Revista Líder - Maio 2021 | #88

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ESPECIALISTA RESPONDE / PSIQUIATRA

FOBIA POR FICAR SEM CELULAR Sim! Muitas pessoas passam por essa situação e sequer imaginam que estão sendo vítimas de um problema que, se não tratado, pode virar um quadro de depressão. Como você lida com a ausência do aparelho telefônico?

Daniele Boulhosa psiquiatra CRM: 9116 RQE 4655 @psiquiatradanieleboulhosa Lobo Criativo

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O que é nomofobia?

Quais os perigos de não cuidar deste problema?

Fobia de ficar sem celular não está relacionada à quantidade de tempo que a pessoa usa o aparelho, mas ao uso que faz dele. Você está atrasado para um compromisso, sai de casa correndo, com pressa, e na hora de pegar as suas coisas esquece o celular. E de repente, é como se algo vital estivesse faltando. Você se sente ansioso, pensa que está incomunicável, pode começar a suar, ter taquicardia e até sentir tremores. Essas sensações, juntas ou isoladas, são mais comuns do que a gente imagina. E a esse medo de ficar incomunicável pela falta do celular, e todas as sensações que ele causa, se dá o nome de nomofobia.

A perda da qualidade de vida e mesmo algumas disfunções que afetam a saúde física, mental e emocional. Consequências físicas: privação de sono, dores na coluna, problemas de visão. Consequências psicológicas: depressão, angústia, ansiedade.

Como impor limites a este vício ao ponto de não deixar virar uma patologia?

Como diagnosticar?

Como tratar?

A partir da observação de sintomas e comportamentos. Se o indivíduo começa a ficar muito preocupado com a quantidade de likes e compartilhamentos que as suas publicações alcançam, passa a se isolar socialmente, deixa de aproveitar momentos para postar selfies, e começa a se sentir mais feliz no mundo virtual que no mundo real, é sinal de problema. Em casos mais extremos, esse comportamento pode desencadear até mesmo uma depressão.

O processo depende de cada quadro, mas pode envolver desde educação digital para o uso consciente da tecnologia, tratamento em suporte clínico e desintoxicação digital nos casos de uso abusivo. O tratamento é multidisciplinar envolve tanto psiquiatra quanto psicólogos e um dos principais objetivos é entender o comportamento, gatilhos mentais e a causa raiz que leva esses pacientes à viverem um mundo paralelo na Internet, smartphones e redes sociais.

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A princípio é preciso ter bom senso para dosar o uso de tecnologias no cotidiano. Avaliar se o uso de celular tem afetado seu desempenho acadêmico, no trabalho, na família ou nas relações pessoais. A gente sempre alerta sobre não deixar de viver atividades ou compromissos do presencial para ficar no celular, por exemplo. É uma questão de autopoliciamento. Hoje, com a pandemia, muitas vezes ficamos sem a alternativa da vida social real, que deve ser priorizada em relação à virtual, mas, pelo menos na convivência dentro de casa isso precisa ser priorizado. Ter intervalos no dia para ficar completamente off-line também ajuda, fazendo exercícios físicos, alongamentos ou outra atividade mais lúdica.◊


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