9 771980 ISSN 1980-3206
320006 00151
AB R IL 2019 N.151
ESCOLA DO RISO AS PRIMEIRAS COMEDIANTES DE VERDADE DO BRASIL VIDA BANDIDA HISTÓRIAS DE MULHERES QUE SE APAIXONAM POR ASSASSINOS – E OUTROS TANTOS CASOS MAIS UM PÉ EM CADA CANOA ELES TROCARAM A CIDADE PELO CAMPO, MAS CONTINUAM LIGADOS NO MUNDO
ISABELLE DRUMMOND COM OS DOIS PÉS BEM NO CHÃO E MAIS: UM CLOSET CHEIO DE BOSSA DIRETO DO RIO, PÉROLAS DA LITERATURA ERÓTICA E FÁBIO PORCHAT RINDO DOS CLICHÊS
50
36
Por Lui TPS 10
#CONEXÃO
12 14 16 18
J.P ENTREGA MÊS BOM PARA J.P ADORA JOGO DE AMOR E SOMBRA
Por Dani Arrais
Sabe o que é “síndrome de Bonnie e Clyde?” 26
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45
Por Thayana Nunes
A estilista Thaís Delgado sabe tudo o que é cool 53 56 58
FERNANDO TORQUATTO J.P FERVE DE CONVERSA EM CONVERSA
Por Antonio Bivar 60
CABALA
61 62
HORÓSCOPO ENTRE LENÇÓIS
Por Shmuel Lemle
FUI MORAR NO MATO
A busca de quem sai da cidade grande
63
41
POR AÍ
64
42
VIAJA
Por Kiki Garavaglia
OBSESSÕES
46 AVENTAL 47 BERINJELA 48 CORPO E ALMA 50 CLOSET
MENINA SANGUE BOM
Isabelle Drummond estreia na capa da J.P
NOVA YORK
Por Joana Brito
CHEIAS DE CHARME
As mulheres que faziam muita graça na TV 30
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ISABELLE DRUMMOND Foto Pedro Dimitrow, edição de moda Luis Fiod, beleza Ale de Souza. Jaqueta Animale, joias Animale ORO
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NA REDE:
Por Roberta Sendacz
facebook.com/revistajp
CORREIOS / AGRADECIMENTOS ÚLTIMA PÁGINA
@revistajp
Fábio Porchat faz todo mundo rir dos clichês
@revistajp
FOTOS JULIANA REZENDE; ARQUIVO PESSOAL
NESTE NÚMERO 4 EDITORIAL 8 VIEIRA SOUTO 458
*Marca de um terceiro, sem vínculo com a Orfeu.
EXCELÊNCIA É
FAZER
TODOS COMO MAIS
O
QUE
FAZEM NINGUÉM
FAZ.
Orfeu não abre mão de fazer tudo na fazenda: da colheita à cápsula. Com um terroir único, ganhou 26 vezes o Cup of Excellence, um dos prêmios mais importantes de café no mundo.
Cápsulas biodegradáveis compatíveis com máquinas Nespresso.® *
J.P EDITORIAL
A
gente gostou tanto do tema empatia, que apareceu na nossa última edição – e um dos destaques do evento SXSW em Austin, Texas – que convidamos para estrelar a capa deste mês uma moça que está fazendo a diferença: Isabelle Drummond. Ela não é igual às meninas da sua geração: mais reservada, não fica expondo sua vida pra todo mundo e está superengajada em projetos sociais – tem a ONG Casa 197 no Rio. Isabelle é a cara do que a gente quer para este ano – e também para os próximos. Aqui, ela faz sua estreia com o fotógrafo Pedro Dimitrow, styling de Luis Fiod e beleza de Ale de Souza. No mesmo clima, para mostrar que os tempos são mesmo outros, reunimos uma turma que decidiu largar a cidade grande para morar no meio do mato, mas que continua totalmente conectada com o resto do mundo. Tem artista, designer, advogado, todos felizes, com mais tempo, mais silêncio. Tipo sonho, não? Já para quem quer rir – a gente ama! –, o negócio é correr para a reportagem especial de Renato Fernandes, que resgata as comediantes que faziam barulho muito antes de Tatá Werneck e Dani Calabresa. Mulheres que além de lindas e hilárias, eram elegantes e levavam vida de estrela. Para refletir, um papo-cabeça na reportagem de Victor Santos: ele investigou o motivo que leva muitas mulheres a se apaixonarem por assassinos confessos, e o por quê de elas serem abandonadas quando estão atrás das grades. No mais, o estilo antenado da figurinista Thaís Delgado, que é a cara dessa nova trupe de descolados do Rio, Giovana Cordeiro, a musa do mês de Fernando Torquatto, um papo iluminado sobre o papel da mulher na política e na sociedade com Antonio Bivar, e Roberta Sendacz, da coluna Entre Lençóis, trazendo três poemas eróticos direto dos tempos da realeza. Quer mais? Fábio Porchat falando de sexo, comida e o novo papel dos homens. Vire a página!
glamurama.com
DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH joyce@glamurama.com EDITORA Thayana Nunes thayana@glamurama.com EDITOR DE ARTE David Nefussi davidn@glamurama.com EDITORES DE ARTE ASSISTENTES Jairo Malta jairo@glamurama.com Jefferson Gonçalves Leal jeffersonleal@glamurama.com FOTOGRAFIA Carla Uchôa Bernal carlauchoa@glamurama.com Claudia Fidelis (tratamento de imagem) PRODUÇÃO Meire Marino (gestora) meiremarino@glamurama.com Ana Elisa Meyer (produtora-executiva) anaemeyer@glamurama.com Wildi Celia Melhem (produtora gráfica) celia@glamurama.com Inácio Silva (revisão) Luciana Maria Sanches (checagem) COLABORADORES Adriana Nazarian, Ale de Souza, Aline Vessoni, Antonio Bivar, Ciça Bueno, Dani Arrais, Fernanda Grilo, Fernando Torquatto, Juliana Rezende, Joana Brito, Kiki Garavaglia, Lui TPS, Luis Fiod, Morgana Bressiani, Paulo Freitas, Paulo von Poser, Pedro Dimitrow, Renato Fernandes, Roberta Sendacz, Rose Luna, Shmuel Lemle, Victor Santos
PUBLICIDADE MULTIPLATAFORMA GERENTES MULTIPLATAFORMA Kelly Staszewski kelly@glamurama.com Laura Santoro laura.santoro@glamurama.com Maria Luisa Kanadani marialuisa@glamurama.com Roberta Bozian robertab@glamurama.com
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Carol Corrêa (gestora) carolcorrea@glamurama.com Aline Belonha aline@glamurama.com Anabelly Almeida anabelly@glamurama.com Mayara Nogueira mayara@glamurama.com Tânia Belluci tania@glamurama.com
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CASTLE
Jardins Exuberantes
Restaurante Primrose
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Gastronomia
Suíte Pine Mountain
NA ENCANTADORA GRAMADO-RS • O ÚNICO “EXCLUSIVE HOUSE” DO BRASIL Exclusividade, sofisticação e requinte reunidos em um empreendimento com arquitetura inspirada nos “castelos europeus”. O complexo Saint Andrews, membro Relais & Châteux, conta com 19 suítes, reservadas àqueles que desejam desfrutar serviços diferenciados e totalmente personalizados. Suítes luxuosas • Café da manhã (menu degustação) • Serviço de mordomia • Jardins espetaculares • Restaurante Primrose Maravilhosa vista para o Vale do Quilombo • Adega Gourmet • Cigar Lounge • Piscina Aquecida • Sauna • Spa • Academia
PROGRAMAÇÕES ESPECIAIS DO OUTONO ROMÂNTICO NO CASTELO: Páscoa com Vega Sicilia (18 a 21/abril) • Brunello Di Montalcino (03 a 05/maio) • Dia das Mães (10 a 12 de maio) Festival de Fondue (17 a 19 de maio) • Macallan e Cohiba (24 a 26 de maio) • Semana dos Namorados (07 a 16 de junho) Feriado Corpus Christi com Festival Opera Diner com Brunello (20 a 23 de junho) • Festival de Vinhos Gaúchos (28 a 30 de junho) PROMOÇÃO OUTONO ROMÂNTICO (21 de março a 21 de junho):
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O outono é a estação mais romântica e aconchegante do ano. Venha viver essa experiência única, que inclui: hospedagem em luxuosas suítes, welcome drink, cafés da manhã (menu degustação), Tour Gramado e Canela (BusTour panorâmico), Wine Tour (visita completa à duas vinícolas), Royal Afternoon Tea, Terapia Relaxante, jantar temático elaborado por nosso premiado Chef + jantar da Programação Especial Outono Romântico (confira no site).
RESERVAS E INFORMAÇÕES: (54) 3295-7700 • (54) 99957-4220 • SAINTANDREWS.COM.BR CASTLE
M O U N TA I N
VIEIRA SOUTO 458 POR LUI TPS
SEMICONSCIENTE
Ela se dizia vegana, mas não perdia o steak tartare do L’Avenue, de Paris. Conheça Patricia, a blogueira “semi” tudo
Não era só na alimentação que Pati tinha seus hábitos. Neta de políticos baianos, recentemente adotara o candomblé como religião. Fazia oferendas semanais aos orixás, publicava posts com os pais de santo no terreiro e jogava búzios para consultar seu futuro. É claro que era contra macumbas e o sacrifício de animais – ela era uma candomblé vegana. Também não acreditava tanto em vida após a morte. E então, como não seguia todas as crenças, considerava-se semicadomblé. Assim também ninguém podia criticá-la. Pati era devota de Iemanjá, seu orixá. Ia regularmente na festa da rainha das águas em Salvador, quando se vestia toda de azul com flores brancas na cabeça e levava sua oferenda ao rio Vermelho. Só procurava não incluir muito plástico no barco que jogava ao mar. Patricia, aliás, também era uma grande defensora do meio ambiente.
Semiblogueira, Pati fazia posts semanais em seu Instagram orientando seus seguidores sobre a acidificação do oceano, a poluição do mar e a redução da biodiversidade de nossos oceanos. Condenava quem usava canudos ou bebia em garrafas de plástico e demonstrava seu apoio total às instituições de proteção à vida marítima em suas mídias sociais. Só não media cuidado ao dirigir seus carros importados pela cidade, emitindo dióxido de carbono por aí, ou mesmo evitando o consumo exacerbado de produtos cosméticos. Não estava nem aí para as micropartículas. Beleza em primeiro lugar. Por essas e outras também se considerava uma semidefensora do meio ambiente. n
CARIOCA, LUI TPS É FINANCISTA E AUTOR DO ROMANCE VIEIRA SOUTO 458, FICÇÃO SOBRE A EXTRAVAGÂNCIA E A DECADÊNCIA DA JUVENTUDE DOURADA DO RIO DE JANEIRO
8 J.P ABRIL 2019
FOTO DIVULGAÇÃO
Há dois anos, Patricia havia se tornado vegana. Ou melhor, semivegana. Não consumia quase nada de fonte animal ou que explorasse os bichinhos. É claro que não abria mão de um jantar no Nagayama, seu restaurante japonês favorito em São Paulo. Carne apenas o steak tartare do L’Avenue uma vez ao ano quando fosse a Paris. Fora isso, seguia uma dieta rígida de fonte vegetal. Aliás, além de estar fazendo bem ao planeta, essa prática a deixava magra como Gisele, de quem havia seguido o estilo de vida. Também havia começado a evitar o consumo de roupas feitas a partir de animais. É claro que a regra não se aplicava a vestidos de seda ou bolsas de grife. Mas criticava abertamente em seu blog as garotas que usavam jaquetas de couro ou compravam casaco de pele. Ela até usava o dela nas esquiadas com a família na Suíça, mas, como herdara da avó, não tinha problema. O problema era quem comprava.
J.P INDICA
FOTOS DIVULGAÇÃO
DELICADEZA
Uma das celebrações mais esperadas do ano merece decoração à altura. É durante a Páscoa que reunimos família e amigos ao redor da mesa e receber todos com carinho e charme é pedida certa. Como a data está batendo à porta, a TROUSSEAU , marca de lifestyle de Adriana e Romeu Trussardi Neto, convidou duas experts para ajudar nessa missão: Olivia Vianna, dona do perfil IN AND OUT DECOR (@inandoutdecor), e Izabel Yunes, da marca de chocolates THE GOODIES (@thegoodiesbr). Com os delicados guardanapos bordados à mão da Trousseau, essa dupla criou várias opções de mesa posta com a temática pascal para o grande dia. Confira detalhes no @TROUSSEAUOFICIAL e não esqueça de surpreender finalizando cada lugar com uma pequena lembrança, como chocolatinhos. E boa Páscoa! +TROUSSEAU.COM.BR
#CONEXÃO POR DANIELA ARRAIS
Perfis que vão muito além da selfie perfeita podem trazer conteúdo relevante, como esta descoberta da nossa colunista
@carolburgo
Sempre com um conteúdo didático e baseado em muita empatia, Carol conversa – e isso faz toda a diferença, na internet e fora dela. “Eu não sei como consigo misturar assuntos tão diversos nas minhas redes sociais, mas acredito que uso a internet para trazer um conteúdo que é coerente e honesto com a pessoa que sou. Todo mundo é múltiplo nas suas vivências, a vida acontece em diversas esferas, então meu conteúdo hoje acaba abrangendo a totalidade da minha existência”, diz em papo com a coluna. “A internet abre caminhos não só para o meu trabalho, mas para a minha voz. E é por isso que cada dia a mais tento usar minha voz para impactar positivamente a vida do outro. Isso significa que também encontro e sou impactada pela voz de outras pessoas e esse ‘acesso ao outro’ é a melhor coisa que a internet pode me trazer.” Para seguir já: @CAROLBURGO.
