REVISTA PORTUGAL JULHO 110

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Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV

Tema de capa ESTÉTICA DENTÁRIA Crónica

Falamos com... Mário Rui Araújo, higienista oral e orador do próximo congresso da APHO.

Esta edição é dominada pelos contornos da estética dentária, em discurso direto com o experto brasileiro Ricardo Amore, a opinião de Cristiano Pereira Alves e casos clínicos da autoria de Pedro Samões e Vinicius Coronado Barros.

Foto de arquivo.

Falamos com...

Miguel Pavão lidera nova direção da OMD publicidade

Ricardo Amore, médico dentista especialista em Odontologia Restauradora



julho 2020 no 110 P

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destaques

Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV

Crónica

Falamos com...

Foto de arquivo.

Recém-eleito bastonário Miguel Pavão antecipa à MAXILLARIS linhas de ação para início de mandato de quatro anos.

FDI define princípios de atuação em período de pandemia.

Mário Rui Araújo, higienista oral e orador do XX Congresso da Associação Portuguesa de Higienistas Orais.

Tema de capa Estética Dentária

Ciência e prática

Nuno Menezes Gonçalves: “Abordagem multidisciplinar no tratamento de periimplantite em zona estética”.

Esta edição é dominada pelos contornos da estética dentária, em discurso direto com o experto brasileiro Ricardo Amore, a opinião de Cristiano Pereira Alves e casos clínicos da autoria de Pedro Samões e Vinicius Coronado Barros.

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sumário

28 Ponto de vista de Cristiano Pereira Alves: “A beleza, 30

❏ Crónica 10 Recém-eleito bastonário Miguel Pavão antecipa à MAXILLARIS linhas de ação para início de mandato de quatro anos. 13 29º congresso anual da OMD adiado para 2021. 14 FDI define princípios de atuação em período de pandemia.

a estética e a Medicina Dentária”. Pedro Samões: “Facetas em dentes anteriores com discromia acentuada”.

38 Vinicius Coronado Barros: “Estética dentogengival angariada pela prótese fixa implantossuportada”.

❏ Ciência e prática

44 Nuno Menezes Gonçalves: “Abordagem

multidisciplinar no tratamento de periimplantite em zona estética”.

❏ Falamos com... 16 Mário Rui Araújo, higienista oral e orador do XX Congresso da Associação Portuguesa de Higienistas Orais: “Vamos ter argumentos para ajudar as pessoas a mudarem de atitude”.

❏ Calendário 54 Agenda de cursos para os profissionais e calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais.

❏ Tema de capa (Estética Dentária)

❏ Novidades 58 Produtos e equipamentos.

22 Ricardo Amore, especialista em Odontologia Restauradora:

❏ Indústria 60 Notícias do foro empresarial.

“Uma decisão fundamental do profissional é a de não renunciar à função para atingir a estética”.

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Editorial

A classe dos médicos dentistas entra em julho – e em plena época estival – ainda no contexto da pandemia de COVID-19 e das consequentes regras e condicionantes que o novo coronavírus impõe, de modo particularmente intenso e arriscado, aos profissionais de saúde oral pelo facto de lidarem com a cavidade oral do paciente. Mas entra também (em julho) numa nova era no plano da gestão dos destinos da Medicina Dentária nacional, fruto do inequívoco resultado das recentes eleições para os órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas. Com efeito, o ato eleitoral do passado dia 27 de junho ditou (com a clareza de uma diferença de mais de 2.300 votos entre o vencedor e o perdedor num universo de pouco mais de 4.700 votantes) uma mudança de ciclo na OMD, neste caso encabeçada pelo médico dentista Miguel Pavão (Lista A), vencedor das eleições que resultaram também na reeleição do médico dentista Luís Filipe Correia, que era candidato único ao Conselho Deontológico e de Disciplina. A ambos os eleitos esta revista deseja os maiores votos de sucesso no mandato de quatro anos que se inicia este mês, sem deixar de mencionar uma palavra de estima ao candidato derrotado, o médico dentista Artur Lima (Lista B), e em especial o nosso apreço e consideração para com a equipa que se prepara para cessar funções na OMD, liderada pela bastonário Orlando Monteiro da Silva, com quem a MAXILLARIS manteve sempre uma relação cordial e cooperante ao longo dos últimos 15 anos, ou seja, desde o lançamento desta publicação, em novembro de 2005. Nas primeiras declarações à MAXILLARIS (ver secção “Crónica” desta edição) na qualidade de recém-eleito bastonário, Miguel Pavão deixa antever uma mudança de rumo alicerçada, à partida, num fundamento em particular: que a Medicina Dentária seja valorizada pela importância que tem na sociedade em geral. Esse é um objetivo que acompanhamos (e teremos todo o gosto de continuar a partilhar com a nova liderança da OMD) na nossa missão de informar e divulgar a atualidade e a ciência do setor da Medicina Dentária. Julho é também sinónimo da nossa habitual pausa de verão, portanto, aqui deixamos aos nossos leitores e anunciantes os votos de uma boa época estival, pese embora as pandémicas circunstâncias que nos rodeiam. Até setembro!

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Novo ciclo


Coordenador Edição Espanhola: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com

índice

Chefe Departamento Gráfico: M. Ángeles Barrero. maquetacion@maxillaris.com Coordenadora de projetos: Marta Esquinas. marta.esquinas@maxillaris.com

BTI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com

Clinical Trials in Dentistry . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Serviços Administrativos: administracion@maxillaris.com REDAÇÃO ESPANHA: C/ Clara del Rey, 30, bajo. E-28002 Madrid Tel.: (0034) 917 25 52 45

EMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 e 63

Edição online espanhola: www.maxillaris.com

Ortocervera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Comissão Editorial: Nacho Rodríguez Ruiz. Miguel Roig Cayón. Raúl Ferrando Cascales. Beatriz Giménez González. Rafael Flores Ruiz. Daniel Rodrigo Gómez.

Sinusmax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Systhex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena. Baoluo Gao. Beatriz Giménez González. Blas Noguerol Rodríguez. Carlos Fernández Villares. Emilio Serena Rincón. Esther Nevado Rodríguez. Francisco Teixeira Barbosa. Germán Esparza Gómez. Héctor Tafalla Pastor. Jaime Jiménez García. Jaume Janer Suñé. Juan López Palafox. Luis Calatrava Larragán. Manuel Cueto Suárez. Manuel V. de la Torre Fajardo. Marcela Bisheimer Chemez. María Rosa Mourelle Martínez. Rafael Flores Ruiz. Rafael Martín-Granizo López. Rui Figueiredo.

Encarte:

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Laboratorios Clarben


crónica Recém-eleito bastonário Miguel Pavão antecipa à MAXILLARIS linhas de ação para início de mandato de quatro anos

“Medidas de proximidade, de transparência e de rapidez na resposta às necessidades concretas dos colegas”

O recém-eleito bastonário, cuja equipa deverá tomar posse (em data e local ainda por confirmar) durante o presente mês de julho, antecipa a esta revista duas formas de atuação: “extrínseca na esfera política e diplomática em saúde, com um périplo institucional, e numa perspetiva intrínseca, voltado para o ecossistema da Medicina Dentária de modo a potenciar siner-

gias com várias entidades e com uma estratégia consolidada de defesa em vários temas”. Dentro deste âmbito, “teremos de dar início a um processo de avaliação e auditoria ao nosso setor, pois enquanto entidade que regulamenta e supervisiona o acesso à profissão de médico dentista e o seu exercício, tem de fomentar e defender os interesses da saúde oral em Portugal a todos os níveis”. Por esta razão, acrescenta Miguel Pavão, “iremos dar início a um processo de diálogo com várias entidades, do governo, aos estabelecimentos de ensino superior, passando pelas diferentes associações existentes”. O objetivo é encontrar um caminho comum que “garanta a valorização da classe, elevados padrões de formação pré e pós-licenciada, e o investimento em políticas de saúde oral condizente com as

Foto de arquivo.

