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09 15
Destaque . 04
Competências: O Investimento Fulcral para o Futuro do País
Qualificação . 06
Qualificação Profissional e competitividade: o exemplo da DUAL
Competências . 09
Competências e Saberes Práticos nos Quadros Superiores das Empresas – O Caso da Relação com os Financiadores em Tempos de ESG
Uma Visão para o Futuro do Trabalho – A Importância das Gerações
Mais Vividas
A Indústria Cerâmica e as Competências Associadas à Indústria 4.0.
Ensino Profissional . 12
Desígnios das Escolas Profissionais no Ano Europeu das Competências
Associativismo . 21
Portugal Ceramics Apresenta-se na Feira The Inspired Home Show em Chicago
Certif . 23
Certif com mais 200 Clientes
Economia . 25
Exportações Portuguesas de Cerâmica Alcançaram um Novo Recorde em 2022
Secção Jurídica . 27
‘(DES)Igualdade Salarial Entre Homens e Mulheres’
Notícias & Informações . 29
Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas
Calendário de Eventos . 33
Propriedade e Edição
APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria
NIF: 503904023
Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição
Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra
[t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt
Tiragem 500 exemplares
Diretor
Marco Mussini
Editor e Coordenação
Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt
Conselho Editorial
Albertina Sequeira, António Oliveira, Marco Mussini, Martim Chichorro e Susana Rodrigues
Capa
Nuno Ruano
Colaboradores
Albertina Sequeira, Ana João Sepulveda, António Oliveira, Carlos Vieira, Elísio Silva, Filomena Girão, José Luis Presa, Mariana Bem-Haja, Martim Chichorro, Miguel Fontes e Rosa Rocha
Paginação Nuno Ruano
Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com
Distribuição
Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €36,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00
Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal
Notas
Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores.
Esta edição vem acompanhada da Revista Técnica da Indústria da Fileira do Habitat nº 18 Março . Abril . 2023 Bimestral
Índice de Anunciantes
CERTIF (Verso-Capa) • GOLDENERGY (Página 1) • INDUZIR (Contra-Capa) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem
Publicação Bimestral nº 380 . Ano XLVIII . Janeiro . Fevereiro. 2023 Depósito legal nº 21079/88 Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X
Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
O tema em destaque desta edição da revista Kéramica e que este editorial vai abrir, é sobre matéria sempre presente na indústria, desde pelo menos a revolução industrial, e desde sempre presente, na vida humana: competências.
Charles Darwin no seu livro a origem das espécies de que recordo de forma muito simplificada a “sobrevivência do mais apto”, abre a discussão ainda não terminada sobre supremacia e sobrevivência. Usando apenas a comparação sobre o princípio, atrevo-me a afirmar que são as sociedades, com os cidadãos, as empresas e as instituições que mais investiram e desenvolveram as suas competências, que são as mais prósperas.
Em todas as sociedades, os cidadãos que desenvolveram competências e que as foram melhorando ao longo da vida, são igualmente os mais bem-sucedidos, mais felizes e mais prósperos.
A idade média europeia, deu-nos a conhecer as corporações em que os aprendizes de todas as profissões, se submetiam aos ensinamentos dos oficiais e dos mestres e assim se passava o conhecimento e se adquiriam competências.
Com o uso intensivo de máquinas, criação de novos produtos, novas formas de produção de energia, novas formas de comércio e a concentração de operários em grandes unidades fabris, a partir dos finais do séc. XVIII e inícios do séc. XIX quando se inicia a revolução industrial, toda a estrutura de competências criadas sob as corporações medievais se viu alterada.
O mundo de hoje, que sucedeu à revolução industrial, renova-se e reinventa-se com uma velocidade indescritível.
Se a revolução industrial fez desaparecer as corporações, a revolução informática e a WWW, fizeram esquecer a revolução industrial inicial, criando permanentes e sucessivas “revoluções”, apelando à necessidades de aquisição permanente de novas competências.
No mundo de hoje, lembrando Charles Darwin, os mais aptos - entenda-se os mais competentes - não serão os que vão sobreviver pois as sociedades evoluíram, mas serão os que vão prosperar. Continuar a prosperar, ficar de fora ou mesmo empobrecer, dependerá da capacidade das pessoas e das organizações investirem no enriquecimento das suas competências ou não o fazerem.
Se hoje damos como seguro de que a escola e os sistemas formais de ensino, nos dão as HARD SKILLS e que estas são as competências fundamentais para os mercados de trabalho concorrenciais nos dias atuais, não podemos esquecer que, tão ou mais importantes que estas, são as SOFT SKILLS, que os sistemas formais de ensino não garantem e que dependem da capacidade individual de as adquirir, renovar e melhorar.
Esta realidade está a desenvolver especialistas que usem as “HARD SKILLS“ sozinhos e que agregam e usam uma boa dose de “SOFT SKILLS” quando em contexto relacional.
Especialistas são, por definição, os que sabem cada vez mais de menos coisas, pelo que a interdependência das interligações de competências é total.
O trabalho especializou-se.
Um produto final ou um serviço que chega ao mercado, é fruto de um número infindável de contributos pessoais e de processos complexos.
As lideranças das empresas terão de ser capazes de antecipar as novas competências que o futuro irá exigir e igualmente antecipar, como vão substituir as profissões que irão acabar, porque inexistem competências para realizar o trabalho.
Estimou o Fórum Económico Mundial em 2020 que 50% dos trabalhadores vão precisar de requalificação até 2025. A digitalização, a automação e a robotização vão extinguir postos de trabalho e exigir novas competências.
Nas indústrias de cerâmica e da cristalaria, temos a realidade das novas competências debaixo dos nossos olhos e nas nossas preocupações diárias, bem como em alguns casos, a preocupação de manter profissões “medievais” que vão desaparecer, porque ninguém as quer executar.
No terreno está a nova Agenda Europeia de Competências, lançada pela Comissão Europeia. Convido à sua leitura.
José Cruz Pratas (Presidente da Direção da APICER)Destaque
COMPETÊNCIAS: O INVESTIMENTO FULCRAL PARA O FUTURO DO PAÍS
Fontes,As transformações profundas no mercado de trabalho nos últimos anos tornaram a formação profissional e a qualificação elementos-chave para responderem aos desafios do futuro do trabalho. Por um lado, o desenvolvimento da tecnologia, da ciência e da inovação exigem novas respostas, novos serviços e novas formas de produzir. O desenvolvimento dos mercados e da economia traz também às empresas novos desafios, seja nas novas formas de se relacionarem entre si, num meio complexo e cada vez mais global, onde competem e colaboram, onde procuram novos mercados, novos talentos e novas formas de se organizarem. E o desenvolvimento das sociedades e das pessoas traz também consigo novas exigências, novas necessidades e, naturalmente, novas competências. E, claro, não nos podemos esquecer do maior desafio que tem implicado a alteração dos novos modos de produzir e consumir: as alterações climáticas. A descarbonização da economia impõe a adoção de modelos e práticas mais verdes
e mais sustentáveis que são absolutamente essenciais e que, também aqui, isso não se fará sem uma população ativa, qualificada e formada para esse fim.
Impõem, por isso, uma aceleração das necessidades de aquisição e aprofundamento de competências, adaptação, mas também modernização da formação profissional, tanto nos seus objetivos e resultados de aprendizagem, como nas práticas formativas, de modo a estar plenamente preparada para os desafios do futuro do trabalho.
O trabalho remoto impôs algumas mudanças a este nível, com muitos trabalhadores a terem de aprender novos processos de trabalho e a reforçar os seus conhecimentos tecnológicos. A digitalização que já vinha sendo feita em muitos setores introduziu um maior nível de automação, nomeadamente na indústria, obrigando as empresas a procurar talentos com diferentes características. O que, por outro lado, exige uma requalificação dos recursos existentes.
Do desajuste das competências entre as necessidades reais e a formação efetiva dos recursos, ao desafio de atrair os melhores e reter talento, passando pela importância da valorização dos salários, sabemos que ainda temos um caminho a percorrer. E que os desafios são vários, constantes e exigem respostas articuladas, possíveis apenas com um trabalho conjunto entre empresas, instituições de ensino, sociedade civil e Governo.
E isto impõe, a quem legisla e a quem desenha políticas públicas e medidas em matéria de trabalho, de formação profissional, uma necessidade imperativa de repensar constantemente estes desafios, mas também de intensificar e promover o desenvolvimento de competências no terreno.
Uma resposta adequada a estes desafios implica um forte investimento na formação profissional e qualificação, continuando a estimular a aprendizagem ao longo da vida e a aproximação das qualificações da população portuguesa aos valores de referência da União Europeia.
Sabemos que a aposta na formação profissional constitui uma efetiva alavanca do desenvolvimento e crescimento económico do nosso país. Aliás, a relevância atribuída à formação profissional e qualificações no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência através, nomeadamente, da reforma do ensino e da formação profissional e do investimento na modernização da oferta e dos estabelecimentos de ensino e da formação profissional previstos no Plano de Recuperação e Resiliência são exemplo disso.
O IEFP tem neste momento em curso um investimento de 230 milhões de euros para a modernização dos centros de formação profissional, 87,7 milhões de euros na criação de novos centros de formação profissional e mais 148,3 milhões de euros na requalificação e na modernização de infraestruturas, equipamentos e laboratórios.
A formação profissional tem de ser encarada como uma oportunidade de mudança de vida e de valorização das pessoas. Temos de olhar a formação com ambição: como um efetivo instrumento capaz de promover uma melhoria das condições de vida, alargando horizontes e criando reais e melhores oportunidades às pessoas, e consequentemente, ao país.
Por isso, queremos um IEFP que não se feche em si próprio, que ouça a sociedade, que inove nos seus conteúdos e metodologias, apostando numa formação profissional cada vez mais exigente e alinhada com as reais necessidades da nossa economia e sociedade.
Hoje, ao esforço permanente de promovermos uma política de formação profissional dirigida à formação inicial dos jovens e à formação aos desempregados, temos de somar o esforço de alargar o âmbito desta política a novos instrumentos e programas, que respondam às necessidades de um mercado de trabalho em constante mudança e a exigir novas competências. Ou dito de outro modo: para protegermos o emprego, e para não deixarmos ninguém para trás, temos de atuar ao nível da prevenção do desemprego futuro, decorrente da obsolescência das competências e/ou das atividades exercidas, apostando decisivamente na requalificação e na reconversão profissional.
Através do PRR ,temos destinados para a qualificação cerca de 149 milhões de euros, verba que inclui a formação profissional e a reconversão ao longo da vida de trabalhadores em setores que estão em descontinuidade, e a requalificação para áreas de modernização tecnológica, para que quem está desempregado tenha melhores condições de empregabilidade com respostas formativas com vista ao upskilling e reskilling nas áreas emergentes,nomeadamente nas áreas da Transição Verde, Digital e da Economia do Cuidado.
