Circuito Internacional de Vila Real 2022

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O desporto automóvel é perigoso. Mantenha-se num lugar seguro, não corra riscos

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Índice Mensagem Presidente do Município de Vila Real ...................................................................... 5 Mensagem Presidente da APCIVR................................................................................................. 6 Bem-vindos ao WTCR 2022 ............................................................................................................. 8 WTCR – FIA World Touring Car Cup 2022 ................................................................................... 12 Entry List ............................................................................................................................................ 14 Falando de pneus com Sebastian Trincks, Goodyear Event Leader ................................... 16 Patrocinadores .................................................................................................................................. 18 Mensagem Presidente FPAK ........................................................................................................ 20 Mensagem Presidente do CAVR .................................................................................................. 22 Welcome Message Head of DSE (Discovery Sports Events) ................................................ 24 Mensagem Presidente da CCDRN .............................................................................................. 26 Mensagem Reitor da UTAD ........................................................................................................... 28 Mensagem presidente da TPNP .................................................................................................. 30 Comissão Organizadora ................................................................................................................. 32 Inscritos Clássicos, Legends e 1300 .......................................................................................... 34 Inscritos KIA GT Cup ....................................................................................................................... 38 Campeonato de Portugal de Velocidade by Hankook ............................................................ 40 Clássicos, “Legends” e “1300” ...................................................................................................... 44 Sobre o KIA GT Cup ......................................................................................................................... 46 Entrevista ao Presidente do Município de Vila Real, Eng. Rui Santos ................................ 48 Mapa circuito .................................................................................................................................... 58 Entrevista a José Miranda da Silva, Presidente da APCIVR ................................................. 60 Com o Costa Paulo no Grande Prémio de Espanha, em Jarama ........................................ 64 Filipe Fernandes, o homem dos sete ofícios .............................................................................72 Entrevista a Eduardo Ferreira ........................................................................................................74 Evolução do logo do CIVR ............................................................................................................. 80 Entrevista a Jorge Machado ........................................................................................................ 84 Eduardo Santelmo: mais que uma paixão… uma forma de viver .........................................92 Entrevista a Francisco Lobinho ..................................................................................................114 Chegar a Vila Real há 70 anos atrás... ...................................................................................... 120 Vila Real, ímpar! .............................................................................................................................. 122 Mapa dos accesos pedonais ...................................................................................................... 130 Agenda Cultural ............................................................................................................................. 132 Mapa CIVR altimetría .................................................................................................................... 134 Mapa acessos................................................................................................................................. 136 Agradecimentos .............................................................................................................................137 Parceiros oficiais ............................................................................................................................ 138

Ediçao, Impressao e Publicidade:


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Mensagem de Boas Vindas A adrenalina e as emoções do Circuito Internacional de Vila Real vão voltar às nossas ruas em 2022. Talvez este seja o melhor símbolo de um certo regresso à normalidade, que todos desejamos nos últimos dois anos. As Corridas são festa, animação e colorido. São um momento de encontro para famílias e o motivo perfeito para promover o convívio e a confraternização dos amigos. Englobam uma série de eventos desportivos, exposições, concertos, entre outros, que complementam a corrida em si. É algo que podemos dizer, sem falsas modéstias, que fazemos bem e que nos faz bem! Quando, em 2014, fizemos regressar o automobilismo à nossa cidade, sabíamos que esta era uma aposta ganha. Acompanhado por um conjunto de pessoas abnegadas e voluntárias, o Município conseguiu, em apenas 7 meses, pôr de pé toda a estrutura necessária à realização de corridas dos vários campeonatos nacionais. O sucesso alcançado fez-nos perceber que podíamos rapidamente almejar a internacionalização do circuito. E assim, quando a oportunidade de receber o Campeonato do Mundo da FIA de Carros Turismo se colocou no ano seguinte, não a deixámos escapar. Quem diria que, em apenas pouco mais de um ano, passaríamos de um Circuito de Vila Real adormecido, para um Circuito Internacional de Vila Real que recebe a etapa portuguesa de um campeonato do mundo FIA. E se parámos nos últimos dois anos, tal deveu-se exclusivamente a uma pandemia que não queremos recordar. A nossa paixão, a nossa determinação e a certe-

za da importância do automobilismo para Vila Real, nunca estiveram em causa. E o atrevimento de uma pequena cidade do interior teve frutos. Movidos pela paixão pelos carros e pela cidade, fazemos algo que é histórico e que nos enche de orgulho. De facto, as Corridas de Vila Real são muito mais do que uma prova de competição automóvel. São, por um lado, uma parte importante da cultura dos Vila-realenses, que desde 1931 acarinham e apoiam este que é o seu principal cartaz. Por outro lado, com a inclusão de Vila Real nos calendários internacionais de algumas das principais competições de velocidade do mundo, consegue-se uma enorme exposição mediática e um aumento significativo da notoriedade da nossa cidade e da região. Este é um evento ao serviço de Vila Real, do Douro e de todo o Norte. O seu impacto económico, o seu significado para a hotelaria, para a restauração, para o turismo, são algo que todos sentimos e que reconhecemos ter extrema importância. A presença de público nacional e internacional, de jornalistas e de convidados colocam a nossa região num conjunto de radares, onde queremos estar assinalados. Quer a exposição mediática, quer a presença de tantos visitantes, tem e terá certamente um efeito sobre a notoriedade do concelho e das marcas Vila Real e Douro, com reflexos que vão muito para além do fim-de-semana das corridas e se fazem sentir na capacidade para atrair e fixar investimento.

Por tudo isto, continuamos a considerar que a aposta que fizemos foi correta. Que interpretamos bem o sentir dos nossos concidadãos e que fomos ao encontro do amor que os Vila-realenses sentem pelo desporto automóvel. Esta quase inexplicável afinidade entre as mulheres e os homens da nossa terra e tudo o que envolve velocidade, faz de Vila Real o local certo para que este evento se realize. Também a avaliação positiva feita por espectadores, parceiros, patrocinadores, promotores, e equipas dá-nos ânimo para fazer cada vez mais e melhor. Bem-vindos ao 51º Circuito Internacional de Vila Real!

Rui Santos Presidente do Município de Vila Real


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Vila Real continua a acelerar Após dois anos de pandemia, as corridas de Vila Real estão de volta. Aquele que é para muitos o melhor circuito citadino do mundo, vai novamente brilhar no primeiro fim-de-semana de julho, dias 1, 2 e 3. A velocidade e a adrenalina vão, uma vez mais, percorrer os quase cinco quilómetros do perímetro do nosso circuito. A animação e a festa que à volta deste se faz, irá pintar de cor e alegria a cidade e todo o concelho de Vila Real. É desta forma que os vila-realenses vivem as suas corridas, com uma inusitada paixão e um orgulho imenso. Vila Real é por estes dias o centro do desporto automóvel nacional e onde todos os pilotos e equipas querem estar. Esperamos um público entusiasta, dezenas e dezenas de pilotos e mais de uma centena de carros. Temos até a expectativa de bater alguns recordes. Mais pilotos, mais carros e, acima de tudo, um maior número de pessoas a assistir às nossas corridas. Quando, em junho de 2014, as corridas regressaram a Vila Real, após alguns anos de interrupção, o que se via nos olhos dos vila-realenses e de todos que nesse ano nos visitaram era uma enorme emoção. Uma extraordinária emoção. Apesar das circunstâncias e dos motivos bem diferentes para o interregno dos dois últimos anos,

José Miranda da Silva Presidente da APCIVR

o que se vai sentindo por estes dias é algo muito semelhante ao que assistimos naquela época. É caso para dizer, as corridas de automóveis são Vila Real e Vila Real são as corridas de automóveis. E é este fascínio e este invulgar entusiasmo com que as corridas são vividas na nossa cidade, que as tornam únicas no país e, porque não dizê-lo, únicas no mundo. Da nossa parte, da parte da APCIVR (Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real), assim como do CAVR (Clube Automóvel de Vila Real), que partilha connosco esta responsabilidade, asseguramos que tudo temos feito para cumprir o desafio que nos foi lançado em 2013 pelo município de Vila Real de organizar o maior evento do nosso concelho, da nossa região. Em nome da APCIVR, agradeço a todos os nossos patrocinadores, parceiros, instituições e centenas de voluntários, que connosco trabalham para que o impossível se torne, ano após ano, uma admirável realidade. Uma vez mais, sejam muito bem-vindos à 51ª edição do Circuito Internacional de Vila Real. #aceleraVilaReal


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Bem-vindos ao WTCR 2022 O “FIA World Touring Car Cup” – “WTCR” é o expoente máximo das corridas de carros de turismo versão competição-cliente e está no topo da categoria “TCR” (Touring Car Racing). Evoluindo a partir do Campeonato Mundial de Carros de Turismo da FIA – “FIA WTCC” antes da temporada de 2018, o WTCR é administrado pela FIA e promovido pela “Discovery Sports Events”. Alguns dos melhores pilotos da especialidade, incluindo pilotos consagrados e jovens talentos que procuram chegar ao topo, competem em carros TCR sobrealimentados (turbo) de marcas como Audi, CUPRA, Honda, Hyundai e Lynk & Co através dos seus departamentos de competição-cliente. Uma fórmula de “Balance of Performance” (BoP), o biocombustível de origem sustentável da “P1 Racing Fuels” e os pneus da Goodyear, proporcionam condições equitativas e equilibradas para todos, com a potência limitada a 360bhp e velocidades que atingem 260 km/h. Significativas medidas de controle de custos possibilitam a existência de boas grelhas e permitem que equipas privadas, com um limitado apoio técnico dos fabricantes, lutem pela vitória. A temporada de 2022 inclui 20 corridas em 10 fins de semana. Estão programadas para cada evento: duas sessões de treinos, uma única sessão de qualificação em três etapas com dois períodos de eliminação, e duas corridas, que contam com ampla transmissão global em direto. Para além dos títulos de pilotos e equipas FIA, o título de piloto júnior FIA é destinado ao melhor piloto de 24 anos ou menos no início de 2022, sem experiência no WTCC/WTCR antes de 2020. Pilotos independentes sem apoio financeiro direto de um fabricante são elegíveis para o Troféu WTCR.

O Goodyear #FollowTheLeader premeia o piloto que lidera a classificação após cada sessão de qualificação ou corrida. Eles são presenteados com a jaqueta amarela Goodyear #FollowTheLeader e ostentam no para-brisas do seu carro a faixa amarela” Goodyear #FollowTheLeader” até ao momento em que deixam de estar no topo da classificação de pontos. O mesmo formato de qualificação, mas com ajustes na atribuição de pontos O formato de eliminação de três fases da Qualificação (Q1, Q2, Q3) permanece inalterado, mas a forma como os pontos são concedidos é totalmente nova para 2022. A partir desta temporada, os cinco pilotos mais rápidos na qualificação, independentemente do momento em que eles registaram a sua melhor volta ou se avançam para o Q3 ou não, serão recompensados com pontos numa escala de 10-8-6-4-2. A mudança encorajará os pilotos a conseguirem tempos de volta rápidos em cada fase da qualificação e evitar a tentação de adotar uma abordagem estratégica, tentando garantir o 10º lugar no Q2, que vem com a “pole position” para a corrida com grelha de partida parcialmente invertida. A “Race 1” (corrida 1) é a principal, a “Race 2” (corrida 2) tem a grelha parcialmente invertida Antes da corrida com grelha parcialmente invertida, os pilotos da “Race 1” irão tomar o seu lugar na grelha de partida de acordo com os resultados obtidos na qualificação, e competirão durante 30 minutos mais uma volta (35 minutos mais uma volta em circuitos citadinos caso o “safety car” - viatura de segurança – tenha sido acionado). Os sete primeiros


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classificados receberão mais pontos do que anteriormente, com os pilotos a pontuarem da seguinte forma: 1º=30 pontos; 2º=23; 3º=19; 4º=16; 5º=14; 6º=12; 7º=10; 8º=8; 9º=7; 10º=6; 11º=5; 12º=4; 13º=3; 14º=2; 15º=1 A “Race 2” é a corrida com a grelha de partida parcialmente invertida havendo ação em pista durante 25 minutos mais uma volta (ou 30 minutos mais uma volta se houver uma intervenção do “safety car” no caso de um circuito citadino). Os pontos serão distribuídos da seguinte forma: 1º=25 pontos; 2º=20; 3º=16; 4º=13; 5º=11; 6º=10; 7º=9; 8º=8; 9º=7; 10º=6; 11º=5; 12º=4; 13º=3; 14º=2; 15º=1

Lembrete: Como são formadas as grelhas de partida A grelha de partida da “Race 1” é determinada pelos resultados finais do Q3 (posições 1-5) e Q2 (posições 6-12) para as 12 primeiras posições da grelha. Os resultados do Q1 decidirão a restante grelha da “Race 1”. Para a “Race 2” as posições 1 a 10 da grelha de partida são ocupadas pelos 10 primeiros carros, de acordo com os resultados finais combinados da qualificação, mas na ordem inversa. As posições 11 e 12 serão ocupadas pelos carros do Q2 que não estiverem na ordem inversa. A restante grelha é decidida pelos resultados do Q1 a partir da posição 13 para baixo.


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Duração das corridas aumentada, limitadas em tempo, não em quilómetros A “Race 1” terá 30 minutos mais uma volta e a “Race 2” terá 25 minutos mais uma volta. Para circuitos citadinos, se o “safety car” for acionado, a “Race 1” será automaticamente aumentada para 35 minutos mais uma volta, com a “Race 2” aumentada para 30 minutos mais uma volta. O objetivo é aumentar a duração de cada corrida em duas voltas para fornecer aos pilotos um tempo de pista mais significativo. Tempo para reparações aumentado A janela de tempo para reabastecimento, reparações e mudanças de configuração entre as corridas foi aumentada para um mínimo de 60 minutos em relação aos 20 anteriormente concedidos. O aumento de tempo dará às equipas mais oportunidades de reparar os danos da “Race 1” de uma forma mais calma ou mudar para um “set-up” (afinação) que poderá melhorar o desempenho do carro para a “Race 2” e aumentar a possibilidade de vitória. Com mais tempo para preparar os carros para a segunda corrida do fim-de-semana, os pilotos estarão naturalmente mais inclinados a arriscar mais na “Race 1”, daí resultando melhores corridas. Regras para Pesos de Compensação revistas As regras de Peso de Compensação foram revistas e simplificadas para 2022. Todos os carros carregarão “zero” quilos de Peso de Compensação no primeiro evento da nova temporada do WTCR. Para o segundo evento, o Peso de Compensação para cada modelo será baseado no melhor tempo de Qualificação definido durante o evento anterior. A partir do terceiro evento, o Peso de Compensação será baseado no melhor tempo de qualificação definido durante um dos dois eventos anteriores, em vez de uma

média dos melhores tempos de duas voltas em três eventos, como foi o caso em 2021. Isto significa que o Peso de Compensação será mais rápido de atualizar e, consequentemente, mais efetivo. Para além disso, o Peso de Compensação máximo foi reduzido de 60 para 40 kg para evitar diferenças de desempenho significativamente diferentes de corrida para corrida e, portanto, aproximar ainda mais os níveis de desempenho de cada marca. Os mesmos princípios de Peso de Compensação serão aplicados às inscrições corrida a corrida. Inscrições corrida a corrida O período de inscrição para a totalidade da temporada já está encerrado. As inscrições corrida a corrida fecham duas semanas antes de cada evento. Calendário WTCR – FIA World Touring Car Cup 2022 Corridas 1 e 2: WTCR Race of France, “Circuit de Pau-Ville”, 7 a 8 de maio Corridas 3 e 4: WTCR Race of Germany, “Nürburgring Nordschleife”, 26 a 28 de maio Corridas 5 e 6: WTCR Race of Hungary,”Hungaroring”, 11 a 12 de junho Corridas 7 e 8: WTCR Race of Spain, “MotorLand Aragón”, 25 a 26 de junho Corridas 9 e 10: WTCR Race of Portugal, “Circuito Internacional de Vila Real”, 2 a 3 de julho Corridas 11 e 12: WTCR Race of Italy, “Autodromo Vallelunga Piero Taruffi”, 23 a 24 de julho Corridas 13 e 14: WTCR Race of Alsace GrandEst, “Anneau du Rhin”, 6 a 7 de agosto Corridas 15 e 16: WTCR Race of Korea, “Inje Speedium”, 8 a 9 de outubro Corridas 17 e 18: WTCR Race of China, “Ningbo International Speedpark”, 5 a 6 de novembro Corridas 19 e 20: Corrida WTCR de Macau, “Circuito da Guia”, 18 a 20 de Novembro


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WTCR – FIA World Touring Car Cup 2022


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illes Magnus (BEL) #16 - G Audi RS 3 LMS

#5 - Norbert Michelisz (HUN) Hyundai Elantra N TCR

#9 - A ttila Tassi (HUN) Honda Civic Type R TCR

#11- Thed Björk (SUE) Lynk & Co 03 TCR

#17 - Nathanaël Berthon (FRA) Audi RS 3 LMS

#18 - Tiago Monteiro (POR) Honda Civic Type R TCR

#25 - Mehdi Bennani (MAR) Audi RS 3 LMS

#12 - Santiago Urrutia (URU) Lynk & Co 03 TCR

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#29- Néstor Girolami (ARG) Honda Civic Type R TCR

#33 - Tom Coronel (NED) Audi RS 3 LMS

#55 - Ma Qing Hua (CHN) Lynk & Co 03 TCR

#68 - Y ann Ehrlacher (FRA) Lynk & Co 03 TCR

#79- Rob Huff (GBR) CUPRA Leon Competición

#86- Esteban Guerrieri (ARG) Honda Civic Type R TCR

ikel Azcona (ESP) #96 - M Hyundai Elantra N TCR

#99 - D ániel Nagy (HUN) CUPRA Leon Competición

#100 - Yvan Muller (FRA) Lynk & Co 03 TCR

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Falando de pneus com Sebastian Trincks, Goodyear Event Leader

Quais os desafios adicionais para os pneus criados pelos circuitos citadinos? “É sempre necessário ter em mente que os circuitos citadinos são, durante a noite, vias públicas abertas. Desta forma todos os veículos “normais” circulam nesse local e a superfície pode estar suja e escorregadia.” As pistas desenhadas nas ruas de uma cidade têm mais perigos do que os circuitos permanentes. Como é feita a preparação tendo em conta esse aspeto? “Embora não seja fácil fazer um reconhecimento do traçado em circuitos de rua, todos os pilotos e engenheiros fazem uma inspeção de pista antes do evento, como naturalmente faremos no caso de Vila Real, para ver se há riscos potenciais que possam causar problemas para os pneus.” Há alguma mudança nos pneus para este ano? “Gostamos de consistência, por isso as especificações de pneus para piso seco e molhado são as mesmas do ano passado. Esta situação também é boa para as equipas porque elas têm uma boa base para trabalhar e não aumenta os orçamentos.”

