ARTIGO
FLÁVIA DENISE REVISTAS LITERÁRIAS BRASILEIRAS
A cena literária tem um quê de arredia. Com tanta gente produzindo literatura em solidão e silêncio e tantas outras pessoas consumindo literatura, também na solidão e no silêncio, o mundo em torno dos livros acaba parecendo um tanto esvaziado para quem está de olho nele, talvez querendo se aproximar. E, por isso, são tão importantes os momentos em que esses autores e leitores encontram-se, seja no mundo físico, seja em locais mais virtuais, como nas páginas (digitais ou analógicas) das revistas literárias brasi-
leiras. Elas são muitas, mais do que é possível listar neste espaço, mas para quem está de olho no mundo da literatura, querendo conhecer mais e entender quem são seus atores (ou melhor, autores) há algumas que são consideradas essenciais. A começar pela “Serrote”. Com uma inspiração clara na mundialmente admirada “The Paris Review”, a revista, que mais parece um livro, é publicada desde 2009 pelo Instituto Moreira Salles. Com suas mais de duzentas páginas, ela é um ponto de encontro dos principais nomes que trafegam pela literatura mundial atualmente, com pitadas, aqui e ali, do melhor da literatura brasileira. Há também a novata “quatro cinco um”. Batizada em homenagem ao romance de ficção científica “Fahrenheit
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451”, de Ray Bradbury, a revista começou recentemente. A bem da verdade, quase não podemos falar que é uma revista literária, pois ela não publica literatura, mas resenhas e críticas de livros, formando um panorama mensal do que é publicado no país. Mas, já que o objetivo desta lista é indicar leituras para quem quer se aproximar da literatura, "quatro cinco um" cumpre bem seu papel de incansável inventário de livros em português. Impossível de deixar de fora desta lista é o “Suplemento Literário de Minas Gerais”. Velho conhecido (afinal, com seus 51 anos, ele é a publicação literária mais antiga do país), ele é mais indicado para quem tem sede de poemas, narrativas e ensaios. Com um olhar atento ao nosso passado literário e uma vontade de revelar preciosidades contemporâneas, a pu-