CRÔNICA
EDLTRAUD ZIMMERMANN FONSECA
OS “MENINOS” DE DONA JACIRA Ela chegava sempre em dias em que o movimento maior havia passado em nossa agência. Aproximava-se com timidez, t razendo nos lábios pál idos, u m sorr iso que a iluminava, ir radiando ter nura. Vestia-se com simplicidade,
sem nen hu m ar tif icio, c a b elo s b r a nc o s p r e s o s à nuca. Professora Jacira Feitosa Martins levara, ao longo de sua vida, ensinamentos a centenas de crianças com as quais dividia o seu amor com os seus numerosos f ilhos.
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Fa l a v a p o u c o s o b r e o s d ia s sof r idos na qu alidade de professora do i nt e r ior, m a s seu s olhinhos brilhavam com i n t e n sid a d e q u a n d o t i r av a d a b ol s a a lg u m a s cader net as de poupança e dizia-me: - Fique à vontade, dona Edi, vou preencher os depósitos para os meus meninos. Pode atender out ras pessoas. Eles estão bem – continuava - mas sinto muitas saudades do t e mp o e m que e r a m moleques... Fazendo est e s p e q ue no s de p ó sit o s em seus nomes, sinto-me m a i s p e r t o dele s... - e, segurando minhas mãos, sorrindo, terminava: - Coisas de mãe saudo sista! Um dia dona Jacira deixou de compa recer à Agê ncia Ba ncá r ia onde eu trabalhava e eu perdia mais uma amiga querida. Bem mais tarde vim a con hecer, ad mirar e ser amiga de dois desses “meninos” de dona Jaci-