As quantidades de pneus foram ajustadas para este ano? “A alocação de pneus é a mesma do ano passado. Para o primeiro evento, todos os pilotos têm 16 pneus de chuva e 16 novos pneus “slick” disponíveis.” A “Race 1” tem agora uma duração de 30 minutos + 1 volta. Que diferença isso fará? “Uma corrida com duas ou três voltas a mais, em termos de desgaste, não nos traz nenhuma preocupação adicional, mas os pilotos e engenheiros devem ter isso em consideração em termos de afinação.” Quantos engenheiros e técnicos de pneus da Goodyear estarão a trabalhar durante o evento? “Temos seis técnicos no local e três engenheiros de suporte de pista que estão em ligação permanente com os engenheiros e pilotos das equipas de forma a poderem recolher todos os dados possíveis.”


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É com enorme prazer que dou as boas-vindas a todos ao Circuito Internacional de Vila Real Depois do interregno a que fomos obrigados fruto da pandemia, tenho a certeza que este regresso será um momento muito desejado por pilotos, equipas e público e que teremos um grande evento, como aliás foram todos nos últimos anos. O Circuito Internacional de Vila Real é uma referência em termos nacionais e internacionais. A organização de excelência, a capacidade de bem receber e um público fantástico, são características que todos reconhecem como fazendo parte do ADN de Vila Real. Como é habitual, para além das duas corridas do FIA WTCR, teremos os nossos Campeonatos: o Campeonato de Portugal de Velocidade, o Campeonato de Portugal de Legends, o Campeonato de Portugal de Velocidade 1300 e o Campeonato de Portugal de Clássicos que completam um programa intenso e muito disputado. A FPAK orgulha-se bastante de todo o trabalho que é feito por Vila Real para oferecer o que há de melhor no nosso desporto e projectar a cidade

e o nosso país num contexto mundial. Quem corre em Vila Real quer sempre regressar e isso é um enorme orgulho. O Circuito com todo o seu encanto, história e tradição, é sempre o local de eleição para os pilotos portugueses, mas cada vez mais para muitos pilotos internacionais. Tive o privilégio de correr em Vila Real, e de ser o recordista da pista na versão longa com chicanes. Isto mostra bem a afinidade e o gosto que tenho pela cidade e por tudo o que fizeram e fazem pelo desporto automóvel. Vila Real respira automobilismo e as suas gentes fazem das corridas uma festa. Vamos ter mais um grande fim-de-semana, onde pilotos e público serão os principais protagonistas, desta enorme festa do desporto automóvel.

Por fim, uma palavra de incentivo ao nosso piloto português no FIA WTCR, Tiago Monteiro, sempre bem-sucedido nesta pista. Esperamos todos vê-lo no pódio!

Ni Amorim Presidente FPAK



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As nossas corridas Os Vila-realenses orgulham-se, do seu pioneirismo na organização de eventos do desporto automóvel em Portugal, construindo ao longo de décadas uma identidade muito própria. Paixão, as nossas corridas, o nosso circuito internacional, os nossos pilotos, são termos que se ouvem muito frequentemente, no nosso dia a dia, e é só nosso. Desculpem todos os outros aficionados deste desporto, mas estas são as nossas corridas, e o 51º Circuito Internacional de Vila Real está aí! Com muito esforço muito trabalho, e dedicação à nossa causa, ele está aí. Por isso mais uma vez é com muito orgulho e prazer que em meu nome e do CAVR dou as boas vindas a todas as equipas do Mundial WTCR, bem como do Campeonato de Portugal e aos aficionados que connosco querem viver um fim de semana inesquecível. Esperamos que VILA REAL se torne a vossa casa durante o período em que decorre o nosso evento. De certeza que vamos todos viver momentos inesquecíveis. As coisas que realizamos, nunca são tão belas quanto as que sonhamos. Mas às vezes, acontecem coisas tão belas, que nunca pensamos em sonhá-las. Assumirmos a organização de

duas provas do mundial de automóveis é não só um orgulho sem fim para todos nós como uma enorme responsabilidade. O CAVR agradece a todos que aceitaram o convite e estão presentes nas nossas corridas, tão importantes para todos os vilarealenses e não só. Compartilhar com todos vós estas corridas, é incrível e saber que vocês reservaram algumas horas para estar ao nosso lado é maravilhoso. Muito obrigado pela atenção e por todas as boas energias. A todos os que colaboram com o CAVR neste evento, em meu nome e do Clube que represento, quero agradecer a cada um de vocês, pelo esforço e dedicação que colocam diariamente nas nossas corridas. Obrigado, vocês são a prova de que o sucesso se alcança através de paixão, talento, determinação e trabalho duro. Um bem-haja a todos. Divirtam-se neste fim de semana do nosso, 51º Circuito Internacional de Vila Real.

Jorge Manuel Rodrigues de Almeida Presidente do CAVR


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Mensagem de Boas Vindas Em nome da Discovery Sports Events e de toda a família WTCR – FIA World Touring Car Cup, é realmente um grande prazer dar-vos as boas-vindas ao tão esperado regresso da “WTCR Race of Portugal” a Vila Real, uma espera que foi demasiado longa. Não preciso explicar porque razão, desde 2019, não é possível trazer o WTCR para esta cidade maravilhosa e desfrutar da receção calorosa e entusiástica que sempre recebemos. Mas posso falar em nome de todos os que estão ligados ao WTCR que é fantástico estar de volta. Além disso o nosso regresso coincide com um marco significativo na história do WTCR, pois a Corrida 2 em Vila Real será a 100ª corrida do WTCR, um momento de orgulho para todos os envolvidos. Quando em maio de 2021 anunciámos que não poderíamos trazer o WTCR para Vila Real, pelo segundo ano consecutivo devido a restrições relacionadas a aglomerações como resultado da pandemia global que atravessávamos, revelámos planos para um novo acordo de três anos para o “WTCR Race of Portugal” em Vila Real a partir de 2022. Antes da pandemia global, a “Discovery Sports Events” – ou Eurosport Events como éramos conhecidos – fez cinco visitas memoráveis a Vila Real, primeiro com o FIA World Touring Car Championship desde 2015 e depois com o WTCR a partir de 2018. Trabalhando em estreita colaboração com o Presidente da Câmara, Rui Santos, e a sua equipa, conseguimos realizar cinco eventos espetaculares que não só contribuíram para o sucesso do WTCC e depois do WTCR, mas também ajudaram a consolidar a posição de Vila Real no mapa do automobilismo mundial e sublinhar a sua reputação como uma das melhores pistas citadinas existentes, mas também como uma das mais desafiantes.

Foi particularmente triste não podermos trazer o WTCR a Vila Real no ano passado, para o que teria sido o 90º aniversário da primeira corrida em 1931. Mas graças aos esforços coletivos da Câmara Municipal de Vila Real, da FPAK e, claro, da FIA, podemos voltar para o que consideramos como o reinício de uma parceria que esperamos continue a longo prazo. O que ficou sempre patente em todas as visitas a Vila Real é a vontade de todos os que estão ligados ao evento em trabalhar com paixão e dedicação, sempre com o firme objetivo de prestar o melhor serviço possível. De fato, a mesma observação se aplica à própria cidade, algo digno de muito crédito. Há sempre uma abordagem em termos de futuro em Vila Real e uma vontade de concretizar iniciativas “fora da caixa”, como quando a “Joker Lap” foi introduzida em 2017, uma estreia nas corridas de circuito sob a alçada da FIA. Claro que o regresso a Vila Real traz-nos boas recordações da nossa última visita em 2019, quando Tiago Monteiro conquistou aquela famosa vitória de regresso após a recuperação de uma lesão grave sofrida num acidente de teste noutra pista dois anos antes. Foi um resultado incrível, mas as cenas emocionantes quando milhares de adeptos cantaram “A Portuguesa” em frente ao pódio são memórias que ficarão para sempre. Tiago Monteiro estará na grelha quando o WTCR regressar a Vila Real e com ele haverá novos pilotos que irão enfrentar o circuito pela primeira vez e um novo formato de fim-de-semana pela frente. E embora haja alguns novos pilotos, muitos dos grandes nomes que correram em Vila Real há três anos estarão de volta. Com 16 vencedores de corrida em ação, espera-se um grande espetáculo que desejamos seja do seu agrado.

É bastante comum os pilotos mencionarem Vila Real no mesmo patamar que Nürburgring Nordschleife e Macau, não apenas em termos de nível de dificuldade, mas também pelo prazer que sentem ao correr nestes circuitos.

François Ribeiro Head of DSE (Discovery Sports Events)


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O Douro no mapa mundo dos grandes circuitos de turismo A emoção da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCC) da FIA está de volta, com uma edição que será certamente especial. Não só porque marca o regresso desta importante prova do automobilismo mundial, interrompida durante dois anos pela pandemia de Covid-19, mas também porque em 2022 se dá o regresso da etapa portuguesa à Região Norte e ao Douro. O município de Vila Real será novamente palco deste evento, integrando o 51.º Circuito Internacional de Vila Real. Depois de França, Alemanha, Hungria e Espanha, é com especial entusiasmo que vemos o calendário do WTCC chegar, em julho, a Portugal e, em particular, ao Norte do país. Depois, continuará pelos circuitos de Itália, Alsácia, Coreia, China e Macau. Com a certeza de que todos estes locais e culturas aportam algo de especial e positivo a esta prova mundial, é aqui, no coração do Douro, que o mundo do automobilismo encontrará o único circuito que coloca no mapa uma região vinhateira Património Mundial. Afinal, não só de asfalto se faz uma grande corrida. Na multiplicidade de fatores externos à pista que influem sobre o evento, o nosso circuito assume uma di-

mensão simbólica e histórica que o torna única e o coloca no mesmo mapa dos grandes circuitos mundiais. O regresso desta prova à nossa Região afigura-se, por isso, uma excelente notícia não apenas para nós que a recebemos, mas também para a organização do WTCC, que terá o privilégio de voltar a organizar um evento num destino tão especial. As vantagens e os impactos do acolhimento de grandes eventos são diversos e relevantes. Entre as equipas e os aficionados da corrida, largos milhares visitarão o Alto Douro Vinhateiro, não apenas consumindo serviços, mas também difundindo a imagem do destino internacionalmente, reconhecendo-lhe o seu valor universal excecional. Se, por um lado, o impacto económico direto do evento assume um papel de grande importância, não menos significativo é, por outro lado, o impacto indireto de notoriedade gerado pelas transmissões internacionais asseguradas por várias cadeias televisivas mundiais. Não são muitos os eventos que permitem uma projeção desta

magnitude, cujo alcance vai além dos milhões de aficionados pelo automobilismo. Esta é uma possibilidade real de promover o Douro enquanto destino turístico de excelência, desígnio que se mantém uma prioridade do Norte de Portugal. O investimento que tem sido feito na Região Demarcada do Douro – não só em infraestruturas de mobilidade e turismo, mas também nas dimensões humanas ligadas à cultura, à ciência, à educação e à formação – justifica uma estratégia de comunicação deste território como uma oportunidade para visitar, mas também para viver e investir. A mensagem central da recente celebração dos 20 anos do Alto Douro Vinhateiro Património Mundial vai nesse sentido. Estou certo de que a corrida de Vila Real não consagrará apenas um piloto. Será também uma grande vitória para o Douro, para a Região Norte e para Portugal.

António Cunha Presidente da CCDRN


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Um regresso sempre desejado É histórico o interesse das populações do Norte de Portugal pelo desporto automóvel, sejam ralis ou corridas de velocidade, facto extensível à Região da Galiza, que de forma consistente partilha esta enorme e longínqua paixão. Há um sentimento que leva a admitir, fazendo parte do senso comum, que corridas em Viela Real e Vila do Conde, bem como Rali no Norte, como algo que todos compreendem e não há necessidade de explicar. Com início em épocas idênticas, durante muitas dezenas de anos as corridas de Vila do Conde e Vila Real marcaram de forma indelével as memórias de muitos dos que tiveram o privilégio de as acompanhar de perto. Tendo a primeira corrida em Vila do Conde sido realizada em setembro de 1931, com repetições anuais ininterruptas até 2003, esse ano decretou o fim desse evento, onde o mítico trofeu Mini 1000 deixou marcas profundas em muitos dos muros circundantes. Já no que concerne ao Rali de Portugal, durante anos considerado como o melhor do mundo, podemos afirmar sem ser imodestos que o Norte de Portugal materializa a alma do rali, o que foi muito evidente nos anos em que o mesmo não decorreu na região. Nascido no âmbito do Grupo Cultural e Desportivo da TAP em 1963, depois Rali Internacional TAP a partir de 1967, a prova teve em Alfredo César Torres a sua figura de proa, que com a ajuda de uma fantástica equipa colocou a prova no topo do campeonato do mundo da modalidade.

Tendo começado ainda mais cedo do que Vila do Conde, o Circuito Internacional de Vila Real, conhecido entre os amantes deste desporto como “Santuário do Automobilismo”, ou o Mónaco Português, sempre fez deslocar até à cidade transmontana dezenas de milhar de pessoas todos os anos, com as décadas de 60 e 70 a permitirem uma primeira fase de apogeu deste circuito, época em que muitas dezenas de pilotos estrangeiros se apresentavam em prova, proporcionando à mesma um espírito altamente competitivo. A sua capacidade de regeneração às sucessivas interrupções, só possível pela paixão das suas gentes, permitiu um regresso fantástico e ambicioso a partir de 2014, com um novo fôlego, uma pista modificada e a vontade de integrar uma prova do calendário internacional. A chegada WTCC em 2015 foi o coroar perfeito de todo este esforço, sendo que a partir daí, nos anos seguintes, milhares de pessoas projetaram uma imagem única de Vila Real e do Douro para todo o mundo. A cidade viveu, em cada ano, um ambiente cosmopolita como antes nunca se vira, num sentimento de alegria que contagiou cada um de nós. A paragem imposta pela pandemia em 2020 e 2021 em nada esmoreceu o interesse pelas corridas, que regressam este ano com novos desafios e exigências, mas com a vontade firme da fazer o melhor circuito de sempre. O nosso obrigado e um enorme bem-haja a todos os que permitem que este momento.

Emídio Gomes Reitor da UTAD


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Circuito Automóvel de Vila Real, uma “âncora” da região e do país! É com enorme satisfação que o Turismo do Porto e Norte de Portugal vê o regresso do WTCR ao Circuito Internacional de Vila Real, este que é um dos maiores eventos desportivos do ano, catalisador do turismo na região, que o Turismo Porto e Norte assume orgulhosamente como um bom prenúncio para uma excelente época alta no Vale do Douro e em todo o Norte, em geral. Este evento automobilístico do calendário mundial – o maior das seis provas a acontecerem no fim de semana de 1 a 3 de julho - realiza-se no icónico traçado citadino da capital transmontana e representa para a cidade de Vila Real, para a região e para o um acontecimento de grande projeção internacional, não só pela transmissão direta televisiva para um universo de 80 milhões de pessoas, como pela mobilização de milhares de pessoas, nacionais e turistas estrangeiros que se deslocam a Vila Real, sem esquecer as comitivas, equipas e media que se fixam por estes dias na região contagiando todos com o fantástico som dos motores e o movimento frenético dos staff’s da prova. É por estas razões que o Circuito Internacional de Vila Real é hoje uma das “âncoras” em matéria de eventos internacionais. Comprovadamente um dos maiores eventos automobilísticos nacionais, o WTCR reconquistou nos últimos anos a visibilidade mundial das décadas de ouro do Circuito de Vila Real, de tal forma de a indústria cinematográfica internacional marcará presença nesta 51ª edição, contribuindo sobremaneira para a crescente notoriedade do evento em termos de imagem turística e para a dinamização da economia do concelho e da região.

A expetativa e a mobilização são gerais em toda a região. A mesma euforia e moldura humana agitam a cidade que volta a viver intensamente dias de grandes emoções continuando a escrever páginas de glória na sua já longa e incontornável história de feitos automobilísticos. Por todos estes motivos e porque o Porto e Norte de Portugal é indubitavelmente a região com maior mística e tradição em provas de desporto automóvel e onde os amantes mais fervorosamente vibram com as façanhas dos seus pilotos favoritos, o Turismo do Porto e Norte deseja a toda a organização, sponsors, equipas, comunicação social e demais envolvidos uma excelente prova, renovando igualmente o apelo a toda a população e visitantes para que aproveitem este enorme evento para visitar a região e desfrutar das suas paisagens, localidades, gastronomia, vinhos, arte, cultura e tradições extraordinárias. Força Vila Real, aceleremos juntos!