O próximo bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), o médico dentista Miguel Pavão, que foi eleito com a esmagadora maioria dos votos (3.462 de um total de 4.748 votantes) das eleições para os órgãos sociais realizadas no passado dia 27 de junho, deixa antever uma nova era na gestão da classe dos médicos dentistas. “A união dos colegas em torno de objetivos comuns é um passo muito importante. Estas eleições foram um sinal inequívoco nesse sentido”, observa à MAXILLARIS Miguel Pavão, acrescentando que, neste momento, “tenho a noção clara que é fundamental garantir que a Medicina Dentária seja valorizada pela importância que tem na sociedade. Para isso, teremos de implementar medidas de proximidade, de transparência e de rapidez na resposta às necessidades concretas dos colegas, como nas questões de apoio social, formas de evitar a especulação sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs) que a pandemia trouxe e tirar partido das sinergias comuns”. Para o ex-presidente (e fundador) da organização não governamental Mundo A Sorrir, “as ameaças extrínsecas ao setor da Medicina Dentária, incluindo as provocadas pela pandemia, devem ser combatidas não de forma individual, mas sempre num espírito coletivo e organizado”.

Miguel Pavão pretende dar início a um processo de diálogo com várias entidades, do governo aos estabelecimentos de ensino superior, passando pelas diferentes associações existentes.

Foto tirada na sede da OMD, após a contagem dos votos do processo eleitoral. A partir da esquerda, Paulo Miller (delegado da Lista A ao Conselho Deontológico), António Cabral (delegado da Lista A a bastonário), Natália Lucas Nunes (Membro da Comissão Eleitoral), Miguel Pavão (bastonário eleito), João Caramês (presidente da Comissão Eleitoral) e Pedro Pires (delegado da Lista B a bastonário).

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Crónica

melhores práticas internacionais”, conclui o novo bastonário.

constatou o presidente da Comissão Eleitoral, João Caramês.

ca”, liderada por Luís Filipe Correia, obteve um expressivo resultado com 4.113 dos votos.

Participação histórica

Submeteram-se a sufrágio nestas eleições a Lista A, do candidato Luís Filipe Correia, para o Conselho Deontológico e de Disciplina, e as dos candidatos a bastonário e órgãos diretivos: a Lista A, do candidato Miguel Pavão, e a Lista B, do candidato Artur Lima. A expressão eleitoral em torno da lista única ao Conselho Deontológico e de Disciplina “Unidos pela Éti-

Por seu lado, o recém-eleito bastonário da OMD, Miguel Pavão, obteve uma vitória esmagadora com 3.462 votos frente aos 1.151 votos do seu oponente, Artur Lima. Registaram-se ainda 40 votos nulos e 95 votos em branco.

Observou-se neste ato eleitoral a participação ímpar na história da OMD, com 4.748 votantes. “Se por um lado, o número reflete o crescimento do número de médicos dentistas associados, não deixa de representar um exemplo inequívoco de vitalidade por parte da classe”,

A tomada de posse dos novos órgãos sociais da OMD será oportunamente anunciada.

“Quem é quem” na nova liderança da Ordem dos Médicos Dentistas • BASTONÁRIO Miguel Pavão. • CONSELHO DIRETIVO Teresa Alves Canadas, Manuel Lourenço Nunes, Maria João Ponces, Gonçalo Assis, Rui Paiva e Mónica Pereira Lourenço. Representantes das regiões: Patrícia Almeida Santos (Norte), Salomão Rocha (Centro), Nuno Ventura (Sul), Joana Morais Ribeiro (Açores) e Fabião Castro Silva (Madeira). Suplentes: António Cabral, Maria Llanes, António Roma Torres, Armando Dias da Silva (Norte), Alexandra Vinagre (Centro), Susana Falardo (Sul), Pedro Almeida (Açores) e Catarina Cortez (Madeira). • MESA DA ASSEMBLEIA GERAL Carlos Silva (presidente), Clara Castel-Branco (vice-presidente), Ana Paula Reis e Paulo Vaz Guimarães (secretários). Suplentes: Mariana Alves e Hugo Costa Lapa. • CONSELHO FISCAL António Ginjeira (presidente), Célia Coutinho Alves e Paulo Mascarenhas (vogais). Suplentes: Carlos Morais e Joana Fróis. • CONSELHO GERAL (NORTE) João Bravo, Adelaide Santos, Célia Carneira, Miguel Fraga Gomes, Isabel Xavier, Fernando R. Peres, Alexandra Reis, António Ferraz, Carlos Varajão Borges, Cátia Iris Gonçalves, Luís Forte Martins, Manuel Dionísio, Filipa Barros dos Santos, Nuno

Serrano, Nuno Reis, Rita Rocha, Diogo Nuno Gonçalves, Abel Rodrigues, Susana Silva, Filipe Lopes e Paula Torres. Suplentes: Joana Garcez, Nicholas Fernandes, Hugo Tsou Ferraz, Inês Lima, Duarte Guimarães, Fernando Magro, Maria João Calheiros Lobo, Arnaldo Sousa, Diana Melo e Hossam Dawa. • CONSELHO GERAL (CENTRO) Fernando Guerra, Ana Luísa Costa, João Pedro Almeida, Paulo Oliveira, Maria Moreira, Miguel Pita Alves, Gisela Melo de Sousa, Miguel de Melo Costa e Mércia Cabrera. Suplentes: João Miguel Marques Santos, Elsa Domingues, Leonardo Martins e Elsa Batista.

Carlos Silva é o novo presidente da Mesa da Assembleia Geral.

• CONSELHO GERAL (SUL) António José de Sousa, Virgínia Santos, Ricardo Rainha, Miguel Fraga Silva, Ângela Rodrigues, Nuno Gonçalves, Hugo Nascimento, Teresa Oliveira Bastos, Dárcio Fonseca, Rodrigo Cavaco, Marta Novo, João Tiago Ferreira, Cátia Moreno, Luís Bouceiro, Sofia Brome, Sara Azziz, Frederico Catalão e Adélia Dias. Suplentes: Catarina Izidoro, Nuno Guilherme, Filipa Simas, João Nabais, Thomas Schreiner, Joana Lima, Nuno Oliveira de Sousa e Silva, Luís Carracho e Cristian Vivan. • CONSELHO GERAL (AÇORES) José Maria Nunes e Silvana Bignotto (suplente). • CONSELHO GERAL (MADEIRA) Liliana Vasconcelos e Luís Macedo (suplente).

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António Ginjeira assume a presidência do Conselho Fiscal.


Crónica

ESCI renova-se e nomeia médico dentista português para a sua equipa diretiva A Sociedade Europeia de Implantologia Cerâmica (ESCI, na sigla em inglês), fundada há dois anos e cujo primeiro congresso, realizado em outubro de 2019, reuniu mais de 170 participantes de 23 países, tem vindo a ganhar terreno no contexto das sociedades científicas que intervêm na área da implantologia dentária. Para dar resposta ao crescente interesse que tem vindo a despertar, e com o intuito de assumir a liderança neste campo, a ESCI lançou recentemente um site na internet com todo o tipo de informação e serviços afetos à implantologia cerâmica, que está disponível em: www.esci-online.com. O objetivo principal é proporcionar uma plataforma central nesta vertente da Medicina Dentária que possa captar o interesse de toda a comunidade europeia que se dedica a esta área e oferecer a formação e informação mais atualizada neste domínio.

Imagem renovada A ESCI renovou também a sua imagem com a introdução de um novo e apelativo logotipo, entre outras inovações e serviços em prol dos seus associados. No que respeita à gestão da sociedade científica, foram recentemente nomeados para a direção da ESCI os médicos dentistas português André Chen, que está ligado ao Instituto de Implantologia de Lisboa, e alemão Frank Maier, que exerce a sua prática clínica em Tübingen (Alemanha). As mais importantes e reconhecidas marcas comerciais do setor dentário e algumas prestigiadas instituições de ensino e investigação têm vindo a estabelecer parcerias com a ESCI, que criou, entretanto, uma divisão própria centrada nos técnicos de prótese (ESCI Division Dental Tecnhician), assumindo deste

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André Chen é um dos novos membros da direção da sociedade científica europeia.

modo o seu particular interesse na cooperação entre estes profissionais e os médicos dentistas.


Crónica

29º congresso anual da OMD adiado para 2021 A comissão organizadora do 29º congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) comunica o adiamento do evento para 2021. O encontro estava marcado para novembro deste ano, nas instalações da Exponor, em Matosinhos (Porto), mas face às condições associadas à pandemia a comissão organizadora decidiu adiar a edição deste ano. A Expodentária que, como tem sido habitual, iria decorrer juntamente com o congresso, também fica sem efeito.

toral em curso para os órgãos sociais da Ordem, quanto a decisões que num futuro breve devem ser tomadas por direito e dever pelo conselho diretivo que vier a tomar posse, nomeadamente quanto à responsabilidade na gestão futura da Ordem e do 29º congresso da OMD”, esclarece.

