CONTO
TAMARA ZIMMERMANN FONSECA EM DIAS DE VERÃO, A BONDADE HUMANA E r a u m a d e s s a s t a r d e s desconhecidos são muito al i, a me rcê do t e mp o acaloradas do vale do Ita- grandes. Por outro lado, ral. Foi quando tivemos jaí. Eu e mamãe, sentadas n ã o p o d í a m o s d e i x á -lo a i d e i a d e d a r à q u e l e em frente a tv, nos divertíamos com um programa dominical, enquanto uma aterrorizante tempestade de verão começava a dar o ar da graça. As arvores e as folhagens do jardim nos avisavam, como se acenassem que a chuva logo chegaria. Vento, trovões e raios. A chuva apertava e assust ava. Nu m deter m i nado m o m e n t o, ol h e i p a r a a janela da sala de TV, que est ava aber t a , e av istei u m homem de biciclet a em frente ao portão. Nas mãos, alg u ns saquin hos de supermercado. Parado embaixo de nossa arvore, percebi que estava apenas tent ando se proteger d a forte tempestade. Aquela imagem nos co moveu, mas como convidá-lo a entrar até a chuvarada passar, em nossa c a s a? I n fel i z me nt e no s dias atuais, a insegurança e a falta de confiança em
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