos pelos telemóveis próximos. Assim, na posse dos identificadores recebidos, é simples para a aplicação verificar se aquele telemóvel no qual está instalada esteve próximo de um determinado telemóvel. Desta forma, permite-se à aplicação de cada utilizador, no caso de lhe ser fornecido um identificador gerado pelo telemóvel de alguém doente, avaliar se terá estado em contacto com esse telemóvel e se este contacto representa ou não risco de contágio. Para que esta abordagem possa configurar uma solução eficaz e segura, é necessário, desde logo, que: i) os riscos de identificação dos utilizadores dos telemóveis sejam minimizados; que a associação de identificadores a diagnósticos positivos da doença seja legitimada por uma autoridade de saúde; ii) que a avaliação sobre um contacto de risco seja o mais precisa possível, de acordo com as directrizes da Organização Mundial de Saúde; iii) que todos os dados manipulados respeitem as leis europeias e nacionais em matéria de protecção de dados; e, iv) que a utilização do sistema seja o menos intrusiva e o mais cómoda possível para os seus utilizadores. Foi, de resto, esse o fito do Decreto-Lei n.º 52/2020, de 11 de Agosto, que veio regulamentar a utilização dessa aplicação, explicitando, igualmente, a intervenção do mé-

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Secção Jurídica

dico no sistema, e definindo a DGS como entidade responsável pelo tratamento dos dados. Mais, tratou o referido diploma de restringir a utilização dos dados recolhidos apenas à finalidade de notificação dos utilizadores da exposição individual a factores de contágio por SARS-CoV-2, decorrente de contacto com utilizador da aplicação que posteriormente venha a ser confirmado com COVID-19. Esta aplicação começou por ser de utilização voluntária. Porém, o agravamento da situação epidemiológica, eventualmente associado à fraca utilização do sistema por doentes COVID, levou a que o Governo aquilatasse a possibilidade de impor essa utilização – o que, naturalmente, suscitou um acérrimo debate na opinião pública que, nos últimos dias se vem ocupando da (in)constitucionalidade dessa imposição com vincada paixão, dividindo-se os ânimos entre aqueles que defendem a imposição a contento de um bem maior – a saúde pública – e, outros, defendendo a manutenção do carácter voluntário a bem da manutenção da liberdade e privacidade individuais. As posições assim definidas são redutoras de um diálogo que não é simples e que remontam a tempos imemoriais e que entronca na (necessidade) de intervenção do Estado na vida das pessoas. Não é, por evidentes motivos de espaço, esse o diálogo que podemos propugnar hoje aos nossos leitores. Na verdade, o principal fito deste excurso é sensibilizar para a dificuldade do tema no actual contexto, de grande alarme social. Efectivamente, há quem entenda que obrigar ao uso da aplicação não é inconstitucional e responde, jus-

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tamente, às exigências da situação de emergência em que vivemos, assim justificando a restrição de alguns direitos e da liberdade. Recorde-se que, em idêntico exercício, não há mais de uma década, o Tribunal Constitucional (TC) deu o seu beneplácito ao “corte” dos salários da função pública, justamente estribado na situação de emergência – desta vez financeira – vivida no país nos anos da crise, posto o que não seria inédita uma posição do TC que assentisse a esta medida, tendo por base razões de excepção. Por outro lado, a imposição da utilização da aplicação suscita inúmeras questões ao nível da protecção dos dados pessoais, sobre o qual já se debruçou a CNPD e que assinalou ao sistema deficiências de funcionamento. Porém, a mais flagrante falha da proposta parece ser, na verdade, a possibilidade de criação de uma Lei – geral, abstracta e coerciva – cujo cumprimento não é passível de ser sufragado e que, portanto, se esvaziaria em si mesmo: haja em linha de conta que não é possível, objectivamente, controlar quem tem e quem não tem a aplicação - o que redundaria numa lei que, na verdade, não o é e no consequente descrédito de um sistema que, tem, impreterivelmente, de ser credível – afinal, à mulher de César… As medidas de controlo da pandemia são, iminentemente, de natureza política, muitas vezes mais do que de jaez sanitária. Sem embargo, não podem esvaziar-se no fumo do momento político, sob pena de se tornarem medidas facilmente descredibilizadas pelos seus destinatários – todos nós! – o que, no actual contexto se assoma particularmente grave.

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Inovação

PRÉMIO INOVAÇÃO JOVEM ENGENHEIRO 2020 | ABERTURA DE CANDIDATURAS

po r Lu í s Ma ch a d o , Presidente do Conselho Diretivo da Região Sul da Ordem dos Engenheiros

Luís Machado Engenheiros

- Presidente do Conselho Diretivo da Região Sul da Ordem dos

O Conselho Diretivo da Região Sul da Ordem dos Engenheiros lançou, no início de outubro, as candidaturas ao Prémio Inovação Jovem Engenheiro 2020 (PIJE 2020), iniciativa promovida anualmente com o objetivo de incentivar e dinamizar a capacidade inovadora dos jovens engenheiros portugueses. Instituído em 1990, este prémio vai na 30ª edição e visa galardoar e divulgar trabalhos elaborados por jovens licenciados em Engenharia, nos diversos ramos, que se destaquem, entre outros critérios, pela sua originalidade e carácter inovador, pela aplicabilidade e utilidade prática, e pelo mérito técnico-científico. Neste contexto, serão atribuídos prémios pecuniários ao primeiro, segundo e tercei-

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ro classificados, nos valores de 10 000 euros, 5 000 euros e 2 500 euros, respetivamente. As candidaturas ao PIJE 2020 decorrem até ao próximo dia 30 de dezembro e podem ser apresentadas, individualmente ou em coautoria, por membros estagiários ou efetivos da Ordem dos Engenheiros inscritos em qualquer Região (Sul, Norte, Centro, Açores e Madeira), desde que com idade até 35 anos (inclusive). A Ordem dos Engenheiros tem como missão principal contribuir para a defesa, a promoção e o progresso da Engenharia. É neste âmbito que o Conselho Diretivo da Região Sul procura implementar estratégias de atuação que permitam o acompanhamento das tendências científicas e tecnológicas atuais e das respostas aos desafios do futuro em todas as atividades em que os engenheiros podem e devem contribuir. Uma iniciativa que estimule a Inovação e o Empreendedorismo insere-se naquelas estratégias, pelo que o Prémio Inovação Jovem Engenheiro é mais um exemplo da como a Ordem dos Engenheiros encara o apoio a novas aplicações do conhecimento e aposta fortemente no potencial que os seus membros mais novos sempre detêm. Se a candidatura já é uma vontade de sucesso, a sua eleição para um dos prémios representa a garantia de que este vai ser alcançado. Candidate-se!

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Entrevista

À CONVERSA COM MANUEL TEDIM MAIA, DIRETOR-GERAL DA CERÂMICA VALE DA GÂNDARA

A Cerâmica Vale da Gândara Kéramica - Desde 2007, a Cerâmica Vale da Gândara está incorporada no grupo cerâmico La Paloma, um grande grupo espanhol do sector. Esta incorporação da empresa, com 50 anos na altura, foi por uma questão estratégica de crescimento? O grupo cerâmico La Paloma tinha já uma forte presença no mercado português e era já conhecedor do nosso mercado. Quando em 2007 surgiu a oportunidade de aquisição da Cerâmica Vale da Gândara foi entendido que seria uma boa opção para reforçar a presença no mercado português assim como complementar a gama de produtos do Grupo La Paloma.

Kéramica – Como está a ser vivido, na Cerâmica Vale da Gândara, este período de pandemia que atravessamos? Quais as principais dificuldades sentidas e medidas tomadas? As medidas de apoio do governo, têm sido adequadas? Este período está a ser vivido com grande apreensão e preocupação embora não tenhamos sentido qualquer dificuldade até ao momento a expectativa no futuro é bastante preocupante como entendo ser transversal a todas a empresas e a todos os sectores. Continuamos a laborar e a produzir e felizmente as vendas quer no mercado nacional quer no mercado externo ainda não sofreram nenhum decréscimo. Como é do conhecimento geral o setor da construção não tem sido dos mais afetados, não obstante estamos muito preocupados com a imprevisibilidade futura. Sobre as medidas do governo e até hoje não temos sentido necessidade de recorrer a nenhum tipo de apoios.

Manuel Maia

- Administrador Cerâmica Vale Gândara

PRODUÇAO Kéramica - Como caracteriza a produção da Cerâmica Vale da Gândara? Que segmentos de produtos abrangem? Quantos trabalhadores existem na empresa? A cerâmica Vale da Gândara é uma unidade fabril construída, pensada e especializada para a produção de tijolo face à vista e paver cerâmico. Neste momento tem cerca de 35 colaboradores Kéramica – O facto de a Empresa estar situada no interior do país, suscita constrangimentos comparativamente a outras empresas mais perto dos grandes centros urbanos portugueses ou até pode ser uma vantagem? A cerâmica vale da Gândara situa-se em Mortágua a 135 km do Porto e a 250 km de Lisboa, esta localização não é a melhor quando falamos do mercado nacional pois não estamos perto das principais cidades do país e onde se

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Alto da Ajuda em Lisboa

regista o maior volume de construção no entanto, temos a vantagem de estar “em cima” da nossa principal matéria prima. Esta localização foi estratégica pois esta zona do País é onde existem reservas muito significativas de matéria prima. Kéramica - Cada vez mais os consumidores procuram personalizar os seus projetos, adquirindo e escolhendo produtos de cores e formatos diversos. No caso da Cerâmica Vale da Gândara, é possível satisfazer esta tendência com os vossos produtos? Esse é um fator que temos muito presente e que está em constante desenvolvimento, para que tenham uma ideia em 2007 a cerâmica vale da Gândara tinha na sua gama de produtos 6 ou 7 referencias assim como dois ou três formatos, hoje temos um enormíssimo número de cores, texturas e formatos, estamos equipados industrialmente para poder oferecer ao mercado uma grande variedade de produtos. Temos de nos adaptar às novas tendências da arquitetura assim como aos diferentes formatos e dimensões que variam de país para país. Kéramica – Para além da evolução estética presente nos vossos produtos, tem havido inovação nas soluções de construção? Sim, tivemos de nos adaptar a uma nova realidade e hoje temos, por exemplo, na nossa gama de produtos o sistema Termoface que é um sistema de ETICS com o nosso revestimento cerâmico, este sistema está já homologado pelo LNEC e tem representado um grande sucesso nas vendas, estamos muito otimistas com o futuro deste sistema. Kéramica – A Cerâmica Vale da Gândara tem uma relação muito próxima com os arquitetos, dedicando mesmo uma parte do seu site, o “Espaço do Arquiteto”, a entrevistas com arquitetos portugueses. Que relação existe entre a arquitetura portuguesa/novos arquitetos com a cerâmica e com os vossos produtos? A cerâmica vale da Gândara tem desde sempre uma relação muito próxima com os arquitetos pela simples razão de que para utilizarmos o sistema construtivo em tijolo face á vista este tem de ser pensado e planeado na fase de projeto assim desde sempre que somos solicitados pelos ateliers de arquitetura para darmos o nosso contributo e apoio técnico. Nos últimos anos esta proximidade tem contribuído para o desenvolvimento de novas soluções, novos formatos, novas cores e texturas faz com que estejamos atentos à evolução e contemporaneidade da arquitetura.

