jamais cessam de tocar superfícies lisas; chegam a tornar-se habilíssimas em discernir as diferentes qualidades de lixas (p. 115). 9.4 Os exercícios sensoriais relativos ao gosto e ao olfato são pouco suscetíveis de uma sistematização atraente. Eis a experiência que adotamos, e que as crianças puderam repetir entre si. Nós as fazíamos cheirar violetas e jasmins; ou então, servíamo-nos de rosas tiradas dos seus vasos de flores. Em seguida, vendávamos os olhos duma criança, dizendo-lhe: “Agora, você vai receber um presente”. E uma coleguinha lhe achegava ao nariz um ramo de violetas, por exemplo, que a criança deveria reconhecer. Posteriormente, surgiu a ideia mais simples de deixar ao ambiente uma grande parte nesta tarefa educativa. Alguns saquinhos de perfumes, amarrados com fitas, foram afixados junto à parede, como ornamento, à moda chinesa. Flores do jardim, sabonetes perfumados com perfumes naturais - amêndoas ou alfazemas - foram postos ao redor das crianças. Mais tarde, fizemos plantações de ervas aromáticas, um verdadeiro vergel de verdura, a fim de que a cor das flores vistosas não ajudassem o reconhecimento do perfume. Os mais interessados em identificar os diversos perfumes eram os petizes de 3 anos; para admiração nossa, constatamos como outros, ainda menores, nos traziam ervas que não tínhamos cultivado, nem as considerávamos odoríferas. Mas, ante a insistência das crianças que as aspiravam com entusiasmo, descobrimos que, realmente, exalavam um perfume sutil. Quando a atenção é cuidadosamente solicitada pelos diversos estímulos sensoriais, o olfato também se torna mais “inteligentemente” exercitado; torna-se um órgão de exploração do ambiente (p. 122). 9.5 A educação do ouvido nos leva às relações do indivíduo com o meio em movimento, o único capaz de produzir sons e ruídos. Onde tudo é imóvel, reina um silêncio absoluto. O ouvido é, pois, um sentido que não pode receber percepções senão pelo movimento produzido em seu meio. Uma educação do ouvido parte da “imobilidade” à percepção dos ruídos e sons provocados pelo movimento; parte, pois, do “silêncio”. Exporemos mais adiante a importância dada aos silêncios pelo nosso método; o silêncio torna-se o controle de uma imobilização voluntária de movimentos da qual é a consequência. É ainda o resultado de “es80