A médica dentista Patrícia Manarte Monteiro, presidente da comissão organizadora do congresso, explica que a condição pandémica “requer a tomada de decisões conscientes quanto à execução do evento nos moldes que a OMD deseja e que os médicos dentistas esperam”. Para além da limitação de meios logísticos, tempo e recursos humanos internos e externos, fundamentais para a organização adequada do congresso nesta altura do ano, “temos também o respeito pelo processo elei-

A presidente da comissão organizadora agradece a compreensão de todos, prometendo que a sua equipa tudo fará para que o evento em 2021 “esteja à altura daquilo a que todos estão habituados a encontrar no nosso congresso, isto é, oradores de excelência, uma Expodentária com o melhor e mais recente que se faz na Medicina Dentária e sobretudo um ambiente único e saudável de amizade e confraternização entre colegas”.

O congresso da OMD é um dos maiores eventos do setor da saúde na Península Ibérica e reúne anualmente cerca de 6.000 participantes.

Patrícia Manarte Monteiro, presidente da comissão organizadora da próxima edição do congresso da OMD.

Comissão Europeia propõe programa de saúde EU4Health A Comissão Europeia adiantou que os investimentos na área da saúde serão também provenientes de outros instrumentos, como são exemplos o Fundo Social Europeu Plus, vocacionado para o acesso dos grupos vulneráveis à saúde, ou o Mecanismo de Proteção Civil da União, destinado a desenvolver stocks de dispositivos médicos de emergência.

No âmbito do impacto da COVID-19 nas economias dos países europeus, a Comissão Europeia (CE) apresentou o “Next Generation EU”, um instrumento para aumentar temporariamente a capacidade financeira do orçamento da União Europeia em 750 mil milhões de euros. O plano de recuperação proposto inclui um programa de saúde, denominado EU4Health, que se destina a fortalecer a segurança nesta área e a prevenir futuras crises, dispondo para este efeito de uma verba de 9,4 mil milhões de euros. Ainda não é conhecida a forma como este orçamento será dividido pelas diferentes áreas do programa, mas uma das prioridades será o investimento na capacidade de resposta do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças. O EU4Health assenta em dois pilares: o reforço da segurança da saúde e respetiva prevenção de crises e o fortalecimento dos sistemas de saúde dos Estados-Membros, nomeadamente através de melhor prevenção, vigilância, acesso, diagnóstico e tratamento das doenças.

Plano de recuperação da CE prevê verba de 9,4 mil milhões de euros para a área da saúde.

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Crónica

FDI define princípios de atuação em período de pandemia A COVID-19 está a ter impacto em todos os setores da economia, a nível mundial, com particular incidência nas diversas áreas da saúde, em especial a saúde oral. Para avaliar os efeitos do vírus na prática da Medicina Dentária, a Federação Dentária Internacional (FDI) criou um grupo de trabalho. Coordenado pelo presidente do Conselho Geral da Ordem dos Médicos Dentistas e também coordenador dos grupos de trabalho internos da Ordem afetos à pandemia, Paulo Ribeiro de Melo, a COVID-19 Task Team da FDI tem, entre outras responsabilidades, a tarefa de liderar o desenvolvimento da estratégia da federação nesta matéria e implementar as respetivas atividades. Integram este grupo Gerhard Seeberger, presidente da FDI, Ihsane Ben Yahya, presidente-eleita da FDI, Young-Guk Park, Nikolai Sharkov e Carol Gomez Summerhays.

uma dezena de recomendações e princípios a seguir pelos profissionais de saúde oral durante a pandemia. O statement da FDI reforça a especificidade dos tratamentos dentários. “O atendimento médico-dentário é único, pois muitos procedimentos são realizados a uma média de 35 cm de espaço entre a boca do paciente e a face do médico”, lê-se no documento, que alerta também para “o grande número de gotículas e aerossóis” libertados durante determinados tratamentos, pelo que defende uma “atenção e consideração especiais no desenvolvimento de diretrizes e regulamentos de cuidados a ter durante a pandemia”.

Dez recomendações

A declaração da FDI não esquece também as dificuldades que as clínicas e consultórios enfrentam, não só económicas, mas também de acesso a equipamentos de proteção individual (EPI) e de capacidade de investimento em novas tecnologias e equipamentos.

Em virtude do trabalho desenvolvido e da auscultação dos desafios dos vários países, esta equipa elaborou um documento intitulado “FDI Statement on Dentistry and Oral Health During the COVID-19 Pandemic”, que reúne

Assim, o conselho da FDI recomenda 10 princípios fundamentais para o exercício da profissão e promoção da saúde oral neste periodo excecional, que podem ser consultados no site da FDI.

OMD divulga guia para a fase de mitigação da pandemia A OMD divulga um guia com recomendações para todos os profissionais, preparado pelo grupo de trabalho COVID 19 – Fase 2, para dar resposta aos desafios do exercício profissional no atual estado de calamidade. O modelo de abordagem considera “todos os pacientes como potencialmente infetados”, independentemente de serem saudáveis, portadores ou suspeitos de infeção pelo SARS-CoV-2. No guia intitulado “Recomendações da OMD para a retoma da atividade em Medicina Dentária durante a fase de mitigação da pandemia COVID-19” (disponível no site da Ordem), os

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médicos dentistas encontram as orientações sobre como gerir o risco nas consultas, utilizar os equipamentos de proteção ou descontaminar as áreas. As medidas aconselhadas têm sempre em consideração a atual situação de saúde pública e as recomendações da Direção-Geral de Saúde. Os autores das recomendações alertam, ainda, para o facto de o conteúdo não ser estanque e definitivo, uma vez que poderá ser periodicamente revisto “à medida que for existindo mais evidência sobre o tema”.


Crónica

Mundo A Sorrir assinala 15 anos de intensa atividade em prol do acesso à saúde oral e saúde global Desde julho de 2005 que a Mundo A Sorrir promove a saúde oral e a saúde global como um direito universal e estilos de vida saudável junto das populações em situação de vulnerabilidade socioeconómica. A sua missão passa por melhorar o acesso e a condição de saúde oral e saúde geral em Portugal e nos países africanos de expressão portuguesa tendo em vista a inclusão social e a cooperação e apoio ao desenvolvimento. Em 15 anos, esta organização não governamental para o desenvolvimento já beneficiou cerca de 618.000 pessoas em Portugal e África, realizou 114.838 tratamentos dentários, 140.770 rastreios orais, 36.127 ações de capacitação e doou 301.569 escovas e pastas dentífricas. Ao longo dos anos contou com1.623 voluntários e mais de 50 colaboradores. Para assinalar o seu 15º aniversário, que se cumpre precisamente este mês, a Mundo A Sorrir decidiu promover uma campanha online assente nos valores e ideais que estão por detrás do trabalho que tem desenvolvido ao longo dos anos. Esses valores pautam-se pelo bem-estar, a seriedade, a solidariedade e o conhecimento. Excelência e dedicação Para a presidente da Mundo A Sorrir, Mariana Dolores, ”os resultados demonstrados ao longo destes 15 anos e o impacto social na vida dos beneficiários são o mais relevante. Reflete-se nestes números o trabalho dos voluntários e dos colaboradores e o envolvimento de muitos, muitos parceiros”. Mariana Dolores acentua que na Mundo A Sorrir “sempre pautámos a nossa atuação pela excelência e pela dedicação ao outro de uma

Imagem da campanha online assente nos valores e ideais da equipa da Mundo A Sorrir.

forma transparente e credível e assim continuaremos”. A médica dentista e dirigente desta organização acredita que “somente juntando esforços e atuando de forma coordenada é possível criar impacto junto do seu público-alvo”. É através de parcerias com os setores público, privado e social que a Mundo A Sorrir promove a inclusão social e a cooperação para o desenvolvimento. Entre as iniciativas que mais se destacam em território nacional inclui-se o projeto CASO (Centro de Apoio à Saúde Oral), que consiste na prestação de cuidados de saúde oral e acompanhamento psicossocial a utentes em situação de vulnerabilidade socioeconómica, tendo em vista contribuir para a sua reinserção social. Através de uma clínica dentária pretende-se que uma equipa de profissionais que inclui médicos dentistas, assistentes

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dentários, higienistas orais, protésicos e técnicos da área social, trabalhe de forma coordenada e estruturada para melhorar a saúde oral, o bem-estar e a qualidade de vida destas populações. Inaugurada em março de 2009, surgiu a primeira de três clínicas sociais que hoje operam no Porto, em Braga e Lisboa, onde a Mundo A Sorrir conta com o apoio de vários parceiros públicos (nomeadamente as câmaras municipais), privados e sociais, entre os quais as Santas Casas da Misericórdia do Porto e de Braga. No plano internacional, a organização tem mantido uma intervenção ativa em países como a Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Moçambique, onde desenvolve ações de voluntariado junto das populações mais carenciadas (ao abrigo do projeto “Saúde a sorrir”) e, em alguns casos, dispõe de clínicas sociais com diversas valências médicas.


