MARANHAY - Revista Lazeirenta - 62 - JUNHO 2021

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MANÉLIS E AS TARÔAS DO MARANHÃO!!! RAMSSES DE SOUSA SILVA Manuel Jorge, português, navegador e construtor naval veio num pequeno trimarã batizado de “Tarôa”*, que é o nome do Deus Polinésio do Mar. Chegou ao litoral do Maranhão, no início da década de 60 com o amigo Carlos, também português depois de uma navegação recheadas de aventuras desde Portugal. Encantado com o calor, a chuva fina, a mata e o povo navegou por muitas ilhas, praias e portos da região, procurando um lugar agradável, resolvido a ficar. . . E por aqui ficou Logo, todos sabiam da chegada desta “estranha canoa”. Olhada pelo través era mesmo uma canoa a vela, mas vista de proa ou popa eram três cascos unidos que muito intrigavam os marinheiros das “beiradas”. Pela primeira vez em suas vidas, as comunidades pesqueiras do litoral maranhense viam um barco diferente. Talvez o primeiro multicasco, singrando as águas brasileiras. Na chegada aos portos, muita gente aglomerava-se para vê-los, indagando como navegava, se era boa de pano e o “nome” do barco. Manoel dizia simplesmente “TARÔA”*. Na realidade, estavam querendo saber o “modelo ou o tipo” da embarcação. Tarôa passou a ser sinônimo de barcos de dois e três cascos, no litoral do Maranhão e do Pará. Estabeleceu-se, primeiramente na praia de “Valha-me Deus,” que fica numa ilha do município de CururupuMA. Com observações argutas, das condições locais de navegação e sabendo: Das marés que chegam a mais de sete metros; Da grande parte dos portos que ficam no seco na baixa-mar; Dos muitos bancos de areias; Das correntezas rápidas de enchente e vazante; Dos ventos fortes que criam ondas imensas e curtas nestes mares rasos. . . Introduziu os multicascos na região! Muito velozes com pouco calado, de cascos estreitos e longa linha d’água, passam por lugares 3 a 4 vezes mais raso do que navegaria um monocasco de mesmo tamanho. Sua estrutura, leve e resistente suporta situações de enchentes e vazantes diárias, navegando muito rápido, com segurança, sem a inclinação característica e desconfortável dos monocascos, além de uma autonomia muito maior que os barcos locais. No seco ficam eretos e não tombam. A princípio houve muita resistência à novidade. Mestres marinheiros ouvindo falar desta nova canoa ficavam curiosos para conhecê-la e competir contra ela. Não davam nem para o início nas improvisadas regatas. Logo ficavam para trás, com cascos e velas sumidas, no horizonte. Até mesmos os motorizados, com o “vento de feição” ficavam para trás. A fama dele e suas tarôas foram crescendo entre os marujos locais. Deu-se bem no litoral do Maranhão. . . E foi agregando adeptos. Ele, com seu entusiasmo criou uma comunidade, dentro e fora da família, de pescadores, construtores, cruzeiristas, regateiros e admiradores dos multicascos. Há mais de 50 anos ensina, com paciência e tranquilidade a arte com todos os detalhes. A turma foi construindo e aprendendo. Manélis influenciou uma geração inteira, que passou a construir e navegar em barcos feitos a partir dos seus desenhos. Criou uma categoria de carpinteiros e operários navais, instruídos e imbuídos na nova forma de construir embarcações. A vontade é tanta de navegar que alguns transformam monocascos em Tarôas. Através dele, o Maranhão tornou-se a “Capital do Multicasco Brasileiro” e São Luís seu maior polo de construção. Estaleiros locais já constroem multicascos com técnicas desenvolvidas aqui, com qualidade e modernas tecnologias.


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