REVISTA PODER | EDIÇÃO 152

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NÃO OLHE PARA CIMA

“Criamos [Patricia e o empresário Alexandre Allard] a Aya Initiative, um hub de soluções para descarbonização da economia, um ecossistema colaborativo em que grandes empresas, instituições e ONGs vão convergir para criar a espinha dorsal da transformação para o baixo carbono no Brasil. Trabalhando em três esferas: convocação e convening; conteúdo e avaliação; e as soluções. Vamos juntar os formadores de opinião e os principais tomadores de decisão para que eles tenham acesso a um conteúdo rico de relatórios e informações sobre a descarbonização e os desafios de cada setor. Lançamos uma parceria com o Pacto Global da ONU, com a Future Carbon, e precisamos juntar mais forças. O Brasil tem que se unir e liderar essa agenda, senão seremos liderados. Quem hoje mais compra crédito de carbono barato na Amazônia? A Amazon. É isso que a gente quer? Não está claro para o empresariado como estamos nos enfraquecendo, é como no filme Não Olhe para Cima – o asteroide já está aqui e estamos brigando por bobagens.”

UNIÃO SISTÊMICA

“Não quero trabalhar sozinha, queremos estar juntos com os melhores do mundo. Tenho uma enorme admiração pelo impacto que a Systemiq causa e por isso aceitei o desafio de comandar a operação no Brasil. É uma consultoria global com operações no Reino Unido, Holanda, Alemanha, Indonésia e Brasil que se propõe a resolver problemas sistêmicos complexos para uma economia de baixo carbono. Tenho dito, brincando, que entrar de sócia foi a parte mais fácil, difícil foi convencer os europeus de que o Bra-

sil precisa liderar a transformação verde. Montei um plano de negócios para quadruplicar a operação no Brasil nos próximos dois anos, trazendo sócios estrangeiros para cá, investindo pesado na transformação. E eles toparam, aprovaram por unanimidade a minha entrada e o business plan. Foi muito bonito. Pretendemos lançar o maior relatório sobre a Amazônia ainda este ano, na COP27 [Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, que acontecerá em novembro, no Egito].”

O CHAMADO

“Sempre fui uma pessoa que recorre à natureza como cura na vida. De tudo. Desde sempre. Minha avó era indígena e meu avô garimpeiro, por parte de mãe. Por parte de pai, meu avô trabalhava em uma fazenda, em Sergipe, e minha avó veio para São Paulo criar 16 filhos às margens do rio Pinheiros. Meu pai, sempre que tinha uma oportunidade, transformava qualquer terreno baldio em horta. Então essa proximidade com a natureza, essa necessidade, é uma coisa muito forte em toda a minha família – imagine que meu avô, aos 78 anos, com esclerose, andou 15 km sozinho e foi morrer dentro de um rio em Uberaba. Na pandemia eu passei por um processo muito desafiador: pessoal, profissional, físico e emocional. Em julho do ano passado, quando as coisas começaram a melhorar, falei para o governador [João Doria]: ‘Preciso de uma semana de folga’. Fui para a Chapada Diamantina (BA) e a conexão com a natureza me tocou muito, fiquei extremamente emocionada. Depois, em outubro, fui para o Acre e atravessei de Rio Branco até Cruzeiro do Sul vendo o desmatamento da Amazônia. Cheguei a uma aldeia dos shanenawas

Patricia Ellen com Luiza Trajano em recente viagem a Nova York e com parceiros para tentar conduzir o Brasil para a economia verde

42 PODER JOYCE PASCOWITCH


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