MARANHAY - Revista Lazeirenta - 62 - JUNHO 2021

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ESPORTE & LITERATURA ALUÍSIO AZEVEDO Por Leopoldo Gil Dulcio Vaz Sócio efetivo do Instituto Histórico e geográfico do Maranhão Cadeira 40 – Patrono: Dunshee de Abranches Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo, nasceu em 14 de abril de 1857 em São Luís do Maranhão. Em sua infância e adolescência foi caixeiro e guarda-livros, demonstrando grande interesse pelo desenho. Torna-se caricaturista, colaborando em “O Fígaro”, “O Mequetrefe”, “Zig-Zag” e “A Semana Ilustrada”, jornais do Rio de Janeiro. Obrigado a retornar ao Maranhão, em 1878, pela morte do pai, abandona a carreira de caricaturista e inicia a do escritor. Publica em 1879, “Uma lágrima de mulher”. Com a publicação de “O Mulado”, em 1881, introduz o Naturismo no Brasil. Publica, ainda : Memórias de um condenado (1882); Mistério da Tijuca (1882); Casa de Pensão (1884); Filomena Borges (1884); O Homem (1887); O Coruja (1890); O Cortiço (1890); Demônios (1893); A Mortalha de Alzira (1894); Livro de Uma sogra (1895). Em 1895, abandona a carreira de escritor e torna-se diplomata (AZEVEDO, 1996). Um dos fundadores de “O Pensador” (1879), jornal anticlerical, publica várias crônicas onde traça o perfil da mulher maranhense, comparando-as à lisboeta desocupada e denunciando o ócio em que viviam. Considerava que todo o mal vinha do ócio e da preguiça das mulheres e apenas uma mudança na educação e na concepção do casamento poderia permitir a realização da mulher: "Do procedimento da mulher (...) depende o equilíbrio social, depende o equilíbrio político, depende todo o estado patológico e todo o desenvolvimento intelectual da humanidade (...) Para extinguir essa geração danada, para purgar a humanidade desse sífilis terrível, só há um remédio: é dar à mulher uma educação sólida e moderna, é dar à mulher essa bela educação positivista, que se baseia nas ciências naturais e tem por alvo a felicidade comum dos povos. É preciso educá-la física e moralmente, prepará-la por meios práticos e científicos para ser boa mãe e uma boa cidadã; tornála consciente de seus deveres domésticos e sociológicos; predispor-lhe o organismo para a procriação, evitar a diásteses nervosa como fonte de mil desgraças, dar-lhe uma boa ginástica e uma alimentação conveniente à metiolidade de seus músculos, instruí-la e obrigá-la principalmente a trabalhar... “. (Aluísio AZEVEDO, Crônica, "O Pensador", São Luís, 10.12.1880, citado por MÉRIEN, 1988:166, 167). O mesmo tema é retomado quando da publicação de "O Mulato", criando-se enorme polêmica na imprensa, ora acusando o autor, ora vozes se levantando para defendê-lo acerca de sua posição sobre a condição feminina. Dois amigos de Aluísio Azevedo, Paulo Freire e Luís de Medeiros, fazem publicar cartas sob pseudônimo - Antonieta (carta a Julia, "Diário do Maranhão", São Luís, 6.6.1881) e Júlia (carta a Antonieta, "Pacotilha", São Luís, 9.6.1881), respectivamente - falando “de suas impressões e do impacto que o livro lhes causara" (MÉRIEN, 1988:291). Julia/Luís de Medeiros faz longas considerações sobre a condição da mulher maranhense, "lastimando-se da educação retrógrada que recebera em sua família e no colégio" (p. 290), onde fora do português, não se ensinava mais nada às moças além de algumas noções de francês, de canto, de piano e de bordado. Para ela, "a falta de exercícios físicos é a origem das perturbações do sistema nervoso que atingem a maioria das moças maranhenses" (p. 290). A preocupação social é um traço marcante na obra de Aluízio, que buscava, com aguda capacidade de observação, compreender científicamente os elementos determinantes da realidade do Brasil. Em "O Mulato",


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