Queremos continuar a apostar numa política de requalificação de competências, desde logo no âmbito das competências digitais e verdes, através de programas como Upskill – Digital Skills & Jobs, com vista à formação intensiva e especializada na área digital, para a reconversão, até 2023, na área de Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica; ou o Programa Emprego + Digital 2025 que visa abranger 200 mil participantes até 2025, com o objetivo de promover a dinamização, promoção e formação para a requalificação de ativos empregados para a área digital.
Apresentámos recentemente a iniciativa Green Skills & Jobs que tem como objetivo preparar os profissionais com formação qualificada e, por isso, prevenir o desemprego, no desafio que a descarbonização nos coloca.
A par deste esforço, temos ainda de garantir a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Medidas como o ATIVAR. PT, um dos programas de banda larga de apoios à contratação e de estágios, e no qual se integra a medida Estágios ATIVAR, a qual tem permitindo que, direta ou indiretamente, ao fim de seis meses, 80% dos estagiários estejam no mercado de trabalho.
Através da medida Empreende XXI, estamos também a promover a criação de empresas e do próprio emprego, apostando na formação profissional, mentoria e consultoria especializadas na área do empreendedorismo. O apoio do Estado é de 85%, sendo 40% desse valor um subsídio não reembolsável e os restantes 45% num empréstimo sem juros. Os restantes 15% trata-se de capitais próprios. O apoio pode ainda ser majorado quando o projeto é promovido por uma pessoa de género sub-representado na profissão, quando se localiza no interior do país, quando se trata de projetos inovadores, quando cria postos de trabalho com contratos de trabalho sem termo ou se é destinado a pessoas com qualificações superiores ao 12.º ano.
Por isso, no Ano Europeu das Competências em 2023, a formação profissional e a qualificação tornam-se ainda mais relevantes. Não só na valorização do trabalho desenvolvido ao nível da formação e da melhoria das qualificações, mas também para dar um novo impulso à aprendizagem ao longo da vida, capacitando os formandos a contribuírem para as transições ecológica e digital, apoiando a inovação e a competitividade.
Este é um esforço que é transversal à sociedade portuguesa e não há nenhum setor de atividade que se possa sentir dispensado deste esforço de aceleração da transformação em curso. Esta é uma exigência que a todos convoca, mas de que todos também beneficiarão.
Só assim continuaremos a fazer de Portugal um país, onde todos desejam permanecer e construir o seu futuro.
Qualificação
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E COMPETITIVIDADE: O EXEMPLO DA DUAL
por Elísio Silva, Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã; Diretor da DUALA propósito do Ano Europeu das Competências, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu: “Precisamos de muito mais foco no investimento que fazemos em formação profissional e em processos de upskilling. Precisamos de uma melhor cooperação com as empresas, porque são elas quem melhor conhece as suas necessidades. E precisamos de combinar essas necessidades com as aspirações das pessoas.”
De facto, poucos fatores contribuem tanto para aumentar a competitividade das empresas e de uma região, como a adequada formação das suas pessoas. Mas se isto foi sempre uma verdade de La Palice, hoje torna-se ainda mais
evidente: a automatização na indústria, mas também nos serviços (i 4.0), a IoT, a Inteligência Artificial, o Machine Learning, o Big Data, entre outros, são temas que exigem respostas competentes e eficazes, no que à formação das pessoas diz respeito, capazes de responder de forma rápida aos desafios que as empresas enfrentam, numa conjuntura económica pouco favorável.
No momento atual, em que muitas profissões tendem a ser substituídas por outras, ainda que não se saiba quais, a qualificação e requalificação dos Recursos Humanos assume um papel fundamental e urgente para as empresas, mas também para os jovens e para os adultos.
Se olharmos para os vários dados e estudos que vão sendo publicados, verificamos que há um grande desfasamento entre as necessidades das empresas e os profissionais disponíveis. Um exemplo disso, são os resultados do Guia do Mercado Laboral 2023 da Hays, que teve como base as respostas de mais de 800 empregadores e de 3100 profissionais, e que refere uma “escassez global de candidatos, ou de profissionais especificamente qualificados, no mercado de trabalho português em 2022. De uma lista de 11 afirmações disponíveis no inquérito, as duas que reuniram mais consenso entre os inquiridos referem-se à escassez de talento no mercado: seja uma escassez global de candidatos, ou de profissionais especificamente qualificados.” Isto significa que já não faltam apenas especialistas nos mercados; faltam candidatos para processos de recrutamento, mesmo sem as competências que as empresas procuram.
Exigências da economia – importância da formação profissional de jovens e da sua relação com as empresas
Na Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, através da DUAL, temos defendido que o país deve garantir a existência de um sistema de formação profissional forte e em que as empresas sejam envolvidas. Um sistema que seja atrativo para os jovens, levando-os a colocar a opção pela via da formação profissional ao mesmo nível que colocam a opção pelo ensino académico, sem estigmas ou preconceitos. Só desta forma as empresas poderão recrutar novos profissionais com as competências de que necessitam, incluindo as novas profissões emergentes, como especialistas em Supply Chain, programadores, analistas de dados, especialistas em Cyber segurança, entre muitas outras, mas sem esquecer as profissões ditas tradicionais e que continuam a ser extremamente importantes (quando procuramos, hoje, soldadores, técnicos de CNC, técnicos de manutenção industrial, ou simplesmente operadores, temos muita dificuldade em encontrá-los). Além disso, hoje mais do que nunca, já não são apenas as Hards Skills que os empregadores procuram: as novas formas de trabalho, como o home office, os ambientes de trabalho menos formais e mais flexíveis, as equipas multidisciplinares e multiculturais, são tendências que nos últimos anos se acentuaram de forma exponencial e que tornam as soft skills ainda mais desejáveis: a capacidade de comunicação, a cultura colaborativa, a autonomia, a responsabilidade, a inteligência emocional, a proatividade, a capacidade para “aprender a aprender”, são competências tão ou mais valorizadas do que as técnicas.
Sempre que falamos de desemprego e formação profissional, não podemos ignorar a composição do tecido empresarial português, nomeadamente o que é representado pela APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria, no qual as PME desempenham um papel vital. E sendo as PME o principal empregador nacional, é imperativo saber quais são as necessidades reais destas empresas em termos de recursos humanos e garantir uma resposta adequada em matéria de formação profissional.
Mas para que isso seja possível, é necessário que se mude radicalmente a imagem que a formação profissional (ainda) tem na sociedade: uma via que significa uma “opção de segunda”, destinada aos jovens com dificuldades, que não conseguem sucesso nas vias académicas. É necessário, e urgente, que a formação profissional seja encarada como uma opção “normal” e de qualidade, que atrai mais jovens, motivados e disponíveis para uma rápida e adequada integração no mercado de trabalho.
Quando olhamos para o exemplo da Alemanha, onde o sistema de formação profissional dual tem uma longa tradição, não temos dúvidas em afirmar que ele é um dos pilares fundamentais da competitividade das suas empresas, em particular das PME; a competitividade da sua economia seria impensável sem a existência do Sistema Dual. Um Sistema que é reconhecido e valorizado pela sociedade e pelos seus jovens, mas especialmente pelas suas empresas que assumem um papel central em todo o processo. São elas que, através das Câmaras de Comércio e Indústria, informam sobre as suas necessidades e sobre as transformações nas suas áreas de atividade, alterações sociais e tecnológicas e contribuem para a atualização permanente dos programas de formação. São também elas que colaboram diretamente na formação dos jovens, ao disponibilizarem tutores, devidamente formados, que os acompanham durante todo o tempo que passam na empresa.
Este é, sem dúvida, um dos principais motivos para a baixa taxa de desemprego jovem verificada na Alemanha (5,8%), em comparação com a que temos em Portugal (15%) em dezembro de 2022, de acordo com a Bundesagentur für Arbeit e o Instituto Nacional de Estatística.
Ao integrar um jovem durante o seu processo formativo num ambiente empresarial, onde ele irá desempenhar tarefas reais inerentes à profissão, as empresas estão a fomentar ativamente a cultura empresarial, o trabalho em equipa, a orientação para o cliente e para os objetivos estratégicos da organização.
Na DUAL, há exatamente 40 anos que desenvolvemos cursos de formação para jovens, seguindo o modelo alemão, em áreas como a Manutenção Industrial, a Mecatrónica Automóvel, a Eletrónica e Automação, a Logística, a Gestão Administrativa, entre outras. A empregabilidade dos jovens que frequentam estes cursos, no final dos mesmos, ronda os 95%, sendo que 30% continuam a trabalhar
Qualificação
nas empresas onde fizeram os seus estágios, o que traduz bem a aceitação que os mesmos têm junto das empresas.
Formação contínua – a importância da qualificação e requalificação de adultos
Mas se a formação inicial de jovens é fundamental para a competitividade do país, a formação contínua ao longo da vida é, cada vez mais, indispensável para que os profissionais se mantenham aptos e capazes de responder às rápidas e imprevisíveis mudanças do mercado de trabalho. Se por um lado todos conhecemos as dificuldades que as empresas enfrentam quando necessitam de recrutar profissionais para determinadas áreas, também sabemos quão difícil é para os trabalhadores mais velhos, sobretudo os que têm mais de 45 anos, voltarem a ser contratados quando se encontram numa situação de desemprego. Neste capítulo, é urgente implementar programas adequados de upskilling e reskilling, fortemente orientados para as necessidades das empresas. Mas é, igualmente, importante que as empresas revejam as suas estratégias e opções de recrutamento e olhem para os profissionais mais velhos como uma mais-valia, adotando uma cultura organizacional que promova a coexistência de profissionais mais velhos com outros mais jovens.
Na DUAL, temos desenvolvido programas de formação contínua abrangentes e orientados para as necessidades
das empresas, em áreas que vão das línguas às novas tecnologias. Destacava aqui as atividades de formação e consultoria na área da organização e gestão da produção, como resultado da representação em Portugal da metodologia REFA: uma organização alemã, fundada em 1924 para estabelecer padrões de tempos e métodos de trabalho na indústria. Nesta matéria, inclusivamente, a DUAL e a APICER já desenvolveram várias iniciativas no passado.
REFA – Organização e Otimização da Produção
Entre 1995 e 1999, numa colaboração entre a DUAL e APICER, foram realizados em Coimbra, nas instalações da APICER, três edições do curso de Especialista REFA – Organização e Otimização da Produção
A realização destes cursos demonstra o entendimento da APICER na necessidade que se verificava na altura (e que continua!) em dotar a indústria de técnicos superiores com sólida formação nas metodologias que conduzem à otimização dos processos produtivos e ao aumento da produtividade e competitividade das empresas.
Desde 1999 até hoje, os conteúdos do curso REFA sofreram profundas atualizações, garantindo a sua adequação à evolução dos tempos e dos paradigmas de gestão, constituindo-se num corpo de conhecimento e de práticas fundamentais para as empresas que têm na melhoria contínua e no aumento da produtividade o seu foco.