Falamos com...

Mário Rui Araújo higienista oral, coordenador da Licenciatura em Higiene Oral da Escola Superior de Saúde de Portalegre e orador do XX congresso da APHO (reagendado para janeiro de 2021)

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Vamos ter argumentos para ajudar as pessoas a mudarem de atitude” O higienista oral Mário Rui Araújo, com larga experiência no ensino, considera que a classe profissional que representa é um motivo de orgulho: tem dos maiores rácios de doutorados a nível mundial e uma forma de olhar para a saúde oral contemporânea, humanizada e altamente científica. Na opinião do coordenador da Licenciatura em Higiene Oral da Escola Superior de Saúde de Portalegre e professor convidado da Universidade de Copenhaga (Dinamarca), se os higienistas orais conseguirem ampliar a sua representação social, o seu papel assumirá cada vez maior relevância. O também orador do próximo congresso da Associação Portuguesa de Higienistas Orais – entretanto, reagendado para os dias 29 e 30 de janeiro de 2021 – antevê à MAXILLARIS que a crise global provocada pela pandemia de COVID-19 vai exigir um esforço coletivo, sério e ético, “para não deixarmos cair a saúde oral e os resultados que obtivemos ao longo destes anos”.

Em termos gerais, que importância assume nos dias de hoje a sua profissão? Se calhar a profissão ainda não assume o papel que deveria ter, mas é uma pena, pois no panorama da saúde oral ter higienistas orais e médicos dentistas trabalhar em equipa é fundamental para a saúde oral dos pacientes. Não por uma questão dogmática, mas sim porque ambas as profissões se completam e em conjunto podem ajudar a beneficiar pacientes e profissionais. A importância da profissão vai depender muito dos seus profissionais, da forma como os próprios higienistas orais olham para o seu papel. O mercado está mais exigente, os pacientes estão mais exigentes, os higienistas orais se querem conseguir o seu espaço, têm de ir para além do bá-

sico, chegar onde os outros não chegam, ter a capacidade de fazer o que falta fazer em saúde oral: saber aproveitar as capacidades e o conhecimento tácito dos pacientes de forma a criar estratégias efetivas para ajudar a tratar e prevenir doenças orais, bem como promover e manter a saúde e os tratamentos. Cabe a todos nós, higienistas e médicos dentistas, estarmos atualizados, perceber que o mundo está a mudar e se nós não mudarmos, o mundo vai decidir quem é importante ou não. Ter uma visão geral e multinível da sua atuação, quer numa fase de pré-tratamentos como numa fase de pós-tratamentos. Se os higienistas orais conseguirem ampliar a sua representação social e saírem do lugar-comum, a importância será cada vez mais real e fundamental.

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Se os higienistas orais conseguirem ampliar a sua representação social e saírem do lugar-comum, a importância será cada vez mais real e fundamental Partilha da opinião de que a classe dos higienistas orais continua a ser encarada como o “parente mais pobre” no contexto global dos profissionais do setor da saúde oral? Para algumas pessoas que olham para a saúde oral de uma forma antiquada e que pararam no tempo, acredito que olhem dessa maneira. Quando se juntam equipas de bons profissionais, sabemos que o sucesso é garantido. Hoje em dia, aposta-se muito no mesmo modelo, e a própria diferenciação é muitas vezes pouco pensada. Numa área onde há cada vez menos espaço para crescer, as clínicas, os consultórios (falando do privado) deveriam procurar caminhos para encontrar novos formatos, com atores capazes de mostrar serviços e benefícios para os pacientes de forma a desfrutarem de uma participação de mercado incontestada. A forma como os higienistas olham para a comunicação do paciente, como são capazes de individualizar os problemas de cada um enquadrando-os na sua realidade social, podem criar formas cada vez mais individualizadas de intervir, aumentado as perceções para o universo da saúde oral, a satisfação, os resultados, enfim, um conjunto de detalhes que podem marcar a diferença. Os higienistas orais estão preparados para atuarem dessa forma, mas para isso precisam abandonar as ideias de sorte, acaso e injustiças. Não se agarrem a isso, o caminho para o nosso desenvolvimento e sucesso depende mais das nossas próprias ações do que dos fatores externos.

uma má higiene oral, das piores da europa? Está nas nossas mãos alterar esse processo. Muitos dos que estão sempre a dizer que a higiene oral dos portugueses é má, nunca fizeram nada realmente eficaz para a mudar. É preciso atuar bem, comunicar bem! Comunicar bem não é dar ordens, é saber fazer o processo comunicacional de forma eficiente! Há que trabalhar no sentido de mudar essa situação. É preciso entender que mudar uma atitude, um hábito, não se baseia em dar ordens aos pacientes para escovarem os dentes ou usarem um escovilhão. É preciso criar esses comportamentos, percebendo os hábitos, as razões, a vida das pessoas e depois criar uma estratégia baseada em fatores comportamentais, sociais e psicológicos. Quando isso funciona, conseguimos ser eficazes na mudança de comportamentos.

Mário Rui Araújo é licenciado pela Universidade de Washington (EUA), Mestre em Psicologia da Saúde pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada e Doutorando em Psicologia na Universidade de Lisboa. Em 2018, foi distinguido com o prémio de “Melhor Higienista Oral do Ano”, atribuído pela APHO com o patrocínio da MAXILLARIS.

Em que aspetos considera que estamos ao nível, abaixo e/ou acima da média europeia em matéria de hábitos de higiene oral? Acho que Portugal tem nichos. Alguns ainda precisam de melhorar muito e outros registam hábitos que já se aproximam das boas médias europeias. Atenção que na Europa há muitos países onde os hábitos de higiene oral são muito deficientes. As disparidades são muito grandes. Há outro facto que tenho presenciado, até porque já trabalhei em diversas zonas do país: quando fazemos um bom diagnóstico comportamental do paciente, quando percebemos as suas necessidades e capacidades, quando levamos em conta as suas especificidades culturais e sociais, as pessoas demonstram uma enorme capacidade de aprender e mudar. Basta acreditar e trabalhar eficazmente com eles, isso traz-nos, a nós profissionais, uma enorme responsabilidade. O que é que interessa andar sempre a dizer que os portugueses têm

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O XX congresso da Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) tinha data prevista para 17 a 19 de abril passado, mas devido ao surto de COVID-19 foi, entretanto, adiado para os dias 29 e 30 de janeiro de 2021.

mos olhar para o que foi feito e pensar. Às vezes parece que nos esquecemos do básico das medidas de saúde pública e avançamos para novas medidas não olhando para o histórico, começando novas estratégias do zero. Acho um pouco irresponsável e um gasto irreal de recursos.