Empresa

Entrevista

MERCADOS Kéramica – Qual o peso das vossas exportações e qual o vosso principal mercado? O facto de o vosso produto ser pesado, representa algum constrangimento neste domínio. A exportação é para nós muito importante e no ano de 2019 representou cerca de 30% do volume da faturação pensamos que este ano e mesmo com todos estes constrangimentos causados pela pandemia, o ano de 2020 vai superar os números do ano de 2019 da Cerâmica Vale da Gândara. A exportação é um processo longo, demorado e muito competitivo, mas na verdade temos vindo a consolidar a nossa presença em diversos mercados. Espanha, Reino Unido e Coreia do Sul são neste momento alguns dos principias destinos dos nossos produtos Na verdade, o peso do nosso produto não ajuda muito mas não torna impeditivo logicamente que procuramos mercados que valorizam muito o tijolo e que têm como um dos seus principais revestimentos o tijolo face á vista Kéramica – As medidas protecionistas implementadas pelos Estados Unidos, o Brexit e as barreiras

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O tijolo face à vista é um material intemporal de fácil aplicação que proporciona isolamento acústico e térmico. É uma solução que não necessita de manutenção, com elevada resistência mecânica e versatibilidade nas cores naturais e agradáveis aplicáveis a qualquer situação

Tijolo Face à Vista

Fotografia: Fernando Guerra | FG + SG

Fotografia: Fernando Guerra | FG + SG

Vermelho Vulcânico

Negro Calabar

Cinza Douro

Castanho Quito

Branco Algarve

Bamako

Branco Algarve Flashing

Bege Mourisca

Entre em contacto connosco

www.valegandara.com

valegandara@valegandara.com


Entrevista

Reconhecendo a importância das feiras e exposições entendemos que em muitos países a sua importância passou a ser menor e o modelo um pouco obsoleto. Kéramica – Como avaliam o mercado nacional, a construção e a reabilitação, antes da pandemia e o momento atual. Como é do conhecimento geral o sector da construção foi um dos setores que menos sofreu com a pandemia mas temos de estar muito atentos pois provavelmente também nos irá afetar, entendemos que ainda há muito para reabilitar no nosso país e há uma falta de oferta de habitação nos grandes centros urbanos como o do Porto e de Lisboa. Relativamente a obras publicas e não querendo entrar muito por esse tema todos sabemos qua nos últimos anos o investimento publico não foi muito notado. INVESTIMENTO e FUTURO Kéramica – Prevê novos investimentos no futuro? A Cerâmica Vale da Gândara tem sempre na sua estratégia e no seu orçamento investimentos sabemos da importância de estarmos atualizados quer na vertente industrial, nos recursos humanos quer na comunicação e divulgação da nossa marca e dos nossos produtos. Kéramica – Em jeito de despedia, refira uma obra de referência, nacional ou internacional, que tenham aplicado os produtos da Cerâmica Vale da Gândara e que o tenha deixado orgulhoso. É sempre difícil fazer referência a uma ou duas obras pois temos vários projetos ao longo dos anos que nos enchem de orgulho, mas correndo o risco de ser injusto para com alguém vou referenciar dois projetos já concluídos O primeiro e recentemente concluído em 2019 que é a residência universitária do polo do Alto da Ajuda em Lisboa do atelier CVDB + arquiteto Rodolfo Reis + arquiteta Joana Barrelas, escolho este projeto porque do meu ponto de vista é uma maneira muito interessante de utilizar o tijolo e é a prova como o tijolo pode ser utilizado numa arquitetura contemporânea este projeto demonstra também a versatilidade do tijolo. O outro projeto são as torres Yojin Y-city em Seul na Coreia do Sul pela dimensão do projeto (6 torres 59 pisos cada ) e porque tenho de reconhecer que nos enche de orgulho termos um produto produzido por nós e utilizado num dos maiores projetos de habitação realizados naquela cidade e que fica praticamente do outro lado do mundo.

Fabrica

comerciais levantadas por diversos países podem afetar as vossas exportações? Relativamente aos Estados Unidos ainda não temos uma posição definida é um dos países que seguimos com muita atenção, mas estamos ainda numa fase de abordagem, conhecimento e estudo é um mercado gigantesco, mas têm fabricantes com grande dimensão, para entrarmos nestes mercados temos de ter um produto de altíssima qualidade e diferenciador caso contrário seremos mais um. Depois temos de perceber como funcionam os canais de distribuição e o que é valorizado. Sobre o Reino Unido estamos muito atentos e preocupados devido ao Brexit e principalmente se for um Brexit sem acordo. Kéramica – Quais os principais países produtores internacionais concorrentes das empresas portuguesas neste sector? No que respeita ao tijolo face à vista existem vários países com uma enorme força quer no fabrico quer na utilização do tijolo face à vista começando pelos nossos vizinhos de Espanha passando pelo mercado Alemão, Reino Unido até países como a Bélgica Holanda Dinamarca, enfim, todos estes países tem um tradição e conhecimento muito alargado quer no fabrico quer na utilização de tijolo face á vista isto para não falarmos dos Estados Unidos ou na Austrália, o mercado do tijolo face à vista é um mercado muito competitivo. Kéramica – A presença e visita às principais feiras nacionais e internacionais é para vós um canal relevante de promoção e divulgação dos vossos produtos? Vamos estando atentos às diversas feiras que existem do sector da construção, mas temos que reconhecer que não tem sido a principal estratégia para a divulgação e promoção da marca Vale da Gândara.

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Investigação

A INOVAÇÃO ATRAVÉS DAS ENZIMAS: COMO UMA STARTUP BIOTECNOLÓGICA SE ADAPTA AO ESTADO ACTUAL DA I&D&I

por Maria Fátima Lucas, Co-fundadora Directora Geral da Zymvol Biomodeling SL

M a r i a F á t i m a L u c a s • Co-fundadora Directora Geral da Zymvol Biomodeling SL

A palavra inovação cada vez mais presente na nossa vida quotidiana dá-nos a (falsa) sensação de que hoje inovamos mais que noutros tempos. Se pesquisamos no Google scholar a palavra "innovation", dos mais de 4M de resultados quase metade corresponde aos últimos 10 anos. Este é o resultado de um número crescente de investigadores e cifras recorde de investimento feito pelos governos em investigação e desenvolvimento (UNESCO Institute for Statistics). Se tomarmos a indústria farmacêutica como exemplo, estima-se que o investimento num novo medicamento, de acordo com vários estudos de mercado, duplicou nos últimos 10 anos (Gordon, 2012). Por outro lado, exemplos na literatura mostram que é necessário cada vez mais tempo para fazer novas descobertas e que são necessários mais colaboradores para um verdadeiro avanço (Bloom, et al., 2020). Mas paradoxalmente, apesar do crescente nú-

mero de investigadores dedicados exclusivamente à I+D e do elevado investimento, parece que assistimos a um declínio na produtividade (Mulgan et al, 2019). Que está então a acontecer com a inovação? É possível que haja cada vez menos ideias ou que elas tenham menos impacto (Gordon, 2012)? É fundamental entender as razões detrás desta desaceleração já que é bem conhecida a correlação entre o progresso tecnológico (novas ideias) e o crescimento económico. Segundo um artigo da Harvard Business Review (Arora et al, 2019) é evidente que ainda temos ideias impactantes (como a Quantum Computing ou a técnica CRISPR Cas-9) mas será que estamos a observar maiores dificuldades na transferência de ideias inovadoras para o mercado? Neste sentido, o facto de o investimento em I&D por parte das grandes empresas ter diminuído consideravelmente desde os anos 70 pode ter um impacto importante. De acordo com os mesmos autores nos anos 60, o departamento de I&D da empresa química DuPont publicou mais artigos científicos no Journal of American Chemical Society do que o MIT e a Caltech juntos (The decline of corporate research and its impact - A personal perspective). Mas se as grandes empresas reduziram os seus departamentos de I&D onde é feita a sua inovação hoje em dia? Uma tendência crescente é a de recorrer a startups. De um ponto de vista económico, é menos arriscado para uma grande empresa ter um departamento dedicado à prospecção da inovação do que ter de tomar a decisão de onde e quanto investir internamente em I&D. Além disso, com a crescente pressão dos investidores em empresas cotadas em bolsa, é mais fácil justificar o investimento ou a compra de uma pequena empresa inovadora que já tenha passado a fase de prova de conceito e que, por conseguinte, tenha uma maior probabilidade

