Entre Epidemia e Imigração

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ENTRE EPIDEMIA E IMIGRAÇÃO: um viés de investigação da história da população no Grão-Pará (1748-1778)

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crição de um cenário de penitências e súplicas corrobora a construção de uma “retórica da epidemia”, sintonizando-se com o discurso do governador ao apresentar uma cidade (localizada mais a Oeste) marcada pela morte e pelo medo. A retórica partia do lado americano do Atlântico e construía pressões políticas que alcançavam a sede do Império, instigava a Coroa a aceitar o problema e a propor soluções. O sentido era enfatizar a necessidade de auxílio ao Grão-Pará, colocando-o em pauta nas instâncias administrativas superiores. Efetivamente, diferentes indivíduos criavam outras possibilidades para a difusão do tema em Lisboa. Por exemplo, o padre Gabriel Malagrida retornou a Portugal em 1750 e logo foi chamado à presença de Sua Majestade55. Frei Gaspar da Encarnação recebera uma cópia da carta do governador enviada ao rei. Numa série de correspondências destinadas ao Conselho Ultramarino, os vereadores de Belém também se empenharam em noticiar o estado calamitoso da capitania do Grão-Pará. O discurso que partia da capitania alcançava uma Lisboa marcada por orações e demonstrações públicas de fé, na intenção de invocar o auxílio divino ao moribundo rei.56

I.II – O Alcance da Epidemia No Estado do Maranhão, a epidemia alcançou muitos indivíduos. Atingiu o existir dessas pessoas, obrigando-as a desenvolver estratégias para lidar com a morte de familiares, tratar da doença, obter alimentos, continuar a exploração das drogas do sertão, comercializar, mover moendas de engenho ou tornar viável a ocupação e a colonização do espaço. O contágio não teve consequências homogêneas, mas foi experimentado a partir de vários matizes sociais e econômicos. A construção da “retórica da epidemia” faz emergir diferentes percepções das relações entre a doença e os múltiplos agentes integrantes desse universo colonial num jogo que envolvia vitimização e troca de acusações. O discurso de tais agentes convergia num ponto: os índios foram os que mais morreram. E justamente por isso, as argumentações partiam da premissa que a base da existência material dos colonos, do povoamento e da defesa da região estava ameaçada. Na consulta do Conselho Ultramarino ao rei D. João V, foi anexada 55 56

MALAGRIDA, Gabriel. Cartas e Escritos. Belém: Paka-Tatu, 2012, p. 103-104. SILVA, op. cit., p. 132.


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REFERÊNCIAS

16min
pages 181-194

Considerações quase finais

3min
pages 173-174

IV.V – Sebastião Correia Pincanço, um imigrante que ligou o Império

7min
pages 166-169

IV. II – O não querer ir

12min
pages 139-145

IV.IV - No Grão-Pará

9min
pages 161-165

Finalizando

2min
pages 170-172

IV.III - Os que partiram dos Açores em 1752

27min
pages 146-160

IV.I – Açores e Emigração

7min
pages 135-138

Dos Açores ao Grão-Pará

3min
pages 133-134

Finalizando

3min
pages 130-132

III.V – Companhia e Inserção de Africanos

22min
pages 112-124

III.IV - Resistência à Solução Africana

14min
pages 104-111

III.III – Dubiedades de um Governador

9min
pages 99-103

III.VI – Distribuição Interna e Irregular

9min
pages 125-129

III.II – A Bula Papal

8min
pages 94-98

III.I - A Coroa e o Acesso à Mão de Obra Indígena

3min
pages 92-93

A “Solução” que Vem da África

1min
page 91

Finalizando

4min
pages 87-90

I.IV - Natureza e Povoamento

7min
pages 50-53

II.II - A Cidade de Belém e a Epidemia

16min
pages 65-72

Finalizando

4min
pages 54-56

I.III - Vítimas e Real Auxílio

14min
pages 42-49

Introdução

20min
pages 15-28

I.II – O Alcance da Epidemia

12min
pages 36-41

II.III - A Epidemia como Fenômeno Demográfico

26min
pages 73-86
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