Sollicitare n.º 33

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SUGESTÕES

Leituras MISERY

Eva Justiça Colaboradora da Divisão de Gestão e Apoio ao Associado da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução

de Stephen King

NÓS, OS ROMANOV

Stephen King é considerado o génio da escrita de terror e suspense. Podemos ter uma visão que justifica essa fama em livros como “Joyland” ou “Pet Sematary”, mas é em “Misery” que vamos encontrar o seu lado verdadeiramente macabro, o lado mais doentio da psique humana e que, em 1987, deu origem ao que hoje sabemos serem os stalkers psicopatas das celebridades. “Misery” conta a história de Paul Sheldon, um escritor de romances cor de rosa que, apesar de lhe garantirem fortuna e seguidores, não lhe proporcionam satisfação profissional. Assim, decide “matar” a sua personagem principal, Misery, e dedicar-se a um novo género de escrita. Um acidente de carro empurra-o para os cuidados médicos da sua fã n.º 1: Annie Wilkes. Sem conseguir movimentar as pernas, conforma-se que não terá alternativa senão confiar na sua salvadora. Annie é atenciosa, dedicada e, aparentemente, decidida a que o seu escritor favorito recupere… até ler o seu último livro e o manuscrito da nova história. Não só Paul Sheldon coloca um fim a Misery, como escreve um novo livro repleto de palavrões e personagens rudes. Annie, na sua complexidade psicológica e crueldade, decide, assim, que Paul Sheldon só voltará a andar quando Misery voltar a viver. Este é um livro que não conseguimos largar, nem ler sem pausar. E é esse sentimento ambíguo que faz dele um dos melhores livros de Stephen King. Foi imortalizado no cinema, em 1990, num filme com o mesmo nome que deu a Kathy Bates o merecido Óscar da academia. Para ler… e ver.

“Nós, os Romanov” não é um livro fácil de ler. Não é romanceado nem escrito para agradar. É um relato em primeira mão e um testemunho de quem vivenciou, na linha da frente, décadas que foram cruciais na história da Rússia, antes da 1.ª Guerra Mundial. Militar de renome, Aleksandr Mikhailovich escreveu esta autobiografia em 1931. Apenas 13 anos antes, a 17 de julho de 1918, os últimos czares da Rússia tinham sido brutalmente assassinados na cave da casa Ipatyev, em Ecaterimburgo. Primo, amigo próximo e, eventualmente, cunhado de Nicolau II (tendo casado com Xénia Alexandrovna, irmã do último czar, em 1894), Aleksandr descreve, de forma minuciosa, a sua infância como Romanov. Passamos de uma infância fortemente controlada por precetores, por vezes cruéis, a uma adolescência e entrada na vida adulta vocacionada para a Marinha e para os estudos militares, que são explicados de forma pouco complicada, tornando a leitura deste livro possível para quem não tenha conhecimentos militares. Esta obra oferece uma viagem histórica e geográfica pela Rússia, com detalhes e uma visão pessoal sobre os eventos que ocorreram até à grande Revolução de 1917. Não é apenas uma obra literária, mas sim uma herança para todos os amantes de história. «Não me arrependo de nada. Não estou desanimado. As mãos dos meus netos hão de chegar mais longe do que as minhas e talvez possam alcançar um mundo melhor.» Grão-Duque Aleksandr Mikhailovich

de Grão-Duque Aleksandr Mikhailovich

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