Revista Poder | Edição 120

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Com muitas pequenas unidades em shoppings, que pedem ambientes simplificados e poucos atendentes, ele passou a multiplicar suas marcas. A Vó Maria Durski, já inaugurada num shopping de Curitiba, serve parmeggiana de frango, estrogonofe e massas; A Sanduícheria do Junior Durski, no mesmo mall, tem choripán, falafel e também estrogonofe, tudo no pão; há ainda a Jeronimo, sem garçons, com hambúrgueres com carne prensada e fritas frisadas, como as da famosa rede nova-iorquina Shake Shack; por fim, há as Madero propriamente ditas, uma com serviço expresso, sem garçons, e o “casual dinner”, classudo, em que eles proliferam. Além disso, vem aí a Peixaria do Junior Durski, com pescados e camarão e outra casa rápida de hambúrguer, a Dundee Burger. O empresário compara a estratégia de diversificação com o manejo da madeira, atividade que exerceu por década e meia na Amazônia, tempo que revive com saudade, apesar das três malárias. Num bom plano de manejo e conservação, ele explica, cortam-se as árvores mais altas para que a luz incida também sobre as baixas, que assim podem medrar. Ele é adepto de primeira hora da chamada “floresta em pé”, a exploração de madeira que não depreda a mata, e diz ter ido a Brasília conversar com o Ministério do Meio Ambiente para defender o expediente. “A salvação da Amazônia

RISCO IMINENTE

Quando diz que gosta de correr riscos, Junior Durski não está a se apoiar numa frase de efeito – frase cara, aliás, ao pessoal da nova economia. Em seus tempos de garimpeiro em Rondônia, um curto interregno das décadas como madeireiro, ele precisava andar com dois seguranças armados para fazer negócios. Durski comprava ali cassiterita – minério de onde se retira o estanho – e a revendia em São Paulo e outros mercados consumidores. O negócio tinha de ser feito em cash, e o dinheiro ia acondicionado num saco volumoso, facilmente percebido pelos ladrões. Como as estradas no fim do século passado em Rondônia eram mais ou menos como são hoje, ele precisava caminhar uns 10 quilômetros até a mina. Não fossem os jagunços, estaria exposto ao deus-dará. Ele lembra de um colega que fazia promoção de sua virilidade, ao dizer seguidamente que dispensava os seguranças. Um dia deu ruim: o trader tomou um tiro, caiu e morreu na hora. O ladrão pegou o saco de dinheiro e mal se preocupou com os seguranças de Durski, logo ao lado. “Aquilo não era assunto nosso”, diz Durski.

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passa pelo extrativismo. Ao madeireiro só interessa a floresta em pé. Se ela acabar, game over.”

LOUCURA, LOUCURA Durski tem cerca de 91% de participação na Madero, cabendo 5% para o apresentador Luciano Huck, que fez um aporte por meio de seu fundo Joá e estrela alguns filmes publicitários da rede, desses com cara de institucional e que exibem uma “narrativa”. No caso, a própria história da Madero, da família Durski, e as ações de benemerência da rede. “Logo na primeira conversa, a sinergia ficou clara”, disse Huck a PODER, por e-mail. “Tenho muito orgulho de dizer que sou sócio, entusiasta e cliente. Estamos construindo a maior e melhor cadeia de restaurantes do Brasil”, completou. Huck associou-se à Madero no começo das especulações de sua candidatura a presidente, e Durski acredita que o sonho do global não morreu, apenas foi adiado. “Acho que em oito anos ele se candidata, e vira presidente”. Completa o quadro acionário o CFO da empresa, que controla com austeridade o fluxo de caixa e tem a missão de refrear os arroubos de Durski, que, como disse à reportagem, “gosta de correr riscos”. Não deixa de ser uma ironia que Durski, avesso à política, tenha encontrado um sócio que por pouco não se tornou um postulante ao palácio do Planalto. Para o cargo não demonstra qualquer simpatia pelo candidato de seu estado – “Alvaro Dias é velho, sem energia, está mais preocupado com sua próxima plástica” – e, na verdade, por qualquer outro, embora cite en passant João Amôedo, do Novo, alguém que “talvez pudesse fazer sentido”. Encampa com fervor, contudo, algumas ideias e posições professadas por Jair Bolsonaro, como o direito de a população se armar e o desdém pelo “pessoal dos direitos humanos”. Para ele, com efeito, “a pior profissão do Brasil é policial, que pode tomar tiro, mas não atirar”. Na mesma toada, lastima a existência do Bolsa Família, programa que tende a anular o “empreendedorismo nato do brasileiro”. Para terminar atirando, registre-se que Durski adora caçar esportivamente, atividade ilegal no Brasil, mais uma razão para chamar o país de “idiota”. Três dias depois da entrevista com a PODER ele estava no Uruguai atirando em patos, mas, com a chuva que caía no paisito, o balaio voltou vazio. “Matamos meia dúzia, e o normal é matarmos uns 70, 80. Mas valeu pelo churrasco.” n


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