Saviani discute também, no referido texto, as teorias críticoreprodutivistas, que denunciam as formas de que a sociedade capitalista lança mão para garantir a sua continuidade, elegendo para sua análise, a teoria de Althusser sobre o sistema de ensino enquanto violência simbólica; a teoria da escola enquanto aparelho ideológico do Estado, de Bourdieu e Passerón, que demonstram como a classe dominante inculca suas verdades na cabeça dos dominados como forma de preservar a dominação e a teoria da escola dualista desenvolvida por Baudelot e Establet, que analisa o fato de que mantendo duas redes de escolarização – a rede secundária-superior e a rede primária-profissional, a primeira para as classes privilegiadas e outra para as classes subalternas, somente a classe dominante se apropria da cultura de elite. Considerando que a crença ingênua das teorias não críticas e a descrença total das teorias crítico-reprodutivistas no poder da instituição escolar a favor ou contra as mudanças, objetivamente não consideram as potencialidades da escola para a transformação social, Saviani esboça, apoiado em Gramsci, a teoria crítico-social dos conteúdos, que considera a importância do patrimônio social da humanidade na formação dos cidadãos, de forma a construir uma nova hegemonia. Em que pese o fato de as opções pelas teorias pedagógicas presentes nas orientações oficiais das políticas educacionais brasileiras centrarem-se quase que exclusivamente nas teorias não críticas, mesmo estas, longe de transformarem significativamente as práticas pedagógicas, são assumidas pelo discurso formal e depois de um período de “modismo pedagógico”, aquietam-se por força da resistência dos professores, resistência muitas vezes sábias, e muitas vezes, representando posicionamentos que jogam contra os interesses de seus parceiros - os alunos, e contra seus próprios interesses, em direção à conquista da qualidade social da escola. Como afirma Arroyo (2001) a escola é uma instituição pesada e lenta que se presta muito pouco às vontades políticas revolucionárias. Em suas palavras: “Há uma cultura escolar e profissional grande desafio. Na escola que está aí com sua história e sua cultura.” (Arroyo, 2001, p. 277)
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