VINHOS
BIODINÂMICOS, ORGÂNICOS E NATURAIS Produções de vinhos que vão contra os padrões da indústria e ganham força no Brasil POR RAÍSSA ZOGBI
Q
Fotos: Divulgação
uando se pensa na produção de vinhos, é difícil ignorar as paisagens naturais e cheias de verde, características das vinícolas, que chegam à mente. Imagine, agora, uma produção ainda mais natural. Essa é a proposta dos vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais, que têm conquistado mais espaço nas prateleiras e a apreciação de sommeliers. Essas produções são feitas com pouca intervenção química, sem leveduras fabricadas em laboratório, que padronizam perfis, aromas e sabores e sem os mais de dois mil aditivos que conservam as bebidas fermentadas em larga escala. De acordo com a Diretora de Eventos da Associação Brasileira de Sommeliers de Santa Catarina (ABS-SC), Néa Silveira, a produção de vinhos orgânicos gira em torno de 4% no mundo atualmente. “No Brasil, a procura de vinhos extraídos de uvas de cultivo orgânico
52 | CAMPINAS CAFE
teve um aumento em torno de 30% em 2019 em relação ao ano anterior. O estado do Rio Grande do Sul, que possui 90% de toda produção de uvas orgânicas no Brasil, em 2019 produziu 42,9 mil litros de vinhos orgânicos”, conta. E apesar do aumento ser fruto, segundo Néa, de um movimento mundial pela busca por produtos livres de defensivos agrícolas e uma agricultura mais sustentável, o processo é mais antigo do que se imagina. “Antes de os agrotóxicos existirem, os produtores de vinhos precisavam manter suas vinhas de forma natural, através de um equilíbrio no ecossistema, isto é, com harmonia entre todas as espécies que co-habitavam um determinado espaço. Com as guerras e a Europa devastada, a produção de alimentos precisava aumentar, e foi a partir daí que os defensivos agrícolas começaram a ser utilizados em larga escala, na produção de alimentos”, explica.
Néa Silveira