Entre Epidemia e Imigração

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ENTRE EPIDEMIA E IMIGRAÇÃO: um viés de investigação da história da população no Grão-Pará (1748-1778)

às necessidades de indivíduos e que, se por um lado expunha a fragilidade e as tensões, por outro, poderia significar a própria estrutura desse Império.

Finalizando... Não podemos resumir esse processo aos anos de epidemia em si (17481750), poderíamos pensar o surto numa duração mais longa, pelo menos quanto a seus desdobramentos imigratórios: como no caso de Sebastião Correia Picanço que, ainda em 1777, disputava localmente o direito de permanecer em Belém, ou na composição demográfica de vilas que os receberam. A iniciativa de utilizar a imigração açoriana como forma de atenuar os impactos da epidemia não partiu de Belém. Os moradores da cidade e os administradores locais não tinham em seu escopo o povoador açoriano como solução. Foi uma proposta apresentada especificamente pela Coroa, e o foi em parte pela perspectiva mais ampla do que estava acontecendo em outras partes do Império: aproveitou um fluxo emigratório em pleno processo, que articulava os Açores e o sul da América lusitana. Talvez Sebastião tenha tido noticias da epidemia mesmo antes do embarque para Belém ou durante seu desembarque no porto da cidade. Convivido com a memória dos moradores daqueles dias de morte, nos quais procissões e corpos insepultos invadiam as ruas da capital do Grão-Pará, com lembranças de uma doença de quadro clínico de difícil definição pelos cirurgiões da época. Sebastião ainda encontrara uma cidade que se ressentia da alta mortalidade indígena causada pelo surto, assistira à pressão feita por parte dos moradores pela inserção de africanos. Como Sebastião Correia de Picanço, mais açorianos da Ilha Graciosa tiveram suas vidas redimensionadas a partir de oportunidades emigratórias que surgiram articuladas a uma epidemia no outro lado do Atlântico. Mesmo sem ter clara consciência do que ocorria, esses emigrantes tinham possibilidades de destinos traçadas numa capitania do Grão-Pará invadida pelo surto. Possibilidades que se articulavam a um Conselho Ultramarino pressionado por pedidos de moradores e administradores de Belém, invocando soluções para atenuar o impacto da mortalidade indígena na região e ao mesmo tempo negociando a posse efetiva de territórios na América. Possibilidades também interligadas a um arquipélago, onde os habitantes tinham uma longa experiência de


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REFERÊNCIAS

16min
pages 181-194

Considerações quase finais

3min
pages 173-174

IV.V – Sebastião Correia Pincanço, um imigrante que ligou o Império

7min
pages 166-169

IV. II – O não querer ir

12min
pages 139-145

IV.IV - No Grão-Pará

9min
pages 161-165

Finalizando

2min
pages 170-172

IV.III - Os que partiram dos Açores em 1752

27min
pages 146-160

IV.I – Açores e Emigração

7min
pages 135-138

Dos Açores ao Grão-Pará

3min
pages 133-134

Finalizando

3min
pages 130-132

III.V – Companhia e Inserção de Africanos

22min
pages 112-124

III.IV - Resistência à Solução Africana

14min
pages 104-111

III.III – Dubiedades de um Governador

9min
pages 99-103

III.VI – Distribuição Interna e Irregular

9min
pages 125-129

III.II – A Bula Papal

8min
pages 94-98

III.I - A Coroa e o Acesso à Mão de Obra Indígena

3min
pages 92-93

A “Solução” que Vem da África

1min
page 91

Finalizando

4min
pages 87-90

I.IV - Natureza e Povoamento

7min
pages 50-53

II.II - A Cidade de Belém e a Epidemia

16min
pages 65-72

Finalizando

4min
pages 54-56

I.III - Vítimas e Real Auxílio

14min
pages 42-49

Introdução

20min
pages 15-28

I.II – O Alcance da Epidemia

12min
pages 36-41

II.III - A Epidemia como Fenômeno Demográfico

26min
pages 73-86
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