Luís Pedro Martins Presidente TPNP



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Comissão Organizadora Município de Vila Real

CAVR - Clube Automóvel de Vila Real Representado por

Representado por: Rui Santos Presidente Alexandre Favaios Vice-Presidente; Vereador (Educação e Ensino; Desporto, Juventude e Tempos Livres; Desenvolvimento das Freguesias; Defesa do Consumidor - CIAC; Julgado de Paz; Contraordenações) APCIVR – Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real Representada por: José Miranda da Silva Presidente Filipe Fernandes António China Adriano Tavares Nuno Augusto Eduardo Passos (Presidente Assembleia Geral) Rui Taboada (Presidente Conselho Fiscal)

Jorge Almeida Presidente Fernando Vaz António Pureza Eduardo Ferreira Pedro Polido Daniel Almeida Oficiais de Prova: Diretor da prova: Eduardo Ferreira Secretário da prova: João Silva Responsável pela segurança: Pedro Polido Comissário técnico chefe: Pedro Couto Médico chefe da prova: André Luís “Press-Officer”: Rodrigo Sá



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Inscritos CPV Clássicos Nº

Condutor 1

Viatura

Campeonato

2

Rui Costa

Condutor 2

Ford Escort RS 1600

H75

4

Nuno Baptista

Volvo 240 Turbo

H85

5

Pedro Poças

Porsche 924

H81

6

Joaquim Jorge

Ford Escort RS 1600

H75

12

Rui Azevedo

Ford Escort RS 1600

H75

14

João Novo Jr

Ford Escort RS 1600

GR5

20

Rui Alves

Ford Escort RS 1600

H75

21

Nuno Augusto

Ford Escort RS 2000

H81

22

Rui Moura

VW Golf Gti

H81

23

João Vieira

Porsche 914-6 GT

H71

24

António Soares

Ford Escort RS 1600

H75

25

Luis Liberal

Ford Escort RS 2000

GR1

27

Carlos Vieira

Ford Escort RS 1600

GR5

28

Nuno Breda

Ford Escort RS 2000

GR1

32

Jorge Cruz

BMW 323i

H81

33

João Cruz

Ford Anglia

GR5

35

Ricardo Pereira

Ford Escort RS 2000

GR1

41

Jorge Simão

Ford Escort RS 1600

GR1

42

João Paulo Sousa

BMW 635 CSI

GR5

44

Luis Delgado

Volvo 240 Turbo

H85

45

Paulo Lima

BMW 1600Ti

GR1

55

Domingos Coutinho

BMW 2800 CS

H71

77

Luis Nunes

Ford Escort MK1

GR5

78

José Santos

Ford Escort MK2

H81

João Moreira


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Inscritos CPV 1300

36

Condutor 1

Condutor 2

Viatura

2

Paulo Miguel

Miguel Miguel

MG Metro

Campeonato H81

3

Mota Freitas

Citroen AX Sport

Legends

4

Pedro Botelho

Mini 1275 GT

H71

5

Luís Alegria

Datsun 1200

H75

7

Cândido Monteiro

Datsun 1200

H71

12

David Vieira

Fiat Punto 85

Des. Anpac

13

João Braga

Datsun 1200

H75

16

Pedro Barbosa

Datsun 1200

H75

18

Manuel Mota

Fiat Punto 85

Des. Anpac

22

Tiago Silva

Fiat Punto 85

Des. Anpac

23

Válter Tão

Datsun 1200

H75

25

Jorge Marques

Toyota Starlet 1300S

Legends

28

João P. Peixoto

Morris Cooper

H71

29

José Fafiães

Datsun 1200

H75

31

Carlos Cruz

Datsun 1200

H75

35

Rui Fonseca

Toyota Starlet 1300S

Legends

37

Francisco Milheiro

Peugeot 106

Legends

40

Marco Pinto Moura

Fiat Punto 85

Des. Anpac

44

Jorge Silva

Fiat Punto 85

Des. Anpac

45

Daniel Gouveia

Fiat Punto 85

Des. Anpac

47

Ricardo Ferrão

Opel Corsa A

Legends

48

Francisco Marrão

Luís Facote

Fiat Punto 85

Des. Anpac

51

Pedro Cerqueira

João Diogo Santos Fiat Punto 85

Des. Anpac

Fiat Punto 85

Des. Anpac

Fiat Punto 85

Des. Anpac

Luís Gachineiro

52

Pedro Teixeira

53

Diogo Tão

54

José Silva

Toyota Starlet

H81

55

João Arantes

Citroen AX Sport

Legends

56

Pedro Pinto

Fiat Punto 85

Des. Anpac

57

David Formigo

Seat Panda 45

H81-1000

60

Ângelo Ribeiro

Citroen AX Sport

Legends

62

Bruno Pires

Datsun 1200

H71

63

Luís Sousa Costa

Datsun 1200

H71

69

Fernando Carneiro

Mini Cooper

H71

73

Rui Castro

Datsun 1200

Des. Anpac

76

Pedro Fonseca

Fiat Punto 85

Des. Anpac

77

Filipe Marques

Manuel Fernandes Fiat Punto 85

Des. Anpac

99

Pedro Pimenta

Otílio Ferreira

Peugeot 106

Legends


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Condutor 1 Vasco Barros João Novo José Paulo Sousa Duarte Trindade José Meireles Simplício Taveira Hernâni Conceição Gonçalo Novo Horst Baptista José M. Almeida Olavo Ribeiro Márcio Teixeira Jorge Serôdio António Sarabando Paulo Teixeira Tiago Ribeiro António Conceição Sérgio Monteiro Arlindo Beça Joaquim Soares João Miguel Ribeiro António Barros Paulo Vieira Ricardo Diniz João Luís André Monteiro Artur Monteiro Hugo Lisboa João Tão Marco Coelho Pedro Lisboa Paulo Ferraz Daniel Pereira Marcos Gonçalves Vicente Serrão Pedro Carvalho Nuno Barroso Tiago Montes Sérgio Pinto Luís Barros Guilherme Cabeço Manuel Fernandes André Tavares Rui Silva Marcos Oliveira Filipe Matias João Vieira Francisco Gonçalves Filipe Ferreira Sérgio Azevedo Francisco Viola Eduardo Leitão Pedro Cerqueira Raul Delgado Hugo Oliveira Eleutério Duarte Hélder Moura Rui Gonçalves

Condutor 2

Abel Marques

Armindo Correia

Nuno Pereira

Fernando Carvalho João Sousa

Hugo Mestre Miguel Mota Joel Reis Marco Osório Rodrigo Macedo

Orlando Batina Filipe Barreto Gonçalo Inácio Nuno Figueiredo Estevão Oliveira

Nuno Baptista

Viatura Mercedes 190 2.3 16V Ford Sierra RS 500 BMW E36 M3 Citroen Saxo Cup Toyota Carina 2.0 GTi Toyota Corola GTi Alfa Romeo 156 2.0 Peugeot 106 GTi Renault 5 GT Turbo Honda Integra Type R Peugeot 306 S16 Citroen Saxo BMW 320 Is Peugeot 306 GTi BMW 325i Honda Integra Type R Mercedes 190 2.3 16V Fiat Tipo 16V Toyota Carina 2.0 GTi Alfa Romeo 156 2.0 Volkswagen Golf GTi BMW E36 M3 BMW E36 M3 Honda Civic Type R Renault Spider Citroen Saxo VTS Citroen Saxo VTS BMW 323i Citroen Saxo Peugeot 306 GTi Porsche Boxter Renault Clio 1.8 16V Honda Civic Peugeot 205 GTi Volkswagen Golf TDi Citroen Saxo VTS Peugeot 306 GTi Honda Integra Type R Honda Civic Ford Sierra RS 500 Mazda MX5 BMW 320 D Honda S 2000 Renault Clio 2.0 16V Westfield Volvo 850 R BMW Lotus Elise Honda Civic Type R Atomic Honda Civic Type R Atomic Honda Civic Type R Atomic Honda Civic Type R Atomic Honda Civic Type R Atomic Honda Civic Type R Atomic Honda Civic Type R Atomic Renault Clio RS 2000 Volvo S60 Challenge Honda Civic Type R

Campeonato Trophy L90 L99 L99-1600 L90-2000 L90-1600 L99-2000 L99-1600 Trophy L99-2000 L99-2000 L99 - 1600 Trophy L99-2000 L90 L99-2000 L90 L99-2000 L99-2000 L99 L90-2000 L99 L99 L99-1600 Trophy L99-1600 L99-1600 L99 L99-1600 L99-2000 L99 L99-2000 L90-1600 L90-1600 L99 L99-1600 L99-2000 L99-2000 L90-1600 Super Trophy Super Extra Super Trophy Super Extra Super Turismo Super Extra Super Trophy Super Trophy Super Extra Super Turismo Super Turismo Super Turismo Super Turismo Super Turismo Super Turismo Super Turismo Super Turismo Super Trophy Super Turismo

Inscritos CPV “Legends”

Nº 8 12 15 17 21 25 31 44 47 48 49 51 52 54 55 56 57 58 59 62 63 66 68 69 74 75 81 83 84 85 86 87 88 91 92 94 97 98 99 102 110 111 112 113 122 132 135 144 150 152 154 155 156 158 159 163 177 178


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INSCRITOS KIA GT CUP CEED GT CUP #Número

Concorrente

Piloto 1

Categoria

Equipa

2

Pompeu Simões

Pompeu Simões

Piloto 2

Pro

Speedy Motorsport

3

Francisco Carvalho

Francisco Carvalho

Pro

CRM Motorsport

9

Luís Lourenço

Luís Lourenço

Pro

CRM Motorsport

28

Vasco Oliveira

Vasco Oliveira

Pro

CRM Motorsport

31

Manuel Moura Teixeira

Manuel Moura Teixeira

Pro

CRM Motorsport

47

Pedro Pinto

Pedro Pinto

Pro

Be Fast Motorsport

52

Pedro Alves

Pedro Alves

Pro

Pedro Alves Racing

Picanto

CRM Motorsport

Picanto

CRM Motorsport

Miguel Lourenço

PICANTO GT CUP 4

Vítor Fernandes

Vítor Fernandes

5

Paulo Gaspar

Paulo Gaspar

6

Tiago Vilela

Tiago Vilela

Picanto

Speedy Motorsport

7

Manuel Fernandes

Manuel Fernandes

Picanto

CRM Motorsport

13

Samuel Teixeira

Samuel Teixeira

Picanto

CRM Motorsport

24

Gonçalo Moura

Gonçalo Moura

Picanto

P&B Racing

33

Filipe Seabra

Filipe Seabra

Picanto

Gianfranco Motorsport

34

António Veiga

António Veiga

Cláudio Pereira

Picanto

MG Competição

53

Marcos Ruão

Marcos Ruão

Nuno Pardalejo

Picanto

CRM Motorsport

57

André Regueiro

André Regueiro

Picanto

G2B Motorsport

68

Manuel Alves

Manuel Alves

Picanto

Veloso Motorsport

73

Tiago Madeira

Tiago Madeira

Picanto

MG Competição

77

Rafael Antunes

Rafael Antunes

Picanto

MG Competição

Photo credit: @Nuno Organista

Adérito Marques



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Campeonato de Portugal de Velocidade by Hankook Depois do êxito competitivo dos “Supercars Endurance” em 2021, graças ao esforço determinação da “Race Ready “e da “TCR Euro Series”, a mesma regulamentação técnica foi adotada pelo “Campeonato de Portugal de Velocidade by Hankook” (CPV). Com a junção entre o “Supercars Endurance” e o CPV, Diogo Ferrão (Race Ready) e Paulo Ferreira (TCR Euro Series) unem, também, a sua ampla e reconhecida experiência para assumir agora a responsabilidade de construir, dinamizar e promover um campeonato português que reúne todos os ingredientes para ser o mais excitante da última década. E a chave do sucesso, como tem vindo a ser constatado por toda a Europa, está na concessão de um BOP (Balance of Performance) equilibrado, o que apenas é possível graças às licenças GT4 e TCR detidas pelos dois promotores.

CAMPEONATO PORTUGAL

VELOCIDADE

Ao aliciante de um BOP equilibrado juntam-se o exotismo dos carros e ainda uma oferta alargada das marcas de competitivos modelos GT4 e TCR, a que acrescem o seu baixo custo de aquisição e de manutenção, face às performances e ao elevado retorno, devido ao interesse suscitado junto do público por “máquinas” tão apaixonantes. A estrutura regulamentar do CPV está definida para proporcionar igualdade de andamentos entre cada categoria de veículos: GT4, TCR e GTC, sendo esta última para veículos de Grande Turismo e Turismo participantes em troféus monomarca ou com homologações anteriores. Para aumentar as hipóteses de cada condutor ganhar, nas duas categorias GT4 (Pro e Bronze), a série aceita apenas duplas “Pro-


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-Am” – pilotos “Bronze” e “Silver” ou “Gold”, de acordo com a categorização de pilotos da FIA - e “Am” - apenas para pilotos “Bronze”. - Quatro classes: GT4 Pro - duplas Bronze/Silver ou Bronze/ Gold - dois pilotos por carro; GT4 Bronze - apenas para pilotos Bronze possibilidade de um só piloto por carro; GTC - classe dedicada a carros GT4 com homologações “SRO” anteriores ou outros carros de GT aprovados pela organização; TCR - um ou dois pilotos por carro, sem categorização necessária; A Hankook expandiu o seu envolvimento no desporto motorizado na Península Ibérica e passou a ser o fornecedor exclusivo do CPV. Em jogo nas ruas de Vila Real estará a discussão do título mais cobiçado da velocidade nacional, uma disciplina que ao longos das décadas tem sido disputado com viaturas de

Turismo e GT, tal como agora acontece. Os concorrentes procuram alcançar um cetro que no passado foi conquistado por grandes nomes automobilismo português, como Carlos Gaspar, Carlos Santos, Ernesto Neves, Ni Amorim, Carlos Rodrigues, Jorge Petiz, José Pedro Fontes ou César Campaniço. O calendário do “Campeonato de Portugal de Velocidade by Hankook” tem cinco eventos, visitando os quatro circuitos de Portugal Circuito do Estoril, Autódromo Internacional do Algarve, Circuito Vasco Sameiro (Braga) e o Circuito Internacional de Vila Real - e ainda o icónico Circuito del Jarama em Espanha, que recebeu a prova de abertura. O fim de semana em Vila Real será composto por duas sessões de treinos-livres, duas sessões de qualificações e duas corridas com a duração de 45 minutos, com paragem obrigatória para troca de piloto.


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Clássicos, “Legends” e “1300” Grelhas repletas de boas máquinas e paixão Os Clássicos e os “Legends” vão voltar às ruas de Vila Real. As competições da Associação Nacional de Pilotos de Automóveis Clássicos (ANPAC) estão com uma vitalidade digna de nota e as listas de inscritos para a edição 2022 do Circuito Internacional de Vila Real estão repletas. Apenas nas pré-inscrições, 120 pilotos disseram presente o que mostra a importância do certame transmontano para a Velocidade Nacional. A ANPAC, como sempre, tem feito um esforço para dinamizar e melhorar o espetáculo, e os pilotos têm respondido afirmativamente ao desafio proposto. Em 2021 a ANPAC lançou o renovado Campeonato de Portugal de Velocidade “1300” , uma forma de juntar máquinas dos Clássicos e dos “Legends” na mesma grelha, dada a pouca afluência até à data. A iniciativa resultou em cheio e as grelhas dos 1300 encheram-se com máquinas dos Clássicos e dos “Legends”, com o resultado final a dar-nos grandes corridas com batalhas emocionantes. Neste campeonato podemos encontrar além dos Clássicos e “Legends”, carros do “Desafio Punto”, “Desafio Starlet” e do “Grupo 1”. Essa fórmula de sucesso manteve-se para a época 2022, tal como o Campeonato de Portugal de Velocidade Clássicos, que já dispensa apresentações e que continua forte. Também nos “Legends” vimos mudanças em 2021. A categoria livre passou a ser destinada apenas a carros Ex-troféu nacionais até 2004, com as especificações do troféu da época. Foi também criado dentro dos “Legends” um campeonato de carros de 1600cc, a exemplo do que já existe nos 1300cc e 2000cc. Passamos a ter também outras categorias e além dos dos “Trophy”, L90, L99, passamos a ter também os “Super Turismo”, “Super Trophy” e “Super Extra”. Quando os

“Legends” começaram, houve dificuldade em ter um número significativo de carros, e até se chegaram a juntar algumas vezes com os clássicos e de repente vimos um ´boom´ que faz dos “Legends” um dos campeonatos mais fortes da ANPAC. Mas a essência dos “Legends” são carros Grupo A e N. A criação de outras categorias foi uma semente para desenvolver uma grelha independente para carros que não estejam dentro dos Grupo A e N. Ou seja, ex-turismo, carros de troféus, os “Supercars”, todos esses são para ficarem agrupados numa corrida independente dos Grupo A e N até 1999. A ideia é criar esta semente para depois cada campeonato viver só por si. Mas enquanto não for possível correm juntos, da mesma forma que os Clássicos corriam com os 1300 no passado. E é por isso que temos uma grelha com máquinas muito distintas a competirem entre si. O resultado é uma variedade de veículos para todos os gostos. Para todas as corridas da ANPAC, os pilotos irão para a pista por quatro vezes: Um treino livre (20 minutos), um treino cronometrado (20 minutos) e duas corridas de 25 minutos, com cada categoria a ter o seu vencedor. Esperam-se muitas lutas em pista e muita emoção.



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Sobre o KIA GT Cup Estreado em 2018, o Kia GT Cup é um Troféu monomarca que integra na mesma grelha dois modelos (“Ceed” e “Picanto GT”) e duas categorias com o mesmo nome. Trazendo uma abordagem inovadora e contemporânea do mundo em que vivemos, foi o primeiro Troféu do automobilismo português a pontuar, simultaneamente, a prestação desportiva dos pilotos e a forma e intensidade com que comunicam os seus projetos. Juntou-lhe ainda prémios monetários e apostou num modelo de fim-de-semana com duas sessões de treinos livres, duas sessões de treinos cronometrados de 10 minutos e duas corridas de 20 minutos. Sobre a CRM MOTORSPORT Desde 2008 que a CRM Motorsport se dedica à preparação e construção de carros de competição, e à organização e promoção de campeonatos, troféus e eventos associados ao automobilismo. Sob a sua responsabilidade decorrem os troféus monomarca “Super Seven by Toyo Tires” e “Kia GT Cup”, os track-days “Estoril Experience Day” e “Estoril Test Day”, o fim-de-semana de corridas que celebra a velocidade nacional, o “Estoril Racing Festival”, e o mais recente “Caterham Racing Festival”.



