SôFoca

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EDIÇÃO 2020/1 • JORNAL SÔFOCA Ainda sobre o auxílio, a economista Pamela explica que, “foi injetado todo esse dinheiro na economia, porém, não houve aumento na produtividade, que significa que não estava tendo produção na mesma proporção que o dinheiro foi injetado, gerando dessa forma uma inflação e, consequentemente, um aumento dos preços”. Após uma pausa de quatro meses, o auxílio emergencial voltou a ser pago aos brasileiros, em abril de 2021. Os valores variam entre R$150,00 e R$375,00, representando, assim, uma redução considerável do valor que era recebido no ano anterior. Essa queda no

Auxílio Emergencial vai em contraponto, especialmente, se comparada aos preços nos supermercados. Como resultado, o trabalhador mato-grossense gasta mais de 50% do salário mínimo com alimentação básica. Segundo pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o salário mínimo de uma família composta por dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 5.315,74, aproximadamente. Ainda conforme a economista, o impacto produzido pelo aumento dos preços acaba sendo mais sentido entre as pesso-

ECONOMIA as pobres, pois, precisam sáveis pelo atendimento às despender de mais recur- diversas regiões brasileiras”. “O preço do combustísos para comprar o básivel é dado de acordo com co. o mercado internacional, Outros fatores assim, quando o dólar está acarretam aumento alto no Brasil, isso vai pesar no bolso dos brasileiros”, exnos alimentos Desde o início do ano, plicou a economista Pamela. Esse aumento no preço a Petrobras já aumentou o preço dos combustíveis seis dos combustíveis também vezes. Somente em 2021, impacta diretamente no vao preço da gasolina subiu lor dos alimentos que che53%, no acumulado, ultra- gam à mesa dos brasileiros, passando a casa dos R$5,00 pois afeta tanto os custos da produção, quanto os custos em quase todos os postos. Sobre o reajuste, a Petro- de distribuição, com isso, os bras declarou, em nota, que produtores se veem obrigao “alinhamento dos preços dos a repassar a diferença ao ao mercado internacional é consumidor final. Quanto à influência camfundamental para garantir bial apontada pela econoque o mercado brasileiro siga sendo suprido sem ris- mista, em 2020, o Real ficou cos de desabastecimento pe- entre as moedas que mais los diferentes atores respon- foram desvalorizadas no

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mundo. Isso significa que os produtos comercializados no país e que dependem do dólar sofreram aumentos significativos, como é o caso da gasolina. Avaliando o futuro, a economista Pamela acredita que estas oscilações nos preços dos alimentos, por serem pontuais, possam voltar à normalidade. “Justamente por sermos um país emergente e em desenvolvimento, provavelmente, a gente vai demorar um pouco mais pra sair desse processo”. “Quanto antes a gente se vacinar, mais rápido a gente consegue se recuperar. Sem a vacinação a gente fica nesse ambiente de incerteza”, apontou a economista.

Empreendedorismo por necessidade torna-se saída para trabalhadores na pandemia Ao todo, mais de 13,5 milhões de brasileiros estão desempregados e muitos buscam no empreendedorismo informal uma saída por Annelise Bertuzzi e Tylcéia Tyza

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os últimos anos, o Brasil enfrenta um longo período de instabilidade financeira, que resultou em uma redução do produto interno bruto (PIB) e recessão econômica, ou seja, a queda na atividade econômica que gera reflexo no Índice de Emprego e arrecadação do governo e consequente aumento na taxa de desemprego e desigualdade social, deixando milhares de famílias e trabalhadores vivendo em condições precárias. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, a expectativa dos brasileiros em relação ao aumento do desemprego é alta, para 80% dos entrevistados, as taxas de desemprego tendem a aumentar nos próximos meses e para 79% deles, a expectativa é de piora significativa nos números; além disso, o sentimento é de pessimismo generalizado, sendo o pior resultado já visto, segundo as pesquisas Datafolha, considerando a

Ao serem obrigados a empreender, muitos brasileiros deixaram de lado a segurança oferencia pela carteira de trabalho. Foto: via Google Imagens

série histórica iniciada em 1995 para essa pergunta, no governo FHC. Sem perspectiva de emprego, em meio a uma pandemia que impõe restrições imprevistas e ausência efetiva da gestão governamental, vigora no Brasil o empreendedorismo informal, ou como denominam os que resistem e insistem em lutar

‘o empreendedorismo por sobrevivência’. O cenário é devastador. Desde 2002, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vem fazendo uma série histórica de comparações entre as taxas de desemprego do país, e com 13,9%, o quarto trimestre de 2020 passa a ocupar o primeiro lugar entre as séries. Co-

locando o índice em números absolutos, encontra-se uma média de 13,4 milhões de brasileiros em busca de um emprego em 2020, 840 mil a mais do que o observado em 2019, ocupando a maior marca histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). A crise econômica que começou em 2014, geran-

do a queda de 3,8% do PIB em 2015, só se agravou com a chegada do coronavírus em 2020, que contribuiu para o aumento das taxas de desemprego em todo o mundo e, principalmente, no Brasil. A administração governamental, a variante do vírus e a lenta imunização abrem uma perspectiva de piora para o cenário econômico brasileiro. O efeito da crise na vida dos brasileiros foi devastador e, assim, muitos dos desempregados, encontraram no empreendedorismo uma possibilidade de sobrevivência. Impulsionado pelo cenário da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), nasce o empreendedorismo por necessidade no país, e muitos sonhos precisaram ser colocados em prática às pressas. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), dos 55 países analisados em uma pesquisa, o Brasil está entre os dez primeiros colocados, onde a falta de emprego é a maior motivação na


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