DANIELA ARRAIS é jornalista, autora do blog @donttouchmymoleskine e sócia da
@contente.vc, empresa que promove conexão entre pessoas e marcas
10 J.P ABRIL 2019
FOTOS ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO INSTAGRAM
Hoje em dia todo mundo é (ou quer ser) influenciador. As redes sociais estão repletas de perfis de pessoas que falam para grandes audiências. De um lado, encontramos quem faz da própria vida um reality show. De outro, observamos quem usa o privilégio de ter um grande público para ir além das selfies. CAROL BURGO se encaixa nesse segundo grupo. Natural do Recife, morando no Rio de Janeiro há sete anos, ela atua como diretora de arte para marcas diversas e também empreende com sua @LOJAPROSA , de “roupas sem pressa, peças com alma”. E vai muito além: usa seu perfil @carolburgo para falar de temas como feminismo, trabalho, autoconhecimento, ansiedade, moda e política. Aliás, foi ao falar de política, durante as eleições 2018, que ela viu seu público crescer muito.
J.P INDICA
PAUSA DELÍCIA
Levar uma vida saudável vai muito além de apenas fazer exercícios físicos. O verdadeiro bem-estar está em trabalhar no que se gosta, em cultivar amigos, está nas pausas para meditar e, é claro, ter uma boa alimentação. E são nesses momentos únicos que a TIROLEZ quer fazer parte. A grande novidade da marca, uma das mais tradicionais empresas de laticínios do país, é o lançamento do DUO TIROLEZ, o primeiro queijo cottage com geleia de fruta do Brasil. “É nosso primeiro produto pronto para o consumo e queríamos algo realmente inovador”, diz Luiza Hegg, gerente de marketing da marca. São três sabores – morango, goiaba e maçã com canela – e o destaque está na praticidade: é para comer de colher! Com poucas calorias, que, dependendo do sabor, variam entre 105 e 123, o produto tem 10 G DE PROTEÍNAS e é ideal para quem busca uma OPÇÃO SAUDÁVEL E SABOROSA para incluir na rotina e consumir a qualquer hora do dia. O Duo Tirolez está à venda nos melhores supermercados de São Paulo.
FOTOS DIVULGAÇÃO
+TIROLEZDUO.COM.BR
J.P ENTR EG A JOYCE PASCOWITCH
O novo point do entardecer no Rio de Janeiro, um vinho uruguaio feito por brasileiros, um restaurante na serra e outras news lei a m a is descoberta s em gl a mur a m a .com/nota s
GENÉTICA CHAMADA A atriz tem LETÍCIA COLIN
passado grande parte de seus dias em São Paulo na cola do médico ROBERTO KALIL FILHO. J.P explica: foi com a ajuda do cardiologista que ela fez laboratório para sua próxima personagem, Amanda, uma médica viciada em drogas da série Onde Está Meu Coração, da Globo. Toda focada, Letícia foi ótima aluna: aprendeu a fazer massagem cardíaca e circulou entre os residentes do Instituto do Coração e do Hospital Sírio-Libanês.
VICTORIA STEINBRUCH, filha de Benjamin Steinbruch, um dos maiores empresários do Brasil, está seguindo o mesmo caminho empreendedor do pai. A moça está no comando da BODEGA MATAOJO, uma vinícola que funciona em uma das propriedades da família na cidade uruguaia de Solis de Mataojo. Começou como um hobby, mas o vinho fez tanto sucesso entre os amigos que Victoria decidiu junto com o irmão tornar aquilo um negócio. Há seis meses as garrafas são distribuídas por uma importadora brasileira.
NOVO HORIZONTE
O MIRANTE DA PEDRA DE SÃO FRANCISCO, parte do circuito hipster na Serra da Mantiqueira, vai ganhar um restaurante-café que jamais sonhou ter. A ideia é de um brasileiro que mora no Vale do Silício e que, além de ter um sítio por perto, quis investir na região. Com projeto dos arquitetos ANDRÉ PROCÓPIO e ALINE D’AVOLA, dupla com passagem pelo escritório de design dos irmãos Campana, o lugar é inspirado no conceito da economia circular e sustentável: toda a estrutura será de madeira de reflorestamento e terá um empório para vender produtos básicos e feitos para e pelos moradores de Monteiro Lobato, que fica a 30 km de estrada de terra dali.
12 J.P ABRIL 2019
TOALHA XADREZ O espaço da carioca KEKA MENDES DE ALMEIDA é um
ateliê de arte, mas está fazendo fama por outro motivo. Em pleno Jardim Botânico, a OFICINA DO PALADAR tem clima roots, com direito a riacho atravessando o terreno e comida feita pela própria Keka – como pizza no forno a lenha que ela mesma construiu, paella e picadinho. Ela avisa que o lugar não é restaurante: “Recebo como se fosse na minha casa”. E o melhor, só vai gente bacana.
made in brazil
CAMAROTE A pedida da vez nos fins de tarde no Rio é passar no ARP, bar de praia do hotel Arpoador, em Ipanema, que, depois de fazer sucesso nos anos 1970, reabriu as portas neste ano com projeto de THIAGO BERNARDES. O ARP é tipo pé na areia e ganhou comidinhas de Roberta Sudbrack e drinques da mixologista Neli Pereira. Vincent Cassel não sai de lá.
Foi depois de uma viagem à Ilha de Páscoa que o casal de brasileiros MARINA FIGUEIREDO e NICOLAS ALONSO decidiu abrir a SAGE CULTURE, uma galeria de arte que entrou de vez entre os espaços mais descolados na região de Arts District, em Los Angeles. Ali, desde 2017, eles apresentam o trabalho de artistas de diferentes partes do mundo que têm em comum temas ligados à natureza. Marina e Nicolas começaram a carreira em áreas totalmente diferentes: ela é psicóloga com estudos sobre comportamento humano e ele, economista com passagens por agências de publicidade.
SALVA-VIDAS
FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM; DIVULGAÇÃO
Não faltam opções em São Paulo para quem quer fazer o bem. A BASE COLABORATIVA, por exemplo, investe em projetos de inclusão social, faz doações, reformas de moradia e reúne todos os tipos de profissionais, de psicólogos a arquitetos. Já o ANJOS DA CIDADE tem uma Kombi que circula pela cidade fazendo doações de alimentos, cobertores, brinquedos e roupas para os moradores de rua. Vale conhecer: 2019 é o ano da empatia.
+eujoyce.com.br | +twitter.com/joycepascowitch @joycepascowitch com thayana nunes ABRIL 2019 J.P 13
ABRIL
é mês bom para... Ir atrás da marca de roupas Bode, de Nova York – peças inusitadas, interessantes, únicas
Organizar uma agenda de palestras e encontros que façam sentido e abasteçam cabeça e alma
Programar um glamping – acampamento tipo luxo – com as crianças para as próximas férias de julho Ler pelo menos um dos livros de Yuval Harari – 21 Lições para o Século 21 é o melhor e ajuda a entender o momento que estamos passando
Com o outono, dar início à temporada de chás e incluir novos blends no dia a dia Tentar entender de verdade o que é blockchain e IA – inteligência artificial Sonhar com um vestido longo, preto, de verão, da Valentino Assumir os fios brancos por uma temporada, que tal? Pode ser libertador – ou não…
Passar pelo menos uns quatro dias em Alto Paraíso, Goiás, para tentar se reconectar com o universo
Começar um treino novo que motive, desafie e queime muitas calorias – pode até pedir ajuda por meio da autoestimulação, aqueles choquinhos pelo corpo durante os exercícios
Ir ao teatro – dica: assistir à peça O Mistério de Irma Vap, com Luis Miranda e Mateus Solano
Recorrer à poesia – só ela pode salvar Entrar no clima da volta de Sandy & Junior e listar os cantores que embalaram a adolescência
Garantir a nova B.blend na sala de casa: a máquina serve de café a guaraná e é superprática
14 J.P ABRIL 2019
Fazer a turista e passar uma tarde com as amigas comendo ostras no Mercado Municipal de São Paulo – são fresquíssimas
Incluir na lista do Spotify as músicas poéticas e dançantes da banda paulista Francisco, el Hombre Testar em casa receitas de wraps e rolinhos variados – é bom para a criatividade e pode ser muito bom para a saúde
FOTOS PRISCILA PRADE/DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO INSTAGRAM; DIVULGAÇÃO
Trocar os móveis de lugar, pintar uma parede de outra cor – que tal dar novos ares à casa?
J.P INDICA
FOTOS DIVULGAÇÃO
ALTA VELOCIDADE
Os amantes de bike têm um novo ponto de encontro: a TORQ CYCLE EXPERIENCE, academia de aula de bike indoor, do GRUPO BIO RITMO, que abre suas portas em abril, no Rio de Janeiro, com treinos inovadores que prometem superar as clássicas experiências com os aparelhos ergométricos. Diferente de outros tipos de treinos, aqueles que mesclam aeróbico com funcional, o Torq Cycle Experience concentra esforços em um treinamento full body, coordenando pedaladas com movimentos de tronco e braços e tendo como principal objetivo a aceleração do metabolismo e consequente emagrecimento. Tudo isso eleva os níveis de endorfina e serotonina, proporcionando bem-estar com experiência que estimula fatores sociais, psicológicos e físicos. Com uma tecnologia de ponta, a bike possui um microcomputador capaz de persona-
lizar o treinamento e fazer com que cada aluno obtenha o melhor desempenho durante os 45 minutos de aula, queimando até 900 calorias. Mas a aula vai além da perda de peso. Ela proporciona momentos de entretenimento e prazer em encontros intensos e divertidos. “O maior diferencial do Torq Cycle Experience é trazer tecnologia e inovação tanto em treinamento quanto em experiência. O aluno terá resultados físicos excelentes, mas, principalmente, uma experiência completa de entretenimento, cuidado consigo e prazer”, conta Carolina Corona, diretora de microgyms do grupo Bio Ritmo. A unidade Torq Cycle Experience da Cidade Maravilhosa abre as atividades no dia 13 de abril, no Shopping Village Mall, na Barra da Tijuca. +TORQCYCLE.COM.BR
CONSUMO por ana elisa meyer
EM ABRIL
J.P
Frattina preço sob consulta
ABAJUR
Lumini R$ 528
JOGO DE PRATOS
Calu Fontes para berinjela.com R$ 480 (4 peças)
ADORA MARIE LAFORÊT Mesmo sem pretensão de ser atriz, a francesa Marie Laforêt fez sua estreia nas telonas em ótima companhia: ao lado de Alain Delon em O Sol por Testemunha (1960). Pouco tempo depois, decidiu seguir seu sonho de ser cantora, mas seu estilo mais maduro e poético, muito diferente das bandas de iê-iê-iê da época, não teve tanto sucesso. Só voltou para a música em 1993, quando lotou todos os shows da turnê do seu último disco. Hoje, aos 79 anos, mora em Genebra, na Suíça.
VESTIDO
Tory Burch preço sob consulta
ESPELHO
Leo Romano na Novo Ambiente R$ 3.843 CAPA PARA ALMOFADA
Trousseau R$ 395 MULE
Prada R$ 2.400
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16 J.P ABRIL 2019
FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO
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ABRIL 2019 J.P 17
JOGO DE
AMOR E SOMBRA
As mulheres são a figura central em dois fenômenos que envolvem amor e cárcere: paixões e até casamento com assassinos e o total abandono quando elas estão atrás das grades
P
texto e fotos victor santos ilustrações jefferson leal
reso em 1967, João Acácio, conhecido como o “Bandido da Luz Vermelha”, foi condenado a 351 anos de reclusão. As acusações de 77 assaltos, quatro assassinatos, sete tentativas de homicídio e a suspeita de ter estuprado cerca de 100 mulheres não foram suficientes para intimidar as fãs. Atrás das grades, ele recebia cartas de amor e buquês de flores de admiradoras que não se intimidavam com os crimes. Mais recentemente, outros casos ganharam visibilidade como a história do motoboy Francisco de Assis Pereira, vulgo “Maníaco do Parque”. Condenado por 11 assassinatos e nove estupros com vítimas mulheres, colecionou mais de mil cartas de admiradoras após seu primeiro mês de prisão, em 1998. Em 2002, casou-se com uma delas. Já em 2014, o ex-vigilante Thiago Henrique Gomes da Rocha, apelidado “Maníaco de Goiás”, foi alvo de diversas mensagens de mulheres e até pedidos de visita íntima antes mesmo de seu julgamento, logo após ter confessado o assassinato de 39 pessoas. Esse contraste entre as barras que enquadram a luz do sol e a idealização por um relacionamento amoroso faz parte do cotidiano de quem trabalha com crimes no Brasil. Roselle Soglio, advogada criminalista com quase 20 anos de experiência e especia-
18 J.P ABRIL 2019
“Existe um grande volume de cartas de admiradoras. Muitas se apaixonam.” Roselle Soglio, advogada
POMBO CORREIO
lista em perícia e direito penal, conta que, mesmo sem o contato diário e o relacionamento acontecendo a distância, casamentos quando um dos envolvidos está atrás das grades são frequentes: ela disse já ter visto cerca de 20 durante a carreira. Os encontros começam por cartas, as quais o preso pode ou não autorizar o recebimento, e passam pelo crivo — ou censura — dos agentes penitenciários. Estes checam as informações e decidem sobre um possível confisco. “Existe um grande volume de cartas de admiradoras. Muitas se apaixonam, mas há também quem não é correspondida.” CIENTIFICAMENTE FALANDO Nos anos 1950, o psicólogo e sexólogo neozelandês John Money, buscando explicar essa atração, cunhou a expressão hibristofilia, também conhecida pelo apelido de “Síndrome de Bonnie e Clyde”, em referência ao glamouroso casal de criminosos americanos dos anos 1930. Na época, o termo remetia a uma patologia, algo a ser tratado. A hibristofilia, na área psiquiátrica, integra a categoria das parafilias. De acordo com Gabriel Becher, psiquiatra especializado em sexualidade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, a definição atual de parafilia é
“fantasia e/ou comportamento intenso, recorrente e preferencial voltada a um objeto sexual não convencional”. E completa com a definição clássica de objeto sexual: “Não humano adulto vivo”. Mas apesar do prisioneiro ser um humano, um adulto e um vivo, a atração não se dá em sua humanidade. O fascínio é “fruto de uma projeção, uma ilusão própria”. A discussão, por anos, foi guiada pela ideia de “perversão”, termo instituído pelo psicanalista Sigmund Freud, que diz que “aquilo que não está relacionado ao ato genital propriamente dito é considerado perversão”. Atualmente, a parafilia não é entendida como algo a ser tratado e curado. Até a homossexualidade já foi categorizada como tal. Agora, instituiu-se a ideia de transtorno parafílico, quando a parafilia tem con-
“A atração por prisioneiros se assemelha à aproximação de uma fã com um ídolo.” Gabriel Becher, psiquiatra
sequências. “Se é intenso e recorrente, estamos falando de uma questão parafílica, sem o transtorno. Isso muda se tem sofrimento ou desagrado para os indivíduos ou para a sociedade”, explica Becher. A atração por prisioneiros pode ser comparada a questões de idolatria e admiração e se assemelha à aproximação de uma fã com um ídolo.
