INTRODUÇÃO
A
o longo das próximas páginas, o leitor deparar-se-á com a análise da epidemia que assolou a capitania do Grão-Pará entre os anos de 1748 e 1750. Nossa pesquisa não se restringe ao surto em si, mas avança sobre movimentos imigratórios de africanos e açorianos, que em parte se justificam a partir dos impactos demográficos causados pela pestilência. De imediato, não escondemos nossa real intenção: analisar o contágio acaba sendo um caminho trilhado para enveredar por narrativas e reflexões associadas aos imbricados movimentos populacionais.
Da condição de Aprendiz Este livro foi construído dentro do processo de avaliação para obtenção do cargo de professor titular da Universidade Federal do Pará (UFPA). Durante o tempo em que me debrucei na pesquisa e na redação do texto, percebi que a tese traduzia os vários anos dedicados à investigação acerca da História da População na Amazônia, com ênfase no período colonial. A cada linha escrita, fonte lida, bibliografia consultada e incertezas pontuadas, eu revivi minha trajetória enquanto professor da Faculdade de História da UFPA. A condição inicial que me vinha à mente era a de aprendiz. Como aprendiz, ensaiei meus passos de aproximação com a História da Amazônia a partir de formas diferentes. A primeira delas está relacionada ao levantamento e leitura de uma volumosa documentação acerca da história da Amazônia colonial, em especial do Grão-Pará. Entre 2005-2006, fiz estágio pós-doutoral em Portugal, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Na ocasião, o tema central da pesquisa era a História da Inquisição no Ceará1, no entanto, aproveitei minhas andanças nos arquivos lisboetas para fazer o levantamento parcial da documentação relacionada ao Estado do Grão-Pará e Maranhão. Anos depois, 2014-2015, fiz meu segundo estágio pós-doutoral 1
Desse estágio nasceu o livro VIEIRA JR., Antonio Otaviano. A Inquisição e o Sertão. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2014.