Entre Epidemia e Imigração

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A epidemia: sintomas, cidade e mortos

duas doenças não eram compreendidas em separado. Especialistas ingleses, em 1913, tentaram atribuir a origem da febre amarela à África Ocidental e encontraram um conjunto de doenças com sintomas muito parecidos e comumente confundidas com a febre amarela: malária, febre tifoide, dengue, paratifoide e a febre ondulante.165 A dificuldade de identificarem a febre amarela in loco fortalece a ideia da limitação da classificação do “mal” por um historiador distante 270 anos de uma doença e ancorado em fontes produzidas antes da definição clínica da patologia. Aceitamos o limite da tentativa de definir a doença e apenas lançamos pistas que podem auxiliar o leitor a construir sua interpretação.

II.II A cidade de Belém e a epidemia Belém emergia como cenário principal nas descrições e narrativas associadas à epidemia. E o foi pelo peso administrativo da cidade, que sediava não apenas parcela significativa da máquina administrativa lusitana na região como também as principais ordens religiosas presentes no Estado do Maranhão. No ano seguinte ao término do surto, em 1751, Belém fora elevada à categoria de sede de todo o Estado. Em carta régia destinada ao recém-nomeado governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, o rei D. José I deixava clara a importância da cidade: pela “ocorrência de negócios e o trafico do Comércio ocupavão a mayor parte do ano na referida residência [de Belém]”.166 Este era o motivo pelo qual estava ordenando que o governador se fixasse em Belém e nomeando para São Luís um administrador que deveria acatar as orientações e decisões de Mendonça Furtado. O jesuíta João Daniel também descreveu a importância administrativa da cidade como “cabeça do Estado”, ressaltando suas duas freguesias e quatro conventos dentro da urbe: Capuchos, Mecedários, Carmelitas e Jesuítas.167 Anos depois, em 1778, a cidade concentrava 28% dos domicílios, 40,5% do clero regular, 69% dos oficiais da fazenda, 35% dos oficiais de justiça e 74% dos mercadores de toda a capitania do Grão-Pará. Tais dados ajudam a ponderarmos acerca da importância administrativa e econômica de Belém. 165 LOWY, Ilana. Vírus, Mosquito e Modernidade: a febre amarela no Brasil, entre a ciência e a política. Rio de Janeiro: Editora Fund. Oswaldo Cruz, 2006, p. 23. 166 AHUPR, Capitania do Grão-Pará, 31 de maio de 1751, cx. 32, doc. 3050. 167 DANIEL, 1975, p. 388.

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REFERÊNCIAS

16min
pages 181-194

Considerações quase finais

3min
pages 173-174

IV.V – Sebastião Correia Pincanço, um imigrante que ligou o Império

7min
pages 166-169

IV. II – O não querer ir

12min
pages 139-145

IV.IV - No Grão-Pará

9min
pages 161-165

Finalizando

2min
pages 170-172

IV.III - Os que partiram dos Açores em 1752

27min
pages 146-160

IV.I – Açores e Emigração

7min
pages 135-138

Dos Açores ao Grão-Pará

3min
pages 133-134

Finalizando

3min
pages 130-132

III.V – Companhia e Inserção de Africanos

22min
pages 112-124

III.IV - Resistência à Solução Africana

14min
pages 104-111

III.III – Dubiedades de um Governador

9min
pages 99-103

III.VI – Distribuição Interna e Irregular

9min
pages 125-129

III.II – A Bula Papal

8min
pages 94-98

III.I - A Coroa e o Acesso à Mão de Obra Indígena

3min
pages 92-93

A “Solução” que Vem da África

1min
page 91

Finalizando

4min
pages 87-90

I.IV - Natureza e Povoamento

7min
pages 50-53

II.II - A Cidade de Belém e a Epidemia

16min
pages 65-72

Finalizando

4min
pages 54-56

I.III - Vítimas e Real Auxílio

14min
pages 42-49

Introdução

20min
pages 15-28

I.II – O Alcance da Epidemia

12min
pages 36-41

II.III - A Epidemia como Fenômeno Demográfico

26min
pages 73-86
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