ABRIL 2019 J.P 19
POMBO-CORREIO
O psiquiatra pondera sobre esse fenômeno nos presídios femininos que chamam menos atenção da sociedade e argumenta sobre a valorização social da sexualidade dos homens em detrimento das mulheres. Um fator social visto como uma das causas da parafilia estar muito mais presente no sexo masculino. O QUADRADO NÃO BRILHA PARA TODAS Engana-se quem vê no caso de Suzane von Richthofen, noiva do irmão de sua companheira de cela desde 2017, como uma evidência que a busca também ocorre com as mulheres. A vasta maioria das presidiárias sofre com a solidão, como é o caso de Red (Kate Mulgrew), da premiada série Orange Is the New Black, da Netflix, onde os filhos evitam visitá-la, assim como tantas outras mulheres no mundo in-
20 J.P ABRIL 2019
teiro. O tema é tão importante que preenche um capítulo inteiro do livro Prisioneiras, do médico Drauzio Varella. Sônia Drigo, advogada que atua há 22 anos com mulheres encarceradas, esclarece: “Há muita diferença nos dias de visita. Com as mulheres, o número é muito reduzido e a maioria é de outras mulheres. Na masculina, a fila é enorme, com famílias inteiras e até comércio”, lamenta. Questionada sobre estatísticas, a advogada critica a negligência das autoridades com os dados públicos, mas explica que o abandono promove certo apoio entre as encarceradas. “Existe uma solidariedade, elas se ajudam porque se reconhecem.” Enquanto as mulheres não esquecem seus companheiros – até por risco de vida –
“É a mãe ou a irmã que visita [a presa] e poucos homens mais velhos. O noivo em dois meses não volta mais.” Sônia Drigo
quando estão presas, o abandono delas é quase certo. “É a mãe ou a irmã que visita, uma adulta, e poucos homens mais velhos. O noivo em dois meses não volta mais. Já a mulher não abandona e leva sexo, frango e filho. Sem receber nada de volta”, conclui Sônia. n
J.P INDICA
FOTOS DIVULGAÇÃO
À FRANCESA
Abreviação do francês “je m’appelle”, a JEMAP, de Danielle Vasconcellos, é a grande aposta no mercado de luxo feminino com suas coleções sofisticadas e todas desenvolvidas na França. A grife franco-brasileira fez sua estreia em São Paulo com direito a trunk show e almoço exclusivo no Palácio Tangará para poucas convidadas. “A Jemap traz o prestígio do legado da moda francesa mixado à minha visão poética da Cidade Luz. São criações sofisticadas, doces e marcantes que se comunicam com mulheres de essência atemporal e ultrafeminina”, descreve Danielle. Entre as criações da grife ganham destaque peças em tulle e organza produzidas em um ateliê do século 17, às margens do rio Corrèze, na cidade de Tulle. Além da riqueza nos detalhes, há opções de couro de carneiro moufflon, python e cashmere, que compõem o lado contemporâneo da grife. As criações da Jemap estão disponíveis em boutique própria, em atendimento com hora marcada. A label também lançará em 2019 seu e-commerce com opções prêt-à-porter. Para agendar uma visita à Boutique Jemap: (11) 5049-2723 OU (11) 94315.0911, E CONTATO@JEMAP.COM
Selma de Sá
Silvia Bitelli
Jóia Bergamo
Léo Shehtman
Andréa Gonzaga
Igor Miyahara
Maria Fumiko
Tota Penteado
Fernanda Negrelli
Olegário de Sá
Fernando Piva
FOTOS PAULO FREITAS; JUAN GUERRA; DIVULGAÇÃO
Susan Mestrinelli
Renata Amaral
J.P INDICA
Edson Busin
Amanda Ferber
Rosangela Valverde
Thiago Breseghello
FAZER O BEM FAZ BEM
Edson Busin e Thiago Breseghello, da DELL ANNO ATELIER, armaram lançamento da campanha beneficente Fazer o Bem Faz Bem, em prol da Reintegra Turma da Sopa, no espaço de eventos Alluier. O projeto começou como uma ação de ajuda a moradores de rua que sofrem com o frio e se tornou uma maneira de reintegrar indivíduos à sociedade. A proposta da Associação Beneficente Benedito Pacheco, ou Reintegra Turma da Sopa, foi bem aceita e acolhida pelos profissionais da arquitetura de interiores, que frequentemente promovem jantares com o intuito de arrecadar fundos para a entidade. @DELLANNOATELIER Alessandra Marques
Fabíola Meira
Lidia Damy Sita
Claudia Alionis
Taissa Buescu
Andrea Pilar
Rose Diani
Karina Afonso
Débora São José Adalgisa Morato
Carina Dal Fabbro
Marcos Visnevski
Milena Purchio
Vinícius Rojo
Rodrigo Brambilla
Gloria Coelho
DJ Schipper
Lucia Louro
Cibelle Bergamo
FOTOS PAULO FREITAS; JUAN GUERRA; DIVULGAÇÃO
Solange Brambilla
Cris Barbara
J.P INDICA
Fernanda Rossi Elisabete Primati
Clarissa Correia
Luis CafĂŠ
Vivian Hida
Carlos Rossi
Chris Silveira Paula Salusse
Dione Lima
Victoria Salusse
Marcelo Izzo
Silvana Lara Nogueira
Roberto Borja
Thiago Breseghello
Francesca Marzilli Rodrigo Costa
MEMÓRIA
Cheias
de charme
Divertidas e fabulosas, não existe uma só pessoa que não tenha gargalhado com elas. Bem antes de Tatá Werneck e Dani Calabresa brilharem, foram essas quatro mulheres que marcaram a comédia brasileira por renato fernandes
E
m toda a nossa história existiram várias comediantes que marcaram para sempre a dramaturgia com um estilo único de fazer as pessoas rirem. Dercy Gonçalves era uma delas e triunfou absoluta. Mas outras mulheres também brilhavam no rádio, no teatro e na TV com muita graça. J.P relembra aqui quatro delas, Renata Fronzi, Consuelo Leandro, Nair Bello e Berta Loran. RENATA FRONZI – A FABULOSA Renata Fronzi nasceu em Rosário, na Argentina, em 1925, durante uma turnê da companhia de operetas dos pais. Aprendeu a engatinhar no palco e isso diz muito do que ela se tornaria. Linda e divertida, Renata logo estava participando de chanchadas épicas como Massagista de Madame, de 1959, e Vai que É Mole, ao lado de Ankito e Grande Otelo. Intercalava filmes e peças no teatro de revista e foi uma das nossas grandes vedetes. Nessa época, casou-se com César Ladeira, um dos maiores radialistas do Brasil, com quem teve dois filhos, e, em 1967, conquistou de vez o público ao interpretar a mama Helena da Família Trapo, ao lado de Otelo Zeloni e Ronald Golias – programa que foi sucesso absoluto durante anos. E comédia sempre foi a dela, que nunca engatou dramas. “Gosto de coisa alegre. Tristeza a gente tem
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“(...) rir de si mesmo pode trazer grandes verdades ao ser humano” - Renata Fronzi
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Na pág. ao lado e acima, Renata Fronzi, que passou das chanchadas para a Família Trapo
tanta na vida. Para que vou me aborrecer? Quero é fazer algo que me divirta também, que eu sinta que o público ri com a gente. Isso que é gostoso”, declarou ela em sua biografia Chorar de Rir, escrita por Wagner De Assis. Na Globo, fez novelas importantes como Pecado Rasgado, de 1978, e Transas e Caretas, em 1984. Participou do humorístico Planeta dos Homens e é lembrada com alegria pelos colegas, sempre de bem com a vida. “Era uma pessoa ótima, elegante, divertida, e excelente companheira de camarim e de bate-papo”, diz a atriz Marlene Silva para J.P. Amiga dos amigos, reunia, em seu apartamento no Jardim Botânico, todos os sábados, antigas vedetes para uma bela macarronada, entre elas Anilza Leoni e Íris Bruzzi. Amava atuar, mas se conformava em dar lugar aos jovens, apesar de não gostar nada de papéis pequenos. Na sua biografia, uma lição: “Não posso deixar de dizer que rir de si mesmo pode trazer grandes verdades ao ser humano”. Renata Fronzi faleceu em abril de 2008, em decorrência de diabetes.
