REVISTA PODER | EDIÇÃO 152

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Carla Furtado e Claudia Cavallini, especialistas em felicidade nas organizações: bloquear emoções negativas pode gerar problemas de saúde

fica Journal of Personality and Social Psychology mostra que pessoas que evitam entrar em contato com sentimentos negativos têm mais problemas de saúde mental do que as que costumam aceitar todas as suas emoções. Isso porque, tudo levado ao extremo é prejudicial. Algumas análises científicas apontam que a maioria das pessoas perde muito

práticas incríveis de gestão, mas quando realizamos a escuta de sofrimento do trabalho, uma prática clínica, ouvimos muita dor”, afirma a psicóloga Carla Furtado, fundadora do Instituto Feliciência e autora do livro Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade (Ed. Actual). Os números mostram isso. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior incidência de ansiedade e o quinto com mais pessoas sofrendo de depressão. Já a síndrome de burnout, de esgotamento no ambiente de trabalho, nos coloca em segundo lugar, de acordo com a International Stress Management Association (Isma-BR).

Um levantamento feito pelo especialista Rob Kaiser, presidente da Kaiser Leadership Solutions, que atua na avaliação e desenvolvimento de líderes, mostra que mesmo as competências adaptativas se tornam inadequadas quando levadas ao extremo. Isso quer dizer que forças excessivas podem se tornar fraquezas. E calar as críticas e bloquear emoções negativas pode ter um preço caro para a sua saúde. Um estudo publicado na revista cientí-

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tempo insistindo em objetivos irreais. Mesmo quando comportamentos passados sugerem que é improvável que as metas sejam atingidas, o excesso de confiança e um grau acima da média de otimismo fazem com que as pessoas desperdicem energia em tarefas inúteis. “Há narrativas exaustivas de vidas incríveis. E isso acontece também no trabalho. Nas mídias sociais vemos tudo fantástico, com pessoas satisfeitas e orgulhosas e

Além dos problemas de saúde mental, Maria Candida Baumer de Azevedo, sócia da People & Results, especializada em carreira e cultura empresarial, explica que a positividade tóxica faz com que as pessoas percam a oportunidade de usar as dores e dificuldades para evoluir profissionalmente. “Se sempre penso que tudo vai dar certo, não aprendo e paro no tempo”, diz. Segundo ela, ao olhar as duas metades do copo – cheia e vazia – é possível exercitar o senso crítico, tão importante para conseguir tomar boas decisões e evitar ciladas. Além disso, ajuda na inovação, na criatividade e na solução de problemas. Outro perigo da positividade tóxica é fechar os olhos para os problemas

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CARREIRA PREJUDICADA


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