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Entrevista ao Presidente do Município de Vila Real, Eng. Rui Santos

As corridas de Vila Real são o fruto da dedicação e do trabalho de um grupo numeroso de pessoas que se empenha para que esta grande festa se possa tornar realidade. No entanto, há pessoas, pela sua posição e pelo cargo que ocupam, que se tornam fundamentais na engrenagem desta peculiar máquina. E há uma pessoa cuja palavra final decide os destinos deste evento. O Engenheiro Rui Santos fez das corridas a sua bandeira desde a sua estreia ao leme do Município, um

esforço conjunto que tem dado à cidade e à região muito mais do que apenas corridas. Desafiamos o presidente do Município a responder a algumas questões para falarmos sobre as “suas” e as “nossas” corridas. Começamos por tentar saber quais as primeiras recordações que tem do Circuito: “Eu nasci e cresci em Vila Real, tenho sobretudo imagens e recordações da parte do Cir-



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cuito que não é utilizada hoje em dia, como a reta da bancada das boxes. Nasci no Bairro São Vicente de Paulo, vivia naquela zona e íamos para a quinta dos “Teixeirinha” para ver as corridas. E uma das memórias mais vivas que tenho é de um acidente no final da reta das boxes com o Manuel Fernandes, que destruiu um “Triumph Dolomite”. Logo na partida, há um acidente, o carro ardeu e tenho muito presente essa imagem. Deveria ter 12 ou 13 anos.” Como a maioria dos Vilarealenses, a paixão pelas corridas começou desde cedo e manteve-se ao longo do tempo: “Sempre tive uma grande paixão pelas corridas. Infelizmente, como é sabido, o nosso Circuito teve várias interrupções, logo a seguir a1973, consequência da crise petrolífera, e na sequência daquele grande acidente no final da descida de Mateus. Mas sempre perspetivámos com alguma ansiedade o regresso das corridas. Em 2009 fui candidato à câmara municipal de Vila Real e entre 2005 e 2009 era dirigente partidário. E à época quem tinha a pasta do desporto era o ministro Pedro Silva Pereira, que me questionou sobre um grupo de pessoas de Vila Real, que tinham a ideia de montar um circuito com a estrutura necessária, o que ainda exige um investimento avultado e vieram pedir um apoio. Na altura ele disse-me “tenho a noção que se dermos o apoio a esta iniciativa, as tuas probabilidades de ganhar a câmara municipal ficam reduzidas pois é o regresso de um grande evento a Vila Real. O que achas”. A minha resposta foi simples e disse “não tenho dúvidas nenhumas, venha o dinheiro, faça-se o Circuito, é isso que queremos”. Felizmente aconteceu. Não era a estrutura que temos hoje em dia, que, entretanto, foi muito reforçada, mas em 2007 era uma estrutura completamente nova. Infelizmente as corridas regressaram, mas depois voltaram a parar. Quem tinha a responsabilidade de gerir os destinos do Município, apesar de certamente gostar muito de corridas, não apostou suficientemente de forma convincente, pois no balanço geral, havia também muitos incómodos, muitas críticas. Na avaliação que

fizeram, terão certamente concluído que não era uma aposta que devia ser mantida. Na campanha que antecedeu a minha chegada à Câmara, disse publicamente que as corridas regressariam e que se possível tentaria a sua internacionalização. Felizmente tal foi conseguido, mais cedo do esperávamos e as corridas regressaram, infelizmente com um pequeno interregno motivado pela pandemia. Eu achava absolutamente extraordinário como é que a maior de todas as bandeiras da cidade, aquilo que distinguia Vila Real de todas as cidades de igual dimensão, não era aproveitado. Todas as pessoas de fora com quem me cruzava referiam sempre as corridas de Vila Real. Um pouco por todo o país, havia várias gerações que conheciam Vila Real, por causa das corridas.” Desafiamos o Eng. Rui Santos a recordar o momento em que a vinda do “WTCC” (World Touring Car Championship) ficou acordada, um momento alto da história do “CIVR” (Circuito Internacional de Vila Real): “Em 2014 fizemos o regresso das corridas com os campeonatos nacionais, na altura estabeleci uma relação de proximidade com o então presidente da “FPAK” (Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting), Manuel de Mello Breyner, fomos a alguns eventos nacionais e internacionais onde fomos mostrar o Circuito. Dessa relação com o Mello Breyner e também com o presidente do Turismo Porto e Norte, assim como outros agentes ligados ao automobilismo, fomos dando nota que gostaríamos de ter provas internacionais. Lembro-me de estar no “Café Majestic”, na apresentação do livro do Dr. Eduardo Passos e estava presente também o Eng.º Carlos Gaspar, um nome incontornável da história do Circuito de Vila Real. E na altura ele foi questionado sobre a possibilidade de Vila Real receber competições internacionais como o “WTCC” ou o “DTM” (na época Deutsche Tourenwagen Meisterschaft).


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A resposta não foi muito positiva pois, embora admitindo que o Circuito podia receber essas provas, implicam custos avultados. O ceticismo era claro, mas a mensagem mais importante era que o Circuito seria capaz de receber essas provas se houvesse capacidade para as realizar. A ideia ficou a germinar e fomos deixando semente um pouco por todo o lado. Um dia o Mello Breyner ligou a dizer que havia uma janela de oportunidade, que as negociações com a Câmara Municipal do Porto se tinham dificultado. Como havia uma porta entreaberta, ele queria colocar os promotores do campeonato, o “Eurosport

Events”, em contacto connosco. A reunião foi marcada para um dia em que tinha voo marcado para Amsterdão. Nessa reunião estiveram presentes membros da FPAK, do CAVR (Clube Automóvel de Vila Real), da APCIVR (Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real), eu próprio, a “Eurosport” e o próprio Tiago Monteiro. Fechámos a reunião com alguma pressa dados os meus compromissos e acabámos a reunião sem ter fechado nada, tendo dito que queria muito as corridas, mas que ainda tinha de angariar contactos pois o valor para adaptação do “paddock “era elevado e nunca


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colocaria em causa as contas da Câmara Municipal. Tinha então de reunir esses contatos, mas estava convencido que conseguiria reunir o necessário para avançar. Mas ficou combinado que não se tornaria nada público. Mas ainda durante a minha viagem, a chegar a Amarante, recebi várias mensagens e nesse momento percebi que as corridas eram uma realidade. Estas mensagens tinham sido, com certeza, uma fuga de informação da reunião. Sabia que não tinha sido eu ou a “APCIVR” ou o “CAVR”. Assim, só sobrava o promotor da prova que, de forma indireta, me colocava pressão para avançar com a prova, assumindo a responsabilidade de que mesmo que não conseguíssemos os fundos todos, se haveria de encontrar uma solução. Nesse momento fiquei com a certeza que íamos ter corridas. Tratamos de iniciar os processos de candidatura para a internacionalização da marca Douro, da marca Vila Real, pois é para isso que esses fundos existem. E com isso o campeonato do mundo veio para Vila Real em 2015 o que foi

um sucesso logo desde início. E a grande maioria das pessoas ligadas agora à Taça do Mundo de Carros de Turismo afirma que quer vir a Vila Real, sejam eles pilotos ou membros da organização, o que me deixa muito contente.” Com muitos momentos marcantes nesta caminhada de sete anos, desde o regresso das corridas em 2014, houve um que se destacou entre os demais: “O momento mais marcante foi a realização do primeiro Circuito com o “WTCC”. Para todos nós foi uma experiência nova. Para a “APCIVR”, para o “CAVR”, para os serviços da Câmara Municipal, polícia, bombeiros. Nesse ano fizemos uma intervenção de fundo no paddock, reforçamos as condições de segurança da pista. Mesmo as Infraestruturas de Portugal ajudaram com obras de beneficiação do pavimento, pois uma grande parte do traçado está na alçada das Infraestruturas de Portugal. Outro momento alto para mim foi cumprir o sonho de menino de correr em Vila Real no Troféu Abarth.”


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Curiosamente o momento mais tenso foi exatamente no primeiro Circuito, numa altura em que os carros estavam prestes a ir para a grelha: “No momento em que os carros do “WTCC” deveriam ir para a pista eu já estava na grelha de partida, a falar com jornalistas. Mas à hora prevista da entrada dos carros em pista nada aconteceu, o que me começou a deixar muito preocupado. A informação que tínhamos é que estava tudo bem e não sabia o porquê de os carros não entrarem na pista. Ninguém atendia o telefone nessa altura e eu ia mantendo a compostura, sem saber o que estava a acontecer. Depois fiquei a saber que a chicane de Mateus teve de ser alterada à última hora, depois de várias queixas dos pilotos. O responsável da FIA apresentou a alteração à última hora. Imagina a minha preocupação quando estava a contar que tudo arrancasse a horas e afinal nada estava a acontecer.” O momento mais baixo desta caminhada foi o cancelamento das corridas devido à pandemia: “O momento mais difícil desta caminhada foi ter de cancelar as provas de 2020 e 2021 por causa da pandemia. Especialmente em 2020 porque nesse ano tivemos uma nova oportunidade a surgir. Infelizmente não conseguimos concretizar essa oportunidade por sermos um circuito urbano. São as vantagens e desvantagens desse facto. Poderíamos ter sido os primeiros a receber uma prova de alto gabarito. Tínhamos tudo preparado para que acontecesse, mas tal acabou por não se concretizar. “ O presidente do Município teve a oportunidade de poder sentir a emoção de percorrer o traçado transmontano num carro de competição. Rui Santos admitiu que a adrenalina tomou conta de si: “Em pista, temos um sentimento misto, de gosto, de adrenalina, mas depois olhamos e pensamos se não estamos a arriscar demais.

Eu não estava ali para ganhar a prova. Na segunda, fiquei em sétimo, que foi o melhor resultado que tive. Mas dei por mim a arriscar travar um metro mais tarde, aproximar-me mais dos rails mesmo sabendo que não estava ali para ganhar nada. Com isso acabei por dar um toque na curva do Boque e tocar num rail. Racionalmente não fazia sentido arriscar tanto, mas a adrenalina, o gosto e a paixão pelas corridas leva-nos a ultrapassar o que achamos que são os nossos limites.” Rui Santos não pretende ficar com os louros de toda a organização, preferindo realçar o trabalho da grande equipa que ajuda nesta organização. Mas o presidente do Município admitiu que este é um dos momentos mais marcantes do Circuito: “Gosto de ser realista e tenho consciência de que a época de ouro do Circuito de Vila Real é esta. Tivemos cá grandes pilotos, mas eram convidados. Receber um campeonato do mundo FIA, visto por milhões de pessoas em todo o mundo é o grande momento alto do Circuito, até agora. Mas isso não se deve apenas a mim, deve-se a um conjunto grande de pessoas que dão muito de si para que esta prova seja uma realidade.” Por fim, o presidente da Câmara deixou uma mensagem aos Vilarealenses: “A mensagem que quero deixar é a seguinte. Há quem goste muito de corridas, há quem não goste. Mas há algo transversal a todas essas pessoas. As corridas são uma marca identitária, fazem parte do nosso ADN. É um evento muito importante para a projeção de Vila Real, do Norte, do Douro e do País. Àqueles que gostam de corridas, o meu agradecimento e o meu pedido que nos continuem a ajudar a fazer destas corridas um evento maior e melhor. Àqueles que não gostam, mas que compreendem esta realidade, que tenham paciência e que nos ajudem também.”



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Entrevista a José Miranda da Silva, Presidente da APCIVR

(Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real)

A Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real (APCIVR) é, a par do Clube Automóvel de Vila Real (CAVR) e do Município de Vila Real, uma peça fundamental na organização das Corridas de Vila Real. Com o seu espetro de ação em tudo o que está ligado ao Circuito fora do âmbito desportivo, com essa pasta a estar entregue ao CAVR, a APCIVR tem como missão tornar as corridas cada vez melhores. É por isso pertinente falar com o presidente da Associação, José Silva, tentando entender a visão da associação e claro, a ligação às corridas. Como para a maioria dos Vilarealenses, a paixão das corridas começou cedo para José Silva, quer pela azáfama que se apoderava da cidade, quer pelo momento de partilha em família: “Como quase todos os Vilarealenses, sempre vivi as corridas com a mesma paixão com que todos os miúdos da altura viviam. Era engraçado porque via as corridas como se fosse a verdadeira festa do Natal, pois era nessa altura que reuníamos a família. Juntávamo-nos todos em casa para celebrarmos e vivermos de forma intensa as corridas. Brincava com os meus primos e amigos e víamos as corridas na “Quinta do Teixeirinha”. Mais tarde, passámos a ir para o que então designávamos, “Rio da Timpeira”. Um dos momentos que naquela época me marcou, foi assistir com o meu pai pela primeira vez às corridas da bancada, que ficava junto da meta. Era uma corrida de motos. Lembro-me que os pilotos, ao terminarem a prova, caírem para o lado de exaustão, o que me deixou muito espantado. Lembro-me ainda do carro do Giannone, que era um Porsche, e dos

miúdos andarem todos maravilhados com aquela máquina. Mas acima de tudo, foi o convívio com a família e os amigos que mais me marcou.” O futuro encarrega-se de levar as pessoas por caminhos por vezes inesperados e foi isso que aconteceu com José Silva que viu a sua paixão pela corrida levá-lo, de forma quase acidental, para a presidência da associação que é responsável pelo regresso das “Corridas da Bila”: “Passados muitos anos, fruto do acaso da vida, vejo-me envolvido na organização das corridas de Vila Real. Aquando da candidatura do Eng. Rui Santos um dos objetivos seria fazer regressar as corridas à nossa cidade, numa altura em que um grupo de pessoas se tinha juntado para criar a Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real. E como a Associação queria um ou dois elementos para fazer a ligação com o município o meu nome surgiu. De um momento para o outro vi-me envolvido na organização deste evento sem nunca ter feito nada do género. Durante um ano estivemos como comissão instaladora e só depois foram eleitos os órgãos sociais, tendo então sido fui eleito presidente da associação, cargo que vou mantendo. Em 2014, quando organizamos as provas nacionais, tive a primeira amostra do que era organizar corridas. Só aí entendi a complexidade de organizar uma prova como a nossa, especialmente por se tratar de um circuito citadino. Na altura éramos menos de uma dezena de pessoas, mas o evento correu bem. Passado um ano, contra todas as expectativas, surgiu a oportunidade de recebermos o WTCC. E aí sim, percebi o que


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é organizar uma prova do campeonato do mundo com a chancela FIA. Tal com eu e os meus colegas da APCIVR nesse primeiro ano, as pessoas não fazem uma pequena ideia do que é coordenar e montar algo deste género. Não foi completamente inesperado, mas era situação para a qual não estávamos verdadeiramente preparados. Afinal, era a primeira vez na já longa história do nosso circuito, que tínhamos uma prova mundial. As pessoas não

imaginam as autocríticas que fizemos no final do evento, quando foi feito o balanço. Como habitualmente, fizemos uma reunião para registarmos o que correu mal, ou o que correu menos bem. Nesse encontro esteve presente o Rui Santos, Presidente da Câmara. E quando ele viu a lista de coisas que achávamos que tínhamos feito mal, ele ficou espantado, pois eram duas ou três folhas. Disse-nos que estávamos a ser muito autocríticos, pois as corridas tinham sido um sucesso. Mas tínhamos a noção que tínhamos de melhorar muito. E a partir daí fomos sempre aperfeiçoando. Agora, temos mais gente na associação, temos muitas pessoas que, não fazendo parte dos órgãos sociais da Associação, nos ajudam e a máquina está mais ou menos oleada.

Desafiado a recordar os momentos mais altos desta caminhada, José Silva lembra os memoráveis pódios das vitórias de Tiago Monteiro, festejados efusivamente pelo público presente no local: “Os pontos altos para mim são o fim das corridas, quando tudo está concluído e vemos que fomos bem-sucedidos. Daqui destacava as duas vitórias do Tiago Monteiro. Diria até que a primeira vitória do Tiago, em 2016, foi o ponto mais alto. Sobretudo por causa daquele surpreendente pódio e dos milhares de pessoas que se juntaram para comemorarem com o Tiago aquele seu primeiro lugar na prova. No segundo pódio já estávamos preparados para o que podia acontecer, quer logisticamente quer ao nível da segurança e já havia acessos criados para as pessoas se poderem deslocar. Mas no primeiro ninguém esperava. Lembro de estar na zona VIP com o Nuno Augusto e decidirmos ir assistir à cerimónia. Mas fomos confrontados com aquele mar de gente que vinha de todos os lados e que estavam a ser impedidos pelos seguranças, pois não estávamos preparados para aquele acontecimento. Tivemos então de abrir caminhos e pedir para deixarem passar as pessoas. E depois, também de forma inesperada, totalmente imprevisível, veio aquele pequeno instante e que a todos encantou e comoveu, e que se tornou imagem de marca do nosso circuito. Milhares de pessoas a cantarem o hino nacional à capela.” Claro que uma caminhada como esta também tem momentos menos bons e sustos: “O maior susto que apanhei nas corridas foi no primeiro ano, em 2014, num acidente na rotunda da M Coutinho, em que um miúdo de bicicleta foi atingido por um carro. Apesar das medidas de seguranças implementadas, naquela zona havia um espaço por onde um dos carros passou e atingiu uma ambulância que estava naquela escapatória, acertando no rapaz que por lá passava. Eu e o Nuno Augusto fomos os primeiros a chegar ao local e foi um grande sobressalto. Felizmente as coisas acabaram por correr bem. Acompanhá-


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mos o miúdo, que apenas teve ferimentos ligeiros, falámos com os pais e oferecemos-lhe uma nova bicicleta nova. Curiosamente, no dia seguinte, lá estava ele, cujo nome não me recordo, com um amigo a assistir novamente às corridas. Aquela situação foi inesperada, mas revelou uma falha que foi colmatada no ano seguinte. A segurança é um processo de constante evolução. “ No entanto, há algo que a APCIVR quer sempre, que é melhorar a segurança, um trabalho constantemente inacabado e que exige a maior atenção de todos. Neste capítulo ninguém facilita: “A primeira e maior preocupação que temos é a segurança que é um trabalho que está sempre inacabado. O orçamento ao nível da segurança passiva aumentou muito, mesmo o policiamento aumentou. Todos os anos são implementados incrementos na segurança.” A paragem de dois anos, devido à pandemia, retirou algum ímpeto à festa transmontana. Mas José Silva acredita que se voltará ao que já vimos. Este primeiro ano é uma espécie de recomeço, para se voltar a caminhar rumo a um futuro ainda mais risonho: “As questões orçamentais são muito importantes e temos limitações financeiras que não vale a pena escamotear. Claro que temos apoios. Quer da parte do governo, quer de outras instituições e patrocinadores/empresas de índole particular. Apesar de todos esses apoios, as limitações financeiras mantêm-se. Aqui, reconheço o enorme esforço que é feito pelo executivo camarário e a extraordinária liderança daquele que é o grande responsável pelo regresso e manutenção das Corridas de Vila Real, o Rui Santos. Mesmo assim, e é essa a nossa realidade, conseguimos organizar um evento que a todos orgulha. Tanto em 2020, como em 2021, no ano em que se comemorariam os 90 anos do CIVR, estávamos preparados para, uma vez mais, fazermos uma grande festa. Contudo, a pandemia não nos permitiu levar a efeito as muitas ações que estavam programadas.

