N 128 JANEIRO 2021
/ TECNOLOGIA
ADITIVOS PARA POLÍMEROS: UMA PERSPETIVA 70
Pedro Brandão * * Formador e Consultor Técnico especializado na área dos plásticos e moldes.
1. INTRODUÇÃO Os plásticos adquiriram desde há cerca de oitenta anos, sobretudo a partir do fim da segunda guerra mundial, um estatuto de materiais insubstituíveis em muitas peças quer isoladas ou como componentes de objetos que utilizamos constantemente. Praticamente não há domínio de aplicação onde não estejam presentes, sendo por isso fastidioso enumerar aqui o que todos conhecemos. Ao longo destes anos o crescimento da investigação em Química Macromolecular aumentou fortemente a invenção de novos polímeros que, pelas suas propriedades permitiram não só abrir imenso o leque de aplicações ao permitir a substituição de materiais convencionais desde a argila, madeira, porcelana, metais, vidro, etc, como aumentar cadências de produção que respondessem a uma demanda do consumo de bens que anteriormente estavam apenas disponíveis a um segmento muito restrito da sociedade.
Eu diria que sim, mas tenho de o fundamentar ao longo deste texto esperando que os pacientes leitores me deem razão no fim da sua leitura. Para isso é preciso reduzir do papel dos polímeros enquanto matéria-prima isolada sem aditivos para o fabrico de plásticos. Convém diferenciar entre polímero que é uma entidade química e plástico que é todo o material capaz de mudar de forma por uma ação externa de pressão e temperatura. Mas os dois conceitos fundem-se naturalmente na linguagem corrente, e não se condena ninguém por isso quando se trabalha com plásticos, seja na sua transformação industrial, projeto e conceção de moldes e ferramentas e outras actividades correlacionadas. Há, contudo, alguma injustiça quando valorizamos a performance de muitos plásticos mencionando-os apenas pelo nome do ou dos polímeros que o compõem e não nos detemos noutros constituintes sem os quais a aplicação falharia em vários requisitos que eram pedidos.
2. IMPORTÂNCIA DAS CARGAS, REFORÇOS E ADITIVOS A possibilidade de melhorar a performance de muitos polímeros recorrendo à sua associação com outros materiais permitiu ainda estender a aplicação dos materiais plásticos sobretudo nas aplicações automóvel, embalagem, elétricas e eletrónicas, construção, alimentando a imaginação de designers.
// Interruptor de porcelana (até aos anos 1930) (ciclo de produção, 3 a 4 minutos, 1 cavidade)
Basta lembrar por exemplo as limitações do polipropileno e do polietileno, de longe os polímeros de maior consumo, no que concerne a resistência à oxidação térmica, que sem aditivos específicos se degradariam em algumas semanas. E não se pode omitir o papel que alguns aditivos conferem à facilidade de processamento e consequente aumento de produtividade. Uma definição formal e até certo ponto oficial, na Comunidade Europeia, é a que classifica como carga, reforço e aditivo toda a substância que, quando incorporada num composto plástico, se destina a conseguir um determinado efeito técnico no produto final.
// Interruptor em PC/ABS nos nossos dias (ciclo de produção < 30 seg , várias cavidades)
Um exemplo simples de que nem sempre nos lembramos é o de que em Portugal nos anos 60 do século passado circulava um automóvel por 10 habitantes e hoje a relação é de cerca de 6 ou 7 para 10. E isto passa-se em muitos outros países. O consumo anual de materiais plásticos no mundo já ultrapassou os 300 milhões de toneladas.
Para simplificar a abordagem sintética de um tema como este que pode ser vastíssimo, (pois implicaria, só cada tipo de aditivo, vários artigos e sempre em permanente actualização), subdividimo-los em quatro grandes grupos: a) Reforços e cargas de Fibras (vidro, carbono, etc) b) Reforços e cargas de materiais não fibrosos (talco, carbonato de cálcio, etc) c) Aditivos funcionais (anti-UV’s, auto-extinguíveis, pigmentos, etc) d) Auxiliares de processamento (lubrificantes, plastificantes, etc)
É neste momento que quem trabalha com plásticos se interroga: e isto é bom?