João Diniz (Especialista REFA)
A Especialização REFA é um percurso formativo que promove competências que ampliam a consciência sobre o processo de fabrico e sua organização, nomeadamente no que respeita às diferentes fases dos processos (planeadas ou não). Deste modo, o conhecimento da abordagem da imprevisibilidade do processo, que advém das fases não planeadas, potencia uma otimização do processo através da eliminação dos desperdícios que lhe são associados e consequentemente um maior controlo do mesmo. Esta Especialização fomenta a melhoria contínua, através duma abordagem sistemática, combinando as múltiplas ferramentas que encerra, com todo o conceito de base que permite dividir o processo em múltiplas fases. A metodologia REFA é um asset que importa e faz a diferença nas áreas de produção, engenharia de processos, industrialização, controlo de gestão, qualidade, Kaizen.
Armanda Martins (Especialista REFA)
COMPETÊNCIAS E SABERES PRÁTICOS NOS QUADROS SUPERIORES DAS EMPRESAS – O CASO DA RELAÇÃO COM OS FINANCIADORES EM TEMPOS DE ESG
por Carlos Vieira, Diretor Executivo da Formação de Executivos CPBS - Católica Porto Business SchoolComeço por fazer um disclaimer. A minha relação com a educação, como indústria (no sentido anglo-saxónico do termo), vem desde 2007, quando tive a oportunidade de estar como Administrador Executivo de um Grupo de Ensino que detém instituições de ensino superior e profissional. Hoje, sendo diretor da formação de executivos na Católica Porto Business School, e tendo atravessado diversos períodos e sentido as muitas intempéries que perpassaram pelas áreas da educação e formação, posso dizer que me sinto habilitado a expressar o meu conhecimento e os meus sentimentos sobre a relação empresarial
com estas áreas. Sobre intempéries, não me irei esquecer da crise que se iniciou em 2007 e que teve impactos graves até cerca de 2013 e que teve graves efeitos certamente sobre as atividades dos diversos que agora leem estas palavras. Como também não me esquecerei dos efeitos da pandemia e do que isso se refletiu em termos das alterações substantivas no funcionamento das organizações, incluindo as académicas e também no tecido social, com inerentes impactos no seu capital humano.
Faço um pequeno introito sobre disclaimer que atrás referi. Esta expressão, também ela bem anglo-saxónica significa “isenção de responsabilidade”, é usada para alertar os leitores do óbvio viés que surge destas minhas linhas. Mas também para me responsabilizar (da difícil tradução de ‘accountability’) pelo que escrevo e para me acautelar que o eventual viés não conduzirá a conclusões não devidamente suportadas.
A Escola de Gestão Empresarial em que estou como Diretor Executivo resulta da criação de uma associação que atualmente tem como associados a Universidade Católica Portuguesa e a AEP – Associação Empresarial de Portugal, de que a APICER, entre muitas outras associações e empresas, também faz parte. Refiro esta situação, pela manifestação do potencial de ligação do setor empresarial à academia demonstrada desde os tempos da criação da escola de formação de executivos da Católica Porto Business School (“CPBS”), nos idos de 2002 e que, portanto, celebrou no final do passado ano 20 anos de ati-
Competências
vidade. Muitos projetos foram desenvolvidos nestes anos de atividade e a crítica que muitas vezes se faz à Academia de estar desconectada do mundo real das empresas, não é facilmente aceite na CPBS. O que nos traz ao título do presente artigo de opinião. A intenção do mesmo é reforçar o que nos conecta, Academia e Indústria, no momento em que celebramos 2023 como Ano Europeu das Competências. E cumpre-me o desiderato de referir as necessárias competências dos gestores de topo das empresas nos tempos modernos, em que, desnecessário será referir extensivamente, os níveis de complexidade técnica e relacional são a realidade com que nos deparamos. Assim, se tivermos em conta os dados públicos divulgados pela própria APICER, percebemos a importância para as contas nacionais do setor das indústrias da cerâmica e cristalaria. Faço um breve resumo. O caso da cerâmica, em 2019, representava um volume de negócios agregado de 1,2 mil milhões de euros, dos quais 708 milhões de euros (60%) de exportações, para 163 mercados distintos, mais de 18 mil trabalhadores e um valor acrescentado bruto (“VAB”) de 458 milhões de euros¹. A área da cristalaria, também em 2019, representava um volume de negócios agregado de 72 milhões de euros, exportando também para 136 mercados distintos, tendo mais de 600 trabalhadores e um VAB de 23 milhões de euros². Os números indicados são significativos e refletem a importância que estes setores, como muitos outros, têm para a dinâmica de desenvolvimento do país.
No entanto, a propósito das dificuldades na gestão dos custos com energia por parte das empresas do setor, o Presidente da APICER referia recentemente a importância de incluir no programa “Apoiar Gás” também as empresas que a determinado momento, designadamente a 31 de dezembro de 2021, apresentassem capitais próprios negativos³. Ora estando nós em 2023, com muitas das empresas já com situações corrigidas, a noção que fica é que, mais uma vez, o IAPMEI, responsável pela gestão deste e de outros processos, demonstra a sua incapacidade de compreender a realidade das empresas. Mas isso são, como se diz, contas de outro rosário.
O facto é que artigos recentes do Banco de Portugal indicam que, por um lado, os fundos europeus impulsionaram a criação de emprego das empresas portuguesas⁴ e, por outro, que as empresas exportadoras portuguesas apresentam margens preço-custo mais altas do que as empresas que só vendem para o mercado
1 INE – Sistemas de Contas Integradas das Empresas (2020); A cerâmica em números APICER
2 INE – Sistemas de Contas Integradas das Empresas (2020); A cristalaria em números APICER.
3 Cf. Notícia Jornal de Negócios 22/02/2023; Cerâmica exige ajuste no apoio ao custo do gás. Jornalista Hugo Neutel.
4 https://www.bportugal.pt/page/economia-numa-imagem-195
5 https://www.bportugal.pt/page/economia-numa-imagem-198
6 https://www.ffms.pt/pt-pt/estudos/crise-e-credito-licoes-da-recessao-de-2008-2013
7 A governança ambiental, social e corporativa, do inglês Environmental, social, and corporate governance
interno⁵. Esta interligação, relacionada com os estudos recentes sobre os impactos no empresariado português relacionado com o impacto no crédito e investimento, como lições da Recessão de 2008-2013⁶, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, traz a importância do que aqui, finalmente me traz. A ideia que percebemos da vivência académica e empresarial é que há um défice de conhecimento, informal ou qualificante, dos gestores de topo das empresas nacionais, que se ambientaram em modelos bastante clássicos e tradicionais da relação com a banca portuguesa que era, ela própria, muito mais forte do ponto de vista comercial, situação que hoje, se inverteu, com um reforço muito significativo das equipas de Compliance e financeiras dos próprios bancos, como forma de se precaverem de decisões que possam colocar em risco a sobrevivência destes. Isto, associado a uma redução significativa dos custos da banca, com uma diminuição de agências e de trabalhadores, coloca um ónus acrescido na gestão dos clientes bancários.
Para além disso, as exigências em termos do ambiente regulatório com que os bancos, as empresas e a sociedade em geral estão já obrigados a cumprir vêm trazer obrigações acrescidas, com os riscos e, obviamente, os benefícios para quem se preparar atempadamente. De facto, atualmente o ESG⁷ reforçou as obrigações regulatórias da banca e esta não tem outro remédio que transferir o ónus do cumprimento para os seus clientes, sem mais. Bancos há que indicam que uma grande maioria do seu crédito às empresas terá de ser “renovado” por via das obrigações que surgem. Da mesma forma, as alternativas que vão surgindo em termos de financiamento, que são de tão limitado conhecimento por parte dos empresários e gestores e que obrigam, lá está, a alterações do modelo de governo das suas organizações, obrigam as empresas, ou melhor, os seus gestores a ter conhecimentos importantes sobre as taxonomias definidas pelo ESG, que passam por desenvolver atividades empresariais que não danificam significativamente os objetivos ambientais definidos e que cumprem com as salvaguardas sociais mínimas. Assim, este conhecimento será crítico para uma negociação equilibrada com a Banca, entendendo-se esta como a banca de retalho tradicional e todas as restantes formas e categorias de financiamento, incluindo a que é originada nos fundos de investimento, no capital de risco, de natureza privada ou pública (neste caso, de que é exemplo o Banco Português de Fomento).
Assim, as empresas têm de começar o seu trabalho por uma reavaliação da sua situação patrimonial, potenciando as necessárias recuperações para que possam ser deixadas de ser consideradas como zombie, na aceção do que vem referido no artigo que atrás citei da Fundação Francisco Manuel dos Santos. E para essas realidades, existem componentes formativas que são importantes e que conjugam as perspetivas de gestão e legal. Depois dessa identificação, importa saber o que fazer, como e em que medida importa a construção de um repositório de informação que possa ser apresentado aos diversos investidores atuais e potenciais. E de que forma esta informação é relevante para não só a obtenção das melhores condições de crédito dos mercados, mas também para a própria obtenção desse financiamento.
Para finalizar o presente texto, reporto-me ao início do mesmo. Do lado da CPBS, vimos a nossa equipa docente reforçada pelo António Ramalho que vem exatamente para cumprir com o desígnio de recolher, sistematizar e transferir competências para o setor empresarial, principalmente industrial, de elevado potencial exporta-
dor, como é o caso da cerâmica e cristalaria, com um foco nas médias empresas (midcaps) que não têm os recursos financeiros para contratar as grandes empresas de serviços de consultoria. Relembro que o Professor António Ramalho foi administrador financeiro dos bancos do Grupo Champalimaud nos anos 90 (Sotto Mayor, Totta e Açores, Crédito Predial e Chemical Finance) e, posteriormente, do Grupo Santander em Portugal, além de vice-presidente do Millennium BCP. Nos últimos seis anos, foi CEO do Novobanco, liderando a equipa responsável pela sua estruturação e recuperação. Além da experiência única na banca, António Ramalho foi igualmente responsável pela gestão de diversas empresas públicas e privadas, com destaque para a presidência da CP – Comboios de Portugal, Unicre e Infraestruturas de Portugal, tendo também sido colaborador e formador do Instituto de Formação Bancária e do Instituto Superior de Gestão Bancária, tendo mesmo sido coordenador do seu centro de investigação, entre muitas outras atividades. Os tempos são auspiciosos para o setor da formação em banca para empresas na CPBS.
Ensino Profissional
DESÍGNIOS DAS ESCOLAS PROFISSIONAIS NO ANO EUROPEU DAS COMPETÊNCIAS
As Escolas Profissionais privadas iniciaram a sua atividade educativa e formativa em 1989 e comemoram, neste ano letivo de 2022/2023, trinta e três anos de serviço público de educação e formação, sendo manifesto o seu contributo para o desenvolvimento económico e social do país e essa relevância foi bem sublinhada, em múltiplas intervenções, no último Congresso do Ensino Profissional que teve lugar na Maia no passado mês de novembro.
O caminho encetado pelas Escolas Profissionais é longo e, por vezes, muito difícil, mas, fruto de muita perseverança e uma boa dose de resiliência, durante as últimas
três décadas, qualificaram algumas centenas de milhares de jovens e muitas dezenas de milhares de adultos, em percursos de dupla certificação, escolar e profissional.