Este ano, sem aquelas preocupações, o WTCR está de volta, com os pilotos que as pessoas gostam e conhecem, mais carros, mais marcas e no final, uma festa que, estamos em crer, será a maior de todas até aqui realizadas. Quanto ao futuro, continuamos a trabalhar e a contactar promotores de outras provas internacionais para se juntarem a nós e enriquecermos dessa forma a já brilhante história do nosso circuito.” Para José Silva, o que torna as corridas especiais são as pessoas. A paixão pelas corridas, o gosto pela festa que faz, o orgulho de transformar uma cidade do interior num palco internacional é o que faz de Vila Real, um circuito único: “A grande diferença é que as corridas são de todos. Há um sentimento de pertença e para as pessoas de vila real as corridas são as “nossas” corridas. Este orgulho que as pessoas têm é muito raro e é o que torna Vila Real diferente e especial. A paixão e o orgulho dos Vilarealenses é o mais importante.”



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Com o Costa Paulo no Grande Prémio de Espanha, em Jarama por Jorge Machado

Poderão eventualmente não serem muitos os que reconhecem no Costa Paulo a sua chama como piloto de Vila Real (a sua moto Derbi 50cc impressa na tela da minha memória...), ou também como um dos seus notáveis loucos, que somos, pelo espetáculo das Corridas de Vila Real. Bastaria apenas recordá-lo como o Sócio No1 do Grupo dos primeiros 50 fundadores do Club Automóvel de Vila Real. Participou em várias provas nacionais, com natural destaque para o Circuito de Vila Real, assim como em várias provas internacionais, nomeadamente em Jerez de La Frontera ou no Grande Prémio de Espanha, em Jarama. Com um palmarés de 142 Taças e Troféus, brindou à sua paixão como dirigente desportivo da Federação Portuguesa de Motociclismo, seja como Delegado, Comissário Técnico, Comissário Desportivo ou Diretor de Provas. Estará sempre na primeira linha de qualquer corrida, de qualquer circuito, acelerando a sua

Derbi até ao 1o lugar do meu reconhecimento e afeto. O Costa Paulo é um piloto de Vila Real sempre presente em todas as curvas do Circuito Internacional de Vila Real! Tendo como cúmplice para estas escritas o meu amigo Paulo Vaz de Carvalho (outro notável louco pelo cheiro dos motores, mesmo que às vezes partidos...), recordo uma pequena aventura que foi a participação do Costa Paulo no Grande Prémio de Espanha do Campeonato do Mundo de Motos. Era 1979, quando o Chico, companheiro do Costa Paulo naquela andança das corridas, veio ter comigo e, de mansinho, em tom baixo como que a recear que eu achasse de um despropósito atrevimento, me convida para uma aventura a Jarama, aonde o Costa Paulo iria correr no próximo fim-de-semana. Pensei para comigo - mas a que propósito? Ora



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o convite não era totalmente inocente... tinha também a razão de angariar o máximo possível de pilotas estrangeiros para participarem no Circuito Internacional de Motos a realizar em julho. Numa fração de segundos não hesitei, e num piscar de olhos “Espanha vamos daí”. Certamente deviam saber que tenho mistura de óleo no sangue e um silvo ouum grave rouco de escape na garganta! E assim saímos de Vila Real, numa madrugada a adivinhar um sol atrás das nuvens, certamente envergonhado destes campistas destemidos e, digamos, também um pouco “doudos!”. Moto Derbi de pé na traseira da carrinha Datsun vermelha, e lá fomos com a caixa das ferramentas permanentemente a cochichar a sua presença, dado que a Derbi permanecia esganada, sem som, nas fitas que, cuidadosamente, o Costa Paulo tinha amarrado. Viagem sem percalços, uma sandes e um covilhete numa paragem... mais técnica... e lá chegámos ao acordar da noite ao paddocK de Jarama. Monta a tenda, come o que houver e vamos “fazer” a pista a pé. O piso, aqui e ali, parecia mais liso, a lembrar que os valores do coeficiente de atrito, para agarrar, não estavam assim... como que muito altos para

agarrar... e a curva do gancho? “Olhe que parece que este ano o piso não estará assim tão mau!” disse- me ele como que a querer que não estivesse. Mas estava! Deitar cedo, e logo cedo erguer, não me deu mais saúde, nem me fez crescer! Mas os treinos começavam cedo, afinal eram só os então chamados “isqueiros de 50cc”, e não havia como dormir “vamos que nos fecham a porta!”. Os treinos lá foram e o Costa Paulo foi o primeiro dos últimos ou o último dos primeiros... já não me lembro bem! Não estávamos bem-humorados. O Costa Paulo com as chaves à volta do pequeno grande motor, e eu e o Chico fomos bater às portas dos panos das tendas, à procura de pilotos para convencer “O Circuito de Vila Real is very famous...” “we woud like you to join us...” “great race...!” disparava eu em todas as direções, bem... mesmo na do Chico “Oh Jorge! Olha que sou eu! Não percebo patavina!...”. No meu entusiasmo também tinha disparado para ele!... Com os papeis assinados na mão, certos dos que talvez viessem e dos que talvez tenham fingido que vinham... regressámos à tenda. O motor da Derbi foi “descomposto” e “composto” de novo, “agora é que vai andar!” E andou, pelo menos até àquela curva no gancho... aonde o Costa Paulo caiu... e o motor partiu... Felizmente a velocidade não era as-



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sim tão grande e ele não ficou sem nenhum dedo..., já os tinha perdido antes!... Não tínhamos tido sorte, mas pelo menos deu para ver e ouvir as 500cc, qual Cavalgada das Valquírias encantadas... Que som do além! Wagner ficou roxo de inveja!

Era noite quando chegámos a bom porto, que é como quem diz... acostámos ao molhe da “Bila”. Não terá sido uma semana de grandes feitos e efeitos mas, mesmo assim, trouxemos uma pilha de “quase contratos” assinados por muitos pilotos.

Chegada a tarde, e, já tarde, levantámos ferro para o regresso na Datsun vermelha. Desta vez vim eu a guiar, com os faróis a acender as guias das deformações da estrada, como se de carris de comboio se tratassem, a manter-me nos trilhos cerrados “E ainda dizem mal das estradas em Portugal” gemi, com as costas aos “trambolhões”, mas a puxar a brasa à minha sardinha...

Uns vieram, mas muito poucos... Valeu a pena pelo abraço que foram esses dias, até hoje... “É certo que caíste e as nossas cores não flutuaram nos mastros, mas, estejas aonde estiveres, estarás sempre naquela primeira linha de qualquer grelha da partida...” Depois eram duas palavras e um sorriso de amizade, num aperto de mão, sempre que nos cruzávamos nas ruas quentes ou frescas do Shopping... Para que a memória não se escoe pelo Corgo abaixo. Um abraço Costa Paulo.

Fotografias @Coleção Costa Paulo



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Filipe Fernandes O homem dos sete ofícios Uma organização como a do Circuito Internacional de Vila Real precisa de pessoas versáteis e que possam dar o seu contributo de várias formas. E há pessoas que pela qualidade do seu trabalho, pela sua postura e polivalência se tornam imprescindíveis no sucesso do evento. Filipe Fernandes é uma dessas pessoas. Calmo, bem disposto, assertivo e muito ponderado, Filipe Fernandes está ligado ao Clube Automóvel de Vila Real e ao Circuito Internacional de Vila Real, uma ligação que já é longa: “Entrei no CAVR em 2001 quando só realizava provas em Murça e Montalegre. Quanto ao CIVR desde de pequenino que via as corridas e quando em 2007 retomou foi com grande satisfação que entrei para a organização do mesmo.” Além da ligação ao CAVR, tem ligações à Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real que, segundo ele, partilham do mesmo objetivo: “Ambas querem o melhor para o CIVR e para a cidade de Vila Real. A APCIVR trata de toda a logística necessária a todo o evento e o CAVR gere a parte desportiva.” O trabalho de Filipe Fernandes é fundamental para que

tudo corra bem no fim de semana de corridas: “O trabalho passa pela organização e coordenação em todas as infraestruturas de apoio ao circuito na parte exterior e no Paddock. Assim como todas as infraestruturas de segurança no circuito, conforme exigência por parte da FPAK/ FIA. As dificuldades de um circuito como o de Vila Real é que é um circuito citadino. Tentamos sempre fazer toda a montagem de modo a que as pessoas consigam ter uma vida o mais normal possível. Os dias mais complicados começam com o fecho efetivo de todo o circuito com a colocação de toda a segurança que só se consegue instalar na última noite. Durante os 3 dias de corridas é ir gerindo os mais variados problemas que vão surgindo num Circuito no meio de uma cidade como Vila Real. Esperamos sempre que não haja muitos e grandes acidentes que nos obriguem a trabalho extra durante a noite. É um fim de semana duro e de emoções muito fortes.” Com tanta responsabilidade sobre os seus ombros, Filipe Fernandes olha para o fim da sua tarefa com o sentimento de orgulho de quem conseguiu mais uma vez ajudar a colocar em funcionamento uma máquina muito particular:


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“Quando é dada a última bandeira de xadrez sinto-me aliviado e cansado, mas o sentimento que dever cumprido.” Claro que nesta máquina há peças mais importantes que outras e Filipe Fernandes não tem dúvidas a apontar a peça-chave de toda esta engrenagem: “O Município de Vila Real e o Presidente da Câmara, o Eng.º Rui Santos.” Abdicar de tantas horas de descanso, assumir uma responsabilidade tremenda em prol de um evento de cariz internacional, sem qualquer contrapartida, é um feito que só é possível com um ingrediente: “Para mim a principal razão é mesmo a enorme paixão e orgulho que todos temos no nosso circuito, faz com que nos dedicamos de uma forma especial.” Sendo ele uma das personalidades mais importantes na organização deste evento, é certamente com uma boa dose de orgulho que afirma que este é o momento mais alto do Circuito de Vila Real, que tem ainda muito para dar: “Ao longo destes anos, Vila Real teve grandes provas com bons pilotos e bons carros, mas de facto só em 2015 é que conseguimos ter uma prova FIA que se tornou um sonho de todos que, durante anos, fizeram parte do CIVR. O nosso Circuito tem muito potencial mas, para continuar, precisa de mais apoio do poder central.”


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Entrevista a Eduardo Ferreira CAVR (Clube Automóvel de Vila Real)

As corridas de Vila Real são feitas pelas gentes da terra, para todo o mundo. Não é assim de estranhar que posições de grande relevo sejam ocupados pelos “filhos da terra”. Eduardo Ferreira é um desses exemplos. Membro do Clube Automóvel de Vila Real, será o diretor de prova do fim de semana de corridas. Um cargo de grande responsabilidade e a prova de que não é preciso recorrer a pessoas de fora para fazer um evento deste calibre. Eduardo Ferreira define-se de forma pragmática, quer como Vila-realense, quer como membro do CAVR e um dos responsáveis pelo evento:

1 do CAVR. Na última edição já fui o diretor de prova de todo o evento e volto a ser este ano. Sempre que o Clube precisou de mim, seja em que função necessária fosse, estive presente, é o meu Clube, tão simples quanto isso. O sentimento é sempre muito forte. Um misto de paixão e responsabilidade, mas acima de tudo de espírito de entrega para que tudo corra pelo melhor e consigamos uma vez mais elevar o nome da “Bila” e do nosso CAVR.”

“Sou uma pessoa simples, um filho da “Bila” e com um sentimento bairrista no que toca à defesa, promoção e projeção de Vila Real, seja pelas corridas ou pela minha atividade profissional ligada ao turismo. Já fiz parte da direção do CAVR durante muitos anos, mas não atualmente, no entanto e por solicitação da atual direção, continuo a fazer parte integrante deste grupo de trabalho. Verdade que do grupo dos cinquenta fundadores estava o meu padrinho e tio, atualmente o sócio nº

“Como tantos outros Vila-realenses. Desde que nasci, quando com 3 ou 4 anos ia para a Timpeira (terra do meu pai) ver as corridas. Aos 11 anos comecei esporadicamente a ajudar a espalhar fardos de palha pelo circuito com os meus familiares, quando atingi a idade exigível tirei de imediato a licença de fiscal de pista e comecei no, então, Posto 14 (Chicane da Estação) com o professor Varela como chefe de posto, com quem aprendi muito e nunca esqueci. Depois, por solicita-

A ligação ao circuito já é uma história antiga para mais este apaixonado pelas corridas da “Bila”:



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ção do então Presidente do CAVR, Senhor Jorge Fonseca, fui desafiado a assumir a segurança de todas as provas e modalidades do CAVR como Autocrosse, Ralicrosse, Karting, Camiões, Motos, Velocidade, Rampas e Ralis. Posteriormente o Clube precisou de mim para assumir as funções de diretor de prova e aqui estou para contribuir da melhor maneira que saiba, possa e consiga.” Numa caminhada já longa e repleta de histórias, desafiamos Eduardo Ferreira a apontar alguns momentos marcantes: “Tantos anos já ligados ao clube muitas alegria e dissabores se ultrapassaram, é sempre difícil escolher um ou outro momento. Naturalmente o pior será o terrível acidente que vitimou várias pessoas e um dos melhores foi a bandeira xadrez na primeira prova do primeiro Campeonato do Mundo de Rallycross de sempre, que foi organizado por nós. Fomos os escolhidos para essa missão, a pressão de não falhar era enorme e os olhos

estavam todos postos em nós. Quando a bandeira xadrez cai pela última vez nesse fim de semana foi impossível conter as lágrimas de emoção com a perfeita noção que tínhamos conseguido superar tudo incluindo nós próprios. Uma equipa FANTÁSTICA. Num evento destes, muitas pessoas dão uma parte substancial do seu tempo em prol das corridas. Mas Eduardo Ferreira tem a convicção que a paixão maior pelas corridas é o que move as pessoas: “´Uma parte substancial por vezes até é redutor, mas sim muito tempo muito empenho e dedicação. Até há bem pouco, sempre pro bono e mesmo agora que se procura dar alguma “compensação” monetária, afirmo com toda a certeza que toda a equipa do CAVR não se move por aí, claro que é um mimo e no mínimo que seja mais um incentivo que um pagamento de serviço. Continuo a acreditar que o sucesso desta coesão no Clube se deve ao espírito de quase ser uma família, mas naturalmente por vezes com alguns


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atritos ou não fosse isso parte da condição humana. Mas no fundo vamos conseguindo cativar e manter a verdadeira essência do valor do associativismo, até ver.”

Eduardo Ferreira explicou-nos brevemente em que consiste o seu trabalho durante o fim de semana de corrida que, consequentemente exige muita preparação prévia:

Quanto às peças chave desta organização de sucesso, Eduardo Ferreira não tem dúvidas: “Será sempre a POPULAÇÂO de Vila Real. O Clube Automóvel de Vila Real, a APCIVR, a Autarquia, os Bombeiros, a Polícia com todo o empenho serão apenas o veículo da vontade dos Vila-realenses.”

“Estando circunstancialmente nesta posição, a minha responsabilidade é ter toda a estrutura montada e capaz de responder às mais diversas exigências assim como necessidades, para que todos os setores envolvidos consigam desempenhar as respetivas funções da maneira mais eficaz e de igual modo responderem de forma adequada a estas mesmas contingências. A abrangência é tal e as solicitações tantas que só consigo desenvolver o meu papel com o apoio e ajuda incondicional de toda esta máquina infernal que me acompanha. Concentração, conhecimento de causa e experiência adquirida ajuda na tomada de decisões necessárias à ultrapassagem de contrariedades, seja no plano desportivo ou mesmo quanto ao público diz respeito e como alguém em dada altura da minha vida me disse: ´Estar sempre pronto porque a razão impõe e a preparação o permite´.”

Já há algum tempo que se diz que o Circuito de Vila Real vive o seu momento mais alto, opinião partilhada por Eduardo Ferreira que não esconde a ambição de levar o Circuito mais longe, sabendo, no entanto, que isso depende de vários fatores: “A nível desportivo, claramente será o ponto mais alto. Qualquer organização almeja organizar os melhores eventos e tudo se procura fazer para que isso se atinja, traduzindo-se, naturalmente numa elevação de prestígio para o nosso circuito e cidade. O ir mais longe vai apenas depender da congregação de vontades de todos os intervenientes sempre coma população à cabeça e a querer. Os fatos estão aí e se realmente quisermos, quem poderá dizer o contrário?” As corridas são paixão, mas para que essa se viva na plenitude, é preciso cuidados. O desporto automóvel é perigoso e o trabalho de uma grande equipa permite que todos possam ver as corridas sem receios: “A segurança não é uma, é “A” principal preocupação de todos os nós. Sempre foi apanágio de todos os envolvidos nestas edições procurar elevar os parâmetros da segurança, tentando reduzir ao máximo os riscos inerentes a uma modalidade como esta. Ao longo dasúltimas edições a evolução é notória, de ano para ano procuramos sempre melhorar e aperfeiçoar seja em estrutura ou em procedimentos. Neste capítulo não se pode estagnar e ano após anos, a melhoria é uma procura incessante. Por fim o que acho mesmo necessário é precisamente continuar esta busca.”