Mas deixe-me referir ainda outro facto: nos últimos 30 anos tem-se trabalhado muito bem a saúde oral a nível público. Quando se diz que não havia intervenções em saúde oral no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma grande mentira e uma grande injustiça. Se olharmos para os resultados dos estudos nacionais das últimas décadas, há resultados muito positivos. Reduzimos os índices de cárie dentária e a literacia de saúde oral é hoje muito melhor. Podemos melhorar? Há nichos com elevados problemas de saúde oral? Sim, claro, mas não podemos só criticar, já fizemos muito e as equipas que nos centros de saúde têm trabalhado a saúde oral nestas últimas décadas têm feito um excelente trabalho de base. Nesse aspeto, convido a ler o artigo publicado sobre os resultados do último estudo nacional, onde os rastreiros foram realizados por médicos dentistas. É muito claro ver que nas zonas do país onde se investiu em higienistas orais, os resultados são os mais positivos na prevenção da cárie dentária (doi:10.1922/CDH_4016Calado05). É claro que há sempre coisas a fazer e a melhorar, que a área do tratamento é deficitária para muitos portugueses, mas va-

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Tem também larga experiência de ensino neste domínio. Que lacunas existem à escala nacional na licenciatura em Higiene Oral? Portugal tem dos melhores higienistas orais do mundo. E olhe que eu não sou nada nacionalista; sou até bem crítico deste país. Mas orgulho-me imenso do que temos feito ao longo dos anos na formação de higienistas orais. Se pensarmos na sua génese — início dos anos 80 — os higienistas orais eram um curso de formação profissional, e numa época em que esses cursos proliferavam por aí e em que, provavelmente, 99,9% nunca deram em nada, esta profissão cresceu, e de que maneira. O trabalho feito pela equipa de professores da então Escola Superior de Medicina Dentária foi fantástico. Hoje somos uma licenciatura, temos dos maiores rácios de doutorados a nível mundial e uma forma de olhar para a saúde oral diferente, contemporânea, adaptativa, humanizada e altamente científica. É um orgulho! Do seu ponto de vista, a necessidade de limitar o volume de estudantes (numerus clausus) nas licenciaturas em Medicina Dentária também se aplica aos cursos de Higiene Oral? São situações diferentes, no que diz respeito aos higienistas orais eu acho que na realidade precisávamos de mais profissionais, é essa a tendência nos principais países da Europa. E atenção, esses profissionais não estão nem nunca irão competir com os médicos dentistas, na realidade, eles trabalham com os médicos dentistas de forma a potenciar as capacidades técnicas dos médicos, a qualidade e longevidade dos tratamentos, a hermenêutica dos planos de tratamento e a literacia dos pacientes. Não é competição, é entreajuda. Se quiséssemos apostar nos vencedores deste processo, eu diria que é uma quádrupla, ganhamos todos: pacientes, médicos, higienistas e a saúde oral.


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Que importância atribui à formação pós-graduada dos higienistas orais e qual é o cenário atual que se vive neste âmbito? A formação pós-graduada é fundamental para a constante evolução dos profissionais. Uma formação pós-graduada de qualidade é um pilar fundamental para um constante desenvolvimento das profissões. Infelizmente, algumas formações são muito básicas e a oferta ainda tem imensa margem para melhorar. Temos um conjunto de profissionais de qualidade e hoje é muito fácil trazer a Portugal pessoas de todo o mundo, capazes de aumentar a qualidade dos nossos profissionais. É uma área com grande capacidade de evolução.

O nosso papel enquanto profissionais é criar políticas de comunicação que sejam eficazes para uma grande maioria de pessoas e depois atuar individualmente

É um dos oradores do XX congresso da APHO, com o tema “Mudança de comportamentos em saúde oral: teorias, tecnologias e outras manias”. Pode adiantar-nos os contornos da sua intervenção? Fui convidado para falar no congresso sobre o meu percurso do Doutoramento em Psicologia. Para mim a saúde oral tem muito a ver com a gestão de comportamentos, quer os comportamentos que geram doença, quer aqueles que nos ajudam a ficar saudáveis. A forma como podemos gerir esses comportamentos é algo que me fascina e é uma área à qual tenho dedicado muitos anos da minha carreira. O meu trabalho tem sido nesta área, criar estratégias de intervenção em saúde oral que sejam individualizadas e que melhorem os resultados de saúde, quer ao nível da redução das doenças, da melhoria dos tratamentos efetuados e da perceção dos pacientes sobre os seus problemas e formas de manter o estado de saúde. O sucesso da psicologia adaptada à saúde oral é algo que me fascina. O que vou tentar apresentar é um pouco desse fascínio e dos resultados que obtivemos quando misturamos estratégias de mudança de comportamento baseadas na evidência, e não no senso comum, e a ajuda de algumas tecnologias de comunicação ao serviço da consulta de saúde oral.

oral, monitorizando muito bem estas atividades, parece-me fundamental e tem dados bons resultados em todo o mundo e em Portugal. Depois, já temos uma cadeia enorme de médicos dentistas, bem preparados, bem equipados e que já trabalhavam para o SNS. Não sei se os espaços de Medicina Dentária nos centros de saúde serão a solução. Para as urgências talvez, mas a utilização da rede privada, com auditorias eficazes (e isto é fundamental), potenciando assim o trabalho dos bons profissionais, com o aumento dos tratamentos contratualizados, o alargamento a outras populações, uma boa comunicação e políticas de referenciação eficazes, tudo junto seria provavelmente uma forma mais eficaz de atuar com vantagens para todos: profissionais, utentes e erário público. Aliás, toda esta situação pandémica que vivemos vai exigir novas respostas, vai exigir uma ginástica mental séria e ética para não deixarmos cair a saúde oral e os resultados que obtivemos ao longo destes anos. Nada será como dantes do ponto de vista de estratégia de intervenção, mas tudo terá de ser como dantes, e até melhor, no que diz respeito ao sucesso da prevenção e tratamento das doenças orais. É da nossa responsabilidade não ficarmos só a queixar-nos, mas sim apresentar soluções para o novo e impensável futuro que aí vem.

Na sua opinião, qual é a estratégia mais adequada em termos de prevenção das principais patologias orais. Portugal às vezes é estranho. Nos últimos 30 anos trabalhou-se muito bem na prevenção das doenças orais, os números estão lá. De repente, sem olhar para esses números, que representam uma avaliação bem feita, quer-se mudar tudo, apostar em estratégias de contraciclo, muito mais dispendiosas, diria mesmo propagandísticas. É uma pena, numa altura que deveríamos trabalhar baseados na evidência, parece que trabalhamos baseados na política, na opinião pessoal, na defesa dos nossos nichos pessoais e profissionais. Não há que inventar, temos de exigir e avaliar melhor e sim, claro, teremos de melhorar onde é preciso. Esta é uma conversa muito séria e provavelmente longa, mas uma intervenção em saúde oral através dos centros de saúde com higienistas orais preparados para a triagem prevenção e educação em saúde

Que papel cabe ao cidadão/paciente em todo este processo? O papel do paciente/cidadão é o mesmo que o seu e o meu em todas as áreas da saúde. É tomar decisões baseadas na nossa vida, na nossa cultura, conhecimentos de saúde, crenças. Como seres sociais é assim que funcionamos. Às vezes, os profissionais de saúde pensam que dar ordens resolve tudo e as pessoas adotam os hábitos corretos. Veja o que se está a passar com este periodo de emergência ou antes dele. Já se sabia que não era aconselhável sair à rua e ainda havia pessoas em festas, esplanadas, praias, etcétera. E mesmo agora, continua a acontecer! Incrível não é? Como é que regras tão simples – ficar em casa, lavar as mãos e não tocar na cara – são tão difíceis de seguir! Na realidade, o papel do paciente/ cidadão é viver e atuar através daquilo que acredita e o nosso papel enquanto profissionais e responsáveis é criar políticas

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de comunicação que sejam eficazes para uma grande maioria de pessoas e depois atuar individualmente, criando estratégias que sejam eficazes ao ponto de as pessoas acreditarem nelas e mudarem os seus hábitos, que depois são transmitidos nas cadeias sociais dessas pessoas. Ordens, conselhos não individualizados, informações avulsas e baseados apenas no ponto de vista dos profissionais tendem a falhar. Infelizmente, ainda há alguns profissionais de saúde que não perceberam isso. Como encara o contributo das novas tecnologias para o exercício da profissão, ou melhor, de todas as profissões na área da saúde oral? As tecnologias estão aí, não para alterarem tudo o que fazemos, mas para nos ajudarem a melhorar enquanto profissionais. Existem muitas tecnologias que facilitam o trabalho técnico (scanners, impressoras) e isso é realmente um up-grade para as nossas profissões, mas, por exemplo na área da comunicação e mudança de comportamento, a utilização