CONSUELO LEANDRO – A GAY QUEEN “Mas sabe o meu marido Oscar, podre de rico?” Quem não se lembra da nova rica Cremilda nas praças de humor, personagem icônica de Consuelo? Foi Carlos Alberto de Nóbrega quem criou para ela, mas o jeito divertido veio de cedo. Quando era adolescente, ingressou na escola de dança do Teatro Municipal e, aos 20 anos, foi fisgada pelo teatro de revista e não parou mais. Foi nos bastidores que conheceu o humorista Agildo Ribeiro, com quem se casou no fim da década de 1960. Chegada ao glamour do high society do Rio e de São Paulo, todos a adoravam. Tinha bom gosto e saía nas revistas mostrando sua casa e as antiguidades que trazia das viagens pelo mundo. Seu estilo de falar era único: “Ela era a autêntica mulher bicha”, diz o promoter Ovadia Saadia. “Ela tinha bom gosto, sabia se vestir muito bem e dominava todas as regras de etiqueta”, continua a produtora Perla Nahum. E se ela era “mulher bicha”, algo era certo: gays e travestis não viviam sem ela. Morando em São Paulo, em 1976, fez o espetáculo O Mundo É das Bonecas ao lado de 12 travestis. “Ela contava piadas e no fim descia uma escadaria como ninguém”, relembra o historiador Jaime Palhinha. Em 1978, filma O Bem Dotado – O Homem de Itu, interpretando uma madame que fica louca pelo personagem central, papel de Nuno Leal Maia. Além de divertida, Consuelo era chiquérrima e no seu closet não podiam faltar peças desenhadas pelo estilista Dener, famoso na época. Na Globo, fez Consuelo Leandro começou apenas uma novela, Cambalacho, no teatro de revista e era a de Silvio de Abreu. Ele fez ques- “autêntica mulher bicha”. Acima, com o humorista Chocolate tão de escrever para ela a cantora
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de telegrama animado Lili Bolero, mãe de Tina Pepper, vivida por Regina Casé. Lili tinha raiva da cantora Angela Maria que teria ofuscado sua carreira no rádio e a cena em que joga ovos em Fernanda Montenegro é antológica. Frequentadora assídua da noite paulistana, vivia no Gallery assim como na boate gay Medieval. Faleceu em julho de 1999, aos 67 anos, vítima de câncer. NAIR BELLO – A ELEGANTE Diferente das colegas, a paulistana Nair Bello nunca foi vedete, nunca fez teatro de revista e só subiu ao palco para atuar aos 45 anos. Seu início foi no rádio, em 1949, como locutora e rádio-atriz. “Comecei como atriz dramática, ia tudo bem, até que dei de olho com o contrarregra tentando imitar um cavalo trotando. Ele segurava duas cuias de coco e batia no peito. Não aguentei e caí na gargalhada”, conta ela em sua biografia, Mamma Mia!, escrita pela filha, Maria Francisco. Por azar – ou seria sorte? –, o dono da emissora estava passando e ordenou: “Tire essa louca daí!”. E foi assim que chegou à Rádio Record, já começando como comediante. Sua beleza a levou também para a televisão e Nair foi uma das nossas primeiras garotas-propaganda. Sua marca registrada era a elegância: adorava se vestir bem. Não era uma mulher que gostava de joias como sua amiga íntima Hebe Camargo, mas gastava em roupas e sapatos. “Só se sentia bem com sapatos de salto alto. Até o chinelo que usava tinha que ter um saltinho. Adorava um Chanel”, conta a filha. “Meu pai que escolhia e comprava para ela. Ela não gostava de ir até as lojas, tanto é que a estilista Ornella Venturi sabia seu estilo e mandava as novas coleções para casa para ela escolher o que lhe caía bem”, continua. Pagava tudo, claro. Além de muito glamour em casa – sempre estava com robes de chambre de seda – Nair gostava também de receber amigos para uma noitada de carteado e jogos de azar. Quando levou os filhos para a Disney, conseguiu dar uma escapadinha até Las Vegas. E por falar em filhos, a atriz perdeu um, Manoel, em um acidente de carro, em 1975. Ele saíra alcoolizado da boate Hippopotamus e bateu contra uma árvore próximo à residência dos pais, no Pacaembu. “Rezei muito para voltar sorrir. Se eu me entregasse, ia acabar com a minha família e me tornaria uma pessoa chata”, disse a atriz tempos depois. Em 1977, aceitou fazer a peça Alegro Desbum, ao lado de Marcos Caruso, e nos
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ensaios sempre pedia para ir ao banheiro. Com o tempo descobriram que ela saía para chorar, e nunca deixava uma única lágrima transparecer. Durante uma turnê da peça, em Goiânia, ela recebeu uma mensagem de Chico Xavier: era uma carta psicografada de seu filho. A partir daí, conseguiu tocar a vida com mais força. “Minha mãe era muito procurada por pessoas pedindo ajuda e mandava uma cópia da carta para as mães que perdiam seus filhos”, conta a filha. Quando o assunto era trabalho, Nair era exigente. É o que entrega o diretor de TV Nilton Travesso na biografia da atriz: “Quando o público não ria, ela ficava brava, saía falando palavrão e carregava para casa essa frustração. Ficava deprimida quando suas expectativas não eram atendidas”. Não foi à toa, já que Nair foi responsável por criar personagens inesquecíveis na televisão, como Santinha, de Zorra Total. Dizem que
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MEMÓRIA
“Quando o público não ria [Nair], saía falando palavrão e carregava para casa essa frustração” À esq., Nair Bello em momento de glamour com Agnaldo Rayol. Na pág. ao lado, com Consuelo Leandro e Elias Gleizer. Abaixo, Berta Loran em três momentos. Berta foi homenageada com um prêmio em 2019
FOTOS REPRODUÇÃO; JOÃO MIGUEL JR/TV GLOBO; MARCIO DE SOUZA/TV GLOBO
existe um outro motivo pelo qual ninguém esquece dela: Nair era doida por laquê. O cabelo nunca tinha um fio fora do lugar. BERTA LORAN – A MAGNÍFICA Ovacionada, aplaudida em pé durante vários minutos. Foi assim a homenagem a Berta Loran, no dia 19 de março deste ano, quando recebeu o Prêmio de Humor das mãos de Fábio Porchat no Jockey Club do Rio. Aos 93 anos, ela não para e conta com exclusividade seus segredos para J.P: “Sinceramente? Acho que é muito bom ser generosa, ajudar as pessoas, com amigos e minha família. Isso eu sempre fiz”. E não há quem desminta. O espetáculo Divinas Divas, que virou filme em 2016, foi dirigido por ela, mas Berta não cobrou nada da amiga Jane Di Castro, idealizadora do show. Quando João Luiz Azevedo resolveu contar a história de sua vida, no livro Berta Loran - 90 Anos de Humor, ela fez o mesmo: todo o dinheiro das vendas foi para ele. Berta nasceu em Varsóvia, em 1926, e mudou-se para o Brasil em 1939, dias antes da invasão alemã. Fez parte de uma companhia de teatro internacional e conheceu seu marido durante uma turnê pela Argentina. “Ele era um ator chapliniano, eu tinha 20 e ele 51 anos. Absorvi dele tudo que podia”, conta. O casamento acabou porque ele era viciado em jogo e Berta investiu na carreira: trilhou pelo teatro de revista e contracenou com todos os grandes mestres, como Otelo Zeloni, Grande Otelo, Oscarito e Renato Corte Real. Marcou com o espetáculo Os Três Marinheiros, com Zeloni e Chocolate. Jô Soares não ficava sem ela e participou de todos seus programas de humor na Globo. Quando Jô foi para o SBT, ela ficou na emissora e passou para os programas do Chico Anysio. “Não gosto de quando falam mal da Globo: sou aposentada com 37 anos de emissora. Tenho o melhor plano de saúde, sou muito grata, isso sim.” Berta conhecia Renata Fronzi, eram amigas e esteve com ela até sua morte. Já Nair Bello, ela admirava sua elegância: “Nair era muito chic”. Apenas de Consuelo diz que
não tem boas recordações: “Substituí Consuelo em um espetáculo e, imagina só, ela dizia que eu rezava para entrar no lugar dela. Nunca fiz mal a ninguém!”, defende-se. Diz, orgulhosa, que manteve seus 54 quilos em seu 1,57 metro, mesmo peso de anos. Seu segredo? “Malho duas vezes por semana e com personal.” Do humor de agora é categórica: adora Paulo Gustavo e Cacau Protásio. “Gosto de humor limpo, elegante, no qual não se fala palavrões e nem se coloca perucas horrorosas. Gosto dele feito com glamour.” n
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C A PA
Menina sangue bom ISABELLE DRUMMOND CRESCEU AOS OLHOS DO PÚBLICO, MAS DIFERENTE DA MANUZITA, SUA PERSONAGEM NA NOVELA VERÃO 90, DA GLOBO, ELA NÃO VIVE NESSA JORNADA ETERNA ATRÁS DO SUCESSO. E NEM PRECISA
por thayana nunes fotos pedro dimitrow edição de moda luis fiod beleza ale de souza
a
Blazer Bottega Veneta, joias Animale ORO. Na pรกg. anterior, blazer Carolina Herrera, joias Animale ORO e bota Animale
Terno Bottega Veneta, joias Animale ORO
É
sexta-feira no Rio de Janeiro e Isabelle Drummond não está se programando para as festinhas do fim de semana ou aproveitando o pôr do sol em um bar de praia, como muitas jovens da sua idade. Ela acorda cedinho e, quando não tem gravação no Projac, parte para fazer o bem. Há dois anos, com alguns amigos, ela participa de projetos em comunidades carentes da cidade e acompanha moradores de rua no centro. Ajuda de todas as maneiras, com lazer, alimentação, doação de roupas, reforma de casas... Algo que começou aos poucos, mas que agora virou uma ONG, a Casa 197. É seu maior orgulho hoje, ao lado, claro, da Levê Pocket, uma empresa de alimentação saudável que lançou há pouco mais de um ano. A comida é toda natural, produzida com ingredientes de pequenos produtores e embalada em potes de vidros, supersustentável. “Sempre gostei de gastronomia e acho que tem um público que quer comer saudável na rua, na praia, no metrô”, diz ela para a J.P, enquanto aponta para a amiga barra empresária barra sócia Mariana Fernandes, que encabeça ambos os projetos com ela e que a acompanhou no nosso ensaio. Não é à toa que Isabelle chegou com o livro 10 Leituras Essenciais Harvard Business Review debaixo do braço e, nos intervalos, sempre dava um jeito de ler algum parágrafo e discutir com a amiga. Esse lado mulher de negócios está rendendo bons frutos: ela é convidada para falar de empreendedorismo em palestras e seus potinhos de vidro saudáveis já estão sendo vendidos até dentro da Globo. “Sou uma pessoa que gosta de ter frentes, não tenho problema de fazer muitas coisas”, afirma. Investir em algo fora da TV pareceu natural para ela, que vive aos olhos do público desde cedo – aos 7 anos deu vida à boneca Emília do Sítio do Picapau Amarelo e é dela uma das personagens mais marcantes das novelas nos últimos tempos, a empreguete Cida, de Cheias de Charme. E outra prova de que é bem diferente das meninas da sua geração é que Isabelle adora os papos-cabeça com atores veteranos como Aracy Balabanian e Malu Mader, de quem se diz muito amiga. “Existe uma coisa muito preciosa nessas artistas, que a gente precisa olhar e ter como referência, como o desprendimento, a não vaidade, uma entrega profunda à arte”, reflete, sem querer fazer comparações. “Estamos em um momento diferente. Agora é outra cultura, natural com toda essa tecnologia. Mas acho que é hora de a gente prestar atenção no que era bom.” Sempre discreta em relação à vida pessoal, foram poucas as vezes que se envolveu em alguma polêmica. Teve o fim do namoro com o cantor Tiago Iorc – notícias diziam que Bruna Marquezine era responsável pela briga do casal, o que foi desmentido na época – e a foto da bandeira do Brasil publicada em seu Instagram no primeiro dia deste ano, alvo de críticas por parecer apoio a Jair Bolsonaro. Mas ela não liga. A fama não a incomoda. “É consequência do nosso trabalho. Meu olhar é para a arte e muito mais para dentro do que estou fazendo do que para fora.” A verdade é que Isabelle, bem diferente da Manuzita, de Verão 90, novela das 7 da Globo, tem uma vida bem com os pés no chão. “Levo uma vida muito real.” n
UM LUGAR NO MUNDO Florença, Itália NÃO FALTA NO CAFÉ DA MANHÃ Mel ATIVIDADE FÍSICA Balé e treino funcional LIVRO 10 Leituras Essenciais Harvard Business Review UMA MÚSICA “Temporary One”, Fleetwood Mac A MÚSICA QUE TE REPRESENTA “My Heart Is Yours”, Jeremiah Bowser LOOK FAVORITO Jeans, cinto e blusinha leve de seda MULHER DE ESTILO Minha avó Dirce INSTAGRAM PARA SEGUIR @filmatic PERSONAGEM NA FICÇÃO Edward Mãos de Tesoura e Tonho da Lua, de Mulheres de Areia ADMIRA EM VOCÊ Lealdade QUERIA MUDAR... Teimosia UMA INSPIRAÇÃO A missionária Heidi Baker UMA MANIA Morder os lábios DESEJO PARA DAQUI DEZ ANOS Ter realizado alguns projetos sociais que idealizamos e deixar modelos sustentáveis para pessoas nessa área UM SONHO Conhecer Israel SER FELIZ É... Viver meu propósito de vida por completo e trabalhar com projetos sociais
Casaqueto, saia e bota Animale, joias Animale ORO. Na pág. anterior, body Animale, chapéu Trash Chic, joias Animale ORO Arte: Jairo Malta Produção executiva: Ana Elisa Meyer Produção de moda: Zeca Ziembik Assistentes de fotografia: Adrian Ikematsu e Thaísa Nogueira Manicure: Rose Luna Agradecimento: Gate Tour Tratamento de imagem: WM Fusion
NA ROÇA
Mais qualidade de v ida, tempo, silêncio... Morar no campo e bem longe da correria de um g rande centro aumentou muito nos últimos anos, ainda mais com a facilidade de se estar conectado com o resto do mundo por th aya na n u n es 36 J.P ABRIL 2019
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FUI MORAR NO MATO
EM BUSCA DE EQUILÍBRIO Publicitária e designer de moda, a cidade grande sempre atraiu
LUCIANA COTTINI. Mineira de São Lourenço, com 17 anos ela
partiu para São Paulo, mas depois de uma vida agitada, incluindo trabalhar com o estilista Ronaldo Fraga, decidiu que era hora de voltar às origens. Estava prestes a lançar uma marca de roupas autoral, mas assumir a tecelagem da família e morar em um sítio entre as pequenas cidades de São Lourenço e Soledade de Minas pareceu a ideia perfeita. Não que tenha sido fácil: “Tive crise de ansiedade no início. Quando você vem de uma cidade grande, você está com a cabeça de cidade grande”, afirma. Quando chegou, Lu trabalhava muito e demorou para ela descobrir que a “gente consegue, sim, viver com menos, com mais tempo e qualidade de vida”. Hoje, ela comanda uma agência de design, uma marca de tapetes para quartos infantis e outra de toalhas de mesa, e está bem feliz. Seus clientes estão espalhados pelo Brasil e ela aproveita os fins de semana em São Paulo, onde mora o marido. “Transformei a capital no lugar para onde vou descansar.”
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PENSAR COM O CORAÇÃO Para quem olha o currículo de BRUNO PASCHOAL – advogado, pós-graduado na Fundação Getulio Vargas, com intercâmbio na Universidade Yale e estudos importantes em políticas públicas – vê um jovem prodígio. E ele é mesmo. Mas depois de circular pelo Brasil e pelo mundo e morar em Berlim, voltou para revolucionar a fazenda da família, que fica em Amparo, a 70 km de Campinas, São Paulo. “Fiz uma pesquisa em acampamentos agrários e ecovilas e descobri comunidades organizadas, que vivem da permacultura e até mesmo trabalhando com e-commerce”, conta. Agora, desde 2017, ele encabeça no maior clima colaborativo eventos de gastronomia, dança e música, proporciona vivências com artistas, oferece espaços de coworking e também recebe pessoas para trabalhar, na linha de work away, tendência mundial entre os jovens viajantes. “Não sou do campo, não consigo plantar legumes e viver com essa renda. E gosto muito mais de fazer a festa do que ir à festa”, se descreve. Mas um dos grandes motivos para o retorno ao Brasil foi um tanto mais voltado ao coração e não ao trabalho: filhos. “Eu e minha esposa, Barbara, temos uma filha, a Teresa, e estamos esperando Maria Flor. Aqui, além de estar mais perto da família, tem ainda cachoeira, ar livre...”
