Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 180

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ENTREVISTA

SÉRGIO CAVALIERI | PRESIDENTE DA ADCE

combustíveis aconteceu a mesma coisa. A gente sempre preferiu enfrentar os concorrentes grandes, mas que atuavam dentro da lei, do que os aventureiros que eram desleais. Acredito na redução significativa da sonegação e de outras irregularidades no setor de combustíveis. Aliás, já melhorou bastante e vai melhorar ainda mais. A sociedade brasileira está cansada da corrupção e batalhando a favor da ética em todos os aspectos da nossa vida social, política e econômica. C&C: Como o empresário da revenda pode enfrentar as dificuldades do negócio? SC: Não há outra alternativa fora da ética e do cumprimento integral das regras. Quem quiser se arriscar fora desse caminho, vai se dar mal. Tem que trabalhar cada dia melhor, com segurança, eficiência, qualidade, foco nos serviços, na conveniência, na diferenciação, surpreendendo os clientes. Equipe bem treinada, capacitada, engajada, reconhecida, recompensada e feliz. Esse é o caminho. C&C: Temos visto que algumas empresas pequenas, na ânsia por se manterem abertas, acabam comprando produtos de fornecedores que sonegam impostos, fazendo com que entrem no ciclo de prejudicarem os seus concorrentes, alimentando a competição desleal. Qual a sua visão sobre essa conduta? Os fins justificam os meios? SC: Não. Os fins não justificam os meios de jeito nenhum. Se todos os empresários pensarem e atuarem assim, o Brasil será uma terra sem lei, 8 • Combustíveis & Conveniência

um caos e um pesadelo para se trabalhar. Estou seguro de que, depois da Lava Jato, a lei anticorrupção e a própria conscientização do empresariado, a mentalidade e o comportamento mudaram. Ainda temos alguns pontos fora da curva, mas a tendência é diminuir, e não o contrário. Vamos perseverar fazendo a coisa certa, do jeito certo. Este é o caminho para o sucesso e prosperidade. C&C: Qual é sua opinião sobre a venda de combustível delivery? Quais são os riscos deste serviço para a sociedade e para o meio ambiente? SC: Você conhece aquela expressão: “pode isso, Arnaldo?”. Sou totalmente favorável à criatividade e à inovação, mas o setor de combustíveis é regulado, pois trabalha com produtos perigosos para a vida e para o meio ambiente. A segurança tem que vir em primeiro lugar. A meu ver, essa operação, além de ilegal, é insegura e não é racional do ponto de vista econômico. C&C: O senhor considera ético uma companhia distribuidora vender para dois postos de sua bandeira, geograficamente próximos, isto é, dentro da mesma área de influência, com grande diferença de preços, determinando, na prática, quem sobrevive ou não no mercado? Ou, ainda, a mesma distribuidora vender combustíveis com preços mais competitivos para postos sem bandeira, enquanto da rede bandeirada são cobrados preços bem mais elevados, considerando a mesma área e região?

SC: Acho que temos aqui uma questão mais econômico-financeira do que ética. Nenhuma empresa quer ver seu cliente “morrer”. Toda empresa tem um custo para conquistar um cliente e o fechamento ou perda dele é sempre uma perda também para o fornecedor. A questão de preços entre a distribuidora e a revenda é um tema extremamente sensível na relação. As distribuidoras sabem disso, pois esse aspecto pode representar a perda de um cliente, no curto ou no longo prazo. É difícil opinar sem conhecer a realidade de cada revendedor. O preço geralmente depende do investimento inicial que a distribuidora fez no posto, do prazo de pagamento ou galonagem contratado, se houve mú-


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