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Investigação

de sucesso na introdução de uma inovação no mercado. Neste sentido, o aumento do capital corporativo como alternativa ao capital de risco representa um factor muito favorável para as startups. Ao contrário dos investidores de capital de risco, cujo objectivo é essencialmente o retorno económico e que também tem ciclos que podem comprometer o crescimento de uma startup com desinvestimento num momento crítico, o capital corporativo normalmente procura sinergias que criem valor e, consequentemente, o crescimento económico de ambas entidades. Até agora e devido à deformação profissional, quase só falamos de inovação relacionada com o melhoramento tecnológico, mas na realidade a inovação vai muito além do desenvolvimento científico e tecnológico. Por exemplo, novos modelos empresariais como os que vimos nos últimos anos de produtos "Freemium" que tiveram início nos anos 80, e muito populares hoje em dia, graças à Internet ou modelos de utilidade que representam pequenas melhorias técnicas, de desenho ou estéticas de algo já existente. Os modelos de utilidade são um bom exemplo de que a inovação não tem de ser uma mudança radical. O mais normal é uma melhoria progressiva. Grandes mudanças ocorrem com pouca frequência e normalmente requerem tecnologias disruptivas. A inovação disruptiva geralmente envolve a entrada de uma tecnologia que afecta a forma como um mercado ou uma indústria funcionam. Um bom exemplo de uma inovação disruptora é a Internet que mudou completamente a forma como muitas empresas ope-

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ram, criou outras, e afectou negativamente as empresas que não estavam dispostas ou não foram capazes de se adaptar. Este tipo de inovação requer frequentemente de uma transformação completa das empresas. Falamos então de inovação transformadora onde toda a empresa deve ser transformada num novo enquadramento que se espera que crie valor ao longo do tempo. Actualmente podemos observar como a transformação digital de muitas empresas antes da crise as prepararam para, por exemplo, ter a totalidade ou parte da sua força de trabalho a trabalhar à distância. Mas mudanças importantes (como a introdução da Internet) são raras e mesmo essas têm um retorno económico máximo e por estas razões não devemos subestimar a inovação incremental onde há um investimento constante para conseguir melhorias em produtos e serviços. Estas são as mais comuns em muitas empresas, uma vez que normalmente requerem menos mudanças organizacionais. A empresa que co-fundei em 2017 e que lidero está localizada em Barcelona Espanha, onde trabalho há mais de 12 anos. Nos primeiros 9 anos, trabalhei no Barcelona Supercomputing Center no desenvolvimento de aplicações para o estudo das interacções proteína-substrato essencialmente para o desenvolvimento de novos medicamentos. Mas desde 2013 que me especializei no desenho de enzimas e na Zymvol estamos dedicados à descoberta e optimização de novas enzimas industriais para empresas farmacêuticas, químicas e biotecnológicas. Temos actualmente clientes na Europa, Estados Unidos e Coreia do Sul e mais de 2 milhões de euros garantidos em fundos públicos para investimento em I&D. Na Zymvol queremos democratizar a utilização da química verde, comprometendo-nos simultaneamente a criar emprego estável, fomentado a igualdade de condições de trabalho, em particular relacionado com a igualdade de género. Foi graças a esta visão que fui recentemente premiada na categoria principal de "Women Innovators 2020" pela Comissão Europeia. A palavra inovação é a base da Zymvol, uma vez que usamos simulações computacionais com modelos de proteínas tridimensionais para prever o efeito de mudanças

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Investigação

estruturais na actividade enzimática. No entanto, não foi necessário inventar esta tecnologia, o que fizemos foi adaptar tecnologias existentes (modelação molecular) e um conjunto de ferramentas que têm sido utilizadas durante décadas para o desenvolvimento de novos medicamentos e modificá-las para a melhoria enzimática. Estes instrumentos incluem metodologias clássicas como o “docking” ou metodologias quânticas como a QM/MM. As enzimas são biológicas moleculares, ou pequenas "fábricas moleculares" capazes de acelerar as reacções químicas - são biocatalisadores. Elas são omnipresentes na Natureza e graças a elas podemos obter nutrientes dos alimentos que comemos ou produzir energia. No entanto, o que é menos conhecido é que as enzimas têm sido usadas na indústria desde os anos 50. Por exemplo, podemos lavar as nossas roupas a 30°C graças às enzimas ou produzir medicamentos com um elevado grau de pureza de uma forma sustentável. Devido às suas características, as enzimas operam a baixas temperaturas e pressões e, portanto, o investimento em CAPEX por parte das empresas é reduzido em comparação com os catalisadores químicos tradicionais. É também por esta razão que as enzimas são ambientalmente seguras, já que poupam água, energia e matérias-primas. A indústria dos biocatalisadores já tinha assistido a uma enorme transformação há mais de 20 anos, quando Frances Arnold inventou a evolução dirigida que consiste em acelerar a evolução de Darwin no laboratório. Com este avanço, Arnold conseguiu motivar a indústria, em particular a indústria farmacêutica, a investir mais na utilização de biocatalisadores e com eles alcançar importantes benefícios económicos e ambientais, o que lhe valeu o Prémio Nobel da Química em 2018. A tecnologia desenvolvida pela Zymvol permite que muitas destas experiências de laboratório sejam substituídas por simulações informáticas rápidas e baratas. Podemos filtrar milhões de enzimas em poucos dias e por isso, hoje em dia, qualquer indústria pode ter acesso a melhores enzimas para os seus processos. Estamos apenas no início do que podemos fazer com os biocatalisadores e o que necessitamos agora são boas ideias para novas aplicações. É incrivel ver como os investigadores encontram cada vez mais enzimas e aplicações, como exemplo, enzimas para a produção de materiais cerâmicos (Unuma, et al. 2011), a utilização de cerâmica na imobilização de enzimas (Kamori et al, 2002) ou os chamados "Biocers" que são cerâmicas modificadas biologicamente (Böttcher, et al, 2004). Além disso, as enzimas podem ser usadas

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directamente em microrganismos (a forma mais tradicional, como é o caso na produção de vinho ou de pão) e também aqui se abre uma grande variedade de possibilidades. Pessoalmente, gosto da proposta de utilizar bactérias para reparar fissuras no cimento (Tittelboom, et al, 2010) e deixo a pergunta: poderíamos pensar numa ideia assim para a cerâmica? Voltando à discussão inicial sobre as razões pelas quais a produtividade da inovação está a desacelerar, pessoalmente não penso que haja cada vez menos ideias. Penso que somos capazes do inimaginável, mas é necessário um esforço concertado para trazer estas ideias para o mercado. É evidente que o investimento em I&D não pode ser reduzido se quisermos melhores processos, mas a forma como a informação é partilhada necessita ser optimizada, em particular se queremos facilitar a multidisciplinaridade. Hoje, gracas à Internet estamos completamente conectados, mas precisamos de melhores plataformas de colaboração onde a I&D e as suas potenciais aplicações industriais possam ser transformadas em inovação. Se a necessidade aguça o engenho, precisamos de encorajar a criatividade em qualquer lugar e sector porque o que pode ser difícil de inovar aqui (porque não há uma necessidade específica do mercado) pode ajudar outras pessoas/empresas noutra parte do mundo.

Investigação . Kéramica . p.33


Cooperação

A UNIVERSIDADE DO PORTO E O DESÍGNIO DA ALIANÇA COM A INDÚSTRIA

por Joana Resende, Pró-Reitora para o planeamento, empreendedorismo e transferência de conhecimento e André Fernandes, U.Porto Inovação

Posicionamento As universidades são atores decisivos na promoção da inovação e do empreendedorismo, contribuindo quer para a dinamização e crescimento económico baseado em conhecimento – o tão almejado crescimento económico inteligente - quer para a procura de respostas aos complexos desafios que se colocam às sociedades modernas. A Universidade do Porto está profundamente comprometida com este paradigma. Trabalhando em conjunto com a comunidade académica, empresas, alumni, empreendedores/as, mecenas, investidores/as, sociedade civil e Estado, a U.Porto tem procurado cada vez mais promover uma efetiva transformação dos seus resultados de I&D em produtos, serviços e modelos de negócio inovadores e de elevado valor acrescentado. A U.Porto Inovação (1) e a UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto (2) são elementos chave desta estratégia, pois promovem um amplo conjunto de atividades que apoiam a cadeia de valor de inovação do ecossistema da U.Porto. A U.Porto Inovação é a unidade de transferência de conhecimento da U.Porto e conta com uma equipa de profissionais altamente qualificada, consolidada e multidisciplinar que, desde a sua constituição em 2004, desenvolve três grandes linhas de atuação, dinamizadas com o objetivo de maior aproximação às empresas num paradigma de benefício mútuo: age como interface entre as empresas nacionais e a U.Porto a fim de fomentar parcerias de investigação, desenvolvimento e inovação; protege e comercializa a nível nacional e internacional a propriedade intelectual associada aos resultados de investigação da U.Porto; fomenta o empreendedorismo na universidade, apoiando a ignição de novos negócios e cultivando a proximidade com as empresas spin-off da U.Porto. Em 2019 a U.Porto Inovação geria e comercializava 339 processos ativos de patentes nacionais e internacionais,

p.34 . Kéramica . Cooperação

25 contratos de transferência de conhecimento com empresas nacionais e internacionais, e relacionava-se com 91 empresas com a chancela spin-off U.Porto, nas mais diversas áreas de atividade económica. Já a UPTEC tem apoiado a transferência de conhecimento entre a academia e a indústria desde 2007, através da incubação de empresas startups e pela integração de centros de inovação empresarial. Em reconhecimento do seu papel, a UPTEC ganhou em 2013 o prémio REGIOSTARS – crescimento inteligente, atribuído pela Comissão Europeia. No final de 2019, a UPTEC contava com 181 projetos empresariais instalados, entre os quais 19 projetos empresariais em fase de ideia de negócio, 106 startups (em regime de incubação física, virtual e cowork), 35 centros de inovação e 21 projetos âncora. Sinergias O gentil convite da APICER para contribuirmos para a presente edição da revista Kéramica, dedicada à inovação, foi o mote para procurarmos identificar sinergias entre a U.Porto e a indústria da cerâmica e cristalaria. Tratando-se de uma indústria de grande relevo na economia Portuguesa, que assegura um volume de negócios superior a 1000 milhões de euros e um VAB de 450 milhões de Euros (3), é também evidente a forte vertente exportadora das empresas do setor da cerâmica e cristalaria, que asseguram 1,2% das exportações totais de bens em 2019, atuando em 163 mercados internacionais (4). Num setor de atividade com estas características, a competitividade e a lucratividade destas empresas passarão também pela inovação, quer ao nível do aumento da eficiência dos processos de produção quer através da oferta de produtos e serviços com maior valor acrescentado.