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NA ROÇA
PÉS DESCALÇOS
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As férias no sítio dos avós na infância marcaram para sempre a paulistana PIERA PAULA RANIERI. “Quando você põe o pé na terra e sente uma conexão é difícil não querer voltar.” E ela voltou. Mesmo viajando o mundo como modelo, dos 16 aos 21 anos, ou trabalhando com o diretor criativo Giovanni Bianco, ela sentia que seu lugar era lá, no meio da mata. “Aqui tem nascente, tem rio, árvores frutíferas, borboleta, esquilo”, descreve ela, que se mudou de vez para um sítio em Inhayba, no interior paulista. “Entendo todo esse glamour e acho que foi importante para mim, vivi uma história linda, casei, tive uma filha que também se chama Linda... Mas sempre busquei essa conexão.” Por lá, ela cultiva orgânicos em estufas e aluga chalés para quem busca uma vivência real no campo. “Quem ficar por aqui, vai colher o milho ou a mandioca, e viver o que vivo. Acordo, vou para a horta às 5h30 da manhã, trabalho tirando o matinho do canteiro, colho as bananas, as folhas de pitanga para dar cheirinho na casa e espantar os insetos... Às cinco da tarde, estou de banho tomado, com aquela vontade imensa de fazer uma sopinha e descansar.”
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NEAN R SA OIÇOA
HORIZONTE PARTICULAR
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Bem no alto da Serra da Mantiqueira, em Maria da Fé, cidadezinha mineira de 15 mil habitantes, um espaço contemporâneo guarda as criações de DOMINGOS TÓTORA, artista plástico nascido lá mesmo e que viu seu trabalho ganhar o mundo – inclua aí vendas na Sotheby’s, em galerias da Holanda, Los Angeles... Tótora já morou em São Paulo, mas quando retornou para sua cidade natal logo descobriu sua vocação ao ver descarte grande de papelão nas ruas. Apropriou-se desse material para fazer objetos e móveis de design e o resultado final é uma profusão de formas orgânicas inspiradas na natureza. Um trabalho sustentável do começo ao fim. “O bom é que posso viver do meu trabalho no meio do mato”, brinca ele, que tem uma vista surreal para a Mata Atlântica. “É uma vida contemplativa. Acordo às cinco da manhã, faço uma caminhada e depois parto para o ateliê”, conta. A tranquilidade do campo, porém, também cansa. “Precisa reabastecer a energia na cidade grande. Muito silêncio estressa um pouco.”
POR AÍ POR KIKI GARAVAGLIA
UMA ILHA GREGA “LOGO ALI”
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Perto de Atenas, conhecer a pequena ilha Hydra é programa obrigatório para quem visita a Grécia A Grécia e suas centenas de ilhas são um paraíso, principalmente as ilhas Cíclades, as minhas preferidas. E já aviso: é necessário ter um barco para poder desfrutá-las. E uma vez viajando por lá descobri Hydra, uma das ilhas Sarônicas e que fica a apenas duas horas de distância de Atenas saindo pelas barcas ou ferry do porto de Pireus. A cidade te encanta assim que você chega. Construída como se fosse um anfiteatro ao redor do porto, está cercada de mansões do século 18. Essas casas pertenciam aos capitães dos mares do mediterrâneo na época. Dica: não deixe de visitar a casa/museu de Lazaros Kountouriotis. Uma maravilha! Lindas também são as estreitas alamedas com os pisos e degraus de pedra, que vão “se enroscando” pelas ladeiras... Hydra foi inspiração de vários poetas gregos e se tornou parada obrigatória por
sua beleza, grandiosidade, tradição e elegância. Do lado esquerdo do porto tem as praias Hydroneta e Spilia e muitas pessoas ficam mergulhando e nadando por ali. Nós preferimos ficar num dos bares locais, sempre cheios, já que oferecem tudo que se precisa para passar o dia – de maiôs, short, bloqueadores solares, a bolas, pé de pato, máscaras etc. Porém, optamos em chegar apenas para ver o famoso e mágico pôr do sol. No dia seguinte, fomos de carro – mas dá para ir a pé também – até a praia de Vlychos, cheia de quiosques e as famosas tavernas gregas, onde almoçamos um delicioso polvo grelhado, além de mil entradinhas e saladas mediterrâneas, cheias de azeitonas gigantes. Para fazer a digestão dessa comilança, alguns de nós optamos em alugar um caiaque para dar a volta na ilha até chegar a praia de Bisti. Fotos feitas,
voltamos para Vlychos para ver novamente o pôr do sol grego, mas dessa vez ao som da música sirtaki deles, que ninguém resiste em ficar sentado. Todo mundo se levanta e dança, se sentindo no filme Zorba, o Grego, com a “pequena” ajuda da bebida deles chamada ouzo. Assim, vimos o fascinante sol dourado, gigantesco, se pondo no horizonte, às 9 da noite. Outro programa que adorei em Hydra foi passear pela ilha nos dóceis e lindos burrinhos ou mulas, que vão lentamente te levando para onde quiser – um guia local vai explicar tudo. São lindos, bem tratados, limpos e cheirosos. O caminho lateral da estrada para Kamini foi feito especialmente para que eles não tropecem nas encostas da ilha. Imperdível e diferente. Portanto, se for a Atenas, lembrem que logo ali, bem pertinho, tem uma linda ilha para conhecer. n
viajante insaciável, KIKI GARAVAGLIA já correu o mundo e, no momento, pode estar em londres ou marrakesh. só tem medo de morrer sem antes conhecer dubai
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J.P V I A JA
Um hotel d e b ra s i l e iros e m pl e n a Pata gô ni a , a ce n a ga s t r o nô mi ca e m A tl anta , um e n d e reço di g no d e re i e m E dim b ur go e out ros d e s t inos POR ADRIANA NAZARIAN
ERA UMA VEZ
Ter uma cabana para chamar de sua na Patagônia era um sonho antigo do publicitário Marcelo Schaffer e alguns amigos apaixonados pela natureza. Deu tão certo que eles transformaram um pedaço de terra especial em Futalefú, pueblo de 3 mil habitantes, no PATA LODGE . Além do hotel, que tem cabanas charmosas de madeira, o local contempla smart villages para quem deseja seguir o sonho da trupe. Em pouco tempo, o time tem tornado o projeto em exemplo de vida comunitária e sustentável. Enquanto a fazenda virou orgânica e produtiva, a energia utilizada vem do local, a água é tratada e os ciclos de reciclagem e compostagem do lixo são feitos ali. Além disso, criaram uma escola Waldorf e um centro de estudos no qual organizam cursos de ioga, meditação e até vinhos. A ordem é mergulhar no dia a dia patagônico, seja acompanhando a produção do mel ou a criação das ovelhas, seja fazendo um rafting. “Hoje, o verdadeiro luxo é a experiência. Ninguém mais está preocupado em saber quantos fios tem o lençol”, finaliza Schaffer. Em tempo: há planos de construir um hotel alpino, perto de um rio, em uma outra fazenda na região, com projeto de Carlos Motta. +PATA.CL
Novidade das boas em Cusco. O X.O. ART HOUSE é o novo hotel da MOUNTAIN LODGES OF PERU, operadora de turismo de aventura peruana que promove a preservação da cultura e da natureza nas comunidades andinas. A proposta foi transformar um casarão colonial no bairro de San Blas em espaço de arte contemporânea. Para tal, um coletivo de dez artistas foi convidado para expor pinturas, fotografias e artesanato nos sete quartos – todos com um assistente virtual para chamar de seu. +MOUNTAINLODGESOFPERU.COM
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ANTIGO X NOVO
Marola
Um daqueles segredos bem guardados entre os surfistas – pense em praias isoladas e cultura local preservada –, a ilha de Sumba, na Indonésia, está prestes a ganhar mais um hotel à altura de seu visual. Com previsão de inauguração para o próximo mês, o LELEWATU fica no topo de uma falésia com vista para um lago e o Oceano Índico. São 27 vilas com piscina privada e experiências como passeios a cavalo, hiking pelas cachoeiras e aula de culinária com chef local. No spa, os tratamentos são feitos com ingredientes colhidos in loco, caso do sal e do coco. +PREFERREDHOTELS.COM
MAIS UM Fica em Edimburgo, mais precisamente aos pés
do castelo que leva o nome da cidade escocesa, o novo hotel da rede KIMPTON – segundo do grupo no Reino Unido. Para abrigar os 184 quartos e 15 suítes, sete residências no melhor estilo georgiano foram espalhadas pela área de Georgian New Town, declarada patrimônio mundial pela Unesco. Há ainda uma casa com 12 acomodações, salas de estar e jantar, que podem ser reservadas por grupos fechados. Como de costume nos estabelecimentos da rede, estão inclusos amenities como bicicletas, colchonetes de ioga e wine hour para terminar o dia. Destaque para o Baba, restaurante ao ar livre com mezzes e grelhados feitos para serem compartilhados em mesas comunitárias e ampla carta de single malts escoceses para acompanhar. @KIMPTON
BURBURINHO
Já faz um tempo que Atlanta caiu nas graças dos viajantes. Agora, o destino americano também se firma como polo gastronômico. Entre as descobertas mais recentes, o chef chinês Rui Liu faz maravilhas da cozinha cantonesa no despretensioso MASTERPIECE . Tanto é que, em menos de um ano, o restaurantinho de oito meses precisou dobrar de tamanho para atender a multidão em busca de pratos como o porco com berinjela selada no chili. Outro lugar que já virou favorito entre os moradores é THE LOCAL PIZZAIOLO, pizzaria que aposta em ingredientes frescos e algumas inovações – vá de Montanara, que tem a massa levemente frita antes de receber molho de tomate e muçarela fresquinha. +MASTERPIECE-CHINESE.COM +THELOCALPIZZAIOLO.COM
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NOVA YOR K
Os destinos quentes do novo bairro Hudson Yards e um espaço colaborativo de gastronomia que virou must go P O R J OA N A B R I TO
TUDO NOVO (DE NOVO)
No ano passado, a coluna adiantou sobre a abertura do Hudson Yards, o novíssimo bairro de Nova York que foi literalmente construído do zero. A inauguração aconteceu no fim de março e fomos lá para olhar o que o lugar tem de melhor.
• A curadoria impecável do THE CONSERVATORY traduz um luxo minimalista. A multimarcas reúne roupas, produtos de beleza e bem-estar, itens de casa e conta com uma charmosa floricultura. As peças têm design artesanal e sustentável e entre as marcas estão Birkenstock, Costa Brazil e Tibi. +THECONSERVA-
+TAKROOMNYC.COM
TORYNYC.COM
+FORTYFIVETEN.COM
• A culinária espanhola também ganhou seu espaço com o MERCADO LITTLE SPAIN : são 15 quiosques e três restaurantes que atendem todos os gostos. Paella, churros e empanadas são algumas das opções por lá. À frente do mercado estão José Andrés e os irmãos Albert e Ferran Adrià. +LITTLESPAIN.COM
CASA CHEIA
O SHORT STORIES, no East Village, é o novo must go da cidade: trata-se de um mix de bar e restaurante que vai hospedar pop-ups de chefs descolados do mundo todo. Para Ashwin Deshmukh, um dos donos, a ideia é apresentar endereços inesperados para os foddies. Para dar o start, a primeira edição conta com o Season de Paris, famoso pelo brunch saudável – que inclui até açaí. Os próximos da fila? Uma casa alemã de tapas e um japonês especializado em pratos com molho curry. @SHORTSTORIES
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FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM; DIVULGAÇÃO
• O TAK ROOM do renomado chef, restaurateur e autor de livros de culinária Thomas Keller. Ele ficou conhecido por um dos melhores restaurantes da Califórnia, o The French Laundry, em Napa Valley. O local é superchic e o menu será dedicado à cozinha continental.
• A butique mais famosa de Dallas, a FORTY FIVE TEN, também marca presença no novo bairro. O espaço reúne itens exclusivos de marcas descoladas e novas e promete oferecer aos consumidores uma experiência diferente, mais inovadora do que as tradicionais lojas de departamentos.
OBSESSÕES POR THAYANA NUNES
FOTOS MARIANA MARÃO/DIVULGAÇÃO
Livros e mais livros – e muitos tubos de papéis de rolo – estão espalhados pela casa e pelo ateliê de Verena Smit, artista plástica e escritora paulistana que constrói poesias fazendo trocadilhos com palavras Não é à toa que Verena Smit é obcecada por livros. São eles que a inspiram em cada novo projeto e que servem de pesquisa para seu trabalho. Formada em fotografia pela Faap, em São Paulo, Verena é artista plástica e escritora e é por meio de um jogo de palavras que constrói verdadeiras poesias que ganharam fãs pelo mundo todo – entre eles Alessandro Michele, estilista da Gucci. “Compro muitos – mas claro, muitos deles não vou até o fim. Tenho até uma wishlist na Amazon que vou atualizando”, diz ela, que completa: “Os livros são mágicos”. Mas mágica mesmo é o que ela faz: consegue dar novos significados inspiradores a palavras e expressões fazendo simples trocadilhos – que de simples não têm nada. Virou uma obsessão fazer uma palavra virar outra. “Muitas vezes largo tudo o que estou fazendo para me dedicar a achar um trocadilho. Não sossego enquanto não encontrar”, conta. Junto com os livros, outra obsessão tem a ver com esse universo: papéis de rolo, de todos os tipos e tamanhos. É que eles encaixam perfeitamente na sua máquina de escrever, um de seus instrumentos de trabalho e sua maior ferramenta de expressão.
