POESIA
SELMA REIS SOUZA NAS ASAS DE UM PASSARINHO (para Mario Quintana)
Mas o que fez de importante esse artífice das Letras? Ah... nasceu! Respirou... Filtrou o ar... Abriu, escancarou uma janela. Impar, valoroso momento na Literatura Brasileira. Oh, e o que mais fez esse ser insatisfeito? Decerto, com massagens, digo, mensagens ritmadas, salvou afogados. E andorinhas que (cantavam?) no fio telegráfico na Rua dos Cataventos. Mirou o relógio... Eram seis horas. Inda era tempo. Recolheu com enlevo, mais um pássaro que vinha vindo. Antes, porém, Nobre, com o pince-nez da tia Tula, foi alhures buscar algum alimento. De mãos cheias, retornou. Substantivos, verbos, adjetivos... Sentimentos... Apropriando-se, enfim, do poema. Q uão grandioso foste tu, ó poeta! Uma, duas, quinze... Mil borboletas Invadiam, voejavam sobre teu jardim. Não corrias atrás delas; elas chegavam, bailavam… Traduzias, então, cada qual em lindo verso. Alguém atravancou teu caminho? Nada!!! De carona nas asas de um passarinho, sobrevoas, sereno, A máquina de costura do tempo que, ponto a ponto, eternizou a tua história. Do livro Poesia no Entardecer Rio de Janeiro, Drago, 2020
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