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Foto equipa Universidade do Porto Inovação 2020

Cooperação

A Universidade do Porto poderá ser naturalmente um aliado importante na concretização desses propósitos. Composta por 14 faculdades e uma business school, a U.Porto possui um perfil institucional completo e diversificado, no quadro da sua missão de criar e transmitir conhecimento científico, cultural e artístico. Na vertente da investigação, a U.Porto é responsável por cerca de 25% da publicação científica portuguesa em revistas indexadas, a cada ano, contando com 49 centros de investigação (e 11 laboratórios associados) nos quais se desenvolve investigação de excelência (reconhecida como tal por diversos painéis internacionais de especialistas independentes), cobrindo uma grande variedade de áreas científicas e tecnológicas, num ambiente de forte interdisciplinaridade e crescente interação com a indústria, trabalhando em conjunto com as empresas em prol da inovação do tecido económico Português. No que concerne a sinergias entre a U.Porto e o setor da cerâmica e cristalaria, não será difícil identificar complementaridades entre a academia e esta importante indústria. Quem leia a edição anterior da Kéramica, poderá ficar a saber mais sobre resultados de uma parceria de investigação entre cientistas da U.Aveiro e da U.Porto sobre impressão 3D à base de tintas cerâmicas e metálicas (5). Observando a oferta científica e tecnológica da U.Porto

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encontram-se igualmente diversos projetos e colaborações que apresentam pontos de contacto com os vários subsectores da indústria da cerâmica e cristalaria. Destacamos alguns casos, como ilustração. Está em curso na Faculdade de Engenharia e no INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial, a investigação e desenvolvimento de dispositivos para geração e armazenamento de energia que incorporam óxidos e que apresentam elementos que incluem compostos cerâmicos (6). A empresa spin-off INNOVCAT, fundada por cientistas da Faculdade de Ciências (7) desenvolve soluções de catalisadores com base em argila para produção de bioprodutos (como o biodiesel) com base em biomassa. É interessante verificar que o potencial de colaboração entre a U.Porto e as empresas do setor se regista nas mais diversas fases da cadeia de valor deste setor. Na área da produção, já se verificaram colaborações técnicas entre a APICER e investigadores/as da Faculdade de Economia a fim de se avaliarem, monitorizarem e minorarem os impactos do consumo de energia numa indústria fortemente intensiva na utilização deste recurso. Destacam-se também projetos com cientistas do departamento de engenharia metalúrgica e de materiais da Faculdade de Engenharia, nomeadamente aplicados à fundição.

Cooperação . Kéramica . p.35


Cooperação

Na área dos produtos, materiais e obras cerâmicas, dá-se relevo ao trabalho que deu origem à publicação sobre a Cerâmica Portuguesa – Tradição e Inovação, empreendido em conjunto entre a APICER e investigadores/as da Faculdade de Arquitetura (8). A montante, destacamos as competências em cerâmica e design que a Faculdade de Belas Artes integra no curricula da sua oferta formativa. No que respeita a infraestruturas científicas, salientamos as capacidades do CEMUP – Centro de Materiais da Universidade do Porto (9) que poderão ser colocadas ao serviço da investigação e desenvolvimento do setor. A U.Porto possui ainda um vasto conjunto de recursos e competências científicas nas áreas das tecnologias digitais, desenvolvendo diversos projetos relacionados com a conceção e implementação de sistemas produtivos inteligentes, com a transformação digital de processos, ou com soluções de cibersegurança, tão relevantes no âmbito do paradigma da Indústria 4.0. Esta é uma fotografia necessariamente incompleta e superficial das possíveis pontes entre a U.Porto e o setor da cerâmica e cristalaria. A U.Porto desenvolve iniciativas que promovem o aprofundamento do conhecimento mútuo entre quadros de empresas e cientistas da U.Porto, como por exemplo a organização de sessões A2B – Academia to Business (10), agora realizadas em formato virtual. A U.Porto fomenta também programas que facilitam o início e a exploração de relações de investigação entre as empresas e o talento da universidade. Este é o caso do programa IJUP Empresas (11) assim como de diversas Unidades Curriculares, nas quais se procura, tirando partido de metodologias baseadas em project-based learning, estimular os estudantes a trabalhar em projetos de empresas reais, gerando externalidades para todas as partes envolvidas. O ponto desta breve súmula é que a Universidade do Porto está motivada e preparada para responder aos desafios de investigação e de inovação das empresas do setor da cerâmica e cristalaria, podendo ser uma aliada de relevo na conquista de vantagens competitivas para que estas empresas possam consolidar o seu posicionamento em mercados cada vez mais exigentes, no atual contexto de acelerada transformação tecnológica.

sar esse recurso endógeno para a economia afim de Portugal aumentar o valor e a competitividade do que produz. Ao estimularmos a inovação e o empreendedorismo na nossa universidade lado a lado com a indústria, estaremos a facilitar e a intensificar essa transferência de conhecimento, decisiva para a melhoria da qualidade de vida do nosso País. Enfrentamos um contexto incerto e que já se materializa numa crise económica e social. Nesta conjuntura difícil, a U.Porto está atenta e alinhada com a emergência do desenvolvimento sustentável, a premência da transformação digital, e, a curto prazo, com as oportunidades que a resposta pública e privada à crise pandémica traz, nomeadamente à prioridade que é dada ao investimento numa sociedade de conhecimento e no aumento do peso da indústria de bens transacionáveis na economia nacional, na qual pontua o sector da cerâmica e cristalaria.

Referências: 1. https://upin.up.pt/pt-pt 2. https://uptec.up.pt/ 3. António Oliveira, A indústria cerâmica portuguesa e a sua contribuição para o emprego nacional e regional, Kéramica nº 363, página 16. 4. António Oliveira, Exportações de produtos cerâmicos em 2019, Kéramica nº 363, página 25. 5. José M.F. Ferreira, Francisco J. Galindo-Rosales, Bo Nan; Impressão 3D – perspetivas e possíveis ganhos em versatilidade e desempenho, Kéramica nº 365, página 10. 6. https://eco.sapo.pt/2020/02/26/investigadora-do-porto-cria-baterias-que-se-autocarregam-sem-perder-energia/ 7. https://innovcat.pt/ 8. https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal/ docs/apicer_ceramica_portuguesa_inovacao 9. https://cemup.up.pt/ 10. https://upin.up.pt/pt-pt/content/sessoes-a2b 11. https://ijup-empresas.up.pt/

Desígnio Do ponto de vista estratégico, para a Universidade do Porto, a aliança com a indústria, mais do que uma prioridade ou uma necessidade é um desígnio. A U.Porto contribui para a geração da principal riqueza do nosso País que é o conhecimento. É importante que a U.Porto consiga pas-

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Arquitetura

AZULEJO, LUZ E REFLEXOS

por João Ti ag o Ag u i a r, Arquitectos

O impacto da luz numa fachada pode ser experienciado pelo observador atento, reavivando memórias e significados ou induzindo momentos introspectivos ou de simples bem-estar. Nem o transeunte assoberbado escapa à intensidade de uma frontaria iluminada e em constante transformação; seja ao longe, ao perto, pela manhã ou ao final da tarde as nuances alteram-se e novas leituras surgem. O azulejo nos projectos A materialização dos conceitos luz, brilho e movimento faz-se através de uma selecção rigorosa do azulejo, desde as matérias-primas utilizadas no fabrico das peças,

Moradia AD25, Lisboa

Restaurante LOCO, Lisboa

O azulejo, um elemento intemporal, está de volta a marcar as novas tendências da arquitectura em Portugal pela cor, brilho, expressividade e carácter que impõe aos edifícios. O atelier João Tiago Aguiar, arquitectos valoriza este elemento, tão tradicional, pelo ritmo, impressão visual e diversidade de sensações que propicia. “O azulejo é uma óptima escolha quando pensamos nos diferentes efeitos de luz que proporciona ao longo do dia, em especial em dias de sol”, refere o arquitecto João Tiago Aguiar para quem os cambiantes de luminosidade induzem a variadas experiências e leituras das composições azulejares.