Para além dos dados de natureza quantitativa acima referidos que permitiram melhorias significativas na economia importa ter em conta a diversificação da oferta formativa que permitiu, atenta a ação das Escolas Profissionais, reduzir significativamente os fenómenos do abandono e do insucesso escolar e colocar, todos os anos, no mercado de trabalho ou em prosseguimento de estudos, muitos milhares de jovens que, de outra forma, estariam condenados a empregos precários, a baixos salários e a uma fragilidade social que poderia ser para a vida.
Temos hoje muitas evidências de que os cursos profissionais funcionam como elevador social para milhares de jovens pois facilitam a integração qualificada no mundo do trabalho e permitem o prosseguimento de estudos nas Universidades e Politécnicos.
Acresce que os alunos que frequentam os cursos profissionais, no final do ensino secundário têm direito a um diploma de dupla certificação, escolar e profissional, enquanto os seus colegas que frequentam os cursos
científico-humanísticos, apenas têm direito a um diploma escolar, o que significa que, se não concluírem um curso superior, perderam a oportunidade de obter um diploma do 12º ano e uma qualificação profissional de nível IV, reconhecidos em todos os países da União Europeia.
Sabemos que o sucesso destes percursos educativos e formativos proporcionados pelas escolas públicas e privadas que oferecem cursos profissionais no âmbito do ensino secundário, poderia conduzir a melhores resultados se tivéssemos verdadeiros serviços de orientação escolar e vocacional que tivessem em conta os centros de interesse vocacionais dos alunos proporcionando, aos jovens e às famílias, escolhas informadas sobre os 392 itinerários de formação integrados em 21 áreas de formação que constam do Catálogo Nacional de Qualificações.
Infelizmente, as escolas básicas e os agrupamentos, escudadas na falta de conhecimento e de informação sobre a multiplicidade de opções acima referidas por parte dos jovens e das respetivas famílias, tendem a dizer mal das ofertas formativas qualificantes, designadamente, dos cursos profissionais que, curiosamente, são os mais procurados pelos jovens nos países mais avançados da União Europeia, havendo países como a Suécia e a Alemanha com cerca de 70% de alunos encaminhados para percursos qualificantes, quando Portugal, de acordo com os últimos dados publicados do INFOESCOLAS, não sai dos 34%, sendo a média da União Europeia de 55%.
Neste quadro devemos aproveitar as lições que nos chegam da União Europeia e devemos ter em conta que a Comissão Europeia, ao declarar o ano de 2023 como “Ano Europeu das Competências”, pretende que os estados-membros adotem políticas e deem um novo impulso às qualificações centradas em competências que respondam às necessidades das empresas.
Esta preocupação tem a ver com a conjuntura atual e com a circunstância das empresas e dos operadores económicos e sociais terem de concorrer no espaço global onde despontam todos os dias novas necessidades de qualificação relacionadas com a economia 4.0 e 5.0 que têm a ver com os avanços tecnológicos, com a defesa do ambiente, com a digitalização e com a inteligência artificial.
A linha de orientação que se encontra traçada pela União Europeia para este “Ano Europeu das Competências” conduz à aposta nas qualificações dos jovens e dos adultos ao longo da vida através das seguintes medidas:
a. Melhoria das competências que sejam pertinentes e respondam às necessidades do mercado de trabalho, cooperando com os parceiros sociais e as empresas;
b. Adequação das aspirações das pessoas às oportunidades no mercado de trabalho, especialmente no que diz respeito às transições ecológica e digital e à recuperação económica;
c. Atração de pessoas de países terceiros com as competências de que a UE necessita, nomeadamente reforçando as oportunidades de aprendizagem e a mobilidade e facilitando o reconhecimento das qualificações.
Ao longo do ano de 2023, atentas às orientações do Ano Europeu das Competências, a ANESPO e as Escolas Profissionais procurarão dar um significativo impulso à aprendizagem inicial e ao longo da vida, promovendo iniciativas quer vão no sentido de contribuir para este esforço nacional, apostando na boa aplicação dos fundos comunitários destinados à educação e formação, porfiando na qualificação de professores e formadores, incitando à digitalização da economia e da sociedade, estimulando o desenvolvimento da sociedade e o reforço que o tecido económico e social com vista a melhorar as condições de vida da população ativa e a promover a inclusão social sem esquecer a potenciação dos recursos existentes para modernização de equipamentos e infraestruturas, a promoção da eficiência energética e otimização dos recursos e a operacionalização de iniciativas comunitárias, como os programas ERASMUS+ e Horizonte Europa.
Sabemos que a União Europeia está ciente de que o progresso dos povos assenta na adoção de políticas robustas em matéria de educação e formação e está bem ciente de que será pela aposta no incremento das competências requeridas pelo tecido económico e social que os cidadãos europeus enfrentarão as mudanças do mercado de trabalho conducentes à recuperação económica e social das populações.
Os maiores desafios serão, para as empresas, estar na primeira linha do conhecimento sobre as tecnologias de ponta e os avanços tecnológicos e apostar na inovação e na competitividade, e para as escolas, dotá-las de instalações adequadas face às exigências das áreas de formação, apetrechá-las com equipamentos de ponta e com os recursos humanos e materiais necessários tendo em vista vencer etapas em matérias como as transições ecológica e digital.
Sabemos que, segundo os dados da União Europeia, mais de três quartos das empresas da UE referem ter dificuldade em encontrar trabalhadores com as competências necessárias, bem como, o índice de digitalidade da
Ensino Profissional
economia e da sociedade revela que, quatro em cada 10 adultos e um terço dos trabalhadores na Europa carecem de competências digitais básicas e que, em 2021, havia uma escassez de mão-de-obra em 28 profissões, desde a construção e os cuidados de saúde à engenharia e às Tecnologias de Informação.
Importa, nesta linha, convocar as escolas para promoverem reflexões sobre as necessidades do tecido económico e social, atuais e futuras, as quais devem conduzir à definição dos grandes desígnios das escolas do século XXI que se deverão centrar em aspetos estratégicos como: a aposta na inovação organizacional; a promoção da cidadania; o incitamento ao empreendedorismo; a preocupação com a qualidade das prestações formativas e o envolvimento das partes interessadas nos processos formativos.
As escolas profissionais, no momento presente e no futuro, estarão sempre na primeira linha da promoção do sucesso escolar e profissional funcionando como instrumentos ao serviço do progresso económico e social.
Os jovens precisam de saber que os percursos educativos e formativos centrados nas competências e plasmados nos planos curriculares dos cursos profissionais são um verdadeiro passaporte para o sucesso escolar e profissional.
Importa ter em conta que os alunos das escolas profissionais não saem da Escola com menos competências que os dos cursos científico-humanísticos, mas, antes, com mais competências técnicas e práticas como se comprova pelas referências elogiosas dos empregadores quando
entram na vida ativa e dos reitores quando prosseguem estudos no ensino superior.
Ao contrário dos impropriamente chamados “cursos gerais”, os alunos dos cursos profissionais apresentam ainda provas públicas no final dos cursos, as provas de aptidão profissional (PAP), que põe em evidência o conjunto dos saberes e competências adquiridos ao longo dos três anos dos cursos, e que ombreiam com muitas provas apresentadas nos cursos universitários.
Nos tempos presentes, com os financiamentos colocados à disposição das escolas através do PT2030, do PRR e dos CTE – Centros Tecnológicos Especializados, as escolas que oferecem cursos profissionais vão tornar-se mais apelativas e mais atrativas para os jovens e os adultos que tenham défices de qualificação.
Como sempre tem acontecido ao longo da sua história as escolas profissionais estarão disponíveis para conferir mais eficácia e eficiência aos percursos formativos, sensibilizar a tutela para que promova mais ações de informação e orientação vocacional junto dos jovens e das famílias e ter em conta os fatores de inovação pedagógica e tecnológica para acompanhar a economia de ponta.
Se fizerem este caminho, como acredito piamente que aconteça, ouvindo os académicos, os centros de investigação, os empresários e as associações empresariais que, incessantemente, sinalizam e apontam as expectativas da sociedade e as exigências da economia, atuais e emergentes, estão no bom caminho, ou melhor, desenhando os caminhos do futuro.
Competências
UMA VISÃO PARA O FUTURO DO TRABALHO – A IMPORTÂNCIA DAS GERAÇÕES MAIS VIVIDAS
Estamos no Ano Europeu das Competências, que visa prover o crescimento da competitividade das empresas, especialmente das PMEs, com a promoção do reforço da qualificação dos seus quadros.
Interessante notar que no site da União Europeia é referido o foco na aprendizagem ao longo da vida de forma a capacitar os trabalhadores, e as respetivas empresas, para a transição ecológica e digital, não fazendo referência a um fator tanto ou mais disruptivo como o da longevidade, que é também uma oportunidade de forte inovação para a economia.
Em países como Portugal, onde o tecido empresarial é constituído maioritariamente por PMEs e com uma população média com mais de 40 anos (segundo dados do último censos a idade média do português ronda os 48 anos) o foco na equação que relaciona competências e longevidade é estratégico.
Primeiro, porque a inovação está ligada à longevidade. Dito de outra forma, o facto de vivermos mais anos já está a provocar uma mudança, a meu ver positiva, num conjunto de áreas e a ter como fruto o aparecimento de novas funções e profissões. Isto é muito visível nas áreas da saúde, e mais concretamente na área da medicina relacionada com a longevidade.
Quando o fator idade cronológica perde progressivamente importância para o fator idade biológica surgem profissões como a do “biohacker”, que já deu origem a uma série da Netflix. Se formos ver o que se está a passar na área da gerontologia, também fica evidente que para várias categorias profissionais ter conhecimentos básicos de gerontologia é fundamental, porque assim é possível perceber o que se passa com o ser humano ao longo do processo de envelhecimento.
A usabilidade e o design precisam perceber de envelhecimento para que os móveis, loiças, talheres, e outros objetos que utilizamos sejam fáceis de usar, para que respondam às necessidades das pessoas. O atendimento ao público precisa de perceber que nem todos os velhos são surdos, que nem toda a surdez tem a ver com o volume com que falamos. Toda a componente visual tem de estar atenta à forma como combina cores e tamanhos de letra, de forma que todos consigam, em tempo útil, perceber o que está escrito e indicado.
A disrupção da longevidade é tal que ainda estamos a assistir ao aparecimento das primeiras profissões relacionadas com este fenómeno demográfico que tende a acentuar-se. Mas também existe o outro lado da equação: as pessoas mais velhas, nomeadamente aquelas que ainda estão em fase de pré-transição, vou chamar assim àquelas que são hoje as gerações que efetivamente movem a economia – as gerações com 50 e mais anos de idade.
A não renovação geracional leva a que estas pessoas sejam cada vez mais essenciais para as empresas. Mas não é somente por uma ausência de recursos humanos que elas são importantes.