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AV E N TA L
Bem Temperados
A noite paulistana ganha novidades quentes e as nossas apostas para o ovo de chocolate certeiro nesta Páscoa POR THAYANA NUNES
Difícil não encontrar alguém que não conheça o bar e restaurante Vaca Véia, no Itaim Bibi, em São Paulo. A casa é tipo um ponto de referência: “Onde encontro você? No Vaca Véia!”. Quem nunca? Agora, os mesmos sócios querem levar essa expertise toda para os Jardins, desta vez apostando em um bar de gim. A sacada foi se juntar à RP Priscila Borgonovi, que entende tudo de festa, para agitar o PERIQUITA & GIN CLUB. Fica na rua Vitório Fasano e promete badalação e paquera – tem uma grande mesa comunitária no centro –, além, é claro, de uma boa variedade de drinques. Para as comidinhas, uma amiga de Priscila, Renata Cruz, da Rê Cruz to Go, e suas receitas tipo comfort food, como o pastel de costela. @PERIQUITA.GINCLUB
meia-luz
Não deixe de ir ao BLUE NOTE SÃO PAULO, no Conjunto Nacional. É a segunda filial brasileira do famoso clube de jazz de Nova York – o Rio ganhou um em 2017 –, e tem clima intimista e música das boas. Além de muito jazz e blues, o diferencial está em levar todo o brilho brasileiro: já passaram por lá de Yamandu Costa a Ed Motta, Bixiga 70, Hermeto Pascoal... @BLUENOTESP
COELHINHO 1
Nesta Páscoa, os ovos feitos com o chocolate belga RUBY, da Callebaut, prometem ser a sensação. Feito com a amêndoa do cacau rubi e rosa graças a um processo de fermentação diferenciado, o chocolate está ganhando boas versões. A FLEUR DE SUCRE PÂTISSERIE fez o ovo Ruby com recheio de musse de maracujá (R$ 130 – 300 g) e, no EMPÓRIO SANTA MARIA , o ovo não tem recheio, mas gostinho de frutas cítricas (R$ 99 - 330 g). +FLEURDESUCRE.COM. BR | +EMPORIOSANTAMARIA.COM.BR
COELHINHO 2
Quem gosta do chocolate mais tradicional, mas quer inovar, vá de DENGO e seu ovo 36% cacau com crocante de macadâmia e azedinho de abacaxi (R$ 86 – 180 g). Agora, pra turma que vai sempre de muito recheio, a KOPENHAGEN lançou a linha Exagero. E o nome diz tudo: o Ovo Exagero Frutas Vermelhas com Amêndoas (R$ 109,90) tem 380 gramas, mas faz um balanço perfeito com o azedinho do morango e da framboesa. +DENGO.COM | +KOPENHAGEN.COM.BR
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FOTOS REPRODUÇÃO FACEBOOK; ROGERIO VOLTAN/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO
HAPPY HOUR
BERINJELA.COM
BOLSA COMO LE GUSTA
Conheça mais sobre a Guarda Mundo, marca de bolsas da designer Nicole Malo, que lançou uma coleção exclusiva em parceria com Joyce Pascowitch
FOTOS JAIRO MALTA; DIVULGAÇÃO
Formada em design de moda com pós-graduação em fashion business na Saint Martins, de Londres, a paulistana Nicole Malo sempre refletiu sobre a moda e o papel que ela exerce na nossa vida. Trabalhou durante anos com grandes estilistas, como André Lima, e já viu suas criações expostas na semana de moda paulistana, a SPFW. No entanto, foi em um momento de introspecção que decidiu que queria fazer algo único e verdadeiro – além de duradouro. “Se está usando amarelo, todo mundo veste amarelo. Nada faz com que a gente olhe para si mesma e avalie nossos pontos fortes e o que a gente gosta de verdade”, reflete ela para a J.P sobre esse universo de tendências que muda todos os dias. E foi assim que, há sete anos, ela lançou a Guarda Mundo, uma marca de bolsas de couro 100% artesanal e exclusiva, que produz peças pensadas para cada mulher, respeitando seu estilo e sua história. Já o nome não poderia ser mais certeiro: “Você consegue ver uma bolsa por fora, mas se olhar por dentro, é possível dizer muito sobre sua dona.” Em seu ateliê, Nicole conversa com cada cliente e, partir de modelos predefinidos, customiza as cores e materiais que serão usados. Tudo a ver com o DNA do nosso Berinjela e foi por isso que Joyce Pascowitch a convidou para criarem juntas uma coleção inteira pensada pela dupla – com direito a mix de estampas e frases irreverentes escolhidas por Joyce. “Cada parceria traz um mundo próprio. Sempre procuramos trazer pessoas fortes com o seu mundo e bagagem. Pessoas que admiramos e que fazem muito sentido. Estou muito feliz.” +GUARDAMUNDO.COM.BR | @GUARDAMUNDO
As bolsas J.P para Guarda Mundo podem ser compradas no Berinjela, e no e-commerce e ateliê da própria marca.
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COR PO E A LM A
É hora de investir na vitamina C, os produtinhos com óleo de maconha e um momento relax de beleza em São Paulo P O R T H AYA N A N U N E S
DIRETO DA NATUREZA
Depois que todos os indicados ao Oscar deste ano ganharam de presente produtos da High Beauty, linha à base de óleo de cannabis e vendida na Sephora nos EUA, só se fala disso no mercado de beleza. Os produtos são feitos com canabidiol, o CBD, um dos princípios não psicoativos da maconha e conhecido por tratar doenças, de artrite a dores musculares. J.P testou e aprovou essas três marcas vendidas lá fora – no Brasil, a comercialização ainda é proibida. 1- HIGH BEAUTY
O QUE COMPRAR? • RENEW VITAMINA C SUPER CONCENTRADO ANTIOXIDANTE (R$ 95,90) DA AVON: duas a três gotas devolve toda a
luminosidade da pele.
+AVONSTORE.COM.BR • SABONETE FACIAL VITAMINA C (R$ 70) DA BE PLUS NATURAL CARE: totalmente
High Five Cannabis Seed Facial Moisturizer ( US$ 40) é um hidratante power, vegano e cruelty-free, indicado para linhas finas, pele seca e sensível. @HIGHSKINCARE
vegano, é feito com óleo essencial de laranja doce. +BEPLUSNATURALCARE.COM
2- PETER THOMAS ROTH
+EAU-THERMALE-AVENE.COM.BR
Green Releaf Calming Face Oil ( US$ 68) é um creme com óleo de cannabis e extrato de gengibre de ação calmante. Para usar junto com outro hidrante (o cheiro é estranho). @PETERTHOMASROTHOFFICIAL 3- ANDALOU NATURALS
Kit 100% vegano com tônico ( US$ 12,99), sérum (US$ 19,99) e creme diário (US$ 19,99). Ação antioxidante e hidratante. @ANDALOUNATURALS
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• A-OXITIVE SÉRUM (R$ 199,90) DA AVÈNE:
hidratante antioxidante com complexo AOX Defense e vitaminas C e E.
MODO RELAX
O entra e sai de clientes no L’Officiel III, na rua Oscar Freire, em São Paulo, não impede o salão de ter um cantinho para tratamentos de beleza relaxantes, como o BEAUTÉ AROMATIQUE . Sob os cuidados da esteticista Karla Muller, a sessão usa apenas óleos essenciais de plantas, que, após a limpeza da pele e uma esfoliação suave, são aplicados de acordo com o objetivo de cada pessoa. Nesta época, quando o rosto fica mais seco, é essencial uma hidratação com óleo de camélia, tangerina, pepino e framboesa – um boost de nutrição. +LOFFICIEL3.COM.BR
FOTOS DIVULGAÇÃO
BRISA
O clima esfriou e chegou a hora de recuperar os danos causados pelo sol. Para quem quer investir em um único produto com resultado garantido, aposte na vitamina C. “Ela é capaz de combater os radicais livres, melhorar a textura, uniformizar o tom e reduzir as linhas de expressão”, entrega Denise Figueiredo, diretora de marketing da Avon – a marca acaba de lançar o Renew Vitamina C, um superproduto que possui 10% de vitamina C pura, o equivalente 30 laranjas. E o bom dessa vitamina é que ela pode ser usada desde cedo. “A partir dos 25 anos, a pele começa a perder colágeno, momento ideal para usar junto com o filtro solar ”, complementa a médica dermatologista Larissa Viana. “Já aos 30 anos continua sendo importante para a renovação celular e, aos 40, é uma aliada quando a pele perde elasticidade, aumentam as rugas e perde o brilho... Nessa fase, a dica é investir na vitamina C com outros tratamentos como lasers e ultrassom.”
UM NOVO TOQUE POR RENATA FRANÇA
Depois do banho, na cama antes de dormir... A massagem automiracle traz benefícios que podem mudar seu dia
FOTO DIVULGAÇÃO
Sabia que, no dia a dia, temos uma série de hábitos que interferem diretamente em nosso bem-estar? Para falar sobre isso, preparei três dicas de massagem que todo mundo pode realizar em casa, antes de dormir, e que fará toda a diferença no dia seguinte. A primeira é bastante inesperada e acontece durante o ritual do banho: se ensaboar! Toda vez que você passa o sabonete das extremidades para o centro, ou seja, da mão até o peito, e de baixo para cima, dos pés à cabeça, você estará se massageando. Isso trará uma sensação de leveza para o corpo. Eu mesma faço isso no meu dia a dia e garanto que você vai se sentir muito melhor. A segunda parece boba, mas é algo que todo mundo faz corriqueiramente. Mas, com esta dica, você vai poder fazer melhor. Sabe qual é? Se enxugar. Sim, isso mesmo! Todo mundo faz isso, quando sai do banho, sem saber que se enxugar também pode ser uma automassagem. Mas, para fazer da maneira correta, você deve se enxugar de baixo para cima e das extremidades para o centro. Assim, mantém o fluxo sanguíneo e linfático, além de não ir contra ele, o que causa um tremendo bem-estar. Um dos benefícios dessa mas-
sagem é eliminar o inchaço, por exemplo. A terceira e última dica é fazer uma automassagem antes de dormir. Foi fazendo a automiracle que percebi uma enorme diferença no meu corpo: o inchaço que eu tinha, hoje já não tenho mais. Adquiri esse hábito e quero muito que vocês passem a tê-lo também, pois é à noite que tudo acontece: as células nascem, morrem e se renovam mais uma vez. Não é demais? E se você usa um bom creme com princípios ativos, esse processo fica melhor ainda! A dica é a mesma! Você vai passar o hidratante no corpo todo, sempre de baixo para cima, e das extremidades para o centro. Repita, no mínimo, cinco vezes e em cada quadrante do corpo. Antes disso, vale a pena abrir os gânglios da fossa supraclavicular, a nossa famosa saboneteira, pressionando levemente com as mãos, por três vezes. Logo depois, é só fazer a automassagem com o creme. Prontinho! Fácil, não é mesmo? São coisas simples que fazem toda a diferença. Serão mais ou menos quatro minutos, mas eles vão causar uma sensação de leveza pelo resto do dia. Se quiser repetir todo o processo ao acordar, faça isso e me conte, ok? Até o próximo mês.
RENATA FRANÇA É CRIADORA DA MASSAGEM MAIS DESEJADA PELOS FAMOSOS, A MIRACLE TOUCH. ALÉM DE SPA HOMÔNIMO, EM SÃO PAULO, A BAIANA VIAJA O PAÍS LEVANDO O MÉTODO QUE DESENVOLVEU E REVOLUCIONOU O MERCADO DA ESTÉTICA – JÁ SÃO MAIS DE 5 MIL PROFISSIONAIS ESPALHADOS PELO BRASIL E PRESENTES EM MAIS DE 20 PAÍSES
CLOSET
BÁSICA E COM BOSSA A estilista e figurinista carioca Thaís Delgado gosta de looks práticos que transitam facilmente em qualquer ocasião POR A LI N E V E S SON I FO TOS J U LI A NA R EZ EN DE
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Q
Na pág. ao lado, Thaís veste t-shirt Verkko, calça Alex e tênis Superga; aqui, vestido Verkko, bota Other Stories e brinco Gan.sho. Nos detalhes, à dir., bolsa iiiiiiiii.iiiiiiiiiiiiiiiii; à esq. óculos Zezeres e Ray-Ban; abaixo, tênis Adidas e bolsa comprada de tribo em Alter do Chão
uando Thaís Delgado abriu seu guarda-roupa para a J.P a primeira palavra que veio à mente foi praticidade. Mas se pudéssemos caracterizar este espaço – e sua dona – com uma segunda palavra, certamente também seria conforto. É até aconchegante olhar para as roupas dela, que parecem estar envoltas em uma certa maciez. Como boa empresária, que acredita em seu trabalho, boa parte de seu acervo é composta por peças de sua própria marca, a Verkko, que está ganhando cada vez mais fãs entre a turma de modernetes. Mas o segredo de tanto estilo, mesmo, é o mix esperto que ela faz com outras jovens marcas. Superantenada, mostra aqui acessórios de Julia Gastin e Gan. sho e as bolsas da irreverente iiiiiiiii.iiiiiiiiiiiiiiiii. Thaís também prioriza qualidade e durabilidade. “Uso fast fashion, mas de maneira bem pontual”, conta ela, que se define como CCC: consumista consciente e contida. “Jamais faço compras por impulso e acabo adquirindo produtos que realmente podem agregar no meu closet.” Se o minimalismo já diz quase tudo sobre o que iríamos encontrar por ali, a carioca conta que jamais teria um guarda-roupa sem “os curingas clássicos: uma boa camisa branca, t-shirt e calça social”. Além disso, ela é apaixonada por alfaiataria, peças que podem “ir com você para o trabalho e para um evento cheio de regras de etiqueta”. “Eu gos-
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CLOSET to da pluralidade da roupa. Para mim, estar confortável é estar bem vestida sempre”, afirma. Thaís, que também trabalha como assistente de figurino da Globo – está na equipe da próxima novela das 7, Bom Sucesso –, ser chic vai muito além de estar na estica. “Esse é um conceito que não está ligado ao padrão estético da moda, mas, sim, com o caráter e com as atitudes que tomamos diariamente. Ser chic é ter consciência de que vivemos em uma sociedade e que cada uma das nossas ações reflete no outro. Ser chic é ter responsabilidade social.” Isto explica porque suas principais referências não estão necessariamente na moda, mas em mulheres que lutam pelos seus direitos, como as ativistas políticas Angela Davis e Alexandria Ocasio-Cortez. Aqui, mais sobre suas escolhas.