Setembro . Outubro . 2020

Cooperação . Kéramica . p.37


Casa Ericeira, Ericeira

Restaurante 560, Lisboa

Arquitetura

até à cor, padrão, textura e relevo. O elemento azulejo tem de integrar-se, com exactidão, no conceito do projecto que se está a desenvolver, isto é, como uma parte intrínseca e em perfeita simbiose com o todo. A preferência recai sobre o azulejo artesanal e semi-artesanal, peças, muitas vezes, produzidas em exclusivo para o atelier que imprimem originalidade e um impacto ambiental e visual concebido para cada cliente específico. Lisos, tridimensionais ou uma mescla de ambos, as composições geram impactos únicos e impressões sensoriais muito próprias. Aos critérios de escolha do azulejo está ainda subjacente uma sinergia entre o atelier e o cliente para se encontrar um compromisso e retirar-se o maior partido deste elemento tanto em exteriores como em interiores. Mais audaz ou subtil, em harmoniosa ou dissonante, a composição azulejar é, como diz João Tiago Aguiar, “uma escolha inicialmente nossa mas que rapidamente o cliente aceita e defende.” Ainda sobre este assunto, o arquitecto esclarece: “Conhecer os gostos do cliente, os seus desejos e motivações são requisitos essenciais que nos motivam a obtermos ideias concretas na altura de definirmos um projecto. Queremos que o cliente se identifique e se envolva em pleno com as nossas propostas, seja em revestimentos ou apontamentos estéticos.”

p.38 . Kéramica . Arquitetura

Aplicação prática A cor, o brilho e a padronização e textura é variável conforme a área a ser revestida. Em fachadas, procura-se criar composições que valorizem o edifício do ponto de vista arquitectónico e, em muitos casos, patrimonial. Em interiores, procura-se, igualmente, engrandecer e dignificar os espaços, mas sem esquecer a utilidade do azulejo como elemento prático e de fácil manutenção. Exemplo disso são não só zonas comuns como as caixas de escadas, o hall de entrada ou uma parede decorativa mas também as zonas húmidas, como cozinhas e casas-de-banho, onde a par da funcionalidade e da higiene do azulejo, a estética não era descurada com cada década a seguir a sua tendência em tons e padronização cerâmicas. Hoje, tal como antes, não há cozinha ou casa-de-banho sem azulejos e, novamente, as tendências em voga aplicam-se aqui como em qualquer outro espaço da casa. A vertente eclética do azulejo permite as mais variadas combinações de cor e de padrão, com a sua possível colocação de variadíssimas formas em que factor a ter em conta é que o resultado final seja equilibrado e com excelente impacto visual. Segundo o arquitecto João Tiago Aguiar, “tanto as zonas húmidas como as circulações de uma casa deixaram de ser lugares um pouco frios para se tornarem espaços mais vivos e pensados para nos sentirmos bem e onde o azulejo desempenha um papel de monta.”

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Arquitetura

Apartamento Chagas, Lisboa

O Azulejo português O tradicional azulejo pode ser visto em exteriores e interiores de monumentos, estando muito ligado, enquanto arte, à arquitectura religiosa, com magníficos painéis a criarem atmosferas ímpares. Muitos palácios, solares e casas particulares, ao longo dos tempos, também se serviram do azulejo como expressão de monumentalidade e um meio de contar histórias e deixar memórias. O azulejo português, a sua originalidade e qualidade é fruto do trabalho de ceramistas que lhe dão forma, de artistas que lhe dão sentido e arquitectos que lhe dão uso, cumprindo uma dupla função: funcionalidade e estética. Como potenciador da luz, o azulejo eleva a percepção do ambiente a um outro patamar com mais intensidade, mais brilho e novas leituras espaciais que se renovam a cada instante.

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Apartamento FFII, Lisboa

João Tiago Aguiar Nasceu em Lisboa - Portugal, em 1973. Formado na FAUTL em 1996, colaborou com van Sambeek & van Veen Architecten, Amesterdão – Holanda, de 1997 a 2000 e com Broadway Malyan Portugal de 2000 a 2004. Em 2004 forma em sociedade o atelier acarquitectos. Em 2008, de forma individual, prossegue sob a designação João Tiago Aguiar, arquitectos. O atelier, a funcionar no centro de Lisboa, foca-se essencialmente na disciplina de projecto de arquitectura e conta já com várias obras construídas bem como inúmeros projectos em curso. O seu trabalho tem sido publicado em diferentes revistas, livros e blogues de arquitectura, tanto nacionais como estrangeiros. O atelier João Tiago Aguiar Arquitectos foi distinguido com o prémio londrino “Surface Design Awards” por 2 anos consecutivos: - Em 2016 vence com uma parede de azulejo branca no “Restaurante Loco”; - Em 2017 conquista o mesmo galardão com um projecto na Ericeira denominado “Casa Ericeira”. Em 2016, o atelier recebe o prémio “Prémio de Recuperação Arquitetónica de Nova Oeiras – RENOV”, uma iniciativa da Câmara Municipal de Oeiras.

Arquitetura . Kéramica . p.39


Economia

A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA PORTUGUESA EM 2020 E 2021

por António Oliveira, Economista da APICER

A evolução da economia mundial em 2020 tem sido dominada pelos efeitos da pandemia do COVID-19. A economia mundial sofreu um choque exógeno negativo, com uma magnitude e gravidade sem precedentes. Este choque distingue-se de crises económicas anteriores por ter tido origem num fator exógeno à economia e por ter afetado de forma direta e repentina a generalidade dos países. Esta situação desencadeou medidas de contenção por parte de vários países. Em Portugal, o estado de emergência, que vigorou de 18 de março a 2 de maio, determinou a suspensão temporária de diversas atividades e incluiu um dever geral de confinamento, com o encerramento de fronteiras e fortes restrições à livre circulação. Com o fim do estado de emergência, as medidas de contenção foram progressivamente flexibilizadas, mas subsistem ainda inúmeras limitações e incertezas quanto à evolução da pandemia. O Fundo Monetário Internacional (FMI), nas suas previsões divulgadas em 13 de outubro de 2020, prevê uma queda da economia mundial de 4,4% em 2020, antecipando um crescimento de 5,2% para 2021. Para os países que constituem os principais mercados de destino das exportações portuguesas de produtos cerâmicos e cristalaria, o FMI prevê que as respetivas economias apresentem a seguinte evolução: França: -9,8% em 2020 e +6,0% em 2021; Espanha: -12,8% em 2020 e +7,2% em 2021; Estados Unidos: -4,3% em 2020 e +3,1% em 2021; Reino Unido: -9,8% em 2020 e +5,9% em 2021; Alemanha: -6,0% em 2020 e +4,2% em 2021; Países Baixos: -5,4% em 2020 e +4,0% em 2021. Para a área do euro, o FMI prevê uma contração de 8,3% em 2020 e um crescimento de 5,2% em 2021.

p.40 . Kéramica . Economia

As projeções do BCE para a área do euro, publicadas em setembro de 2020, apontam para uma diminuição do PIB em 8,0% em 2020 e um crescimento de 5,0% em 2021. As mesmas projeções indicam que a taxa de desemprego deverá atingir os 8,5% em 2020 e os 9,5% em 2021. A inflação prevista para 2020 deverá situar-se nos 0,3%, avançando para 1,0% em 2021. Após ter registado um crescimento de 2,2% em 2019, a economia portuguesa deverá cair mais de 8% em 2020. O cenário macroeconómico inscrito na Proposta de Orçamento do Estado para 2021 (POE/2021) prevê uma variação de -8,5% do PIB em 2020. Esta previsão é balizada com as previsões e projeções realizadas por instituições de referência, que variam entre os -8,0% do FMI e os -9,8% da CE (Quadro 1). Para 2021 está prevista uma recuperação da economia portuguesa com um crescimento de 5,4% do PIB, segundo as previsões do Governo associadas ao Orçamento do Estado para 2021. Este crescimento, que se encontra balizado entre os 4,8% esperados pelo CFP (Conselho das Finanças Públicas) e os 6,3% perspetivados pela OCDE, conta com o contributo, quer da procura interna, designadamente investimento e consumo privado, quer das exportações. As restrições provocadas pela pandemia tiveram implicações significativas nas importações e exportações portuguesas de bens e serviços em 2020, devendo estas últimas registar uma diminuição que poderá variar entre -15,5% (OCDE) e -22,5% (CFP), Para 2021 é esperado um crescimento das exportações que poderá variar entre os 8,2% (OCDE) e os 10,9% (MF).

Setembro . Outubro . 2020


Economia

Quadro 1 - Projeções e previsões para a economia portuguesa 2019

2020

2021

INDICADORES INE e BdP

FMI

OCDE

CE

CFP

BdP

MF

FMI

OCDE

CE

CFP

MF

Produto Interno Bruto

2,2%

-8,0%

-9,4%

-9,8%

-9,3%

-8,1%

-8,5%

5,0%

6,3%

6,0%

4,8%

5,4%

Consumo privado

2,4%

-10,0%

-8,9%

-6,2%

-7,1%

8,2%

6,9%

3,9%

Consumo público

0,7%

3,1%

3,0%

1,2%

-0,3%

-1,2%

-0,3%

2,4%

Investimento (FBCF)

5,4%

-10,6%

-6,8%

-4,7%

-7,4%

8,8%

5,9%

5,3%

Exportações (bens e serviços)

3,5%

-15,5%

-22,5%

-19,5%

-22,0%

8,2%

7,5%

10,9%

Importações (bens e serviços)

4,7%

-13,3%

-17,5%

-12,4%

-17,9%

8,6%

9,3%

7,2%

IHPC (inflação)

0,3%

-0,2%

0,2%

0,1%

0,0%

-0,1%

1,4%

0,2%

0,7%

0,7%

Taxa de desemprego

6,5%

13,9%

11.6%

10,0%

7,5%

8,7%

8,7%

9,6%

8,8%

8,2%

Emprego

0,8%

-5,7%

-4,0%

-2,8%

-3,8%

2,9%

1,3%

1,0%

0,0%

1,2%

Quadro 1. - Fontes: 2019: INE e Banco de Portugal (setembro 2020). 2020-2021: FMI - World Economic Outlook (abril 2020); OCDE - Economic Outlook (junho 2020); CE - Summer 2020 Economic Forecast (julho 2020); CFP - Perspetivas Económicas e Orçamentais 2020-2024, atualização (setembro 2020); BdP - Boletim Económico, outubro 2020; MF - Proposta de Orçamento de Estado para 2021, outubro 2020.

A projeção para a inflação, medida pela taxa de variação média anual do IHPC, situa-se, para o ano de 2020, entre -0,2% (FMI) e os 0,2% (OCDE). Para 2021 todas as projeções apontam para que este indicador avance para terreno positivo, balizado entre os 0,2% (OCDE) e 1,4% (FMI). Tal como é referido no Boletim Económico de outubro de 2020 do Banco de Portugal, as atuais proje-

Setembro . Outubro . 2020

ções pressupõem um relativo controlo da pandemia, em Portugal e nos seus parceiros comerciais, que permitirá a continuação da dissipação gradual do impacto económico direto da pandemia na segunda metade de 2020. Contudo, as projeções têm um grau de incerteza superior ao habitual, que permanecerá elevado até à existência de uma solução médica para a doença.