Com tanta responsabilidade sobre os ombros, é normal que que esse fim de semana seja intenso, talvez o mais intenso do ano para Eduardo Ferreira, que busca sempre a perfeição, sabendo que esta é muito difícil de atingir: “Poderia dizer que se existem máquinas que chegam ao fundo da reta de Mateus a mais de 200 km/h, nós vivemos este fim de semana a 300 km/h. Uma vez mais, concentração, empenho e dedicação, é desta forma que se vive este fim de semana.” Por fim, Eduardo Ferreira deixou uma mensagem aos Vila-realenses, conterrâneos, que vivem a sua paixão: “As ´NOSSAS´ corridas são de todos para todos, mas são da Bila e de mais ninguém. Só com a vontade e querer dos Vila-realenses é que é possível a realização deste evento de cariz mundial que tanto projeta a Cidade, Região e País além-fronteiras. A Todos os Vila-realenses peço e digo: Força Vila Real, força gente da minha terra!!!”


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Evolução do logo do CIVR

1931

1932-1958

1966-1973


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Evolução do logo do CIVR

1979-1991

2007-2010

2014-2019

2022...



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Jorge Machado: a paixão pelo Circuito que atravessou três eras ano, quando comprava uns carrinhos e queria que eles ficassem o mais parecidos possível ao que eu via no Circuito.” A vontade de ajudar nas corridas surgiu naturalmente e o acaso permitiu que o pudesse fazer de forma muito vincada:

Há pessoas que têm uma longa ligação com o Circuito Internacional de Vila Real. Pessoas que viveram de perto as emoções em criança e que se apaixonaram pela festa, pelo Circuito e por tudo o que as corridas traziam e trazem. Pessoas que viveram intensamente o Circuito e que ajudaram na sua organização. O Engenheiro Jorge Machado é uma dessas pessoas. Desde tenra idade que ficou fascinado com as corridas e desde então tem estado ligado às corridas de várias formas. Primeiro ajudando na Comissão Permanente, passado uns anos ao leme do Clube Automóvel de Vila Real e mais recentemente ligado à Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real. São já décadas de amor a uma causa, de uma dedicação que nunca esmoreceu, de uma vontade de que as corridas sejam sempre melhores. As primeiras recordações do Circuito são as mais queridas e foi nessa altura que a paixão pelas corridas nasceu para o Eng.º Jorge Machado: “Lembro-me de ir às corridas com o meu pai, ainda as bancadas eram de madeira, em frente ao parque florestal, onde posteriormente foram construídos os prédios com as arcadas. Todo o ruído, a cor, a azáfama, eram para mim um espetáculo maravilhoso e gostava sempre de andar por ali a ver o que se passava e o que se sentia. Isto nos inícios dos anos 60. A imagem que eu tenho mais antiga de um Fórmula 3 em cima de uma carrinha Volkswagen de caixa aberta. Toda esta envolvência era vivida ao longo do

“O dono da Garagem Loureiro era um tio meu e tínhamos uma grande cumplicidade, apesar da minha tenra idade. E o facto de ter aprendido inglês abriu-me a porta para um contacto muito mais direto com os pilotos e mecânicos que se instalavam na Garagem do meu tio. Eu era o intermediário levando e trazendo a mensagem, sempre perto daquele mundo que me fascinava. Uma história engraçada. Todos os anos tinha de convencer o meu tio a abrir as portas da Garagem. Dizia ele ́ este ano não vem ninguém para a Garagem´ numa espécie de brincadeira que já se tornava tradição. E eu tinha como missão tentar convencê-lo de que tinha de abrir as portas da Garagem, dada a sua localização privilegiada, numa altura em que não havia nem “Paddock”, nem boxes. ́Só vêm para cá se tomares conta disso ́. E ali ficava, encarregue de organizar tudo, gerindo o espaço, as pessoas que podiam entrar para ver, convidando os meus amigos que queriam muito ver aquele espetáculo de perto. Foi nessa altura que comecei a conhecer e criar amizades com as pessoas ligadas às corridas, mecânicos, pilotos, que depois posteriormente encontrei em Inglaterra. Mas ainda antes disso, com os meus dez anos, ia buscar os selos e as miniaturas dos cartazes ao Sr. Rodrigo Araújo e que tinha uma agência bancária ali perto da Capela Nova e que tratava das contas da Comissão Permanente. Ele tinha montanhas de selos e autocolantes, que ia buscar para os distribuir pela cidade com os meus amigos, que desafiava a acompanharem-me, colando os cartazes pela cidade ou pedindo às pessoas, se nos permitissem, de colocar um selo nas cartas que enviavam. Na minha adolescência, passava os dias na sede da Comissão Permanente, na Avenida. Quem lá estava a conseguir que o espetáculo se fizesse, uma pessoa que ficou algo esquecida na história



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das corridas, o que considero uma injustiça, que foi o Sr. Francisco Teixeira. E eu estava lá todo o dia a mandar e receber e traduzir telexes e a falar com grandes pilotos, como David Piper, Vic Elford, Dave Walker, entre outros grandes nomes da altura, o que me enchia de orgulho. O que tinha em troca era uma braçadeira velhinha da Comissão que me permitia ir para onde queria, desde que o fizesse em segurança. Mas isso permitiu-me viver momentos únicos e histórias que vou sempre recordar. Lembro uma vez em que tive de ir à polícia porque o Dave Walker tinha sido preso, porque se excedeu um pouco na bebida e implicou com os polícias que por lá passavam. Tive de convencer o Comandante para soltar o piloto que ia correr no dia seguinte, no seu GRD semi-oficial.” O Eng. Jorge Machado ajudou na Comissão Per-

manente, esteve no CAVR e na APCIVR, mas não esquece a contribuição de quem tratava das estradas, onde posteriormente trabalhou: “As corridas em Vila Real só se realizaram e realizam, porque existiu uma JAE, uma Estradas de Portugal. Isto quer dizer que foram feitas coisas em Vila Real a pensar nas corridas que não são normais fazer noutros locais. Não é normal, por exemplo, termos as sobrelevações que o circuito tem, como é o caso da Araucária, o que numa estrada normal não existiria, pois a sobrelevação daquela estrada é brutal. Mesmo a pavimentação tinha um cuidado específico. E na altura havia na Direção de Estradas havia dois engenheiros que eram os irmãos “Borginhos” que tinham uma grande paixão pelas corridas de Vila Real e tudo o que podiam fazer pelo circuito, eles faziam. Chegamos a ter cantoneiros a varrer os sete quilómetros do circuito e os lancis a serem caiados de branco. Isso revela o cuidado e a paixão pelas corridas.” Jorge Machado enaltece os feitos e a impor-

tância de todas as organizações que trabalharam para tornar o Circuito uma realidade, mas relembra com especial carinho a Comissão Permanente: “Cada uma delas organizações tiveram um papel importante. Fazer corridas em 1931 deve ter sido uma coisa assustadora, tal como foi nos anos 50. As dificuldades foram sempre muitas, até pelo acesso à cidade e às limitações nas fronteiras. Afetivamente, a Comissão Permanente é muito importante para mim. O Francisco Teixeira passava o dia inteiro a ligar para as empresas a tentar encontrar patrocinadores para a prova. Foi uma pessoa importantíssima, ao conseguir trazer os pilotos que vieram para cá nos anos 70. Não entendo porque ele está, de alguma forma, esquecido e é até algo injusto. Mas tal como ele, havia um conjunto de pessoas que eram os motores deste evento. Há uma história que relembro que mostra a forma como a Comissão Permanente trabalhava. Houve um piloto que veio cá e que trouxe um Chevron B16, bege com uma faixa verde a meio. E ele foi a Inglaterra para ir buscar um motor. Entretanto teve uma apendicite e não pode regressar, mas o carro estava cá. Os mecânicos e a mulher dele estavam cá e os mecânicos levaram o carro sem motor para a grelha de partida, para poderem receber o prémio de presença e a Comissão honrou o compromisso da Presença.” Depois dos tempos da Comissão Permanente, Jorge Machado saiu de Vila Real, mas regressou alguns anos mais tarde e, inevitavelmente voltou a ligar-se às corridas, a sua grande paixão: “Estive fora durante alguns anos e as corridas também terminaram nessa altura e só quando o Clube Automóvel foi criado é que voltamos a ter corridas em Vila Real. Quando regressei em 85, para a Direção das Estrada de Portugal, voltei a ficar mais próximo das corridas. E há uma história engraçada que vivi com o José Lopes, amigo meu de infância e que estava também ligado às corridas, tentando sempre a minha colaboração, já como membro da Direção de Estradas. A certa altura, a segurança do circuito necessitava de uma atualização, pois ainda se usavam sacos de areia e fardos de palha. Mas já se utilizavam as guardas de metal e que nós não tínhamos. Num ano, foram atribuídas umas guardas metálicas para uma determinada estrada, para o incremento da segurança. E foi nessa altura que o José Lopes veio falar comigo para ver o que se podia arranjar, pelo menos colocando prote-



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ções nas zonas mais críticas. Então, conversei com o diretor da altura, tentando-o convencer que precisávamos dessas guardas para as corridas. E como havia guardas disponíveis para a dita estrada, que só seriam instaladas depois do evento, pedi-lhe se podíamos usar aquelas, que já estavam cá e que depois seriam desmontadas do Circuito e instaladas na estrada a que foram atribuídas. O Diretor aceitou, na condição de tirar tudo quando terminasse. Então começamos a colocar as guardas pelo circuito, de tal forma que o José Lopes me dizia para não colocar mais porque depois os pilotos iriam pensar que as guardas iam ficar para o ano seguinte e havendo a obrigatoriedade de as retirar, seria uma complicação. Mas como tínhamos possibilidade de as colocar, aproveitamos e foi um assombro de guardas metálicas pelo perímetro todo do circuito. Ao mesmo tempo, ia insistindo para que nos enviassem mais guardas. Afinal não custava nada pedir. E o diretor, com muito charme, com muita corrida pelo meio, com muita necessidade, com a importância das corridas para o turismo e para a região, conseguiu que viessem mais guardas, essas sim instaladas na tal estrada onde já estava previsto e aquelas que foram instaladas no circuito mantiveram-se. Desta forma, conseguimos melhorar o nosso circuito, sem colocar em causa a segurança das estradas nacionais.” A sua passagem pelo CAVR permitiu-lhe voltar a viver por dentro a organização de um evento daquele calibre, tentando sempre melhorar e tornar o espetáculo melhor: “Em 1987 convenceram-me a candidatar-me a presidente do CAVR e nessa altura estava cada vez mais ligado às corridas. Acedi e tornei-me presidente do Clube, mas com um projeto. Queria que aquele fosse um momento de viragem. E

a minha filosofia era muito simples: ou se faz, ou não se faz. O pior que pode acontecer é ficarmos a meio caminho. Queríamos um projeto que fosse levado até ao fim, com todo o empenho. Mas só assim valeria a pena. Eu sempre vi as corridas como um espetáculo e pretendia que fossem tratadas como tal. Foi criada uma equipa para fazer as corridas, com as pessoas certas para os lugares certos, independentemente das cores políticas ou de qualquer tipo de ligação extra. O foco eram as corridas. Pela primeira vez fizemos o circuito por duas vezes no ano, uma em abril e outra em julho. Fizemos pela primeira vez a Rampa Porca de Murça. Mas também fizemos coisas mais pequenas, com uma exposição no átrio do Governo Civil de cartazes, fotografias de todas as eras do circuito, com a ajuda, entre outros, do Senhor. Magalhães que tinha um espólio incrível de fotografias. Esta entre outras pequenas atividades que nos fazia viver as corridas durante o ano.” Anos mais tarde, Jorge Machado acabou por estar também ligado aos primeiros momentos da APCIVR, fazendo questão de tentar implementar a mesma filosofia… com ambição, mas com os pés bem assentes na terra: “Quando se criou a APCIVR, o plano inicial era chamar-se APCVR. Mas fiz questão de dizer que só fazia sentido se fosse Circuito Internacional, uma forma de mostrar ambição. Tínhamos de ter a ambição de o conseguir. Admito que não esperava que acontecesse tão cedo, mas tinha a convicção que iríamos ser capazes de fazer corridas internacionais. O WTCC foi uma feliz coincidência por vários motivos e agora, tenho a convicção que não devemos temer sombras. Se conseguirmos capitalizar apoios, o que temos vindo a conseguir até agora creio que podemos continuar a cimentar a nossa posição e mesmo que surjam outros circuitos a nível nacional podemos encontrar sinergias para que todos possam conviver.” Apesar de ter vivido o Circuito desde os anos 60, Jorge Machado tem a mente aberta quanto a mudanças que se possam fazer. Não usa de uma visão fixa de manter o que está em prol da herança do passado, mas olha para o Circuito como um palco que pode e deve ser mudado para melhorar o espetáculo: “É possível alargar o circuito. É possível alargar o troço de Abambres até a rotunda de Mateus. Se queremos manter o circuito, é necessário



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encontrar soluções que nos permitem melhorar o espetáculo. E há muitas soluções por esse mundo fora que podem ser aplicadas nessa zona e que nos permitiram ter uma zona mais ampla que proporcionem um melhor espetáculo. Eu inclusivamente até admito que o circuito se faça em sentido contrário. Com isso a chicane da Araucária desapareceria, a chicane de Mateus talvez devesse ser refeita. Seria necessário fazer uma chicane na descida para Abambres, antes da passagem de nível, mas aí temos espaço para fazer uma chicane em condições. E no final da descida, teríamos uma escapatória natural excelente. Entendo que a tradição tenha de ser mantida, mas eu não descarto totalmente essa possibilidade. Mas também a ideia do François Ribeiro de fazer uma “Joker Lap” aqui em Vila Real parecia demasiado louca e quando aplicada, permitiu melhorar o espetáculo. Se inicialmente não se podia, por todos os motivos e mais alguns, depois de aplicada, toda a gente concordou que era um incremento ao espetáculo.” Tendo vivido várias épocas memoráveis do Circuito de Vila Real, desafiámos o Eng. Jorge Machado a escolher uma. Tarefa impossível e explicada de forma clara: “Ninguém pode dizer que estes são os anos de ouro. Sabemos que tivemos o WTCC e temos o WTCR. O que eu acho é que todos os anos são anos de ouro para o Circuito de Vila Real. Nos anos 50 em que começou a projeção do Circuito de Vila Real para fora, foram os anos de ouro. Nos anos 60 com a Fórmula 3 também ninguém pode dizer que essas edições não tiveram brilho. Os anos em que tivemos os Sport Protótipos que vinham das grandes provas de endurance também tiveram brilho. Não se pode dizer que as corridas TT não tinham tido brilho. Escolher os anos de ouro é muito relativo. Mas acredito que todo este percurso do Circuito é de ouro.” Para alguém que viveu o passado e vive o presente do Circuito, faz sentido olhar para o futuro, que pode ser risonho se a união se mantiver e se todos remarem para o mesmo sentido: “Tenho algum receio que alguns egos impeçam que o Circuito caminhe como o deve fazer. É

preciso minimizar esse risco. É preciso encontrar convergências, feitas com união, com o entrosamento de todos. Ninguém pode hostilizar ninguém. Pode ser difícil de fazer, mas acredito que é fundamental para o sucesso deste evento. O futuro das corridas depende do que o país vai querer para o futuro. Se queremos mobilizar o interior e fomentar fatores de crescimento, então as corridas de Vila Real têm de ser aposta. As corridas de Vila Real podem ser um dos expoentes máximos da região. O facto de as guardas metálicas ficarem durante o ano é uma marca da cidade, é algo que prova que somos uma cidade das corridas. Além de tornar o processo mais flexível e mais barato, é algo que nos diferencia. É preciso maximizar o potencial humano e é provável que no futuro a exigência motive uma profissionalização. E as corridas trazem muito à região. Até os mais céticos agora admitem que as corridas trazem muitas coisas positivas. E é com esse olhar que devemos focar-nos no futuro. Olhando para um evento que nos diferencia e nos pode trazer tanto de bom.” O Eng.º Jorge Machado é um de muitos que viveu e vive intensamente este gosto pelas corridas e esta paixão pelo Circuito de Vila Real. Vê o passado com carinho e olha para o futuro com pragmatismo. No entanto, é um acérrimo defensor da importância deste evento que traz tanto a esta região. E que pode trazer ainda mais. NDR – o nosso ilustre entrevistado enriqueceu a história do Circuito Internacional de Vila Real também pelo registo de belas imagens, como as que ilustram esta entrevista! Como curiosidade refira-se que a partir de 1968, ano de construção da bancada permanente na atual “Avenida Aureliano Barrigas”, o Eng.º Jorge Machado ocupava sempre o “seu” lugar nessa bancada – era sempre o mesmo lugar, talvez o único lugar cativo da bancada – fazia- o independentemente da sua condição ser a de mero espetador ou parte integrante da equipa responsável pela Organização do Circuito. Esse facto permitiu, também, a captação de registos fotográficos que inspiraram cartazes como o que reproduzimos, respeitante a 1988.