Em 2016 estive presente numa das conferências da CIP (Confederação Empresarial de Portugal) sobre o futuro do trabalho, desta feita promovida em conjunto com o Business Europe. Uma conferência em que se debateu a digitalização dos negócios e o impacto que esta tendência terá nas competências das pessoas.
Foi no mínimo curioso notar que somente no painel sobre saúde se falou no envelhecimento da população. Tendo estado presentes o Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças da altura, o envelhecimento da população foi referido de forma passageira e apontado como um entrave ao desenvolvimento económico do país, o que em certa medida é verdade mas não é toda a verdade.
Foi também curioso verificar que quando foram apontadas as competências que os profissionais devem ter no mundo da chamada “revolução 4.0”, praticamente todas elas são competências que estão relacionadas com a ma-
turidade, o que não se aprende propriamente no banco da escola, como se diz. A maturidade adquire-se vivendo e só os que viveram mais é que a detém.
Para mim o pior é achar que são nas gerações mais novas que se encontram estas características, o que confere a esta visão do futuro das competências uma certa “dissintonia” com a realidade.
Para mim este é um exemplo claro da forma como ainda se evita olhar para as gerações 50+ com olhos de ver, como se perpetua uma imagem que já não corresponde à realidade, ainda mais quando estas pessoas são quem move a economia, seja pelo seu consumo seja pelo fruto do seu trabalho ou mesmo pelo apoio emocional, material e financeiro que prestam às gerações mais novas.
Um mundo cada vez mais inseguro, imprevisível e complexo precisa de pessoas maduras que possam levar o fruto da sua experiência de vida aos mais novos, que transmitam a segurança que os mais novos precisam para crescer. Não é forçando os mais novos a crescer, como se está a fazer com as crianças, que se resolve o problema.
O foco nos 50+, não em detrimento dos 50- claro, é mais complexo, porque tendem por um lado a ser pessoas mais críticas, mas seguras de si e mais exigentes. Contudo, uma visão estereotipada destas pessoas leva a situações como as que descrevo abaixo.
Em tempos fui chamada a uma empresa que estava a ter um problema de falta de adesão à formação por parte dos quadros mais antigos e, por isso, mais velhos. Num setor que estava a passar por um forte processo de transição
Competências
tecnológica era fundamental que estas pessoas aprendessem a trabalhar com a nova tecnologia. A justificativa que davam para a não adesão à formação é que, na verdade o que a empresa queria era promover uma saída dos quadros mais velhos e por isso não se mostravam cooperantes. Do que me foi dito, por parte da direção de RH é que não era isso que estava em cima da mesa, era efetivamente uma necessidade de requalificação.
Outra conversa tida com uma pessoa que liderava o processo de transição digital de uma grande multinacional, esta pessoa também assinalava a dificuldade em promover a transição digital dos colaboradores mais velhos, porque, ao contrário dos mais novos, tinham muita dificuldade em perceber e lidar com tecnologia.
Ambos os casos revelam uma franca incapacidade das equipas de gestão em lidar com os receio naturais dos mais velhos – o medo do despedimento. Porque se no segundo exemplo isto não foi claramente referido, a verdade é que era uma solução apontada. Mas que não é solução.
Estamos a falar das gerações que criaram o computador, que passaram do analógico ao digital, que se têm mantido ativas e operacionais e que apresentam uma maior capacidade de resiliência e de adaptação.
Promover a literacia para a longevidade é fundamental hoje em dia, para que as pessoas percebam que é
preciso investir nas suas qualidades, nas suas capacidades. Promover o reskilling é essencial para todos, mas mais para os que estão no mercado de trabalho à mais tempo, para que possam continuar a crescer, para que possam continuar a trabalhar.
Mas do meu ponto de vista, o mais crítico de tudo é a promoção da mudança de mentalidade de diretores, gestores e administradores no sentido de os capacitar para saberem lidar com os quadros mais antigos, envolvendo-os nas empresas, promovendo a partilha de experiência entre todos, de todas as gerações.
No atual contexto one size do not fit all. A Comunicação empresarial com os seus colaboradores tem de ter em conta que, embora os colaboradores partilhem os mesmos valores, as necessidades e motivações não são as mesmas e/ou não se manifestam da mesma forma. Aqui, do meu ponto de vista é onde está o cerne da questão e onde se deve investir.
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A INDÚSTRIA CERÂMICA E AS COMPETÊNCIAS ASSOCIADAS À INDÚSTRIA 4.0.
por Rosa Rocha, CENCALDesde sempre que as sociedades se vão transformando, não só pelas expectativas de cada indivíduo que se inserem nas diferentes comunidades, mas também pela evolução tecnológica que se reflete no mundo do trabalho.
Apesar do mundo do trabalho ser mais competitivo, nota-se cada vez mais uma procura pelo equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. No CENCAL a procura por formação nas áreas mais criativas por parte de algumas pessoas de diferentes faixas etárias e formações continua elevada. Algumas destas pessoas parece que pretendem se reencontrar, porque após alguns anos de carreira profissional em setores muito diferentes da cerâmica deixam o que estavam habituadas a fazer e vêm fazer formação na área da cerâmica criativa. Também as camadas mais jovens focam os seus interesses nas formações de áreas criativas que lhes permitam maior autonomia.
A indústria de forma geral está a implementar novas práticas decorrentes das novas tecnologias que surgem como janelas de oportunidades para aumentarem a produção, melhorarem a eficiência, para serem competitivas. Quer para a implementação, quer para a manutenção destas diferentes áreas serão necessários colaboradores com competências de informática, matemática, design gráfico e automação. A indústria cerâmica não é exceção, bem pelo contrário, o caminho é o da designada indústria 4.0. A indústria 4.0 assenta essencialmente nas seguintes áreas:
• Sistemas integrados
• Computação em nuvem
• Internet das coisas
• Segurança da informação
• Robots autónomos
• Realidade aumentada
• Big Data
• Simulações e Manufatura aditiva
Este caminho leva à implementação de transformações digitais, mas também de linhas de produção mais automatizadas, robotizadas e eficientes. Ora é aqui que se colocam muitas dúvidas; será que os trabalhadores portugueses têm competências suficientes para acompanhar estas transformações e\ou quais deverão ser as medidas a tomar para identificar e assegurar as competências que devem ser melhoradas e asseguradas? A formação será seguramente a melhor ferramenta para colmatar o défice de competências que os trabalhadores das nossas empresas possam ter. Esta formação deve aliar a experiência destes trabalhadores com os desafios que lhes estão a ser apresentados, devido à implementação de novas tecnologias nos processos de fabrico tradicionais. O primeiro passo deve passar por aumentar a literacia digital dos colaboradores, dar formação na área comportamental e naturalmente assegurar formação sobre ferramentas operativas dos equipamentos. Apesar de não ser nenhuma novidade, mas mais do que nunca, deve-se valorizar a (re)qualificação dos colaboradores ao longo de todas as suas vidas profissionais. É importante ter presente que a melhoria das competências individuais aumenta a satisfação pessoal que terá impacto significativo nas equipas. Considerando que a velocidade que a transição das tecnologias terá de ter para que as em-
presas se mantenham competitivas, é muito urgente que se faça a requalificação dos colaboradores.
Segundo o relatório “Produção – Tendências Globais de RH 2023” que é resultado do inquérito feito pelo Instituo Piepoli a uma amostra de empresas da indústria, realizado em vários países, as dificuldades esperadas na implementação das tecnologias 4.0 da indústria são para 56 % dos inquiridos o custo do equipamento e para 43% a falta de competências ao nível do operador. Neste estudo também é referido que a automatização terá maior risco para os trabalhadores com níveis de escolaridade mais baixa e que a formação será de elevada importância.
Atualmente as empresas do setor cerâmico lutam contra a escassez de mão-de-obra, porque não é fácil atrair novos trabalhadores para processos de fabrico tradicionais, repetitivos e maioritariamente pouco desafiantes. Mas se as tarefas forem executadas por robots, que libertem os
colaboradores de tarefas físicas difíceis, para passarem a controlar e dirigir as operações, poderá aumentar a possibilidade de haver mais interessados. Também neste caso é muito importante haver formação adequada para os jovens e desempregados. No entanto é natural que haja sempre necessidade de mão-de-obra, mas com estas novas competências. As tecnologias não deverão reduzir a oferta de emprego, mas obrigarão a atualização de competências. Cada vez mais, é importante encarar a formação contínua ao longo da vida profissional para todos os elementos das empresas.
Na indústria cerâmica a conceção e desenvolvimento de produto é um desafio constante, devido ao mercado exigir de forma acelerada conceitos novos, mas também pela necessidade de chegar ao cliente de forma mais célere com soluções para os seus pedidos. Garantindo encantar o cliente, acelerar o tempo de entrada de novos produtos no mercado e reduzir custos. Esta etapa mais criativa do processo atualmente cria modelos virtuais muito realistas, que depois de aprovados podem passar a modelos físicos por fabrico aditivo. Através destes modelos é possível analisar a funcionalidade e viabilidade de produção e se aprovados avançar para a produção de moldes para as linhas de fabrico. Muitas vezes o mercado procura peças únicas ou pequenas séries e o fabrico aditivo possibilita fabricar formas que pelas vias tradicionais de fabrico, incluindo os manuais, seria muito difícil ou mesmo impossível produzir. A cerâmica desde sempre que recria modelos naturais, que pelos métodos tradicionais em alguns casos é um verdadeiro desafio e demorado, mas com as tecnologias atuais, os scanners, é possível recriar rapidamente e com menos dificuldade. Estes modelos são digitalizados para modelos virtuais 3D que depois podem ser alterados e dão origem a modelos físicos para a produção de moldes. Deverá ter-se presente que é importante nesta fase haver interligação entre os Designers e os Modeladores, para que se complementem nas tarefas. Todas as etapas elencadas, como criação de modelos virtuais, digitalização e transposição dos modelos virtuais para modelos físicos por fabrico aditivo exige um conjunto de competências que ainda estarão deficitárias num grande número de empresas. Como já se referiu anteriormente é fundamental que estes colaboradores não se sintam ameaçados e considerem que faz parte da sua valorização, sendo elementos ativos na implementação destas tecnologias. A formação contínua sobre estes conteúdos assegurará maior autoconfiança por parte das partes envolvidas na etapa de conceção e desenvolvimento de produto. No desenvolvimento de modelos virtuais, existem diversos suportes, uns
sentido de assegurar que as empresas tenham todo o apoio na preparação dos atuais e novos colaboradores com competências adequadas para o fabrico aditivo, quer para desenvolvimento de modelos, como para fabrico direto.
A 4ª revolução industrial está em andamento, a indústria cerâmica não pode ficar para trás e deve apostar na qualificação de todos os seus colaboradores, assegurando a aquisição das competências necessárias, para poder ser competitiva.
PORTUGAL CERAMICS APRESENTA-SE NA FEIRA THE INSPIRED HOME SHOW EM CHICAGO
Depois da apresentação pública da marca Portugal Ceramics, efectuada no dia 22 de setembro no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões e da participação na Feira de materiais de construção, a Batimat em outubro de 2022, em Paris, em 2023 damos continuidade ao programa de activação da Marca Portugal Ceramics nos mercados previamente identificados.