Thaís usa terno Zara, maiô e pochete Verkko e pulseira de acervo pessoal. À dir., apetrechos de costura herdados da bisavó e sandália Osklen
UNIVERSO PARTICULAR Marcas queridinhas “Sou louca pelo trabalho visionário e moderno da Jil Sander e me identifico também com a fase Phoebe Philo na Céline. Além das criações de Alexander Wang.”
Na bolsa “Protetor labial e hidratante para as mãos, sempre.”
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Não saio de casa sem... “Pedir proteção aos meus orixás e ao meu anjo da guarda.” Frufrus “Uso o cabelo trançado. E quando a trança começa a ceder um pouco da raiz, recorro aos turbantes. Também amo amarrar lencinhos de seda no pescoço, tipo choker.”
Penteadeira “Gosto do perfume Carven, uso máscara facial Mask of Magnaminty, da Lush, e aplico uma cápsula de vitamina E no rosto, 20 minutos antes de dormir.”
FOTOS GETTY IMAGES; REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO
Cabeceira “Ler Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves, é essencial.”
Inspiração “Mulheres negras.”
fernando torquatto BEAUTY ARTIST
Giovana Cordeiro
Se na TV ela aparece com aquela cabeleira cacheada que virou sensação, por aqui a gente prova que a beleza de Gio está em todos os detalhes. Com 22 anos, a atriz já brilhou ao lado de Fernanda Montenegro e agora faz barulho em Verão 90, da Globo.
FERNANDO TORQUATTO já transformou todo mundo que importa – aqui e lá fora. só vai sossegar depois de clicar madonna
DESEJO DOURADO
O movimento cíclico da moda traz à cena um eterno queridinho da decoração. O dourado ressurgiu agora refinado e cheio de bossa, ganhando lugar em grandes espaços, objetos e acessórios, tecidos e revestimentos. E a cor também tem conquistado destaque nas festas. Quem entrega é a 100% EVENTOS, uma das maiores empresas de locação de móveis e montagens especiais da América Latina, especializada em aluguel de móveis de altíssima qualidade. Para a marca, o dourado é sinônimo de luxo, sofisticação e imponência, e tem o poder de enriquecer o ambiente e transmitir luminosidade. E, ao contrário de antigamente, o tom é usado como pontos de luz, aparecendo em um ou mais itens de acordo com o estilo da festa. A 100% Eventos tem mais de 70 mil peças de acervo, do social ao corporativo. Não à toa, é presença garantida nas principais celebrações do Brasil, como o recente casamento do DJ Alok e Romana Novais, que ganhou colunas de espelhos especialmente para compor o projeto cenográfico da festa. +CEMPORCENTOEVENTOS.COM.BR
Flávia de Picciotto Terpins e Paola de Picciotto
J.P INDICA
Mesa Majestic
Poltrona Estilo Madeira Ouro Velho
Poltrona Gucci Pufe Gucci grafite
FOTOS DIVULGAÇÃO
Cadeira Dubai Ouro
Cadeira Tokyo
Poltrona Mignon Ouro Velho
Henrique Stey Marcia Diamener, te
Grupo Profissionais Passaporte Florense 2019
Nildo José
TURISTANDO Florense desembarcou com um seleto grupo de arquitetos e decoradores em Israel para a sétima edição do Passaporte da marca. A convite de Camila Carneiro Johnson, o tour incluiu uma expedição cultural e visita à Cidade Branca.
Bruna Ximenes e André Leite
Grupo nadando no Mar Morto
Fotos MD Assessoria
ISRAEL
la Bergamo, Bruno Isaac, Priscigelo Derenze, Jóia Bergamo, An e Juliana Sica Walkiria Derenze
Camila Carneiro Johnson
Camila Carneiro Johnson, Myrella Castilho e Léo Shehtman
Lilian Arevalo e Nilce Napoli
Daniela Laloum
CÉU ABERTO Sob a batuta de Paola Carosella, a Casa de Vidro recebeu uma turma especial em um almoço para reviver os tempos áureos e as festas promovidas por Lina Bo Bardi e seu marido, Pietro, por lá.
Paola Carosella
José Simão
SÃO PAULO, SP
Fotos Paulo Freitas
Sonia Guarita
Renata Castro e Silva e Alexandre Roesler
J.P INDICA
Candida Tabet
As cerâmicas da linha Pentagonal foram criadas especialmente pela artista plástica KIMI NII para a DPOT OBJETO. São cumbucas, pratos e travessas com formas pentagonais não uniformes. Empilhados na mesa de jantar, criam composições de formas exóticas e superinteressantes. Verdadeiras esculturas. @DPOTOBJETO
Sol Camacho
DE CONVERSA EM CONVERSA POR ANTONIO BIVAR
ARISTOCRATAS
O papel das mulheres na sociedade, a política, o poder do consumo. Parece que nada muda, não importa o momento histórico Acabo de ler um excelente livro. Desses que caem na mão quando menos se espera. Meus olhos o avistaram numa feira de livros encalhados. Aristocratas, seu título. Por Stella Tillyard. Ótima tradução de Maria Alice Máximo. Quase 400 páginas, o livro é sobre quatro irmãs da aristocracia inglesa da época georgiana. É biografia e história com charme de romance. O original, inglês, foi publicado em 1994. A tradução brasileira saiu pela Record em 2003. Não encontrado em livrarias, pode ser adquirido on-line na infalível Estante Virtual, entregue em sua casa. A história acontece durante o reinado de Jorge 3º (entre 1740 e 1832), mas o encanto do livro é que parece estar falando de hoje, com a elegância que só os [verdadeiros] aristocratas têm. Costumo assinalar com marcador amarelo a essência do que leio. A seguir, alguns trechos marcados, na sequência em que foram lidos. Na colagem, os trechos (a começar pela página 55, com “a defenestração”) me parecem ter tudo a ver com o momento que atravessamos, em 2019. “A política era uma profissão com regras próprias cada vez mais complexas, sutis e tortuosas.” Não parece coisa de hoje? E segue, umas vinte páginas depois: “[No seu apego à verdade] obcecado com suas responsabilidades e com sua honradez, ele se opunha a se sujeitar a razões de conveniência. Ocupava-se tanto em detectar
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algo errado que chegava a prejudicar sua carreira. Nomeações e emolumentos. Inúmeras pensões e inúmeros cargos a membros da família e seus amigos. Para complicar esse quadro de generosidades à custa do estado, havia entre eles desentendimentos políticos que envolviam as mulheres da família tão profundamente quanto aos próprios políticos. O rei pediu-lhe que formasse um gabinete. A chave daquele gabinete era também de enormes riquezas. (E mais adiante:) Foi assim que, abarrotado de dinheiro e opróbrio, encerrou sua carreira política.” Mas as quatro irmãs – Caroline, Emily, Louisa e Sarah – personagens centrais do livro, bisnetas do rei Carlos 2º e sua amante Louise de Kéroualle, mulheres de políticos, educadas acima dos padrões das jovens da aristocracia inglesa, traçaram em sua correspondência o painel da época. A atividade epistolar era algo que se aprendia e se exercitava. A arte de escrever cartas, ao mesmo tempo informava, entretinha e revelava o caráter do missivista. (Uma certa semelhança com, hoje, o que se escreve e se comenta no WhatsApp, no Facebook e outras páginas.) Naquela época, há mais de três séculos, as irmãs Lennox achavam que o estilo epistolar devia estar de acordo com os ditames da estética, e que as cartas eram, de certa forma, públicas também. O estilo mais perfeito era cândido e brejeiro, íntimo e insinuante, mas sempre culto e elegante.
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“Já que você foi tão gentil de se queixar”, escreveu Sarah a Emily, em meados de 1770, “sinto-me inclinada a escrever minha própria revista mensal de variedades, pois acho que minhas cartas assemelham-se muito a elas: um apanhado de assuntos desconexos, com um pouco de nexo, par-ci, par là.” Nas cartas, as irmãs eram prolixas e tinham dificuldade em parar de escrever. Vivia-se num ambiente cultural marcado pelo modismo e pelo maneirismo. O marido de Louisa logo deixou de cuidar dos negócios dos outros para cuidar dos seus próprios. Desde cedo na vida Louisa percebeu que fazendo o bem seria amada. Ao deixar a Irlanda em direção a Londres, Louisa já havia adquirido a mentalidade do colonizado. E páginas adiante o rei Jorge lê num tratado de filosofia que “apesar de a lei dizer que o homem só pode ter uma mulher, a natureza lhe permite ter mais de uma” e ele conta ao primeiro-ministro que tinha vivido uma paixão havia trinta anos. Renunciara a mulher amada para casar-se com outra. Mas nunca esqueceu Sarah que, segundo a própria, o rei escreveu-lhe uma carta na qual se revelava conhecedor dos mínimos detalhes da vida dela, concedendo-lhe uma excelente pensão. Das quatro irmãs, três delas bem casadas com duques, condes e lordes, Sarah era a mais obstinada e rebelde. Fugira com um aristocrata pobre, o que causou vergonha e escândalo na família – a maioria cortou relações com ela, mas depois foi perdoada e respeitada por se casar com um mais digno (seria hoje um aristocrata de esquerda). As irmãs, cada uma tinha sua personalidade bem definida. Caroline era a mais racional; aos 35 anos escreveu a Emily: “Nunca apreciei um estilo de vida agitado e agora que estou envelhecendo creio que posso me dar ao luxo de levar a vida que gosto, poder fazer da meia-idade meu período mais feliz”. Aos 40, Caroline assumiu o papel de uma senhora de idade, pronta para “uma velhice longa e tranquila”. Joshua Reynolds a pintou na nova imagem, como mulher so-
fisticada e elegante, uma senhora de cabelos brancos, muito digna, por sua posição social e experiência de vida. Coerente com sua maneira de ser, Caroline achava que praticado com moderação, o jogo era um passatempo inofensivo. Em excesso, era um vício. Sabia que a linha que separava o prazer da ruína era tênue. Caroline achava que o comércio gerava progresso; fazer compras era, além de passatempo prazeroso, um bom exercício para com as forças do progresso. Emily e Louisa, que moravam na Irlanda, escreviam pedindo que ela ou Sarah comprassem em Londres e despachassem para elas, roupas, acessórios, móveis e decoração que elas não encontravam em Dublin. Tanto na Irlanda quanto na Inglaterra suas várias residências eram verdadeiros castelos, de acordo com a arquitetura da época. Manter funcionando todo esse imenso conjunto, as terras, fazendas, imensos jardins, seus feudos contavam com centenas de serviçais e empregados mais graduados, como o administrador e a governanta. O mordomo trabalhava em acordo com a governanta. Essas obrigações eram supervisionadas pelos donos, e divididas entre os casais e com o tempo também com os filhos. Para Louisa, as diferenças sociais, como, por exemplo, as que havia entre a dona da casa e uma empregada, eram parte do plano divino. Emily era uma apaixonada. Teve 22 filhos. Do primeiro casamento, e viúva, do casamento seguinte. Da filharada, dez morreram e 12 sobreviveram. Anualmente, ou a cada dois anos, Emily dava à luz um filho, fazia seu mês de resguardo (cujo término era ansiosamente aguardado pelo marido apaixonado), ovulava e engravidava novamente. E o livro segue, com as irmãs se adaptando às mudanças, à política, jogos do poder, tragédias... Às vezes levando ao pranto o leitor sensível. Mas o espaço aqui da coluna acabou e não dá para contar mais. Mas nestes tempos bicudos, Aristocratas também serve como um ótimo manual. n
ANTONIO BIVAR, escritor e dramaturgo, acredita que
devagar e sempre, nesse passo, vai até honolulu
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CABALA POR SHMUEL LEMLE shmuel@casadakabbalah.com.br
ALMAS GÊMEAS Fala-se muito de almas gêmeas. É um assunto atraente, todos querem saber mais sobre isso para entender melhor como funcionam os relacionamentos. E muitas vezes as pessoas pensam que o encontro das almas gêmeas significará uma relação de constante paixão e doçura. Acontece que encontrar a alma gêmea não significa, necessariamente, encontrar uma história maravilhosa de amor. Por outro lado, também não quer dizer que você tenha de sofrer. O encontro das almas gêmeas é importante para o crescimento espiritual, e esse crescimento não acontece sem esforço e alguma dor. As almas gêmeas são pessoas que se ajudam mutuamente a crescer e evoluir. O crescimento é sempre acompanhado de algum desconforto. O atrito leva ao crescimento. Entendendo isso fica claro porque, cabalisticamente, não é tão bom o termo alma gêmea. A palavra gêmea remete à ideia de pessoas iguais, que concordam em tudo. É melhor o termo em inglês “soul mates” parceiros de alma. São duas almas que precisam estar juntas para se ajudarem na evolução e na transformação, e isso nem sempre acontece da maneira mais fácil e cômoda. Todo mundo tem um lado bom e um lado mau, e amar é amar o pacote.
