ESCRITORES DO BRASIL - Edição 12 - Fevereiro/2022 - Edições A ILHA

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ENSAIO

ENÉAS ATHANÁZIO O AMIGO ESCRITO DE MONTEIRO LOBATO “Não somos amigos falados, somos amigos escritos.” Monteiro Lobato Godofredo Rangel (1884/1951) foi colega de Mo nt e i r o L ob a t o nu m a “república” de est udantes, na época em que ambos estudavam Direito n a s “A r c a d a s”, e m Sã o Pau lo. Er a u m pequeno chalé, sit uado no bair ro do Belen zin ho, até hoje ex ist e nt e, e que e nt rou na história literária como Minarete, assim apelidado pelo poeta R ic a r d o G onç a lve s. O s d oi s f u t u r o s e s c r it o r e s pouco conviveram e depois se separaram, cada qu al seg u i ndo seu de s t i n o. R a n gel i n g r e s s o u na magist rat ura mineira e Lobato, depois de ter sido P romot or P úbl ic o, virou fazendeiro, editor e, por f im, escritor prof ission al. Pouca s vez e s se e ncont r a r a m no correr da existência mas, em 1903, iniciaram uma

correspondência literária que durou 44 anos e foi r e u n id a , e m p a r t e , no s dois volumes de “A Barca de Gleyre”, de Monteiro Lobato. (Hoje a Editora Globo reuniu num só volu me). As ca r t as-respost as de Rangel nu nca

foram publicadas e nem se sabe se ainda existem. Pouco antes de falecer ele r e novou a proibiçã o de sua publicação, de forma que “A Barca” ficou para sempre um livro incompleto em que só um lado fala e o outro permanece em silêncio. Como bió -

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g r afo de R a ngel, mu ito batalhei pela publicação dessas e outras car tas ma s nã o t ive suce sso e elas continuam inéditas, talvez para sempre. Godofredo Rangel foi romancista, novelista, cont i s t a , c r o n i s t a , c r ít ic o, gramático e tradutor. Sua obr a é p ouco volu mosa mas de g rande qu alid ade, fato ressalt ado pela melhor crítica da época. Não foi, porém, um homem bafejado pela sorte. A p e s a r d e s e u t a le n t o, Rangel nu nca obteve os favores da boa sorte. Diria mesmo que foi vítima de muitos azares. Embora magist rado de carreira, passou a vida a braços com dif iculdades f inanceiras, obr igando-se a traduzir sem parar e a realizar tarefas abomináveis para u m e sc r it or, como le cion a r escrituração mercantil e fazer a contabilidade de uma usina elétrica, o que levou Lobato a apelidá-lo de “elet r icista do Sapu-


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