Economia . Kéramica . p.41


Notícias & Informações

NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS

p o r Al be r t i n a S e q u e i r a , Diretora-Geral da Apicer

HERITAGE OS “AZULEJOS” COMO ESTILO ECLÉTICO DA CULTURA PORTUGUESA Os ‘azulejos’ datam do século XIII, quando os mouros invadiram a Península Ibérica, mas garantiram a sua presença na cultura portuguesa entre os séculos XVI e XVII. A palavra ‘azulejo’ deriva de raízes arábicas – azzellj - significando “pequena pedra polida”. Originalmente, os ‘azulejos’ eram estruturas bastante simples, cortadas em formas geométricas em tons neutros. Não foi até à visita do rei D. Manuel I de Portugal a Sevilha que estes assumiram um lugar de destaque tanto a nível de aplicação como de produção, tendo Portugal adotado esta obra na sua cultura. Hoje, eles são uma característica dominante em todas as cidades portuguesas. Com esta herança secular e carácter forte, a CINCA reinterpretou o ‘azulejo’ português para ambientes contemporâneos e modernos. Com um formato M 20 × 20 e vários temas decorativos inspirados nas mais belas cidades de Portugal, esta série permite infinitas aplica-

Cinca • Pavimento Cerâmico ESSENCE Cinza | 120 × 120 cm rectificado

Cinca • Rev. Cerâmico TUSCANIA | Cotto | 7,5×25 | Pavimento Cerâmico HERITAGE | Braga | M20x20

CINCA ESSENCE CINCA GOES BIG! Em 2020, lançamos o nosso novo formato ESSENCE 120 × 120! Cerâmica para Design e Arquitetura. Toda a robustez, com a elegância e pureza na combinação de pedra com argila inspiram a decoração deste porcelânico pasta corada decorado da série ESSENCE, que concede um estilo sofisticado e intemporal a todos os pavimentos no novo formato 120×120! Os formatos maiores oferecem um potencial estético e composicional capaz de interpretar a essência de cada projeto: de revestimentos a pavimentos, para ambientes residenciais e comerciais. A essência da natureza vibra em superfícies que dão vida a espaços de beldade distinta. Descubra a coleção ESSENCE em suas 5 cores neutras. Uma gama completa para qualquer necessidade de arquitetura e design Os formatos retificados 120×120, 60×120, 60×60 e 30×60 oferecem uma variabilidade gráfica agradável e abrangente para pavimentos e revestimentos

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ções, criando interpretações renovadas em contextos urbanos. Desde o “preto e branco”, a cores quentes do Mediterrâneo ou aos azuis enublados do Atlântico, esta coleção adquire novas dimensões: superfícies surpreendentes e incomuns e estruturas decorativas de pavimento e revestimento! Acrescente-se ainda a sedução infinita da geometria colorida ou a tradicional inspiração portuguesa que estritamente enfatiza e moderniza a marca decorativa! Este é um projeto que combina modernidade e tradição, o minimalismo e estilo clássico. Design linear e suave, um porcelanato vidrado que se destaca pela sua elegância e profundo design estético, e um emblema do valor artístico e artesanal. METRO Adicione um pouco de sofisticação ao intemporal subway tile, em ambos os formatos 7,5 ×15 e 10 × 30.

O conhecido termo cerâmico “subway tile” deriva dos azulejos brancos que revestem as estações de metropolitano de Nova York do início do século XX. Este estilo clássico, limpo e de fácil manutenção, tornou-se célebre em restaurantes e ambientes residenciais. Hoje, encontramos uma enorme variedade de azulejos “subway” a dar um toque retro a variadíssimos espaços. Estes pequenos azulejos brancos retangulares são versáteis o suficiente para cozinhas e casas de banho ou até mesmo fachadas, de reabilitações ou até mesmo ambientes contemporâneos, onde linhas simples e limpas são eleitas. Esta tendência atual está a ganhar uma enorme popularidade e encontramos variadíssimas opções. A CINCA apresenta em porcelanato vidrado nos formatos 7,5 × 15 e 10 × 30 propostas que vão de encontro às tendências atuais de decoração e design. Se é fã do conceito, apresentamos-lhe uma versão com moldura esfumada que adiciona um pouco mais de sofisticação ao intemporal “subway tile” – venha conhecer a série METRO!

Cinca • Revestimento Cerâmico SPLASH | POOL Azul Marinho | 15 × 15

Cinca • Revestimento Cerâmico METRO | Tiffany | M 7,5 × 15 | Cinza | M 10 × 30 • Pavimento Cerâmico HERITAGE | Braga | M 20 × 20

COLEÇÃO OUTDOOR JARDINS, TERRAÇOS E PISCINAS! Resistência absoluta, confiabilidade intemporal. Os pavimentos e revestimento de porcelanato vidrado para exteriores da Cinca são ideias únicas, adequadas para qualquer tipo de solução ao ar livre. Os pavimentos e revestimentos para exteriores têm uma variedade de formas, tamanhos, cores e efeitos materiais para a decoração dos espaços externos da casa. Explore estas colecções em todos os looks disponíveis. Splash (Pool, Slate and Element), Art Stone e Imagine Deck. Splash é a nova coleção de piscinas. Três temas disponíveis para distintas abordagens do seu imaginário: • POOL - peça lisa 15x15 em 6 cores aquáticas, uma opção clássica para qualquer piscina – um estilo minimalista com um fascínio contemporâneo, para espaços acolhedores e sugestivos! • SLATE - pedra de xisto numa paleta de cores em tons neutros para uma envolvente natural e carisma eterno. • ELEMENT - cores vivas e brilhantes para um espaço que certamente não passa despercebido. • Também em formato 15x15 e disponível em 10 tons deslumbrantes!

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Cinca • Pavimento Cerâmico PAINT ART Oceano | 16 × 99 cm rectificado

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MARGRÉS JUNGLE e GROVE Partimos do interior das casas para o seu exterior e prolongamos o efeito da essência da madeira. As coleções Jungle e Grove 20 MM estão prontas a criar ambientes poderosos e fascinantes, em zonas de jardim, piscina e espaços públicos. Estas duas madeiras apresentam-se com uma gráfica suave no caso de Grove e com uma gráfica marcada e bastante destonalizada no caso de Jungle. O formato 40x120 é um requisito do mercado e dita uma das tendências dos espaços de exterior, tornando-os acolhedores, modernos e irreverentes. A sua gama de produto com 20 MM no formato 40x120 está disponível na cor Beige,

Margres

Jungle Beige 40x120

Cinca • Revestimento Cerâmico TIFFANY Ve r d e S a f a r i | D i a m o n d | M 1 0 × 3 0

PAINT ART NUM CONTEXTO URBANO CHIQUE, NO QUAL OS AMBIENTES COSMOPOLITAS E INDUSTRIAIS ASSUMEM UM SENTIDO CALOROSO, COLORIDO E CONVIDATIVO. PAINT ART, é o novo pavimento com efeito madeira queimada e pintada! Uma fusão de madeira, tinta envelhecida e cores vibrantes, unindo tradições, memórias e desejos com uma influência contemporânea. Das cores que revigoram os elementos naturais, da areia ao carvão, do oceano à terra, transportando-nos para ambientes residenciais evocativos, mas também em ambientes comerciais. Novas fronteiras estéticas luxuosas podem ser encontradas neste porcelânico de pasta corada decorado com efeito madeira. Uma inspiração para ambientes cenográficos de forte impacto visual! No formato 16x99, uma proposta de três calorosas e vibrantes cores que ganham vida e dois mosaicos.

TIFFANY Revestimento disponível em dois formatos e com dois designs - liso e biselado adaptados à personalidade de cada um! A coleção Tiffany é a solução perfeita para os fãs de cores e que transmitem as suas emoções de forma colorida! Uma opção alegre e jovem, ideal para casas de banho e cozinhas. Cores vibrantes em azulejos lisos e biselados que completam o caráter único desta coleção. A série inclui também o minimalista branco e preto, o clássico taupe e bege, bem como azul tiffany! Onze cores disponíveis. Tiffany oferece uma variedade de azulejos biselados nos formatos 10 × 30 ou 7,5 × 15, brilhante ou mate. Um produto intemporal e fácil de combinar e conjugar. Ideal para criar um ambiente contemporâneo em qualquer local.

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Margres

Grove Light Brown 40 x 120

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webistes da Margres e da Love Tiles, fazer o registo e desenhar uma casa de banho com os materiais cerâmicos das marcas. A votação decorreu no Facebook e os três projetos finalistas vão agora ser avaliados por uma equipa editorial composta por elementos da Caras Decoração, da Love Tiles e Margres. Serão atribuídos dois prémios, um por marca, no valor de 2.000 euros em material cerâmico. Com uma comunicação cada vez mais próxima do cliente, a aposta tecnológica é uma prioridade para as marcas e os novos projetos tentarão conduzir o cliente através do melhor de dois mundos: o digital e o da cerâmica.

para a coleção Jungle, e nas cores Grey e Light Brown para a coleção Grove.