ALMA GÊMEA
Hei
Alef
Shin
visualizar da direita para a esquerda
60 J.P ABRIL 2019
HORÓSCOPO POR CIÇA BUENO ILUSTRAÇÕES PAULO VON POSER
ÁRIES
O ano, 2019, está finalmente começando. Com a Lua Nova em Áries no dia 5 de abril, às 5h52, teremos o início do ano e do ciclo no signo de maior energia, vitalidade, capacidade de ação e de decisão, que é para ver se agora a coisa deslancha! Sol, Lua e ascendente estarão naquele signo, superdecididos a inaugurar uma nova fase bem mais promissora. O regente do mês é Marte, que está em Gêmeos, dizendo que é hora de agir, abrir a boca, negociar, vender o peixe, argumentar, propagar ideias, mostrar produtos ou disponibilizar serviços. No meio do céu estão Saturno/Plutão juntos, propondo novos negócios e empreendimentos: crie, invente, ouse, lance, empreenda. Tem ainda uma turminha de planetas em Peixes, avisando que é preciso arrematar o passado para poder ficar livre para o futuro! (Veja abaixo as tendências para o seu signo. E, se você conhece o seu signo ascendente, leia o texto relativo ao mesmo também.)
ÁRIES (21/3 a 20/4)
LEÃO (23/7 a 22/8)
SAGITÁRIO (22/11 a 21/12)
Tem novidade de sobra nesse seu ciclo para você divulgar e sair vendendo. Você está cheio de ideias novas no quesito financeiro e cheio de empreendimentos novos para pôr no mundo. Finalize logo os projetos, plante as sementes do futuro e expanda-se.
Essa lunação vai ser ótima para você porque põe seu regente Sol em alta, tanto de energia quanto de alegria e vontade de expandir, explorar novos horizontes e territórios, sejam intelectuais ou físicos: viaje! O futuro e os amores em alta também.
Essa lunação costuma ativar a área mais gostosa da vida, intensificando os afetos e as criações, trazendo muita diversão e prazer. Nas finanças também há muita criatividade disponível para empreender novas formas de ganhos.
VIRGEM (23/8 a 22/9) O ciclo ativa a vontade de ir fundo em questões que se encontram à beira de alguma crise. Não se impressione, apenas aja. O profissional está em alta e as parcerias demonstram que a paciência foi fundamental para o reequilíbrio da relação.
CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1)
Ano novo, projetos futuros novos e Marte em seu signo vão ajudá-lo a caminhar mais rapidamente. As últimas semanas foram morosas e só agora poderá arrematar alguns tópicos na área profissional e fazer as devidas colheitas. Empenhe-se.
LIBRA (23/9 a 21/10) Lua Nova no seu oposto põe as parcerias em evidência; ou melhor, o outro é quem está em destaque. Com abordagem intelectual e inovadora, poderá travar diálogos promissores com seus parceiros e trabalhar rumo à expansão e ao futuro.
AQUÁRIO (21/1 a 19/2) Vamos falar do seu futuro em termos intelectuais? Chegou a hora de se abrir para novos interesses, novos assuntos, lugares e pessoas, inaugurando o ano. Em alta também os afetos e a criatividade. Finanças em fase de reequilíbrio.
CÂNCER (21/6 a 22/7)
ESCORPIÃO (22/10 a 21/11)
Que beleza de ciclo será o seu! Há muita energia disponível para colocar nos planos profissionais, novos horizontes e territórios conquistados que devem gerar outros projetos novos e parceiros querendo se juntar a você. Pois então: mãos à obra!
Depois de semanas de amor, prazer e diversão em alta, chegou a hora de criar, trabalhar e se empenhar para sair do mesmo lugar. Seu regente Marte diz que é hora de ir fundo e negociar pendências que beiram a crise. Mente criativa em alta.
TOURO (21/4 a 20/5) Esse ciclo não costuma ser muito importante para você e sim o do mês que vem quando será Lua Nova em seu signo. Muitas ideias pairam no ar para serem inauguradas no futuro próximo. Aja em prol disso e de suas finanças agora mesmo.
GÊMEOS (21/5 a 20/6)
É momento de se voltar para dentro de si e se perguntar o que realmente deseja da vida pessoal, familiar e íntima. Isso tudo para dar vazão à grande energia empreendedora que está disponível em você e entrar em harmonia com ela.
PEIXES (20/2 a 20/3) Vênus se une ao seu regente Netuno e a Mercúrio para restaurar a harmonia paz e a afetividade em sua vida. Arremate as pendências e abra-se para o novo: é hora de apostar na criação de novas formas de empreender e de ganhar dinheiro.
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ABRIL 2019 J.P 61
ENTRE LENÇÓIS POR ROBERTA SENDACZ
A poesia erótica sempre existiu e mesmo aquela escrita há séculos ainda causa inquietação nos leitores
N
ão fossem as marcas literais deixando na literatura traços da história, não poderíamos tê-las como ferramentas a serem utilizadas. Olhando para a poesia, diríamos não saber de onde ela surge. Quem lê Epigrama, por exemplo, pode imaginar ter sido escrito hoje. Mas não. Isso é o que nos narra José Paulo Paes, em Poesia Erótica em Tradução, uma coletânea de bolso muito da sem vergonha. Separamos aqui três poeminhas distintos que evocam a sabedoria do baixo ventre. O que acontece em quatro paredes e de cabeça para baixo, está aí. Primeiro o poeta Henri de Régnier (1) que, segundo Paes, nasceu no século 16, desistiu da teologia e mostrava o vício da sociedade francesa de sua época. Oferece uma linguagem popular. Em seguida, Guillaume Apollinaire (2), nos séculos 19 e 20, foi o precursor do surrealismo na poesia. Amigo de Picasso, diz Paes, foi também tradutor do erótico Aretino. Em 1914, filiou-se ao Exército e foi ferido e morto em combate. Do livro de Paes, extraímos o texto escrito por Rochester na poesia Nell Gwyn (3), que apresenta o rei Carlos 2º. É um tipo de poesia que remonta à morte de Cromwell. Gwyn é uma atriz cômica e amante do rei. E Mazarino é, do outro lado, uma sátira do rei que representa, Luís 14. 2 Apollinaire Hércules e Ônfale O cu Onfalico (vão cu!) Cai rápido. - Vês tu Quão fálico? -Ta ful! Priápico! Que sonho Medonho!... Segura... E a fura O hercúleo Áculeo.
3 Rochester Quarteto Nell Gwyn Quando despeço-me do rei a jeito, A língua em sua boca e a mão no nabo, Portsmouth que feche a cona de despeito, E Mazarino que me beije o rabo.
Aqui, notamos a tal poesia “sem nascimento e morte”, que citamos acima, em Régnier, e outra com as marcas temporais em Nell Gwyn. O texto de Apollinaire também levanta o cerco do surrealismo, sendo datado. “Patente ao longo de todo o itinerário da poesia erótica do Ocidente, essa reificação da mulher [‘máquina de fornicação’] aponta para a hegemonia quase total de um discurso por assim dizer falocêntrico em que o eros feminino só aparece como ausência ou vazio delimitador”, retoma Paes. Até hoje? ROBERTA SENDACZ é jornalista, mas se encontrou na filosofia. Gosta de
experimentar tudo com o que fica velado
62 J.P ABRIL 2019
FOTOS FERNANDO TORRES; DIVULGAÇÃO
1 Régnier Epigrama A língua ontem me atraiçoou. Conversando com Antonieta, Disse eu “Que foda!” e ela, faceta, Fez cara de quem não gostou. Muito embora comprometido, Vi, pelo rubor do seu rosto, Que o que eu disse dava-lhe gosto, Mas noutro lugar, não no ouvido.
AGRADECIMENTOS
ADRIANA NAZARIAN JULIANA REZENDE nossa colunista de viagem invadiu o closet da estilista arrasou mais uma vez, com e figurinista Thaís Delgado, dicas da Patagônia a Atlanta no Rio de Janeiro
PEDRO DIMITROW fotografou Isabelle Drummond, nossa estrela de capa do mês
VICTOR SANTOS foi atrás de respostas para explicar a “síndrome de Bonnie e Clyde”
RENATO FERNANDES contou detalhes das damas brasileiras da comédia de outrora
J.P NAS REDES P
MARCAS DO MÊS
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@mari_fava Amei tanto a escolha da capa! Arrasaram! @carinamviana Que capa linda, parabéns a todos... @gentilfernanda Obrigada por fazerem eu me apaixonar por mim mesma.
FOTOS MAURÍCIO NAHAS; REPRODUÇÃO; ARQUIVO PESSOAL
@manecosm Muito boa a entrevista com o Nuno (J.P 150). A revista toda está ótima!
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ISSN 1980-3206 00151
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320006
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ABRIL 2019 J.P 63
Ú LT I M A PÁ G I N A
FÁBIO PORCHAT
Quando só se fala sobre empoderamento das mulheres, vem Fábio Porchat colocando o machismo pra jogo. Com muito humor, claro, assim como ele faz em tudo na vida. O comediante que ganhou a internet pintado de azul é hoje um dos nomes mais celebrados da TV. No mês em que estreia a série Homens?, do Comedy Central, ele prova por aqui que eles estão, sim, passando por uma crise existencial, revela quem é sua Judite na vida real e brinca: “A Terra tá tão chata que tem gente acreditando que a Terra é chata de verdade”. por fernanda grilo
64 J.P ABRIL 2019
J.P: O que muda com o empodera-
mento feminino? FB: Perder no imaginário a virilidade
e importância. Fomos criados para acreditar que as meninas menstruam e têm filhos, o resto é do homem. J.P: O que uma mulher faz que você não faz? FB: Ela foi criada para aguentar mais os trancos da vida, de passar fome a se depilar. J.P: Você ri do quê? FB: Gente tomando susto. Fico o dia inteiro vendo pegadinha japonesa. J.P: E fazer rir cansa? FB: Não, é o máximo! Tem uma frase maravilhosa do Marcius Melhem: “Fazer rir para as pessoas pensarem é tão importante quanto fazer rir para esquecerem dos problemas”. J.P: Se pudesse mudar alguma coisa em você o que seria? FB: Tiraria a tendência que tenho de engordar para poder comer tudo. J.P: Qual comida te faz quebrar a dieta? FB: Queijo e frios me enlouquecem. J.P: Sua extravagância consumista é...
FB: Viajar de executiva. J.P: Momento de silêncio... FB: Quando durmo. J.P: ...e de mau humor? FB: Quando as coisas não saem do
jeito que eu quero. E fico com raiva quando fico doente. J.P: Tem um vício? FB: Já me proibi de comprar livros. Agora tenho de ler dois para comprar um. J.P: Seu bordão é... FB: “Ai, como era grande”, do Paulo Silvino. J.P: O mundo está chato? FB: Tá! A Terra tá tão chata que tem gente acreditando que a Terra é chata de verdade. J.P: Como gostaria de morrer? FB: Lúcido! J.P: Quem é a sua Judite? FB: A Marlene, que existiu de verdade. Só mudei o nome porque acho Judite mais engraçado. FOTOS JULIANA COUTINHO/DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO
J.P: Qual o nível de apego dos homens com seus pintos? FÁBIO PORCHAT: Total. Nossa existência sempre esteve ligada em “comer todo mundo”, “gozar 5 litros pra mulher gritar” e “tamanho é documento”. Homem só conta vantagem, nunca fala que está brocha. J.P: Mas ele passa por uma crise existencial? FB: Sim! Até então era tudo ele, até que, “opa, tem mais coisa envolvida nessa equação”. J.P: E como está esse processo? FB: O pessoal de 20 já entendeu, os de 50/60 não vão entender e quem tem entre 25 e 45 faz parte da geração do pobre homem hétero que não sabe como se portar diante das mudanças que já vêm tarde. J.P: Homem quando brocha... FB: Não faz sentido estar vivo. J.P: Para entender seu comportamento, o homem precisa... FB: Se dar conta de que as coisas estão mudando. O homem cresce tendo de provar que não é “viado”. Esse medo vem desde pequeno. J.P: Você já foi machista? FB: Lógico, somos todos, inclusive. J.P: Quando se deu conta que o mundo era assim? FB: Quando era criança, queria brincar com uma menina da escola apaixonada pelo Meu Pequeno Pônei, então peguei a coleção da minha irmã e achei que tinha resolvido meu problema. Minha mãe viu e gritou: “Isso é coisa de menina”.
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