A primeira ação de ativação da Marca em 2023, decorreu com a presença de um stand na The Inspired Home Show em Chicago, de 4 a 7 de março 2023.
O Inspired Home Show regressou ao McCormick Place de Chicago num momento crítico na procura de novo crescimento por parte do negócio de artigos para casa e para o lar.
Uma indústria que, depois de ter registado uma grande procura durante a pandemia, viu um abrandamento inevitável em 2022, agravado por ventos de instabilidade económica e de inflação. Mais uma razão para que 2023 marque um novo ponto de partida para um crescimento renovado por parte de fornecedores e retalhistas, que possam cultivar programas diferenciados, impulsionados pelo que se considera ser o maior evento de lançamento de novos produtos e campanhas de marketing, adequadas desde antes da pandemia.
De registar que o mercado norte-americano continua a ser o primeiro mercado destino do subsector da cerâmica utilitária e decorativa portuguesa com um crescimento de 7.6% em relação a 2021, passando de 70 para 76 milhões de euros no ano transacto. E, a The Inspired Home Show, ainda é considerada um dos maiores eventos no mercado norte-americano para a Fileira Casa.
No stand da Portugal Ceramics estiveram em exposição o melhor que Portugal tem para oferecer na área "Tabletop, Kitchen Essentials & Home Décor", através de uma coleção de peças inovadoras e autênticas de cerâmica decorativa e de louça portuguesa, mostrando o posicionamento da cerâmica portuguesa - The Art of Possibility - que por sua vez revela a sua verdadeira essência, ou seja, a capacidade distintiva e única das empresas portuguesas para enfrentar positivamente os desafios dos clientes, mesmo aqueles que parecem impossíveis. A Arte da Possibilidade manifesta-se na capacidade de entregar o excepcional a cada dia.
Assim, as empresas Bordallo Pinheiro, BYFLY, Ceramirupe Ceramics, Costa Nova, Jomaze, Loucicentro, Matceramica, MESA Ceramics, Nosse Ceramic Studio, Porcel, Proceramica, S.Bernardo PP&A e Vista Alegre Atlantis foram as empresas que representaram a cerâmica portuguesa no evento, apresentando peças inspiradas no lema da PORTUGAL CERAMICS: "A Arte da Possibilidade".
No decorrer da Feira, foram solicitadas muitas informações, distribuídos catálogos do Portugal Ceramics para o sector da cerâmica utilitária e decorativa portuguesa e houve um feedback muito positivo por parte dos profissionais da área da decoração, importadores e do público em geral.
Neste sentido, a marca Portugal Ceramics alimenta-se das pequenas, médias e grandes empresas que constituem o universo das empresas portuguesas de cerâmica, e é com elas que se apresenta ao Mundo com a imagem de diferenciação e de sustentabilidade que a torna sólida e
duradoura, em linha com a tradição em que moldou o seu passado. Essa tradição e esse passado, no entanto, convivem lado a lado e diariamente com o espírito jovem e criativo que caracteriza a imagem real da cerâmica portuguesa no nosso tempo.
As acções de promoção da marca Portugal Ceramics para o Subsector da Cerâmica Utilitária e Decorativa incluem a participação em feiras nos mercados da Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. Para o Subsector dos Pavimentos e Revestimentos Cerâmicos, os mercados-alvo são os mesmos, excluindo a Itália. Nestas iniciativas serão utilizados, além do vídeo, catálogos e outros suportes transversais de comunicação, outros específicos como brochuras, folhetos e outro material gráfico, audiovisual e multimédia.
A próxima acção de apresentação da marca Portugal Ceramics, para o Subsector da Cerâmica Utilitária e Decorativa, será com a presença em galeria no evento Milan Design Week, em Milão, de 17 a 23 de Abril 2023
Estas iniciativas, inserem-se num projeto SIAC Internacionalização (Sistema de Apoio a Ações Colectivas), co-financiado pelo FEDER no âmbito do Compete 2020, cujo período de execução decorre até 30 de junho de 2023 e com um orçamento que ronda os 930 mil euros.
CERTIF COM MAIS 200 CLIENTES.
A CERTIF, líder em Portugal na certificação de produtos, termina o ano de 2022 com um balanço muito positivo, crescendo acima de 11% no seu volume de negócios e com mais 200 clientes em relação ao ano anterior.
Depois de um início de ano ainda afetado por muitos adiamentos devido à pandemia foi possível recuperar as ações que haviam sido adiadas, chegando ao final do ano com um índice de realização próximo dos 100% no que se refere às auditorias e inspeções quer no país quer no estrangeiro.
Sendo o core business da CERTIF a certificação de produtos e serviços, e uma vez que os setores mais relevantes são os materiais de construção e elétricos, o facto de se terem mantido em níveis positivos quer a atividade de construção e imobiliário quer a exportação de bens foi decisivo para o sucesso do crescimento da faturação.
Produtos da Construção e Elétricos lideram
A certificação de produtos, conjugada com a Marcação CE, representou 75% do volume de faturação, sendo que, destes, cerca de 90% referem-se aos produtos de construção e elétricos.
A distribuição dos produtos certificados por setor é a seguinte:
Uma parte significativa destas certificações destinou-se a produtos para exportação, para mercados onde os requisitos de clientes ou requisitos legais dos países de destino exigem a certificação do produto.
Certificação de serviços: Novos certificados emitidos
No âmbito da certificação de serviços a mais significativa é a do serviço de instalação, manutenção e assistência técnica de equipamentos fixos de refrigeração, ar condicionado e bombas de calor que contenham gases fluorados com efeito de estufa manteve a sua dinâmica de crescimento, tendo sido emitidos este ano 120 novos certificados, estando válidos cerca de 1.600 com vários processos em curso.
Para além desta certificação a oferta da CERTIF abrange ainda os seguintes domínios:
• Consultoria em higiene e segurança alimentar para estabelecimentos de restauração e bebidas
• Fim do Estatuto de Resíduo para
• Plástico recuperado
• Sucata de ferro, aço e alumínio
• Sucata de cobre
• Borracha derivada de pneus usados
• Gestão administrativa de recursos humanos
• Manutenção de extintores
• Serviço de manutenção
Passado o período da pandemia voltou a procura pelo sistema FER, estando a CERTIF a preparar novas ofertas no que refere ao tratamento e valorização de resíduos.
Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade em destaque
A certificação de sistemas de gestão tem sido uma atividade complementar para as empresas que certificam,
Certif
igualmente, os seus produtos ou serviços com a CERTIF, beneficiando, assim, de uma redução de custos.
A situação no final do ano, relativamente a certificados válidos, era a seguinte:
• Sistemas de Gestão da Qualidade 117
• Sistemas de Gestão Ambiental 15
• Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar 4
• Sistemas de Higiene e Segurança no Trabalho 1
• Sistemas de Gestão da Energia 1
• Outros 1
Certificação de pessoas: Parcerias com ADENE e CTCV
A certificação de pessoas resulta de uma parceria com a ADENE, na área das energias renováveis e eficiência energética, e outra com o CTCV, para auditores de sistemas de gestão da qualidade e ambiente.
No final do ano estavam certificados 68 técnicos nos seguintes domínios:
• Auditores para a norma ISO 9001 4
• Auditores para a norma ISO 50001 16
• Instaladores de janelas CLASSE+ 71
• Projetistas de sistemas solares térmicos 2
• Projetistas de térmica de edifícios 14
Dada a sua característica individual este tipo de certificação tem uma grande rotatividade, existindo sempre um elevado número de desistências que vai sendo compensado com a emissão de novos certificados.
Marcação CE: Mais clientes estrangeiros Enquanto Organismo Notificado (ON) para o Regulamento dos Produtos de Construção (RPC), e tendo em conta o âmbito da sua notificação, a CERTIF é o único organismo nacional com condições para oferecer, em muitas normas, esse serviço aos seus clientes que, de outra forma, teriam de recorrer a organismos noutros países europeus.
Tendo em conta a divergência entre a Comissão Europeia e o CEN não foram, nos últimos anos, publicadas normas harmonizadas para os produtos de construção, pelo que só foram emitidos atualizados ou novos certificados para as normas existentes.
O número de clientes estrangeiros na Marcação CE tem vindo a crescer, existindo clientes na Alemanha, Angola, Bélgica, Brasil, Chipre, Dinamarca, Espanha, EUA, Grécia, Itália, Irão, Iraque, Reino Unido, República Checa e Suíça.
A CERTIF manteve a Coordenação do Grupo de Organismos Notificados Nacionais no âmbito do Regulamento
dos Produtos de Construção e é o representante de Portugal no Advisory Group Europeu dos ON para o CPR.
Emitidas 20 novas DAP – Declarações Ambientais de Produto
A CERTIF é a única entidade reconhecida pela Plataforma para a Construção Sustentável como organismo de certificação que, com a sua bolsa de verificadores, atua no âmbito do Sistema DAP Habitat.
Em 2022 foram concluídas 20 novas DAP, estando ainda em curso perto de uma dezena. Este acréscimo de procura tem a ver com exigências de mercado, em especial quando está em causa a exportação.
Relações internacionais: Clientes em 25 países valem 35% da faturação
A CERTIF é membro de vários acordos de reconhecimento ao nível europeu e ao nível internacional, o que permite, a aceitação dos seus certificados, bem como dos relatórios de ensaio realizados pelos laboratórios associados membros dos acordos.
Tem, também, acordos e parcerias bilaterais com organismos de certificação estrangeiros para o reconhecimento dos certificados dos seus clientes. De realçar a parceria em Chipre que tem permitido a manutenção duma interessante base de clientes, incluindo outros países, como seja o Irão e o Iraque, com um forte crescimento recente no âmbito da Marcação CE. A parceria com o Brasil permite o acesso a certificações brasileiras obrigatórias. Com o Brexit a CERTIF estabeleceu já acordos com organismos ingleses com vista à obtenção da certificação UKCA, tendo esta sido já concedida a um cliente.
Convém reafirmar a importância destas relações que aportam uma redução de custos para os clientes, uma vez que são auditados pela CERTIF e os ensaios são realizados em laboratórios nacionais.
Com clientes em 25 países a faturação direta no estrangeiro foi de 35%, sendo de referir que vários trabalhos realizados no exterior são pagos em Portugal, não estando, por isso, contemplados nesta estatística. Da mesma forma uma grande parte do volume de negócios com empresas nacionais destina-se à certificação de produtos exportados. Embora seja impossível calcular o valor exato, na medida em que não temos essa informação por parte dos nossos clientes podemos, com base no tipo de certificados emitidos, concluir que, para além dos 35% de faturação direta, mais de 25% do restante volume de negócios da CERTIF se destina a situações de exportação de produtos.
EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS DE CERÂMICA ALCANÇARAM UM
NOVO RECORDE EM 2022
De acordo com os dados preliminares divulgados pelo INE em 09/02/2023, o valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos ascendeu a 967.437.191 euros no ano de 2022, o que representa uma variação em termos nominais de 19,0% face ao período homólogo anterior (ano de 2021). Trata-se do valor mais elevado de que há registo, ultrapassando o anterior máximo que tinha sido atingido no ano de 2021 (figura 1). Refira-se, no entanto, que este valor foi obtido num contexto inflacionista em que a taxa de inflação atingiu o valor mais alto desde 1992.
Os pavimentos e revestimentos cerâmicos foram os produtos que mais contribuíram para as nossas exportações de cerâmica em 2022 (32,0% do valor total), seguindo-se a cerâmica de mesa e uso doméstico em faiança, grés e barro comum (29,3%), a louça sanitária (17,1%), a cerâmica ornamental (9,5%), a cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (5,8%), as telhas cerâmicas (1,9%) e outros produtos cerâmicos (4,4%), conforme figura 2.
No seu conjunto, a cerâmica utilitária e decorativa representou 44,6% do valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos em 2022.
O comportamento positivo das nossas exportações de cerâmica em 2022 relativamente a 2021 traduz um crescimento, em valor, em todos os principais produtos, que variou entre os 11,6% no caso da cerâmica para usos sanitários, 15,9% na cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana, 18,0% na cerâmica de mesa e uso doméstico em faiança, grés e barro comum, 18,1% na cerâmica ornamental, 24,8% nos pavimentos e revestimentos cerâmicos e os 32,0% nas telhas cerâmicas.
No ano de 2022 as nossas exportações de produtos cerâmicos chegaram a 170 mercados internacionais. Em termos de áreas de destino, 66,4% do valor total exportado teve como destino o mercado intracomunitário e 33,6% foi transacionado no mercado extracomunitário.
Para o conjunto de produtos cerâmicos, a França foi o nosso principal mercado de destino, seguindo-se a Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido (figura 3).
No que diz respeito aos dez principais mercados de destino das nossas exportações de cerâmica em 2022, e estabelecendo a comparação com o ano de 2021, aqueles em que se verificou um maior crescimento das nossas vendas em termos relativos foram a Bélgica, Alemanha,
Economia
De acordo com a abrangência geográfica correspondente às NUTS-2013, a Região de Aveiro foi responsável por 44,4% do valor das nossas exportações de produtos cerâmicos no conjunto do ano de 2022, seguindo-se a Região de Leiria (19,2%), Norte (11,4%), Oeste (10,0%) e outros e não especificados (figura 4).
A importância relativa das exportações de produtos cerâmicos no contexto das exportações nacionais de bens é diferenciada em termos regionais. A nível nacional, as exportações de cerâmica representaram 1,24% das exportações totais de bens em 2022. Na Região de Leiria representaram 8,23%, 7,60% na Região de Aveiro e 6,19% no Oeste.
Países Baixos, França, Canadá e Espanha, todos eles com taxas de crescimento acima dos 19,0%.
O saldo da nossa balança comercial de produtos cerâmicos no ano de 2022 alcançou os 686.033.170 euros e a taxa de cobertura das importações pelas exportações ascendeu a 343,8% (a taxa de cobertura média para o conjunto de bens foi de 71,8%).
De entre os 99 capítulos que correspondem à NC (nomenclatura combinada), os produtos cerâmicos (capítulo 69) atingiram em 2022 o 4.º melhor desempenho no que diz respeito à taxa de cobertura das importações pelas exportações (a seguir aos minérios, pastas de madeira e cortiça) e o 8.º melhor desempenho em termos do saldo de comércio internacional (a seguir ao papel e cartão, calçado, vestuário e acessórios de malha, cortiça, pastas de madeira, bebidas e líquidos alcoólicos e obras de ferro fundido).
As regiões de Portugal onde existe uma maior concentração na produção de cerâmica e que mais contribuíram para as nossas exportações de cerâmica no ano de 2022 foram o Centro (81,5%) e o Norte (11,4%).
Os municípios que mais contribuíram, em termos absolutos, para as exportações portuguesas de cerâmica em 2022 foram Ílhavo, Leiria, Anadia, Aveiro, Oliveira do Bairro, Alcobaça, Porto de Mós, Vagos, Batalha, Barcelos, Santa Maria da Feira, Águeda e Alenquer. No seu conjunto, estes 13 municípios representaram 77,3% do valor total das exportações de cerâmica em 2022.
Há que referir ainda que as exportações de cerâmica são muito relevantes nalguns municípios, onde representam mais de 50% do total das respetivas exportações de bens (Nazaré e Satão) e igualmente relevantes em municípios como Condeixa-a-Nova (42,6%), Batalha (37,4%), Anadia (35,6%), Ílhavo (32,2%), Oliveira do Bairro (31,1%), Porto de Mós (20,8%) e Alcobaça (15,0%), só para referenciar os principais.
Tendo em consideração o meio de transporte utilizado nas nossas exportações de cerâmica em 2022 (figura 5), predominou o transporte rodoviário (63,1%), seguido do transporte marítimo (32,4%), transporte aéreo (0,9%) e outros e não aplicável
Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2022 Por NUTS (em % do valor total)
Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2022 Por Meio de Transporte (em % do valor total)
Secção Jurídica
‘(DES)IGUALDADE SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES’
Foi notícia, no passado dia 2 de fevereiro, que a ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho) iria notificar cerca de 1540 empresas, com 50 ou mais trabalhadores, que, no ano passado, 2022, apresentaram diferença salarial entre homens e mulheres superior a 5%, para o exercício das mesmas funções.
Em causa está o princípio, com consagração constitucional (artigo 59.º, n.º 1, alínea a) da Constituição da República Portuguesa), que anuncia a garantia de “trabalho igual, salário igual”. Este princípio, também assente na lei laboral, dita que “ os trabalhadores têm direito à igualdade de condições de trabalho, em particular quanto à retribuição, devendo os elementos que a determinam não conter qualquer discriminação fundada no sexo ” (artigo 31.º, n.º 1 do Código do Trabalho).
Ora, os dados da PORDATA, referentes a 2021, indicam que, em média, nas mesmas funções, as mulheres receberam menos 13,3% de remuneração base média mensal do que os homens; diferença essa que sobe para 16% se analisarmos a retribuição média (que inclui o pagamento de horas extra, subsídios ou prémios). Curiosa-
mente, esta assimetria intensifica-se nos quadros superiores, atingindo, nesse caso, 24,8%.
Não obstante tratar-se de uma prática que tem vindo a ser gradualmente combatida no nosso país, convém reforçar que as entidades empregadoras devem empenhar-se na eliminação de todos e quaisquer actos de discriminação, incluída, naturalmente, a diferenciação salarial entre homens e mulheres.
Pela sua relevância, para além das disposições da Constituição da República Portuguesa e do Código do Trabalho, o tema é ainda regulado em diploma autónomo, Lei n.º 60/2018, de 21 de agosto, que especificamente “aprova medidas de promoção da igualdade remuneratória entre mulheres e homens por trabalho igual ou de igual valor”.
Nos termos do referido normativo, em caso de alegação de discriminação remuneratória, deve a entidade empregadora demonstrar a existência de uma política remuneratória transparente, e com base em critérios objectivos, comuns a homens e mulheres, nomeadamente no que concerne à retribuição do(a) trabalhador(a) alegadamente discriminado(a) por comparação à retribuição do(s) trabalhador(es) em relação a quem se considere discriminado(a).
Secção Jurídica
Pode, ainda, ser realizado Parecer sobre a eventual existência de discriminação remuneratória em razão do sexo por trabalho igual ou de igual valor, à CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego), por solicitação de trabalhador ou de representante sindical. Nesse caso, recebido o dito requerimento, a CITE notificará a entidade empregadora para, no prazo de 30 dias, se pronunciar sobre a alegada discriminação, e, bem assim, disponibilizar informação sobre a sua política remuneratória e esclarecer sobre os critérios utilizados para o cálculo das remunerações. Posteriormente, a CITE elaborará e notificará o trabalhador, a entidade empregadora e o representante sindical, de uma Proposta Técnica de Parecer. Nos casos em que, naquela Proposta Técnica de Parecer se conclua pela existência de indícios de discriminação, será a entidade empregadora
convocada para justificar tais indícios ou para, no prazo de 180 dias, apresentar as medidas de correção daquela situação entretanto adoptadas.
A prática de discriminação remuneratória, ainda que exercida a título de negligência, constitui contraordenação muito grave, que pode implicar o pagamento de coima, de valor variável, em função do volume de negócios e do grau de culpa do infractor, podendo ir dos 2.040 aos 61.200 euros. Pode ainda, ao infractor, ser aplicada sanção acessória de privação do direito de participar em arrematações ou concursos públicos, por um período de até dois anos.
Ora, isto dito, não pode restar qualquer dúvida da oportunidade de as empresas (re)avaliarem as suas políticas salariais e de bem ponderarem os critérios que as orientem.
Notícias & Informações
NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS
por Albertina Sequeira, Vice-Presidente Executiva da ApicerGRESTEL
Grestel, com dois stands na Ambiente, revela 69 novas coleções
Depois do interregno de dois anos, a Grestel voltou a marcar presença na feira Ambiente, em Frankfurt, onde se fez representar com dois stands e onde apresentou 69 novas coleções para os próximos anos, a par de novos conceitos e inovadoras técnicas cerâmicas.
O stand Grestel, localizado no Hall 12.0, assistiu este ano a uma subida do número de visitantes e potenciais clientes, revelando-se novamente num momento de grande importância para a captação de novos negócios, quer ao nível do Retalho, quer ao nível da Hotelaria.
O investimento permanente em design, inovação e performance, fazem parte do ADN da Grestel desde o seu início, fazendo da empresa líder mundial na produção de artigos de mesa, cozinha e decoração em grés fino.
Por seu lado, também as marcas próprias Costa Nova e Casafina, marcaram presença na Ambiente, desta vez com um stand extraordinário de 144 m2.
Tal como na recente presença na Maison & Objet, as coleções Rosa e Festa foram as grandes revelações da Costa Nova para 2023. Festa, a nova coleção em Ecogres da Costa Nova é o reflexo da continuidade do foco na sustentabilidade da marca. Vermont e Monterosa são as duas novidades apresentadas pela Casafina.