PAVIGRÉS ANTICA Antica é uma pedra nativa de forte inspiração

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Antica Black

My Dream, My Home As marcas Margres e Love Tiles têm uma nova ferramenta de construção de ambientes 3D e para promover o seu lançamento criaram um passatempo. Mais do que trabalhar a aplicação da cerâmica, o novo programa 3D promete ajudar a construir a história da sua casa. Foi com base nessa premissa que as marcas lançaram o passatempo My Dream, My Home em parceria com a Caras Decoração. Em vigor desde o dia 4 de Setembro, os participantes tiveram que aceder à ferramenta 3D, através dos

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nas antigas pedreiras da Vila de “Baux de Provence”, inserida nas maravilhosas paisagens da Provença Francesa. É um Mineral único, extraído do subsolo com características gráficas suaves, resultado das misturas naturais dos óxidos de alumínio. Antica é apresentado em 3 cores consensuais, de solução conjunta em pavimento e revestimento. Revestimento em pasta branca, Formato: 247X447mm. Grés Vidrado. Formatos: 447x447mm. Cores: White | Grey | Black BLADE A coleção Blade, é a tradução pura da liga metálica constituinte das lâminas das espadas do “Período das Primaveras e Outonos” (771 a 403 A.D.) uma era que marcou a história da China antiga. Esta liga, uma mistura de estanho com cobre, resistiu ao tempo até ser descoberta em 1965 na forma de “Espada de Goujian”, estranhamente ainda se mantinha afiada. A coleção Blade é apresentada nas cores Tin e Copper, uma justa homenagem aos artesãos de outrora.

Estas peças quando aplicadas em fachadas acentuam a grandiosidade dos edifícios e a luz quando incide cria um brilho inigualável. Grés Porcelânico. Formatos: 890x890mmRT e 297x890mmRT [cut] . Cores: Tin | Copper BLOOM Bloom é uma coleção descontraída e cheia de cor, apresentada no formato hexagonal destaca-se pela sua dimensão. Este porcelânico tem uma multiplicidade de motivos, cor e tons cuidadosamente trabalhados que nos remetem para a Primavera, por altura em que os campos florescem. Grés Porcelânico. Formatos: 357X357mm. Superfícies: GARDEN | FIELD FLUX A Coleção Flux foi criada como uma abordagem abstrata ao movimento das coisas, para isso, desenhamos fluxos aleatórios de uma infinidade de tonalidades sem sentido definido, como se da gravidade dependessem para se movimentar. A este ensaio chamamos de Flux e está disponível num soberbo porcelânico para o pavimento e numa versão de revestimento com um toque sem igual. Revestimento em pasta branca. Formato: 297X890mm. Grés Porcelânico Formatos: 890X890mm RT. 597X597mm

• Pavigrés

Pavigrés

FLUX home

Bloom Open Space

Pavigrés

Blade Tin

METALLIK Metallik é um grés porcelânico soberbo, é a interpretação cerâmica mais fiel de uma chapa de ferro, exposta aos elementos, de características inigualáveis do oxidado com a mistura dos brilhos metálicos originais.

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O Metallik é apresentado na sua forma original de chapa e na fiel recriação do antigo piso antiderrapante, tão utilizado nas grandes estruturas metálicas. Grés Porcelânico Formatos:890x890mmRT e297x890mmRT [cut] Cores: Gold |Silver MYRIAD Myriad é um soberbo hidráulico de aspecto vintage, gasto e destonificado, como se um pouco da História guardasse. A sua principal característica é a “infinidade” de tons e a sua harmoniosa ligação. É um pedaço de tempo, uma cápsula de memórias. Grés Porcelânico Formatos: 197X197mm. Cores: Day | Night

STEELWORKS O Steelworks é um grés porcelânico de forte inspiração metálica, na verdade é mais do que isso, é também um híbrido que contempla pormenores gráficos característicos de um tempo em que os hidráulicos 20x20 predominavam nas nossas casas. Este mix de influências permite ambientes vintage com pormenores industriais que tão bem encaixam para ambientes citadinos. Grés Porcelânico Formatos: 197X197mm.Cores: Light | Grey | Rust | Dark

• Pavigrés • Pavigrés

Pavigrés

Steelworks Dark

Myriad Beauty Spa

Pavigrés

Metallik Gold

Parquet Plank Pine

PARQUET & PLANK Recuamos no tempo para nos inspirarmos no aspeto vintage do parquet de madeira que costumávamos

ver nas casas das nossas avós. Ao melhor visual vintage adicionamos o melhor grés porcelânico, com um toque refinado e cores suaves. O resultado é uma combinação de sobriedade com um pedaço de nostalgia que concebe espaços clássicos e intemporais. GRÉS PORCELÂNICO .Formatos: 597X597mm | 197X1190mm. Cores: Pine | Nordic | Umber

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• Terra área pública

inspiração citadina. É uma coleção discreta, levemente táctil, que reúne algumas das texturas presentes no dia-a-dia. Desde as folhas das árvores nas ruas da cidade, às texturas do vestuário, das janelas dos edifícios distantes que não são mais do que pequenos pontos, às ondas provocadas pelos navios na zona portuária. REVESTIMENTO EM PASTA VBRANCA. Formato: 297X890mm

Premium Gold Detail

Pavigrés

Urban-Chic Leaves

Pavigrés

PORCEL A Porcel, no passado mês de Setembro, participou na Feira Digital Maison&Objet. Neste evento online estiveram presentes mais de 4 mil marcas, de cerca de 77 Países. O caráter digital da edição deste ano possibilitou o acesso livre aos visitantes, permitindo que as novidades chegassem a uma maior audiência.

Premium Gold Vivian

Porcel

TERRA COLLECTION Terra é uma obra prima da cerâmica, inspirada no Planeta Terra, nos recursos e nos seus elementos naturais como a Terra a Água o Ar e o Fogo. Cada elemento é definido por superfícies únicas que representam a sua própria essência. De acordo com as civilizações antigas, por vezes existe um quinto elemento como uma quinta-essência, aglomerando todos os 4 elementos e criando equilíbrio entre eles. Todos os cinco combinados, são o que conhecemos por Mãe Natureza. Grés Porcelânico Formatos: 597X1190mm |297X1190 mm | 597X597mm | 890X890mm | 297X890mm. Cores: White | Moka | Grey | Black. Superfícies: Air | Earth | Water | Fire

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Porcel

URBAN-CHIC Urban-Chic é uma coleção elegante de design delicado, composta por 4 motivos contemporâneos de

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Recer • Grand Stone Black 60x60R - Mosaic Grand Stone Black 30x30 - Grand Concrete Black 60x60R - Deck Beige 15x90R

Recer • Grand Concrete Sand 60x60R e Grand Sand 3D 30x90R

Premium Gold é a mais recente coleção apresentada pela Porcel e define-se pelo suave toque a ouro. Este detalhe aplicado à mão confere um caráter único a cada uma das peças. Premium Gold apresenta ainda uma nova abordagem sobre algumas formas clássicas da marca e produtora nacional, com os modelos Viena e Coupe em perfeita sintonia. A coleção consiste na extensão de uma ideia já presente em outras formas e modelos, com o intuito de integrá-la em diferentes coleções, obtendo mesas únicas e criativas. Neste sentido, surgem combinações perfeitas, que cruzam os toques suaves de Premium Gold, com os tons coloridos de coleções como Detail, Liberty ou Vivian. Com este lançamento a Porcel convida ainda o cliente a explorar as possibilidades e a criar as suas próprias combinações. RECER GRAND e NATIVE Novas coleções harmonizam o interior e o exte-

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• Recer

As novas coleções GRAND e NATIVE vêm responder a uma recente abordagem da utilização de espaços exteriores e interiores, resultado das mudanças da forma de “habitar” dos tempos em que vivemos. Os espaços ao ar livre - terraços, varandas e piscinas - ganharam relevância numa tendência que se centra em questões relacionadas com o conforto e bem-estar sem descurar a vertente de lazer nas habitações. Grand Stone é um cimento que incorpora delicadas pedras. A sua produção em pasta de porcelânico é garantia de elevadas prestações técnicas, com características de anti escorregamento que o posicionam como ideal para espaços exteriores (terraços, varandas, piscinas, etc.). Para possibilitar uma leitura contínua do espaço através da uniformização das cores dos pavimentos desde o exterior ao interior, esta série apresenta o Grand Concrete: um cimento aguado e de toque suave, ideal para o interior da casa. Sendo produzido em pasta de porcelânico, confere garantias de segurança, robustez e longevidade. A alternância de tonalidades entre as suas múltiplas peças permitem defini-lo como dinâmico, bem como de uma jovialidade que se destaca nos pequenos formatos que esta série também apresenta. No revestimento Grand, destacam-se os movimentos longilíneos e as suaves volumetrias das suas bases. Ideal para paredes, reproduz em cerâmica a naturalidade de um cimento aguado de acabamento, criando superfícies elegantes.

Native Dark Grey 7,5x30

rior

A série GRAND é composta por pavimentos porcelânicos e revestimento em pasta branca, desmultiplicando-se em diversos formatos, numa equilibrada paleta de cores e acabamentos, com diversas soluções decorativas em 3D e mosaic inspirados em diferentes estilos e num design contemporâneo.

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As três soluções conjugam-se num jogo arquitetónico harmonioso em que cada elemento comunica e combina com o outro sem perder a sua individualidade. A mesma coleção para pavimento e revestimento, interior e exterior. Aquilo a que se chama um universo… uno na sua multiplicidade A coleção Native evoca uma pedra típica dos principais maciços rochosos do norte e centro da Europa. É uma pedra densa e plena de vivacidade proveniente de uma gráfica rica, pontualmente marcada por veios claros que dão personalidade e realismo a esta pedra. Esta pedra é apresentada em cinco formatos e cinco cores, com um suave relevo que torna o produto agradável para interior ou exterior. Apresenta também uma solução SIB (“Small is Beautiful) em formatos mais pequenos, podendo ser utilizados em revestimento ou pavimento. Sendo uma pedra visualmente rica e com veios claros, estes ganham mais visibilidade nestes formatos criando ambientes dinâmicos e modernos. Os pavimentos e revestimentos cerâmicos Recer pretendem encontrar a resposta para ambientes atuais, que convidam a um constante e intuitivo desafio à imaginação, sem restrições, fundindo estilos e materiais, na procura de espaços únicos.

