CRÔNICA
MARIA TERESA FREIRE VOAR ALTO Os sonhos sempre permeiam as nossas vidas. Alguns realizados. Outros não, que permanecem no nosso imaginário. Sonhos de criança, de adolescentes, sonhos de adultos. Às vezes perseguidos, mas impossíveis de serem concretizados. Então, outras realizações são buscadas para apaziguar a desilusão de não ter concretizado seu sonho. Sei de uma pessoa cujo sonho, ainda que tardiamente, conseguiu realizar com muito esforço, empenho e persistência. Mas, também com o apoio de uma amizade forjada na convivência diária, na dificuldade dividida, na compreensão estabelecida, na confiança alimentada. A impossibilidade de se preparar para alcançar o sonho na época correta não aplacou nem apagou seu desejo contido no mais íntimo do seu ser. Sem a ninguém confiar seu segredo, ele vê, no momento presente, a possibilidade de buscar condições para estar apto a fazer o que sempre quis e que sempre lhe foi negado por várias
circunstâncias. Agora, será possível. Entretanto, não se realiza quase nada sozinho. Então, a ajuda necessária, especializada precisava ser encontrada. E assim aconteceu. Difícil no início. Aos poucos foi se formando mais íntima, mais segura, até o ponto de um ser para o outro o baluarte, ainda mais, a catapulta que atira longe, que possibilita voar alto. E voaram, os dois! Entretanto, antes deste voo o trabalho foi árduo. Muito suado e esforçado. A dança,
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principalmente o ballet, exige tempo integral do corpo, da alma e da mente. Exige muito amor. A dedicação do sonhador e da pessoa que o apoiava, ou seja, seu professor, fundamentou-se no desejo de realizar o melhor possível. A convivência dedicada e entrosada transformou-se em amizade profunda, pois assim as idades permitiam. Treinos constantes, repetições, horas a fio fazendo o mesmo exercício para alcançar a perfeição ou próximo a ela. Nos intervalos, uma boa