das tecnologias não pode prescindir da sua dimensão emotiva e pessoal. Muitos pacientes usam estas tecnologias, por exemplo as app de saúde oral, de uma forma autónoma e individual. Terá algum impacto é certo, mas nós podíamos e devíamos aumentar esse potencial, uma app pode aumentar o seu valor comportamental se trabalharmos com o paciente um conjunto de estratégias que vão desde o feedback, à criação de objetivos e criarmos uma estratégia para ela ser realmente útil para o paciente. Hoje em dia temos escovas de dentes inteligentes, são capazes de detetar todas as áreas da boca e dar-nos um feedback quase real de como fizemos a escovagem dos dentes. Para mim, é fantástico, ficção científica, mas se eu não construir uma relação com o paciente para que entenda a importância da utilização dessa tecnologia num determinado momento do seu tratamento, todo este investimento vai chegar a muito poucos e perde-se assim uma tecnologia fantástica que podia ser muito útil na gestão e alteração de comportamentos de saúde oral. Outro fator é a utilização dessas tecnologias pelos profissionais. Estamos habituados a uma rotina no consultório que muitas vezes não é compatível com estas novas tecnologias. Veja-se o exemplo das câmaras intraorais. No estudo que efetuámos, percebemos que estes instrumentos são importantes no que diz respeito à mudança de hábitos em pacientes com patologias gengivais, ajudando a controlá-las e a preveni-las. Muito interessante foi ver como a utilização desta tecnologia na interação com os pacientes alterou variáveis psicológicas que intervêm na perceção da saúde, na manutenção dos tratamentos e no controlo da ação desses comportamentos. São resultados muito interessantes quando andamos sempre a queixar-nos da falta de compliance dos pacientes. Mas, por outro lado, a grande maioria dos profissionais não usa as câmaras intraorais, e muitos até já as compraram, mas estão fechadas numa gaveta. A sua utilização implica algumas mudanças de rotinas e rapidamente as pessoas desistem e voltam à sua forma de atuar tradicional. Basicamente, assumem o mesmo padrão de comportamento dos nossos pacientes quando lhes propomos fazer algo de novo (tipo o escovilhão) e que altere a sua rotina. Não somos assim tão diferentes. Por isso, era importante que as faculdades, os cursos pós-graduados incluíssem nos seus currículos e aulas práticas a uti-

Mário Rui Araújo constata que as equipas que nos centros de saúde têm trabalhado a saúde oral, nestas últimas décadas, têm feito um excelente trabalho de base.

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lização destas tecnologias. Há uma curva de aprendizagem e de habituação que tem de ser trabalhada. E que melhor lugar que as escolas? Como comenta a atual conjuntura provocada pelo novo coronavírus, em especial as suas implicações junto dos profissionais de saúde oral? Bom, esta é uma situação que nos apanhou de surpresa. Uma surpresa relativa, devo realçar. Sabíamos que ia acontecer, mas achávamos sempre que não era agora. Basta olhar para as afirmações de muitos cientistas ou mesmo de pessoas insuspeitas como Bill Gates, que já nos alertavam para estes riscos há alguns anos. O que fizemos? Olhámos para o lado, fizemos de conta que não era nada connosco, investimos noutras coisas, demos prioridades a modelos económicos insustentáveis no tempo. Mas agora não vale a pena estar a dizer: nós bem vos avisámos! Agora o urgente é parar a pandemia e pensar no futuro. A área da saúde oral vai abanar, mas não vai cair, não pode cair, temos de aprender com tudo isto. Vai ser enorme a importância de manter os níveis de saúde, de controlar inflamações crónicas e de ajudar cada vez mais na manutenção dos tratamentos, de forma a que as pessoas não fiquem ainda mais prejudicadas. Tudo isto vai exigir uma maneira diferente na forma de olharmos para a área da saúde oral. Os consultórios que sempre tiveram uma política virada para as pessoas, vão vencer, pois as políticas viradas para as pessoas vão vingar. Há dias, alguém me dizia que agora ia tudo piorar, que os programas preventivos nas escolas vão parar, que as pessoas vão deixar de ir ao dentista. Eu não olho para o futuro de forma tão negativa, a humanidade aprende sempre com as crises e novos modelos vão emergir. Temos de estar

Temos de ter elasticidade mental para atuar de forma diferente depois da crise. Querer manter tudo igual é que provavelmente não irá funcionar preparados, temos de ter elasticidade mental para atuar de forma diferente depois da crise. Querer manter tudo igual é que provavelmente não irá funcionar. Vão acabar os programas de escovagem nas escolas? Esperemos que não, mas provavelmente vão existir dificuldades por uns tempos. Nada de pânico. Vamos pensar em alternativas: pastilhas de Xilitol, outras atividades, enfim, a única coisa que não podemos fazer é parar, desistir e deprimir. Os pacientes não vão poder colocar tantos implantes? Apostemos então cada vez mais na manutenção das bocas que temos, dos tratamentos que foram feitos, temos aqui uma verdadeira oportunidade de realmente promover a saúde oral. Vamos ter argumentos para ajudar as pessoas a mudar de atitude. Há sempre um caminho! Os profissionais de saúde oral estão mais do que preparados para isso. Só não temos ordem para desistir. A grande vantagem é que estamos todos juntos neste barco, por isso a solução passa por todos e por acreditar que o futuro vai ser diferente, tem de ser diferente. Navegar é viver! E nós, portugueses, somos muito bons nisso...

O higienista oral e docente é um dos oradores do próximo congresso da APHO, que terá como cenário um hotel de Lisboa.

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Ricardo Amore

médico dentista especialista em Odontologia Restauradora e Professor Catedrático da Universidade São Leopoldo Mandic (São Paulo)

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Uma decisão fundamental do profissional é a de não renunciar à função para atingir a estética” O momento da Medicina Dentária, no que respeita aos recursos estéticos para melhorar a autoestima e a qualidade de vida das pessoas, “é realmente muito próspero”. Quem o afirma é Ricardo Amore, mestre e doutorado em Odontologia Restauradora, que exerce a sua atividade docente nas Universidades de Mogi das Cruzes e São Leopoldo Mandic, ambas sedeadas em São Paulo (Brasil). Em entrevista à MAXILLARIS, o médico dentista brasileiro reflete sobre a atualidade no campo da estética nas suas mais diversas vertentes: dos critérios de tratamento ao perfil do paciente, passando pela inovação digital.

No mercado estão sempre a surgir inovações no campo da estética. Na sua opinião, que critérios devem reger a escolha de um bom sistema, com as garantias dos melhores resultados estéticos? Prática e evidências científicas. Entendo que o momento da Medicina Dentária, no que respeita aos recursos estéticos para melhorar a auto-estima e a qualidade de vida das pessoas, é realmente muito próspero e as inovações não param de chegar. Técnicas para clareamento dentário com géis auto-catalisáveis que proporcionam maior eficácia em pH alcalino e com maior segurança para a polpa, resinas compostas nanoparticuladas em constante desenvolvimento para o aprimoramento da estética cada vez mais semelhante ao dente natural e com ótimas qualidades de

superfície, a curto e médio prazo, e compósitos para preenchimento em massa de cavidades com até 5 mm que já demonstram em revisões sistemáticas resultados animadores. Há também as resinas compostas auto-adesivas que, embora ainda não demonstrem os mesmos resultados dos cimentos resinosos auto-adesivos, representam um avanço importante e não devem ser esquecidas. Quanto às cerâmicas, associadas aos constantes avanços dos sistemas adesivos, proporcionam a possibilidade de cimentação de peças semelhantes ao esmalte com desgaste mínimo da estrutura dental. Enfim, todas as inovações, mais ou menos impactantes, sempre necessitam de uma decisão profissional enquadrada nas evidências científicas e na prática clínica.

