#321 Revista Forum Estudante - janeiro e fevereiro de 2020

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/Fama

Falo por um monte de pessoas que não têm expressão própria João Ricardo deve o nome artístico de Plutonio aos tempos em que teceu uma associação radioativa com o MC Atómico. Hoje, ao 3.º álbum, a sua carreira está energizada graças a Cafeína, single que já conta com 17 milhões de visualizações no YouTube. Em fevereiro, o músico luso-moçambicano criado no infame Bairro da Cruz Vermelha, em Cascais, atua no Coliseu de Lisboa e no Hard Club do Porto. Revelará as canções de Sacrifício: Sangue, Lágrimas e Suor. De tudo isto trata esta conversa. Por Vera Valadas Ferreira Fotos ©Pluma

Sacrifício é o teu 3.º álbum mas a maior parte das pessoas pensará que é o 1.º. Como reages a isso?

Se os pais realmente educarem os filhos como deve ser o Plutonio nao e um problema na vida deles

Fico feliz que para algumas pessoas seja o 1.º: antes o 3.º ser o primeiro do que o 4.º (risos). De certa forma, percebo isso, porque os trabalhos anteriores tiveram que passar por uma evolução para hoje, este 3.º álbum, abranger muitas mais pessoas.

O grande rastilho do sucesso foi Cafeína. Como surgiu esse tema? Estavas à espera desse boom? Muito sinceramente, não fui à procura dessa música. Foi um beat que o Dadda me apresentou. Ligou-me a dizer: “eh, pá tenho aqui um beat certo para fazeres um afrotrap. Acho que aqui na cena tuga está a faltar uma cena tua feita neste registo”. Fui ter com ele para ouvir o beat e ali, na hora, tive umas ideias. Um ou dois dias depois, tinha a música gravada. Foi um processo muito rápido. Passado pouco tempo estávamos a gravar o vídeo. Como foi uma música que aconteceu tão rápido, eu próprio não tive espaço para pensar na sua longevidade. Graças a Deus, funcionou muito bem. À primeira o instinto foi positivo, mas junto do público tem sido incrível. Os números falam por si, não é?

Às vezes acontece com os grandes êxitos que o próprio artista se canse deles, se tente distanciar, como quem diz: “não sou só isto”. Já estás nessa fase? Gosto de todas as minhas músicas de uma forma incondicional. O facto de o público ouvir 10 ou 100 mil vezes não vai mudar a forma como gosto delas. É normal que tenha vontade de mostrar mais e é para isso que trabalho em estúdio: para diversificar as minhas capacidades e inspirações. Por exemplo, consegui um som diferente no Meu Deus, que é uma música mais acústica, uma letra completamente diferente, assim como o delivery vocal. Consegui mostrar ao público que sei fazer mais do que o Cafeína.

É por isso que o álbum é tão extenso? Para serem 18 músicas, isso significa que muitas outras foram eliminadas. Sempre que um ouço um instrumental, tenho uma ideia diferente e foi o que aconteceu na gravação do álbum. E, de repente, tínhamos mais músicas do que o número normal num álbum, que anda ali entre as 10-12 faixas, no máximo 14.

Não queres mesmo ficar preso a um só rótulo musical? Não, não, não, não. Isso é limitar o meu potencial. Tanto me sinto bem


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