O material didático Um dos princípios fundamentais sobre os quais repousava o uso de material didático era que as atividades deveriam ser metodicamente coordenadas, de maneira que as crianças pudessem facilmente avaliar seu grau de êxito enquanto as realizavam. Era pedido às crianças, por exemplo, que andassem ao longo de grandes círculos traçados no chão, que formavam uma série padronizada de desenhos interessantes, segurando uma vasilha cheia até a borda de tinta azul ou vermelha; se transbordasse, elas podiam perceber que seus movimentos não eram suficientemente coordenados e harmoniosos. Da mesma forma, todas as funções corporais eram conscientemente desenvolvidas. Para cada um dos sentidos, havia um exercício cuja eficácia poderia ser ainda aumentada pela eliminação de outras funções sensoriais. Por exemplo, existia um exercício de identificação pelo toque de diferentes tipos de madeira, que era possível tornar ainda mais eficaz vendando os olhos das crianças. Esses exercícios eram praticados em grupo e seguidos de uma discussão, o que reforçava seu alcance do ponto de vista dos aspectos sociais da educação das crianças. É assim que as diferentes atividades eram destinadas a conjugar seus efeitos; como Montessori escreveu “para [que a criança] progrida rapidamente, é necessário que a vida prática e a vida social estejam intimamente misturadas à sua cultura” (Montessori, 1972, p. 38). Se esse posicionamento era o de Helen Parkhurst, ele era também, evidentemente, o de Maria Montessori, de quem era aluna: ela se esforçava em desenvolver os aspectos sociais da educação, embora a preocupação essencial que guiava sua ação não tenha sido aquela que certas concepções educativas de origem sociológica concernentes a uma categoria diferente de problemas inspiravam7. Isso para responder aos que rejeitaram de maneira parcial as ideias pedagógicas de Helen Parkhurst e de Maria Montessori acusando-as de serem irremediavelmente individualistas. O material didático devia operar “como uma escala”, para retomar a expressão a que se afeiçoava Maria Montessori: devia permitir à criança tomar a iniciativa e progredir na sua via da realização. De outra parte, ele 24