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Todas as especialidades odontológicas desempenham um papel decisivo na reabilitação funcional e, em maior ou menor grau, na estética do sorriso Todavia, outros fatores devem ser considerados diante da subjetividade do conceito de estética e da real necessidade de cada paciente. Uma decisão fundamental do profissional é a de não renunciar à função para atingir a estética. Um bom sistema deve envolver uma odontologia minimamente invasiva, seja por meio de procedimento restaurador direto ou indireto. Deve ter preço acessível, considerar a idade do paciente, a saúde periodontal e a expectativa do paciente. Não são raras as situações nas quais os pacientes procuram os cirurgiões dentistas em busca de soluções imediatas e não compatíveis com as suas características. O profissional deve demonstrar além de muito conhecimento técnico/científico, serenidade e racionalidade para tomar a decisão de qual é o melhor caminho para satisfazer o paciente. O planeamento do caso é indispensável e deve considerar se o prognóstico é favorável ou desfavorável. O conceito de estética não tem padrão; é subjetivo e por isso chamado desde a Grécia antiga de “a arte da perceção”. A relação paciente/profissional deve prevalecer na tomada das decisões. Não há um fator isolado. Inovação, evidência científica, prática clínica, equilíbrio, harmonia do sorriso e bom senso, sempre devem ser considerados. Restaurações adesivas frente a retentivas. Que reflexão é necessário fazer antes de tomar uma ou outra opção? A adesão às estruturas do dente, metais e cerâmicas proporcionou ao médico dentista uma abertura muito grande do campo de atuação, bem como recursos para uma odontologia restauradora mais conservadora e estética. A possibilidade de uma atuação minimamente invasiva, permitindo preparos conservadores ao invés de preparos mais amplos e retentivos, associados ao conceito biológico de proteção do complexo dentinopulpar, visto que quanto maior é a adesão, maior também é o selamento tubular e marginal, talvez sejam os maiores benefícios da odontologia adesiva. Diante de restaurações estéticas diretas com resinas compostas, o clínico pode realizar adequações cavitárias mais conservadoras e com ângulos internos arredondados, condição oposta ao praticado na odontologia retentiva que preconizava preparos mecânicos retentivos. Outra grande vantagem é a possibilidade da realização de reparos das restaurações sem a necessidade da sua substitui-

ção total, desde que se ateste a boa procedência da restauração quanto à função e estética. As vantagens realmente são muitas, tanto para restaurações de dentes anteriores quanto para dentes posteriores e tanto para as restaurações diretas quanto para as indiretas. Quando falamos em restaurações indiretas, os conceitos básicos do preparo em prótese fixa que aprendemos ainda nos bancos académicos podem ser flexibilizadas em função da adesividade, mas não abandonadas radicalmente. Assim sendo, a relação entre altura e largura, expulsividade do preparo, estabilidade, justeza de adaptação e espessura da película do agente cimentante, são características do preparo que devem ser consideradas. Classicamente aprendemos que a expulsividade do preparo retentivo não deveria ser maior do que 6°. Preparos para restaurações adesivas podem ser realizados com até 15° de expulsividade, facilitando inclusive a adaptação das peças protéticas. Os melhores cimentos adesivos do mercado determinam pelo menos o dobro da espessura de película em relação ao cimento convencional de fosfato de zinco que é em torno de 20 um e, considerando que quanto mais fina for a espessura de película na interface dente/restauração, maior o selamento, este fator deve ser considerado. Inlays, onlays, overlays, ou seja, próteses parciais metal free, devem ser cimentadas com cimentos adesivos por motivo de retenção, estabilidade, estética e resistência mecânica. Coroas totais podem ser cimentadas com cimentos resinosos ou com

Para o especialista brasileiro em estética dentária, reconhecer as falhas “é parte do crescimento e da busca pela excelência”.

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Ricardo Amore é professor do curso de especialização em Dentística, com ênfase na estética do sorriso, da Universidade São Leopoldo Mandic (São Paulo, Brasil).

cimentos convencionais dependendo de vários fatores, como por exemplo a condição do substrato dentinário, presença de núcleo metálico fundido, presença de esmalte na margem do preparo, seleção da cerâmica com ou sem infraestrutura ou coping que pode ser metálico, de dissilicato de lítio ou de estrutura policristalina como alumina e zircónia. Deve-se lembrar que a adesão é sempre mais efetiva em esmalte do que em dentina. Por ser praticamente mineral, com menos de 1% de água e por ser regular e homogéneo quanto à sua composição, o esmalte possibilita maior segurança quando à adesão e selamento marginal, especialmente diante de laminados cerâmicos ultrafinos cimentados em dentes anteriores, condição favorável para se atingir estética de excelência e resistência adequada em área de pouca exigência mecânica. Qual seria a sua eleição para um tratamento reabilitador completo de alta exigência estética? De imediato, analisar apenas a “alta exigência estética” leva-nos a considerar as características óticas das cerâmicas, especialmente as feldspáticas com alta translucidez. Todavia, analisar um único critério pode fazer-nos incorrer em erros. Alta exigência estética para quem? Para qual dente, anterior ou posterior? Os dentes estão alinhados, há necessidade de tratamento ortodôntico? Qual é a condição periodontal? Há parafunção? Qual é o grau de destruição desse dente? Todas essas questões nos submetem ao conceito de reabilitação que pode envolver, em maior ou menor grau, várias especialidades. Quanto aos materiais, resinas compostas e cerâmicas têm as suas características e indicações, sendo considerados materiais versáteis mediante indicação precisa. Gosto muito da dinâmica, praticidade e eficiência estética e mecânica das restaurações diretas em resinas compostas

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quando nos deparamos com pacientes jovens, cavidades pequenas e médias. Fechamentos de diastemas, por exemplo, mesmo considerando a dificuldade de contorno e acabamento no limite cervical, as resinas compostas destacam-se pela solução imediata, simples, com alto padrão estético, facilidade de reparo, oclusão funcional sem área de grande estrés. O polimento, após algum tempo será necessário, mas temos muitos materiais adequados para isso. As resinas compostas também demonstram resultados satisfatórios quanto à estética e função em dentes posteriores. A profundidade de uma cavidade não é fator limitante para a indicação da resina composta, pois temos ótimos materiais de proteção do complexo dentino-pulpar capazes de proteger e substituir a dentina perdida. O fator limitante a ser considerado é a largura vestíbulo-lingual, principalmente em relação ao comprometimento das vertentes triturantes e cúspides de trabalho. A resina composta vai falhar se os contactos cêntricos ficarem concentrados exclusivamente sobre ela, levando às disfunções oclusais, extrusões, migrações e giroversões. Quando a oclusão do paciente está equilibrada e não apresenta disfunção, os contactos oclusais posteriores são suaves e ainda assim, apenas no final do movimento. As dificuldades vão aparecer em casos de parafunção. Diante do desequilíbrio oclusal, as resinas compostas sofrem grande desgaste, especialmente quando as guias anteriores de desoclusão se perdem, pois não libertam os contactos friccionais laterais dos dentes posteriores. As guias anteriores protegem os dentes posteriores de traumas e fraturas mesmo se considerarmos a realização de restaurações indiretas em cerâmicas. Quando uma restauração indireta for a mais bem indicada, deve-se considerar ao máximo a manutenção da estrutura dental. Assim sendo, as restaurações indiretas parciais como inlays, onlays e overlays, bem como os laminados cerâmicos em dentes anteriores, possibilitam a preservação de estrutura dentária com ótimos resultados estéticos. As reflexões relativas aos conceitos estéticos de excelência e resistência mecânica adequada para que se possa falar em longevidade devem considerar também os diferentes tipos de cerâmicas odontológicas, sendo que as duas variáveis, estética e resistência, estão em lados opostos. As cerâmicas mais utilizadas na odontologia são, das mais estéticas para as


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mais resistentes, cerâmicas feldspáticas, cerâmicas feldspáticas com reforço de fluorapatita, cerâmicas feldspáticas com reforço de leucita, cerâmicas com infraestrutura ou coping de dissilicato de lítio e as cerâmicas policristalinas que são as infraestruturas de alumina ou zircónia. As cerâmicas feldspáticas são, portanto, as mais estéticas e menos resistentes e as estruturas de alumina ou zircónia, justamente devido à estrutura policristalina, são as mais resistentes e menos estéticas, pelo aumento da opacidade. Por outro lado, cabe destacar que os resultados apresentados na literatura científica demonstram que, em situações de função oclusal equilibrada e distribuída, as cerâmicas feldspáticas podem ser indicadas para a reabilitação de dentes posteriores. Paralelamente, recomendo a utilização das cerâmicas com estruturas policristalinas em situações clínicas como: alterações severas na cor do substrato dentinário, presença de núcleo metálico fundido, preparos retentivos, preparos subgengivais e sem esmalte na margem e principalmente em dentes posteriores. Estes sistemas podem ser indicados também para dentes anteriores com as mesmas características de remanescente dental citadas, mas o técnico de prótese necessitará de um preparo com espessura em torno de 2 mm para devolver as características estéticas ofuscadas pela opacidade da infraestrutura. Destaca-se também a importância de estender a linha de término cervical ligeiramente subgengival, pois pode surgir uma sombra na região gengival pela menor translucidez da estrutura cristalina. Outro aspeto fundamental é a relação oclusal entre materiais antagonistas diferentes. Relações de esmalte com esmalte, resina com resina, porcelana com porcelana são mais funcionais. O desgaste do antagonista é mínimo. Materiais diferentes em arcos opostos não têm solução. Quando variamos os materiais dessa relação oclusal o problema aparece. O material mais fraco vai “sofrer”. A cerâmica deve ser muito bem polida, pois quando abrasionada (despolida), causa muito desgaste ao dente antagonista, especialmente se for resina composta. Recomendo que pacientes com parafunção façam uso diário de placa acrílica de proteção. Considera que o perfil do paciente é determinante para a escolha de uma solução, no que diz respeito à duração, à manutenção e às expectativas desse tratamento? Sim, sem dúvida. Para isso as primeiras sessões são muito importantes. Recomendo a aplicação de um protocolo básico de atendimento com anamnese que vai-nos apresentar as condições de saúde, queixa principal, além da possibilidade da coleta de dados e detalhes a respeito do seu temperamento, assiduidade e possibilidade de manutenção e proservação. Esse momento é decisivo até mesmo para a decisão sobre o tratamento estético indicado e até mesmo quanto aos intervalos

