Saúde Ishikawa. Ele reforça que a preservação da saúde mental é essencial para a saúde física do trabalhador e os cuidados colocados em prática devem ser eficazes nesses dois pilares. O intenso desgaste emocional é o principal impacto apontado por Luiz Geraldo Benetton, psiquiatra e médico Luiz Geraldo Benetton do trabalho, ao comentar sobre os profissionais que de alguma forma ficaram expostos enquanto trabalhavam presencialmente. “Com a redução das equipes – já que temos trabalhadores afastados – o risco de falha aumenta”, disse. “Os sistemas em geral estão equacionados para funcionar com uma configuração humana e, quando você reduz a disponibilidade de pessoas, quem ficou trabalhando tem que dar conta de uma carga maior de trabalho e que fica ainda mais pesada com o medo da contaminação”, complementou.
Hernande Leite, médico cardiologista, chama a atenção para os impactos emocionais do trabalho remoto. “As pessoas trancadas deixam aflorar mais as angústias e ansiedades. Quanto mais extenso o isolamento, mais complicações surgem para saúde mental, o que Hermande Leite inclui desde agressões, sintomas de ansiedade, depressão, pânico e até o consumo de drogas. Quem sai para trabalhar, acaba por se distrair fora do ambiente familiar. Em casa, a problemática tende a piorar”, avalia Leite. A Síndrome de Burnout, esgotamento energético físico e mental, é outro problema causado por condições desgastantes como a da pandemia e que os profissionais em geral estão enfrentando, de acordo com Leite, ao ponderar que as pessoas pouco resilientes tendem a sofrer mais para se recuperar dessas situações.
Para quem trabalha de forma remota, nem tudo são flores. Também lidando com a pressão por resultados, esses profissionais sentiram a ansiedade em outros patamares, já que o confinamento chegou a perdurar de forma mais rígida por cerca de sete meses. Segundo Benetton, a comunicação virtual é aliada e econômica, minimizando os custos e o tempo gasto em deslocamentos, mas causa um desgaste da humanidade. De acordo com ele, as pessoas são seres sociais e sentem a necessidade de conversar olhando para outras pessoas e não para uma tela nas relações de trabalho e da vida pessoal.
Cuidados de dentro para fora Leite e Benetton recomendam diferentes práticas para a preservação da saúde física e mental. “Parar de remoer os problemas é um ótimo começo. Isso exige uma administração dos pensamentos para que seja possível mudar o foco daquilo que está incomodando. Alternativas prazerosas e que façam bem à saúde, como leituras e atividades físicas, ajudam a aliviar a pressão psicológica”, explica Leite. Entre os benefícios da atividade física, ele reforça o reequilíbrio bioquímico do cérebro, aliviando o estresse. Para Benetton, a dica é a adoção de hobbies, como andar de
bicicleta ou alguma outra atividade que possa auxiliar na recomposição emocional e física do trabalhador. Ele simplifica essa relação entre hobbies e saúde da seguinte forma: “O trabalho exaure, o hobby restaura!”. Ao se comprometer com um hobby como jardinagem, artesanato, música ou outros, ele conclui que a pessoa cria um círculo virtuoso de benefícios para saúde física e mental, fortalecendo o sistema imunológico, estimulando o autoconhecimento e, consequentemente, o desenvolvimento de habilidades comportamentais para lidar com as intensas mudanças da atualidade. AEAMESP 30 anos
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