Neste sentido, a Revigrés apresenta 6 novas coleções de revestimentos e pavimentos cerâmicos com que pretende contribuir para escrever as histórias desta nova realidade, dando resposta às expetativas dos profissionais do setor e consumidores. Coleções OMNI e OMNISTONE As coleções OMNI e OMNISTONE, em grés porcelânico técnico de última geração, foram desenhadas para dar resposta aos projetos arquitetónicos mais exigentes, aliando a qualidade técnica ao design. Os padrões gráficos singulares destas coleções com tonalidades suaves e variações cromáticas naturais - são obtidos através da mistura e deposição controlada de pós, em toda a espessura da peça, o que lhes confere elevada resistência e durabilidade. A coleção OMNI está disponível em 6 cores, 5 formatos e 4 acabamentos. A coleção OMNISTONE, com 6 cores, 5 formatos e 2 acabamentos, alia excelentes características técnicas a nuances gráficas inspiradas na subtileza da pedra natural. OMNI e OMNISTONE são soluções muito completas para revestimento e pavimento que permitem projetar ambientes em espaços interiores e exteriores,

Revigrés

Revigréss

Omni

OmniStone

REVIGRÉS REVIGRÉS APRESENTA NOVAS COLEÇÕES

Os recentes acontecimentos globais trouxeram mudanças profundas à forma como nos relacionamos em comunidade e vivenciamos os espaços, privilegiando-se, mais do que nunca, o conforto e o bem-estar.

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Parceiro de Confiança no seu Negócio CREDIBILIDADE - IMPARCIALIDADE - RIGOR reconhecidos na certificação de produtos e serviços e de sistemas de gestão Membro de vários Acordos de Reconhecimento Mútuo Presente em 20 países

Acreditada pelo IPAC como organismo de certificação de produtos (incluindo Regulamento dos Produtos de Construção), serviços e sistemas de gestão

R. José Afonso, 9 E – 2810-237 Almada – Portugal — Tel. 351.212 586 940 – Fax 351.212 586 959 – E-mail: mail@certif.pt – www.certif.pt


Notícias & Informações

Revigréss

Montana

a fidelidade os pormenores da madeira, remetendo para sensações de conforto e tranquilidade. Apresentando o novo formato 20x90cm, com 5 cores, a coleção Montana destaca-se pelo seu caráter prático e funcional, contribuindo para desenhar ambientes impactantes e, ao mesmo tempo, envolventes, em espaços interiores públicos e residenciais. Saiba mais em https://novascolecoes.revigres.pt/ montana/pt

residenciais ou públicos, sendo especialmente adequadas para áreas de tráfego intenso. Saiba mais em https://novascolecoes.revigres.pt/ omni/pt

Revigrés

Revigréss

Covelano Bianco

Calacatta Bianco

Coleção MONTANA A nova coleção Montana reproduz as texturas e tons originais da madeira com a mesma riqueza de contrastes deste material natural. Uma textura suave aliada a uma variação gráfica muito rica e tonalidades naturais, recriam com toda

Coleções CALACATTA e COVELANO Inspiradas no requinte e nobreza da pedra natural, as coleções Calacatta Oro, Calacatta Bianco e Covelano Bianco possuem uma beleza diferenciadora que surpreende nos mais diversos ambientes. Enquanto as tonalidades douradas da coleção Calacatta Oro criam ambientes sofisticados e harmoniosos, Calacatta Bianco reproduz os veios cinza refinados do mármore natural, enriquecendo a vivência dos espaços. (Imagem Revigrés Calacatta Bianco) A coleção Covelano Bianco remete para a elegância e personalidade do mármore natural com reflexos subtis que criam ambientes intimistas. Disponíveis nos formatos 30x60cm, 30x90cm e 40x120cm, as coleções Calacatta e Covelano são adequadas para revestimento em interiores, como halls de entrada, salas, quartos de banho e cozinhas. Saiba mais em https://novascolecoes.revigres.pt/ marbles/pt

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SEW-EURODRIVE PORTUGAL 30 ANOS

Aqui, para si! Refletindo sobre as últimas três décadas, o que vem de imediato à memória são as oportunidades em que a SEW-EURODRIVE Portugal desempenhou um papel importante para os seus Clientes. A SEW-EURODRIVE Portugal consolidou-se em solo fértil e consistente, com raízes em pessoas que gostam da empresa e têm por ela um sentimento de pertença. “Sozinhos vamos mais rápido, mas em equipa chegamos mais longe!”

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A SEW-EURODRIVE desenvolve continuamente a sua gama de produtos e otimiza os seus projetos e ferramentas de configuração para fornecer soluções de acionamento tecnologicamente avançadas. Novidades nos redutores da série 7: • Maior fiabilidade • Até + 11% de binário máximo • Novas possibilidades de projeto, com redutores menores • Sem custos adicionais • Disponível para os F..157, R..167, K..157, 167 e 187

Outras Novidades . Kéramica . p.53


Notícias & Informações

Acerca da SEW-EURODRIVE PORTUGAL: A SEW-EURODRIVE PORTUGAL é uma PME com sede e estabelecimento industrial na Mealhada, dedicada à produção/montagem e assistência técnica completa a toda a gama de equipamentos SEW: moto-redutores, variadores electrónicos de velocidade e redutores industriais. A SEW-EURODRIVE PORTUGAL desenvolve uma intensa actividade na engenharia mecatrónica e sistemas de automação, combinando novas tecnologias de accionamentos industriais mecânicos e electrónicos. Assegura um serviço de assistência técnica durante 24 horas por dia e 7 dias por semana.

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Acerca da SEW-EURODRIVE: A SEW-EURODRIVE é um líder global no desenvolvimento e produção de equipamentos e soluções de transmissão e controlo do movimento. Está presente em todo o mundo através de uma rede de unidades de montagem e serviço especializado, oferecendo e suportando a mais vasta gama de soluções de accionamento modulares e integradas, a par com um conjunto modular de serviços de manutenção CDS® (Complete Drive Service) e assistência técnica. Conta mais de 18 000 colaboradores, dos quais cerca de 550 dedicados à investigação e desenvolvimento. A presença global da SEW-EURODRIVE proporciona aos construtores e utilizadores de máquinas a garantia de serviço local em todo o mundo.

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Calendário de eventos

EQUIPHOTEL’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Paris (França) De 15 a 19 de Novembro de 2020 equiphotel.com/en/Home/

AMBIENTE’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) De 17 a 20 de Abril de 2021 ambiente.messefrankfurt.com

BIG 5 SHOW´2021 (Materiais de Construção) Anual – Dubai (EAU) De 12 a 15 de Setembro de 2021 www.thebig5.ae/

BAU’2021 (Materiais de Construção) Bienal – Munique (Alemanha) De 13 a 15 de Janeiro de 2021 bau-muenchen.com/en/

CEVISAMA’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Valência (Espanha) De 24 a 28 de Maio de 2021 cevisama.feriavalencia.com

EQUIPOTEL’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – São Paulo (Brasil) De 14 a 17 Setembro de 2021 equipotel.com.br/

SURFACE DESIGN SHOW’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Londres (R.U.) De 9 a 11 de Fevereiro de 2021 surfacedesignshow.com/

INDEX DUBAI2021 (Design/Tendências) Anual – Dubai (EAU) De 31 de Maio a 2 de Junho de 2021 indexexhibition.com

CERSAIE’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Bolonha (Itália) De 27 de Setembro a 1 de Outubro de 2021 cersaie.it

INTERNATIONAL BATHROOM EXHIBITION’2021 (Louça Sanitária) Anual – Milão (Itália) De 13 a 18 de Abril de 2021 https://www.salonemilano.it/en

THE HOTEL SHOW’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Dubai (EAU) De 31 de Maio a 2 de Junho de 2021 thehotelshow.com/

100% DESIGN’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Londres (R.U.) De 22 a 25 de Setembro de 2021 100percentdesign.co.uk/

ISH’2021 (Louças Sanitárias) Bienal – Frankfurt (Alemanha) De 22 a 26 de Março de 2021 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html

BATIMATEC’2021 (Materiais de Construção) Bianual – Argel (Argélia) De 7 a 11 de Junho de 2021 batimatecexpo.com/

TOKYO BIG SIGHT SOUTH’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Tokyo (Japão) De 18 a 30 de Outubro de 2021 ifft-interiorlifestyle-living.jp.messefrankfurt.com/ tokyo/en.html

EXPOREVESTIR’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – S. Paulo (Brasil) De 23 a 26 de Março de 2021 exporevestir.com.br/

NEOCON’ 2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa/Ladrilhos) Anual – Chicago (USA) De 14 a 16 de Junho de 2021 neocon.com/

HOSTMILANO’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Milão (Itália) De 22 a 26 de Outubro de 2021 host.fieramilano.it/en

MAISON & OBJET’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Paris (França) De 26 a 30 de Janeiro de 2021 maison-objet.com

THE INTERNATIONAL SURFACE EVENT’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Las Vegas (USA) De 16 a 18 de Junho de 2021 Intlsurfaceevent.com

BATIMAT’2021 (Materiais de Construção) Boanual – Paris (França) De 15 a 19 de Novembro de 2021 batimat.com/

MOSBUILD 2021 (Materiais de Construção) Anual – Moscovo (Rússia) De 30 de Março a 2 de Abril de 2021 mosbuild.com

INTERIOR LYFESTYLE CHINA’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Shangai (China) De 9 a 11 de Setembro de 2021 interior-lifestyle-china.hk.messefrankfurt.com

LONDON BUID ‘2020 (Materiais de Construção) Anual – Londres (UK) De 17 a 18 de Novembro de 2021 www.londonbuildexpo.com

COVERINGS’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Orlando (USA) De 13 a 16 de Abril de 2021 coverings.com/

MAISON & OBJET’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual - Paris (França) De 10 a 14 Setembro de 2021 maison-objet.com

CERAMITEC’2022 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Munique (Alemanha) De 21 a 24 de Junho de 2022 ceramitec.com

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