A “Solução” que vem da África
do papa e oito anos depois do desembarque do bispo Miguel de Bulhões no Grão-Pará.
III.III Dubiedades de um governador O governador Francisco Pedro de Mendonça Gurjão foi denunciado por vereadores282 de Belém, que em maio de 1749 enviaram uma carta destinada ao rei D. João V. Na missiva, fora ressaltado o estado precário das propriedades dos moradores, resultado da epidemia que havia diminuído significativamente o número de escravos.283 Concomitantemente, denunciaram o governador como empecilho para a solução do problema. E o era por [...] que temos Requerido repetidas vezes [grifo nosso] ao Governador General do Estado desse providencia a esta tam grande necessidade se esquivou de deferir a ellas com pretexto de V. Mage impedir as ditas Tropas [de Resgate]. Rogamos e pedimos umildemente a V. Mage se compadeça destes seos necessitados vassalos e conçedendo lhes as Referidas Tropas de Resgate...284
No trecho citado, destacamos o termo “repetidas vezes” como indício da pressão exercida pela câmara sobre o governador e também das sucessivas negações feitas por este. Segundo o documento, o indeferimento da autorização se apoiava na suposta proibição das Tropas de Resgate. Mas o que foi apresentado como “pretexto” poderia ser a intenção de fazer valer a determinação real de 13 de junho de 1748.285 Na mesma carta, os vereadores não apenas sugeriam a intensificação da captura de escravos indígenas. Traziam o pleito de complemento de mão de obra através da entrada de escravos africanos: “rogamos a V. Mage se digne
282 A câmara significava um importante mecanismo de organização institucional e defesa de grupos privilegiados, sendo ferramenta de oposição ao poder central do Império. Cf. HESPANHA, 2001; FEIO, 2013. 283 AHUPR, Capitania do Pará, 30 de maio de 1749, cx. 31, doc. 2917. 284 Ibidem.
285 BNP, Coleção Pombalina, F.348.
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