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Eduardo Santelmo: mais que uma paixão… uma forma de viver

Todos nós “chegamos” às corridas das mais variadas formas. Por vezes somos influenciados desde pequenos a ver as máquinas a velocidades estonteantes e a admirar os pilotos que fazem a sua magia sobre o asfalto, outra vezes essa paixão surge de forma tão espontânea que se torna difícil de apontar o motivo por esse gosto. Mas há pessoas que “nascem” nas corridas. Que vivem as corridas desde pequenos, com uma ligação tão forte quanto os laços de família. Um desses exemplos é Eduardo Santelmo. Arquiteto, neto de Francisco Teixeira, figura incontornável da história do Circuito de Vila Real, e agora membro da Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real. O seu contributo para as corridas é fundamental, tal como o de tantos conterrâneos, mas a sua paixão por esta festa tem raízes profundas na sua família. Foi por isso que quisemos saber um pouco mais dessa ligação e dessa história. O que se segue é Eduardo Santelmo, na primeira pessoa, um apaixonado pelas corridas, pelo Circuito de Vila Real e pelo legado da sua família que faz questão de enriquecer com o seu contributo:

“Sou o Eduardo Santelmo Teixeira Gomes, natural de Vila Real, Arquitecto de profissão, que tal como todos os cidadãos desta cidade nasceram com o “bichinho” das corridas de automóveis. Mas como nasci no ano de 1987 pouco ou nada me recordo dos ardentes domingos do circuito antigo. A não ser estar empoleirado nas janelas da Quinta dos meus Avós a espreitar e não conseguir ouvir mais que o roncar dos BMW de então. A minha infância ligada ao desporto automóvel ficou marcada pelas idas com o meu pai ao Rally de Portugal naquela subida íngreme junto ao atual DOC, ao Autódromo do Estoril ver a maior referência da nossa juventude de capacete Amarelo, que conduzia um carro igual ao maço de tabaco do meu pai e as deslocações à rampa de Murça, sentado no talude ajardinado junto à linha de chegada, ansioso que aparecesse na curva ao fundo, no seu BMW todo de lado.. “ahh ganda Manel”. Recordo-me também de uma concentração/ desfile do clube Ferrari na antiga recta da meta, talvez a minha última grande recordação desses tempos. Um dia chuvoso, e uma mancha vermelha de carros com dois ou três a destoar cromaticamente, amarelo e azul noite. Por outro lado, vivi muito provavelmente o maior interregno do desporto motorizado nacional, no início/meio dos anos 90 com o fim de Vila Real, fim de Vila do Conde, fim da F1 no Estoril, fim do Rally de Portugal,… resignei-me a ver a Fórmula 1 aos almoços de Domingo com toda a família reunida a torcer pelo feroz brasileiro, eu e os meus primos, todos equipados a rigor com umas t-shirts que o Tio Emídio Vaz de Oliveira, então residente em Manaus, nos trouxera para apoiar a Seleção do Brasil no Campeonato do Mundo de 94, “Só dá Baziuu”. Até que chegamos ao dia 1



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de maio de 1994, onde se dá o “nosso” maior desgosto ao nível deste desporto. Desde esse dia que nada voltou a ser igual, salvo a grande paixão pelos carros com o “Cavallino Rampante”. Continuei a acompanhar o desporto automóvel de longe, mas esta mágoa e desilusão só foi ultrapassada ao me debruçar sobre outro desporto, também rei neste País - o Futebol, e por sorte como adepto do Futebol Clube do Porto.

Inúmeras viagens que os meus pais me proporcionaram pela Europa fora, percorrendo de carro e a pé o circuito do Mónaco, passar por Le Mans e mesmo vazio sentir a alma do grande Evento, e perceber que são Cidades voltadas para este tipo de Eventos, tal como deveríamos ser: “porque não temos nada disto?” Até que chegamos a 2005 e (re-)surge o Circuito da Boavista, logo no ano em que entrei na Faculdade no Porto. A excitação era tal que eu e um dos meus “primos apaixonados pelo desporto motorizado - os Ribeiros” fomos durante a semana para junto das redes ver as primeiras voltas das máquinas, e foi aí que passa um endiabrado Ford Escort com os dizeres da Lanidor no capot a varrer de forma brilhante todo o asfalto daquela curva que antecedia a rua da Vilarinha. O bichinho estava cá dentro, tudo recomeçou novamente.

E não é que em paralelo surge novamente a ideia de renascer com o Circuito de Vila Real? Ouro sobre azul. A partir desse momento está instalado o entusiasmo nas mesas de café, toda a cidade fala do mesmo, nem que se trate apenas de uma versão mais reduzida do mítico circuito com 7km. E foi assim que Vila Real regressou. Primeiro com um dos mais marcantes eventos alguma vez organizados nesta cidade – o Revival, que contou com as maiores referências, tanto ao nível dos carros como de pilotos do desporto internacional e nacional que competiram noutros tempos em Vila Real. Foi imediata a percepção para mim, que pouco ou nada tinha vivido em Circuito de Vila Real, e que a cidade pacata de Vila Real era isto afinal, Paixão pelo Desporto Automóvel, as pessoas a saírem de suas casas e rapidamente a chegarem-se à beira da estrada, num dia um pouco chuvoso, ao ouvirem o retumbante e inconfundível som do Porsche 917 a aproximar-se. As corridas voltaram a Vila Real, “tinham de voltar”. Até que em 2013 a cidade do Porto mudou de Política e por coincidência Vila Real também. Um não via viabilidade nem interesse numa prova do Campeonato do Mundo como



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mais um Evento numa Cidade que se estava a transformar de uma forma fantástica, outra viu, como “O Grande Evento” de uma cidade apelidada noutros tempos como a Capital da Velocidade.

fomos convidados por dois grandes Senhores desta Associação, João Cunha Carvalho e Francisco Vieira e Brito. Afinal havia duas pessoas que viviam o circuito de forma mais intensa que eu.

E chegou o Campeonato do Mundo de Turismos, o terceiro campeonato mais importante do calendário FIA, à nossa humilde Cidade. E foi aí que se fundou a APCIVR, Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real, uma estrutura com capacidade de liderar a Organização de um Evento desta envergadura.”

O meu objetivo enquanto membro da APCIVR é estar sempre olhar para a frente, nos degraus que podemos vir a subir e não nos contentarmos com o que passou, que não haja dúvida, foi bem mais do que eu imaginaria. Talvez seja essa a responsabilidade que acarreto, procurar de forma “apaixonada e entusiasta” sempre mais e melhor, atrás dos sonhos.”

Os seus laços familiares com Francisco Teixeira, homem de enorme importância na história do circuito, fortaleceram ainda mais a vontade e a responsabilidade de ajudar nas corridas: “O entusiasmo era tanto que nos voluntariamos para ajudar a APCIVR logo no início de 2015, no Primeiro ano de WTCC em Vila Real. Em consequência do nosso trabalho e paixão

Eduardo Santelmo recordou o que era ver as corridas na casa dos seus Avós, noutros tempos: “Numa palavra “Glamour”. Porta aberta sexta, sábado e domingo. Com buffet que a minha bisavó preparava, de onde vinham pessoas de vários sítios de propósito, nomeadamente do Porto, um dos quais o Vasco Sameiro.


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Uma curiosidade, o Vasco Sameiro estacionava o seu carro na Garagem da Quinta, que era onde actualmente é a “Casa do Lavrador”. Esta garagem tinha fossa, e então passava lá tudo a ver a preparação e afinação do carro para as provas. Era um Camarote de Excelência com 17 janelas de guilhotina abertas para uma deslumbrante vista panorâmica sobre o circuito. Recorrendo a algumas fotografias, rapidamente se perceciona que tinha alcance visual sobre todo o circuito, com exceção da ponte da Timpeira, a curva atrás do monte onde está implantada a igreja de Mateus e os troços mais estreitos junto à antiga passagem de nível da estação e depois da ponte. De resto via-se tudo! A propriedade dos meus Avós - Quinta da Boavista - tinha de margem para o circuito cerca de 1 km, e muitas pessoas, principalmente amigos, pediam autorização para usar espaços para fazerem piqueniques em família. Apareciam cedo para aproveitar todos os momentos do Evento. Outros tempos, em que existia muito respeito por parte das pessoas.

O meu avô vivia a Região de forma muito intensa, e as corridas não eram exceção. É verdade que Vila Real chegou hoje a um patamar de excelência Internacional, mas não mais extraordinário que o vivido antes de 1974. Temos de ter em conta a cidade que era Vila Real nos anos 60 e início de 70. Uma cidade esquecida do País. Que organizava um Evento de desporto motorizado desta dimensão. Automóveis de Competição e Pilotos que competiam em Le Mans, duas semanas depois estavam em Vila Real. Conseguimos interpretar isto à escala dos dias de hoje? Imaginem nos dias de hoje os LMP1, ou os LMP2 ou “até” os GT de Le Mans a correrem no nosso circuito. É melhor parar por aqui, seria estratosférico. Ainda bem que existem registos fotográficos porque custa a acreditar. Por coincidência, ou não, (e acredito pouco em coincidências) os cartazes dessa época foram os mais bem conseguidos de toda a história do CIVR. Um Evento como este, englobado nas Festas da Cidade, era sem dúvida o mais dispendioso, só com grandes apoios como o da SACOR e o da MABOR foi possível, bem como as re-


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ceitas das bilheteiras, principalmente do peão. Note-se, as pessoas de Vila Real davam com prazer, eram e são apaixonadas pela velocidade, isto porque não foi um ano a correr bem, foi ano após ano. De ressalvar o apoio de Instituições como a Câmara Municipal, o Turismo do Marão, onde se reuniam e recebiam os corredores, a JAE que ajudava na parte física do circuito com o engenheiro Humberto Carvalho, a própria boa relação com o Sr. César Torres do ACP com todo o apoio para a parte da logística. Importante destacar as ajudas que surgiam de forma também voluntária, no nome do Chefe Artur dos Bombeiros que dava o máximo pela cidade.

O meu avô, tal como tantos outros foi um visionário, sempre acreditou em algo que muitos duvidariam ser possível, e mostrou-me que o comodismo é o pior defeito de um povo e de quem o lidera. E é para isso que cá estamos, em busca dos sonhos. Tempos Diferentes. Mas continuamos a ser um grupo de “Maluquinhos Apaixonados”, que abdicam da sua vida pessoal e profissional de forma “não remunerada”, antes pelo contrário, em prol de uma Paixão que é a de todos.” Desafiado para recordar momentos marcantes, Eduardo Santelmo contou-nos três histórias: “Destaco três pequenas histórias deliciosas. A primeira foi quando o meu tio avô Eduardo e o meu avô Francisco Teixeira foram buscar ao Porto no seu carro, Austin A30 azul claro de duas portas, Sir Stirling Moss. O entusias-

mo deveria ser tal, que ao chegar a Vila Real ao anoitecer, Stirling Moss pediu ao meu tio para ir para o volante, que não podia perder mais tempo e teria de conhecer o tão famoso e desafiador circuito. E assim foi. Contava-me a minha madrinha Tété, ´Eduardo, estávamos dentro de casa e começamos a ouvir um carro a acelerar e muito nervoso (trabalho de caixa) a aproximar-se da então linha de meta, na altura não havia quase carros por isso estranhamos e fomos todos a correr para as janelas, e lá vinha o carro do teu bisavô a toda a velocidade, e comentávamos, o Eduardo vai doido. Mas não, era o Stirling Moss. Eduardo não imaginas como o teu avô e o teu tio chegaram a casa, brancos.´


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Outra história tem a ver com o facto de o telefone lá de casa ser o telefone oficial da Comissão Permanente, era lá que caíam os telefonemas. Numa ocasião, não sei precisar se a minha mãe ou a minha tia, ainda crianças, mal ouviam o telefone iam a correr para atender todas entusiasmadas. Desta vez era o próprio Príncipe, Sua Alteza Real da Geórgia, Jorge de Bagration. O meu avô naquele momento não estava em casa, então foram para a Quinta a correr chamar pelo meu avô, e lá estava ele sentado em cima de um trator na apanha batata “Oh Pai, tens o Príncipe ao telefone”, e lá foi ele a correr.

Por último, uma mais cómica. No fim-de-semana de corridas, amigos convidavam amigos, e perdia-se por vezes o controlo das pessoas dentro de casa. Houve um casal que aproveitou estar lá em casa e usou o “quarto de banho” para tomar banho, e por simpatia deixou meia dúzia de escudos para pagar o sabonete.” Eduardo Santelmo partilhou connosco algumas pérolas do passado, mas olha também para o futuro daquele que também é o “seu” circuito:

“Faço parte de uma equipa de apaixonados, nenhum membro é profissional da área, mas já temos no currículo 5 anos de Campeonato do Mundo de provas de Turismo. O nosso “auto” grau de exigência chegou a um patamar tal, que nos sentimos dignos e preparados para outros voos. Talvez me sentirei realizado quando houver uma prova a sério de GT’s, acredito piamente que o futuro tem obrigatoriamente de passar por aí.” Quanto a possíveis mudanças no Circuito, Eduardo Santelmo tem uma visão clara e incisiva:


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“Em primeiro lugar a cidade tem de uma vez por todas de se assumir como uma cidade de corridas. Temos vários exemplos de circuitos citadino de excelência, como o Mónaco, Valência e a Boavista, e mesmo até Le Mans em alguns setores, onde as rotundas e os passeios são diluídos de barreiras fixas e permanentes, assinalados com vasos de plantas bem desenhados, ou com os famosos fradinhos. Como conseguimos compreender pela nova política de Mobilidade Urbana, observamos que se tem vindo a promover os passeios e as vias automóveis ao mesmo nível. Se conseguirem passar este conceito para a zona interior do circuito (Município) e para a zona antiga do circuito (IP) ganhamos pelo menos 2 metros na largura da via. É

evidente que isto é um processo e não pode ser para amanhã, mas deve estar em cima da mesa. Ainda por cima, falamos de passeios desconfortáveis para o peão, quase como se de auto estrada se tratasse, onde estes artefactos seriam vistos com muito bons olhos por quem lá caminha. Na altura das corridas recolhiam estas próteses urbanas e o circuito alargava – não estou a inventar nada, isto já existe em inúmeras cidades. Por outro lado, sinto uma necessidade enorme de se mudar de visão ou política, e de procurarmos cada vez mais atrair público de fora de Vila Real, que querem ter um lugar de bancada adquirido. Outro ponto que me parece vital, mas entendo quem arquitecta o programa deste fim-de-semana, temos corridas das 9h às 18h, e seria de pensar ter uma pausa próxima da hora de almoço, esta atitude julgo que potenciaria a promoção do comércio local. Por outro lado, vejo poucos estabelecimentos a adaptar-se a esta realidade de Evento, destaca-se com sucesso a APCVR, que criou um bar aberto para o circuito para angariação de receita para a instituição.”



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Pertencer a uma organização deste nível implica viver momentos únicos. Histórias que poucos conhecem, mas que são vividas com uma intensidade tremenda. Eduardo Santelmo recordou algumas: “Esta pergunta fez-me ter saudades de quando era em exclusivo adepto. E vou falar um pouco disso. No Bosque dos avós da minha mulher, na mítica curva do Cipreste começamos a organizar uma festinha depois de jantar nesses fins de semana – Casta Dura | “Português Suave”. Convidamos amigos, e os amigos convidavam outros e por aí adiante. Foi sempre casa cheia, uma festa simples de organizar, com multas, ao qual toda a gente aderiu. Fizemos isto dois a três anos, foi um sucesso. Conheci gente do Porto, Braga, Penafiel que ainda hoje me perguntam por uma nova edição. Depois no Domingo vinha o Main Event – “Campeonato Nacional de Clás-

sicos” – era o entusiasmo instalado na Curva do Cipreste, tudo com T-Shirts iguais, buzinas, sirenes, fumos, tarjas, placas e transformávamos aquela prova como se de uma final de Hóquei Patins se tratasse. O público do outro lado da pista alinhava connosco e era uma borga. Até o JN fez uma reportagem de um desses momentos, bem como a visita do jornalista privado do piloto marroquino Mehdi Bennani que ficou estupefacto com o ambiente que se vive em Vila Real fora do que se passa no Paddock e na televisão. Isto também é Vila Real. Relembro uma situação com a Eurosport. Recebi uma chamada telefónica por parte de um membro da Eurosport Events, a comunicar-me que uma lona preta de publicidade da Tag Heuer de 4 por 2 metros na curva da Cooperativa das Frutas estava vandalizada. De seguida enviou-me em anexo uma foto-



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grafia a comprovar o sucedido. Ficamos incomodados com a situação. Isto já passava da hora de jantar. Entretanto, liguei para a gráfica que nos dá este vital apoio e disse-lhes que precisava de uma lona de 4 por 2 com o símbolo da Tag igual à foto que enviei em anexo. Duas horas depois, enviei ao membro da Eurosport a fotografia da nova lona aplicada no mesmo local, e ele só me disse “o que vocês acabaram de fazer não acontece em mais lado nenhum”. Por ter sido vandalizada

achei porventura que nos ficaria bem corrigir o estrago acarretando com as despesas, mas foi exatamente o contrário que sucedeu, ele disse que a nossa eficácia tem de ser paga. Nesse mesmo fim de semana o Herve Mazza desafiou-nos a irmos ajudá-lo no ano seguinte a Le Mans. Este reconhecimento, profissionalismo, exigência e eficácia espelha-se em todos os membros desta Associação, na qual tenho um orgulho em pertencer.



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Eduardo Santelmo é um defensor acérrimo do Circuito e acredita que o futuro pode ser ainda mais risonho: “Parar é morrer neste meio, temos de continuar a aparecer e a existir, mesmo que passemos por momentos/eventos menos bons, só assim chegaremos a bom porto. Relembro, o circuito ressurgiu em 2014 com provas do Campeonato Nacional e em 2015 estava cá o Campeonato do Mundo de Turismos. Se não tivesse ressurgido no ano de 2014, não se teria a oportunidade de acolher o WTCC. A sorte constrói-se.” Como qualquer fã de corridas. Eduardo Santelmo tem pequenos rituais que gosta de cumprir nesses dias, que teve a amabilidade de partilhar connosco: “Eu e um grupo de amigos decidimos aquando do surgimento da prova Campeonato do



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Mundo em Vila Real, organizar um Jantar que teve três edições no tal camarote da Quinta dos meus avós sobre a antiga reta da meta, que aliasse a gastronomia local, o vinho do Douro e apaixonados por Corridas. Achamos que as corridas em Vila Real não se podem resumir em exclusivo ao que se passa no asfalto, é muito mais que isso, é todo o glamour em redor de uma Paixão. É de notar que Vila Real se transforma nesses dias, na noite de sexta e sábado, se possível tento passar no Tralha Wine Bar e sentir o ambiente, pilotos do WTCR e apaixonados pelas corridas a partilharem brindes e boa disposição – Isto também é Vila Real. Por último, um ritual que continuo a seguir, de ir ver sozinho a primeira passagem dos carros do WTCC/WTCR na curva da Alleu, que antecede a travagem para a chicane da Araucária, quase como se tratasse do “meu momento espiritual” do fim-de-semana. Recordo três nomes que para mim sempre foram referências deste desporto, Gabriele Tarquini, Andy Priaulx e Augusto Farfus com os seus carros a aparecerem lançados como flashes na curva da Farmácia de Mateus e com os seus carros todos descompensados ainda em curva a empinarem a frente para a mais dura travagem do circuito, isto na primeira volta, o resto já vocês sabem.”