Notícias & Informações
PERPÉTUA, PEREIRA & ALMEIDA, LDA De Alcobaça para Frankfurt – S. Bernardo lança Coleção Inovadora inspirada no Mosteiro de Alcobaça com participação de Sónia Tavares
Está de regresso passados três anos o principal evento internacional para o setor de bens de consumo. A feira Ambiente, que decorreu em Frankfurt de 3 a 7 de fevereiro, é composta por grandes marcas de renome e prestígio e atrai visitantes dos quatro cantos do mundo. Expo-
sitora habitual nesta feira é a Perpétua, Pereira & Almeida, empresa produtora de cerâmica e porcelana de Alcobaça e esteve presente sob o desígnio da sua marca S. Bernardo. Posto isto, o destaque deste artigo vai para algo inovador e disruptivo, uma nova técnica de conceção de peças por parte de uma empresa que busca constantemente ser pioneira na criatividade, inovação e design dos seus produtos, num mundo onde as tendências evoluem cada vez mais rápido e é cada vez mais necessário ser vanguardista e desenvolver constantemente designs originais e criativos. Assim sendo, a S. Bernardo, afamada por apresentar sempre linhas de produtos de alta qualidade, decidiu elevar o nível da conceção de peças de cerâmica. Associando-se ao designer britânico Mark Lloyd, desenvolveram um método em que, através da captação de sons, as frequências sonoras são posteriormente trabalhadas num software que as transforma em formas, que por sua vez entram em produção e tornam-se em belíssimas peças de cerâmica.
Este projeto tem início quando Mark Lloyd, fundador da empresa Skopelab, decidiu colocar a sua técnica de captação de sons ao serviço da cerâmica, contactando prontamente a Perpétua, Pereira & Almeida, que ao ser confrontada com tal projeto inovador, a empresa imediatamente desenvolveu esforços no sentido de aprofundar a parceria e adaptar o conceito ao seu modus operandi. Se casamentos perfeitos não existem, este anda lá perto, pois conjugando a técnica de Mark, com o conhecimento das designers da casa e profundo know-how da empresa, o resultado materializa-se na nova “Coleção Mosteiro”, lançada em plena feira Ambiente e que apaixonou os visitantes da feira que se realizou em solo germânico.
Desde o início da sua conceção, era ponto assente que a nova coleção teria de ser algo com uma grande componente local e cultural, que representasse as raízes e as tradições da empresa. A nova coleção é, portanto, um
projeto que pretende homenagear e promover o município de Alcobaça e o seu património cultural e artístico numa das feiras mais prestigiadas mundialmente. Para dar vida ao projeto, este contou com a colaboração de uma artista oriunda de Alcobaça que certamente dispensa apresentações - Sónia Tavares - vocalista dos The Gift, a cantar em
plenos pulmões no monumental Mosteiro de Alcobaça. Sim, esta “Coleção Mosteiro” da marca S. Bernardo tem na sua génese esta perfeita simbiose em que uma música cantada pela fantástica Sónia Tavares a ecoar na imponente estrutura do nosso Mosteiro, dá lugar às formas que mais tarde foram trabalhadas e transformadas nas fabulosas peças desta nova coleção.
É inegável o cariz inovador e ambicioso deste projeto, sendo que as possibilidades e perspetivas futuras deste tipo de conceção são praticamente ilimitadas, tendo para isso a empresa Perpétua, Pereira e Almeida já investido cerca de 10.000€ em novos materiais e recursos para dar as condições necessárias aos designers para desenvolver cada vez mais e melhor esta ideia. Entre os recursos adquiridos estão uma nova impressora 3D e novos softwares, sendo que se prevê que no futuro seja necessário investir em novas áreas e materiais para que a empresa se possa manter competitiva e na vanguarda da inovação.
Em conclusão, o stand da empresa na Ambiente, em Frankfurt, foi o local do lançamento da nova coleção e esteve localizado no Hall 12.0 – Stand D41.
REVIGRÉS
Revigrés e Archi Summit apresentam ArchiRevi Talks + Challenge
Em 2023, a Revigrés e o Archi Summit unem-se no projeto ArchiRevi Talks + Challenge, uma iniciativa com que as duas entidades vão marcar presença nas Faculdades das áreas de Arquitetura, Design e Engenharia Civil, em todo o país.
Um "roadshow" para falar sobre Sustentabilidade
- Talks - e convidar os futuros profissionais do setor a responder aos desafios da construção sustentável através da sua participação num Challenge.
ArchiRevi Challenge
Um desafio para os profissionais de amanhã.
O ArchiRevi Challenge propõe a realização de um projeto de intervenção num espaço existente, sob uma perspetiva inovadora e com um impacto real e visível, integrando produtos e materiais da Revigrés.
O objetivo é demonstrar como a escolha dos revestimentos e pavimentos cerâmicos contribui positivamente para a qualidade do meio ambiente e qualidade de vida dos utilizadores, para prolongar o ciclo de vida dos edifícios e, consequentemente, para a descarbonização das cidades
Notícias & Informações
Com efeito, num ano que continuará a trazer ao setor grandes desafios, a Revigrés estará focada numa estratégia de otimização de processos e em objetivos comerciais ambiciosos, apoiados na inovação tecnológica e em produtos diferenciadores, com foco na sustentabilidade.
Esta aposta é o reflexo do compromisso que a Revigrés assumiu, desde sempre, com a redução da sua pegada ecológica, através de uma política ambiental estruturada assente na inovação e num comportamento eco-eficiente. Destacamos a valorização de 98% dos resíduos que resultam do processo produtivo, incorporados diretamente na produção e noutros processos fabris, a reutilização da totalidade das águas residuais industriais ou a produção de energia limpa através de uma Central Fotovoltaica de Autoconsumo responsável pela redução das emissões de CO2 em 1,826 toneladas/ano.
Os 3 melhores projetos serão premiados e os 20 melhores projetos serão expostos no Archi Summit 2023, o único evento internacional de arquitetura em Portugal, que acontece de 5 a 7 de julho, na Casa da Arquitetura, no Porto.
A entrega dos projetos decorre até 14 de junho de 2023.
Mais informação e regulamento disponível em www.revigres.pt/p/archirevi
REVIGRÉS no top das marcas com melhor reputação
Empresa aposta numa estratégia orientada para a sustentabilidade.
A Revigrés é uma das Marcas mais relevantes e com melhor reputação em Portugal, segundo o RespScore® 2023.
A Marca conquistou o primeiro lugar entre as produtoras de Revestimentos e Pavimentos cerâmicos e o segundo no setor de Produtos Industriais no estudo realizado pela ON Strategy que, ao longo do último ano, avaliou o posicionamento e a reputação de mais de 2.000 marcas, com base na opinião de 50 mil cidadãos.
Para Victor Ribeiro, CEO da Revigrés, “Esta distinção ganha uma grande relevância no contexto em que vivemos, reforçando o nosso empenho em ultrapassar os obstáculos que o presente nos coloca e responder aos desafios que o futuro nos reserva.”
Já no Catálogo Geral 2023 da Revigrés, destacam-se as coleções SYNCHRONY, revestimentos e pavimentos cerâmicos que, com os efeitos e texturas da madeira, do mármore e da pedra, evitam a delapidação destes recursos naturais. Ao mesmo tempo, a sua elevada resistência, durabilidade e facilidade de manutenção reduzem o consumo de recursos ao longo do seu ciclo de vida e, consequentemente, o seu impacto ambiental.
No futuro, a sustentabilidade continuará a ser o foco da estratégia da Revigrés estando previstos investimentos que visam contribuir para a neutralidade carbónica através de novas tecnologias e fontes de energia mais eficientes e de produtos que respondem às exigências de performance dos edifícios e aos requisitos dos modelos de construção emergentes.
Calendário de eventos
ISH’2023 (Cerâmica de Louça Sanitária)
Bienal – Frankfurt (Alemanha)
De 13 a 17 de Março de 2023 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html
EXPOREVESTIR’2023
(Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – São Paulo (Brasil)
De 14 a 17 de Março de 2023 exporevestir.com.br/
MOSBUILD 2023
(Materiais de Construção)
Anual – Moscovo (Rússia)
De 28 a 31 de Março de 2023 mosbuild.com
THE NEW YORK TABLETOP SHOW´2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – New York (EUA)
De 18 a 21 de Abril de 2023 41madison.com/
BAU’2023 (Materiais de Construção)
Anual – Munique (Alemanha)
De 17 a 22 de Abril de 2023 bau-muenchen.com/en/
ARBE, AUSBAU & FASSADE2023 (Materiais de Construção)
Anual – Colónia (Alemanha)
De 23 a 26 de Abril de 2023 www.faf-messe.de
SALONE DEL MOBILI’2023 (Design/Tendências)
Anual – Milão (Itália)
De 18 a 13 de Abril de 2023 salonemilano.it/en
MILAN DESIGN WEEK’2023 (Design/Tendências)
Anual – Milão (Itália)
De 18 a 23 de Abril de 2023
COVERINGS’2023 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Orlando (USA)
De 18 a 21 de Abril de 2023 coverings.com/
TEKTONICA’2023 (Construção)
Anual – Lisboa (Portugal)
De 04 a 07 de Maio de 2023 tektonica.fil.pt/
BATIMATEC’2023 (Construção)
Anual – Argel (Argélia)
De 07 a 11 de Maio de 2023 batimatecexpo.com
BERLIN DESIGN WEEK’2023
(Design/Tendências)
Anual - Berlin (Alemanha)
De 08 a 17 de Maio de 2023
https://berlindesignweek.com
THE HOTEL SHOW’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
AAnual – Dubai (EAU)
De 23 a 25 de Maio de 2023 thehotelshow.com/
IMM’2023 (Interiores)
Anual – Colónia (Alemanha)
De 04 a 07 de Junho de 2023 imm-cologne.com
NEOCON’ 2023 (Design/Tendências)
Anual – Chicago (USA)
De 12 a 14 de Junho de 2023 neocon.com//
MAISON & OBJET’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa Bianual - Paris (França)
De 07 a 11 de Setembro de 2023 maison-objet.com
DESIGN London 2023 (Design/Tendências)
Anual – Londres (R.U.)
De 20 a 23 de Setembro de 2023 designlondon.co.uk/
CERSAIE’2023 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Bolonha (Itália)
De 25 a 29 de Setembro de 2023 cersaie.it
INTERIOR LIFESTYLE CHINA’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Shangai (China)
Setembro de 2023 interior-lifestyle-china.hk.messefrankfurt.com
THE NEW YORK TABLETOP SHOW´2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – New York (EUA)
De 10 a 13 de Outubro de 2023 41madison.com/
LONDON BUILD ‘2023
(Materiais de Construção)
Anual – Londres (UK)
De 15 a 16 de Novembro de 2023 www.londonbuildexpo.com
BIG 5 SHOW´2023 (Materiais de Construção)
Anual – Dubai (EAU)
De 04 a 07 de Dezembro de 2023 www.thebig5.ae/
MAISON & OBJET’2024 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual - Paris (França)
De 18 a 22 de Janeiro de 2024 maison-objet.com
AMBIENTE’2024 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Frankfurt (Alemanha)
De 26 a 30 de Janeiro de 2024 ambiente.messefrankfurt.com
SURFACE DESIGN SHOW’2024 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Londres (R.U.)
De 6 a 8 de Fevereiro de 2024 surfacedesignshow.com/
BATIMAT’2024 (Materiais de Construção)
Bienal - Paris (França)
De 30 Setembro a 06 de Outubro de 2024 batimat.com
EQUIPHOTEL’2024
(Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bienal - Paris (França)
De 03 a 07 de Novembro de 2024 equiphotel.com
Janeiro . Fevereiro . 2023