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GAIO – ROSÁRIO: LEITURA DO LUGAR Câmara Municipal da Moita | Frederico Vicente e Ana Filipa Paisano
1.2. O LARGO DO ESTALEIRO NAVAL O Mestre Lopes é uma igura incontornável do Gaio Rosário. O seu pai ancorou o estaleiro perto da caldeira do moinho velho, à data restavam ruínas. Para os lados do Rosário operava um outro, seriam mais tarde compadres e João Lopes é a memória ainda viva dos seus dois avôs, construtores de embarcações. A economia do Gaio-Rosário foi desde cedo modelada pelo território. A exploração do Tejo com a extração de sal, a pesca, a apanha de ostras, a agricultura, viabilizou autonomia e fomentou o desenvolvimento dos povoados, até à chegada da fábrica. A construção naval e todos os artí ices, que em torno dela orbitaram, constituíram-se como os modos e os meios para o domínio do território, em particular daquele território. Em especí ico, junto do estaleiro, o aglomerado forma-se denso. As casas mantêm a soleira direta para a rua, abrindo as fachadas a poente, ao rio interior e à serra da Arrábida, recortada ao fundo. Diferente do resto da via, em que os edi ícios se acostam ao cabeço do moinho, neste ponto, o estaleiro cria uma coletividade em torno – como um largo: o do estaleiro; o das o icinas de apoio à construção naval.
7. O LARGO DO ESTALEIRO