Eduardo Santelmo é um de nós. Mais um fã das corridas, que dá tudo por elas e que as vive com uma intensidade. A sua história, apesar de única pelas ligações familiares, é igual à de tantos outros. Com esta pequena entrevista, quisemos mostrar mais uma face da organização das corridas e, acima de tudo, prestar homenagem à Família “Teixeirinha” que foi, e continua a ser, muito importante na história do Circuito de Vila Real.



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Entrevista a Francisco Lobinho – Minisquadra (miniaturas)

As corridas são um mundo imenso, com muitos pormenores e muitas particularidades. A sua história é escrita das mais variadas formas: na construção dos carros, nas pistas onde as corridas acontecem, nas fotografias, nos relatos escritos e falados. Mas há uma forma de escrever a história que encanta miúdos e graúdos. As miniaturas. Pequenas recriações das máquinas que nos fazem ou fizeram sonhar, muitas vezes com um detalhe tal que parece que as verdadeiras máquinas foram encolhidas. Criar essas miniaturas é uma arte e Francisco Lobinho, da “Minisquadra”, é um dos artistas nacionais. Como também as miniaturas são parte importante da paixão pelas corridas, sendo que quase todos os adeptos da competição motorizada tem pelo menos uma ou duas miniaturas em casa, entrevistamos Francisco Lobinho, para mostrar a sua arte e para lembrar a todos que esta é também uma forma de escrever a história das corridas Francisco Lobinho define-se como um “Petrolhead, apaixonado desde sempre pelos automóveis e corridas. Comecei pelo Rallye de Portugal em 1983, pela facilidade que existia e pelas romarias à Serra de Sintra, e conheci em 1984 o “Grande Circo” no Estoril.

Em termos profissionais gosto de pesquisar fragmentos de estórias, sou atento aos detalhes e procuro sempre a excelência nos modelos que edito, quer seja na base, nos acessórios, na apresentação ou na embalagem.” A execução dos trabalhos minuciosos que faz exige dedicação e acima de tudo uma grande paixão pelos carros, paixão essa que se iniciou já há muito anos: “No início dos anos 80, não me lembro do que nasceu primeiro, mas terá sido a paixão pelos automóveis através de jornais (Autosport e Motor) e revistas (Automundo, Turbo, Grand Prix). Como pano de fundo tinha os álbuns de Banda desenhada do Michel Vaillant que me permitiram sonhar e viajar para outros locais. As miniaturas foram a tentativa de replicar o que via na TV nas corridas de F1. Fazia todos os participantes no Campeonato do Mundo e havia sempre “corridas” com os vizinhos.”


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Com uma postura muito pragmática, Francisco Lobinho vive esta sua arte dia a dia: “Não sei o que o futuro reserva e vivo no presente, mas o objetivo será “respirar” modelismo conjugado com o universo dos automóveis assim como com o ambiente vintage. Para isso tenho estado a remodelar todo este projeto que leva 16 anos.” Apostando muito na construção de modelos clássicos e com uma coleção (GRIP) exclusiva de modelos que correram em Portugal. quisemos saber o que o levou por esse caminho: “Os modelos a partir dos anos 60 até aos anos 90 são sem dúvida os mais icónicos, todos eles com grande personalidade e percursos marcantes. Por outro lado, as pessoas lembram-se de ter visto os carros correrem e de tirarem grande prazer disso, transformando-se em memórias inolvidáveis. A GRIP é a materialização dessas memórias, perpetuando-se assim no tempo momentos únicos e inesquecíveis.” Francisco Lobinho vai lançar uma coleção especial sobre o início do Circuito Internacional de Vila Real e falou-nos um pouco desse lançamento:



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“Esta coleção estava pensada há algum tempo (tenho sempre algumas ideias em “stand-by”) e em Março comecei a aprofundar a pesquisa e investigação, falei com pessoas que são uma referência para mim e decidi avançar, tendo como meta a realização da edição deste ano do Circuito de Vila Real. 89 anos depois iriam ser materializadas à escala as máquinas da década de 30. Do pouco que conheço, penso que será o circuito em Portugal que mais edições tem efetuadas. Mantém hoje em dia provas do Campeonato do Mundo e nos anos 60/70 era um dos circuitos mais apreciados pelos pilotos estrangeiros. É um exemplo de resiliência, tradição e glamour do ambiente das corridas de Grand Prix e Resistência. Na adolescência acompanhava o Automobilismo e a imprensa transmitia sempre um grande élan das “provas e das gentes” de Vila Real. Posteriormente tive a oportunidade de adquirir um livro “Circuito de Vila Real, 1931 – 1973” do historiador Car-

los Guerra que veio desenvolver o meu interesse e paixão pelas provas em Vila Real. Em 2009, a convite do Presidente da Câmara de Vila Real e de outras entidades, realizei uma exposição e pude sentir o ambiente mágico do Circuito e das pessoas, o seu entusiasmo e paixão sempre presentes. A arte das miniaturas está sempre presente no dia a dia dos fãs das corridas e Francisco Lobinho concorda com esta afirmação: “Penso que a paixão pelas miniaturas está sempre latente nas pessoas. O nosso contributo vai no sentido de “acordar” esse sentimento. Um modelo pode despertar sentimentos muito positivos nas pessoas e é esse o nosso propósito. Despertar memórias, sentimentos e emoções. Trata-se no fundo de preservar um património histórico preservando a memória, ao mesmo tempo que se apela à parte da emoção. A “Minisquadra” é sem dúvida um projeto emocional.”



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Chegar a Vila Real há 70 anos atrás...



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Vila Real, ímpar! Os mais de setecentos anos de história concedem a Vila Real o inestimável título de cidade capital de toda uma região. O norte interior, com a sua diversidade ímpar, é partilhado com o acesso privilegiado a essa pérola património da humanidade conhecida como Douro. Rodeada de paisagens e lugares únicos, pela qualidade dos seus ecossistemas, Vila Real é destino cimeiro da Biodiversidade. Na gastronomia, apresenta distinções inigualáveis como uma das sete maravilhas à mesa e maravilhas doces de Portugal. Boas razões para uma visita demorada, plena de sensações e experiências inolvidáveis. “Entre!…e já está no Reino Maravilhoso.” Miguel Torga

O que visitar? Palácio de Mateus | Casa de Mateus Encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910. Todos os estudos referentes ao Solar de Mateus são unânimes em considerá-lo uma das obras mais significativas da arquitetura civil portuguesa do período barroco. Não se sabe ao certo em que data é que a Casa começou a ser construída, mas é certo que a sua conclusão se verificou em 1744, a Capela foi terminada em 1750, data que coincide com a época em que o Arquiteto italiano Nicolau Nasoni trabalhou na zona, a quem é atribuída a autoria da obra. Atualmente, a Casa de Mateus é administrada pela Fundação com o mesmo nome, fundada em 3 de Dezembro de 1970, e dirigida pela família, organizando diversas atividades de âmbito cultural, para além de conservar a biblioteca e o museu.

Igreja de S. Domingos | Sé de Vila Real Classificada como Monumento Nacional, a igreja de São Domingos ou Sé de Vila Real, sede de um convento dessa ordem, foi erigida a partir de 1424 e constitui o melhor exemplo transmontano da arquitetura gótica. Passou por uma primeira remodelação, no século XVI, durante o reinado de D. Manuel, mas foi mais tarde, no século XVIII, que sofreu obras mais profundas. Nesta altura, a primitiva cabeceira gótica foi substituída em benefício de uma mais ampla, profunda e moderna, profusamente iluminada através de janelões nas paredes laterais. É deste período, também, que data a torre sineira (1742).



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A extinção das Ordens Religiosas, em 1834, significou a decadência do convento. Alvo de um violento incêndio, em 1837, que destruiu grande parte do recheio, só viria a ser restaurado nas décadas de 30 a 50 do século XX, altura em que foi colocado o atual retábulo-mor, obra maneirista do Convento de Odivelas. Mais recentemente, o IPPAR promoveu um projeto inovador, convidando o pintor João Vieira a efetuar um conjunto de vitrais para o edifício. O resultado foi uma composição inspirada no prólogo do «Evangelho Segundo São João», atualmente integrada na estrutura medieval do edifício. Parque Corgo O Parque Corgo situa-se nas margens do rio que lhe dá nome e tem uma área de cerca de 33 hectares; está ligado ao Parque Florestal, um verdadeiro pulmão da cidade e incorpora vários equipamentos: campos polidesportivos, itinerários pedestres, parque de merendas de Codessais (equipado com grelhadores e mesas), piscinas municipais abertas, parque infantil, cafés e casas de chá; é ainda possível ver antigos moinhos, alguns deles recuperados. Na área correspondente ao Parque Florestal está instalado um circuito de manutenção, que convida à prática de hábitos de vida saudáveis. Numa das margens do rio estão as instalações do Centro de Ciência Viva. Esta área da cidade assume um papel primordial na vida dos vila-realenses, havendo uma notória ligação criada entre estes, o rio e todo o ambiente do Parque. Deixe que o rio Corgo seja o seu anfitrião, ele dar-lhe-á a conhecer cada recanto deste Parque! Venha desfrutá-lo!

Parque Natural do Alvão Esta Área Protegida, tal como o nome sugere, situa-se no conjunto montanhoso definido pelas Serras do Alvão e do Marão e parte da sua área está na zona indefinida de transição das duas serras. A área do Parque Natural do Alvão corresponde à cabeceira da bacia hidrográfica do rio Olo, afluente do Tâmega, e a uma pequena aba (Arnal) virada a Este, pertencente à bacia do Corgo. É neste parque que se encontra a maior cascata natural da península ibérica, conhecida por Fisgas de Ermelo. Vegetação e flora: as condições de clima e altitude em simultâneo, são responsáveis pela diversidade e diferenciação da cobertura vegetal. Até ao momento estão inventariadas e referenciadas cerca de 486 espécies de plantas, sendo 25 delas endemismos ibéricos, 6 endemismos lusitânicos e 23 possuem estatuto de conservação. Fauna: a intervenção do homem no Parque Natural do Alvão tem determinado a manutenção e o equilíbrio entre as diferentes formas de vida da fauna selvagem. Esta atitude tem contribuído para a diversidade biológica ao serem criadas novas unidades ecológicas biótopos, campos agrícolas, lameiros, sebes, etc., que se associam aos biótopos naturais. É na área do Parque Natural do Alvão que encontra apascento uma raça autóctone, que origina uma das mais suculentas e saborosas carnes portuguesas: a Maronesa DOP.



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Aldeia de Bisalhães | Olaria negra Bisalhães é uma aldeia situada na encosta sul da freguesia de Mondrões, concelho de Vila Real. É célebre pela olaria de Bisalhães, mais conhecida por “Barro preto de Bisalhães”. Recorde-se que a decisão de inscrição do barro preto de Bisalhães na lista do património cultural imaterial que necessita de salvaguarda urgente da Unesco foi tomada no dia 29 de novembro de 2016, em Adis Abeba, Etiópia, na sequência de uma candidatura apresentada pelo Município de Vila Real. Este reconhecimento internacional foi um passo fundamental para a valorização da arte ancestral dos Oleiros de Bisalhães, que deixou de estar confinada ao nosso território e passou a ser partilhada com o Mundo.

Destaques da Gastronomia! Covilhetes Espécie de “empadas” que devem o seu nome à pequena forma de barro preto (de Bisalhães) em que iam ao forno. Hoje em dia, o molde já não é de barro, mas o nome mantém-se. A tradição desta especialidade é muito antiga e está ligada às festas de Santo

António, do Senhor do Calvário e da Senhora da Almodena, que eram as únicas ocasiões em que era vendido. Desde a década de 60 do séc. XIX que os Covilhetes começaram a ganhar notoriedade na Gastronomia Vila-Realense e, no séc. XX, havia pessoas que os vendiam pelas ruas da Cidade em tabuleiros cobertos com panos de linho. Atualmente, podemos comprar Covilhetes numa qualquer pastelaria de Vila Real, pois são comercializados diariamente. Integra o menu das 7 Maravilhas à Mesa de Vila Real. Pitos de Santa Luzia Com origem no antigo Convento de Santa Clara, os Pitos de Santa Luzia ganharam forma e paladar pelas mãos de Maria Ermelinda Correia, uma Irmã Imaculada de Jesus que, segundo reza a história, era muito gulosa. Ora, sabendo a Madre Superiora de toda a sua gula, proibiu-a de comer todo o tipo de doces. A Irmã Ermelinda Correia, não conseguindo controlar a sua gulodice, criou um doce cuja forma se assemelhava muito com os pachos de linhaça com que tratava os doentes com problemas de olhos. E assim nasceu o Pito de Santa Luzia (padroeira dos doentes com problemas de olhos), uma especialidade com recheio de doce de abóbora e cobertura de massa de farinha, que é um dos ex-líbris de Vila Real. Manda a tradição Vila-realense que as raparigas ofereçam o Pito aos rapazes nos dias da Festa de Santa Luzia. Integra o menu das 7 Maravilhas Doces de Vila Real.



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Carne Maronesa DOP É nas pastagens da região delimitada pelas Serras do Marão, Alvão e Padrela que esta raça autóctone encontra apascento e são as particularidades deste território que conferem à Carne Maronesa D.O.P. características organolépticas únicas, fazendo dela um produto de topo, que se distingue pela textura tenra e sabor incomparável com que chega à mesa dos consumidores. Para que estas características possam ser verdadeiramente degustadas, a Carne Maronesa deverá ser apenas temperada com sal. Não deixe de provar esta especialidade e, se nos permite a sugestão, acompanhe com um Vinho Tinto Reserva da Adega Cooperativa de Vila Real.

Vila Real, uma lenda… Reza a lenda, que durante o reinado de D. João I (ou de D. Dinis), durante a campanha de conquista da praça de Ceuta (Marrocos), estaria um grupo de rapazes a jogar o jogo da choca (uma espécie de hóquei medieval), com um pau a que davam o nome de “aleo”. O rei terá criticado a sua despreocupação em tempo de guerra, quando um dos rapazes, D. Pedro de Meneses, que viria a ser o 1º Conde de Vila Real, terá respondido que com o mesmo aléu com que jogavam a choca tratariam dos inimigos. Satisfeito com a resposta, o rei mandou que a palavra aléu fosse inscrita no brasão da cidade.



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Agenda Cultural Exposição de fotografia “Viagem pela História” patente no “Nosso Shopping”, em Vila Real <https://nossoshopping.pt> com imagens cedidas pelo “Museu do Som e da Imagem” <http:// museu-msi.blogspot.com> com apontamentos sobre a rica e longa história do Circuito Internacional de Vila Real.

Dia 01 de Julho: Concerto pela “Orquestra Ligeira do Exército” <https:// w w w.fa c e b o o k .c o m /o rquestraligeiraexercito> 22h00 Praça do Município, Vila Real. Dia 02 de Julho: Concerto “Xutos e Pontapés” < https://xutos.pt> 22h00 Praça do Município, Vila Real. DJ Wilson Honrado https://www.facebook.com/ DJWILSONHONRADO 24h00 Praça do Município, Vila Real.

Exposição fotográfica retrospetiva da “50ª. edição do Circuito Internacional de Vila Real” que estará patente no “Museu de Arqueologia e Numismática Shopping” em Vila Real http://www.museu.cm-vilareal.pt



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Agradecimentos A Organização do 51.º Circuito Internacional de Vila Real agradece a colaboração de todos os que tornam possível a realização deste grandioso evento, nomeadamente: - Bombeiros Voluntários da Cruz Branca, Vila Real; - Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real - Cruz Verde; - PSP - Polícia de Segurança Pública; - GNR - Guarda Nacional Republicana; - Freguesia de Vila Real; - Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil; - Associação de Comissários de Desportos Motorizados do Estoril; - Clube Automóvel do Minho; - Regimento de Infantaria nº 13 - Vila Real; - Cento Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro; - Associação de Paralisia Cerebral de Vila Real; - Teatro de Vila Real; - Museu do Som e da Imagem, Vila Real; - Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real; - EMARVR- Água e Resíduos de Vila Real; - EDP- Eletricidade de Portugal, S.A.; - NERVIR – Associação Empresarial; - Funcionários Municipais de Vila Real; - Funcionários das Infraestruturas de Portugal – IP; - Patrocinadores, colaboradores, pessoas e entidades que, direta ou indiretamente contribuem com o seu esforço, tempo e dedicação; - Comerciantes e Moradores, nomeadamente os situados no perímetro do Circuito; - Voluntários que colaboram com a organização; - A todos os que de alguma forma tornaram possível este evento e tenham sido involuntariamente esquecidos. O NOSSO MUITO OBRIGADO A TODOS, BEM-HAJAM!


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Parceiros oficiais


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Agradecimentos

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Agenda Cultural

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pages 132-133

Vila Real, ímpar

7min
pages 122-129

Entrevista a Francisco Lobinho

4min
pages 114-119

Eduardo Santelmo: mais que uma paixão… uma forma de viver

18min
pages 92-113

Entrevista a Eduardo Ferreira

6min
pages 74-79

Entrevista a Jorge Machado

13min
pages 84-91

Filipe Fernandes, o homem dos sete ofícios

3min
pages 72-73

Entrevista ao Presidente do Município de Vila Real, Eng. Rui Santos

10min
pages 48-57

Com o Costa Paulo no Grande Prémio de Espanha, em Jarama

5min
pages 64-71

Entrevista a José Miranda da Silva, Presidente da APCIVR

7min
pages 60-63

Clássicos, “Legends” e “1300”

2min
pages 44-45

Sobre o KIA GT Cup

1min
pages 46-47

Campeonato de Portugal de Velocidade by Hankook

2min
pages 40-43

Inscritos KIA GT Cup

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pages 38-39

Mensagem presidente da TPNP

1min
pages 30-31

Mensagem Reitor da UTAD

2min
pages 28-29

Mensagem Presidente da CCDRN

2min
pages 26-27

Bem-vindos ao WTCR 2022

6min
pages 8-11

Mensagem Presidente da APCIVR

2min
pages 6-7

Mensagem Presidente do CAVR

1min
pages 22-23

Mensagem Presidente FPAK

1min
pages 20-21

Welcome Message Head of DSE (Discovery Sports Events

3min
pages 24-25

Mensagem Presidente do Município de Vila Real

2min
page 5

Falando de pneus com Sebastian Trincks, Goodyear Event Leader

1min
pages 16-17
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