sugeridos para a manutenção e proservação do tratamento. As análises quanto ao perfil de higienização do paciente merecem atenção especial, antes, durante e após o tratamento, como fator que interfere diretamente na saúde do paciente e na longevidade do tratamento. Estudos mostram que a cárie e a doença periodontal são as principais causas para a substituição de restaurações estéticas, diretas ou indiretas. Não há estética sem saúde. Não há saúde geral sem saúde oral. O médico dentista tem de aprender a dizer “não”, se a lógica assim pedir, pois somos os profissionais responsáveis pelo tratamento. Muitos pacientes dizem assim: “pode fazer doutor, eu assumo a responsabilidade”. Se for além dos princípios éticos, racionais e lógicos, está errado. O médico dentista é o profissional capacitado e habilitado, logo, é dele a responsabilidade e com serenidade e racionalidade deve ter o “não” como limite. Numa fase em que o fator estético assume cada vez maior relevância na consulta, como se deve adaptar a odontologia restauradora às diferentes disciplinas da profissão: implantologia, ortodontia, endodontia, etc.? Todas as especialidades odontológicas desempenham um papel decisivo na reabilitação funcional e, em maior ou menor grau, na estética do sorriso. O tratamento ortodôntico é mais motivacional hoje em dia por atender a requisitos estéticos até mesmo durante o tratamento por meio de brackets estéticos, contenções internas e pelos avanços na ortodontia lingual que possibilita o alinhamento dos dentes sem prejudicar a aparência vestibular. A implantologia e a prótese sobre implante têm evoluído muito quanto a técnicas e quanto ao desenvolvimento de materiais como os pilares cerâmicos indicados em áreas onde a estética é essencial, não apenas em relação à confeção da coroa, mas também em relação aos tecidos adjacentes à coroa protética, principalmente quando o seu término se estende subgengivalmente em áreas de mucosas finas e altamente vascularizadas. A periodontia previne a instalação de doenças, trata as alterações existentes e proserva a condição clínica estabelecida. Atua hoje em dia na preparação e manutenção dos tecidos periodontais para a adequação estética do sorriso. Assim, outro binómio considerado insolúvel atualmente é o da estética “vermelha” e “branca” dos dentes.

O profissional deve estar atento às inovações e definir o momento de adotá-las baseado na prática clínica e evidências científicas

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ESTÉTICA DENTÁRIA tema de capa Falamos com...

O médico dentista brasileiro é um orador assíduo nos congressos do setor.

A endodontia também tem a sua atuação no campo da estética ao adotar cimentos que não contribuem para o escurecimento do remanescente dental, como ocorria no passado com os cimentos à base de prata. O conduto radicular é área nobre e frequentemente utilizado para o reforço dental com retentores intra-radiculares que hoje podem ser confeccionados com pinos de fibra de vidro associados ao cimento resinoso, aumentando o reforço da estrutura dental sem comprometer o resultado estético da reabilitação. A estética não é, portanto, atribuição exclusiva de uma ou outra especialidade e o clínico reabilitador deve ter essa visão ampla e aberta para tomar a melhor decisão em cada etapa do tratamento. De que forma tem vindo a nova tecnologia digital a influenciar a prática clínica com fins estéticos? A tecnologia digital tem contribuído muito na prática clínica, especialmente no planeamento estético dos casos, possibilitando ao paciente um resultado prévio do que pode ser atingido no tratamento. A previsibilidade talvez seja o maior benefício do planeamento digital. Existem atualmente vários recursos para isso, como o DSD (Digital Smile Design), por exemplo. Com esses recursos, o clínico pode planear a estética do sorriso do paciente definindo o formato, o tamanho, o contorno do dente, a sua cor, a necessidade de cirurgia periodontal, entre outros. A partir do planeamento digital, pode-se confecionar um modelo de estudo encerado e realizar o mock-up no paciente, que é um teste, a

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prova estética do novo sorriso proposto para o paciente. Entretanto, deve-se considerar que o enceramento para o mock-up é aditivo, facto que pode resultar num volume excessivo, especialmente na região cervical. Cuidado. Recomendo ao clínico considerar o enceramento funcional e não o motivacional, além de ter sempre na cabeça, a ideia do preparo a ser realizado. Paralelamente, pode-se utilizar também programas e aplicações recentemente lançados no mercado para que o paciente veja o seu novo sorriso no ecrã do computador ou no telemóvel em tempo real, de boca fechada, falando e sorrindo. Para as moldagens, os scanners intraorais têm evoluído constantemente e de forma mais rápida e eficiente. Esse ambiente virtual oferece ao médico dentista a confeção de peças protéticas assistidas como fresamento ou a opção crescente de possibilidades de impressão tridimensional, além de permitir a fabricação de várias restaurações sem modelos físicos. Como principais vantagens pode-se destacar a maior aceitação por parte do paciente, além da excelente adaptação marginal. Todavia, o resultado estético ainda não pode ser considerado melhor do que a técnica convencional e geralmente os trabalhos fresados necessitam de uma finalização estética por meio de uma maquilhagem com algumas camadas levadas ao forno. Que recomendações daria a um colega de profissão que pretenda especializar-se no domínio das restaurações estéticas? Um campo encantador e complexo, que abrange praticamente todas as especialidades, necessita que o profissional tenha bom senso e sentido crítico apurados, além de um arsenal de recursos muito grande para atender as diferentes situações clínicas. Recomendo escolher um curso de especialização com mais de 800 horas conduzido por profissionais com experiência clínica e académica na área. Por outro lado, o profissional deve estar atento às inovações e definir o momento de adotá-las baseado na prática clínica e evidências científicas; precisa atuar apoiado pela odontologia minimamente invasiva sempre que possível, preservando a estrutura dentária; ter conhecimento de oclusão, fator decisivo para o sucesso das reabilitações estéticas e funcionais; não separar o binómio estética-função; conhecer os diferentes materiais e protocolos restauradores mais modernos sobre bases biológicas que orientam a saúde bucal; exercitar, planear e realizar com excelência restaurações diretas e indiretas com resinas compostas e cerâmicas com harmonia estética e adequação periodontal; praticar a fotografia odontológica intra e extraoral para a documentação dos casos e como forma de auxiliar no desenvolvimento do senso crítico e apurado. Além disso, reconhecer as falhas é parte do crescimento e da busca pela excelência. Mesmo que não atue nas diferentes especialidades, o clínico precisa diagnosticar, planear e delegar.


tema de capa ESTÉTICA DENTÁRIA

ponto de vista A beleza, a estética e a Medicina Dentária

Cristiano Pereira Alves

Médico dentista. Assistente convidado da disciplina de Prótese Fixa e da pós-graduação em Reabilitação Oral Protética na Universidade de Coimbra.

Quando se tornou possível restaurar dentes à sua cor natural, a Medicina Dentária mudou para sempre. A “Idade da Medicina Dentária Estética” nasceu. O médico dentista deixou de se preocupar apenas com tratar doenças como a cárie e a doença periodontal, abrindo-se um mundo de novas possibilidades de tratamento que, até esse momento, não eram possíveis. Por volta da mesma altura, foi também descoberto o branqueamento dentário, uma técnica conservadora e não invasiva de melhorar a cor dos dentes. A palavra estética tem a sua origem no grego (aisthesis = princípios da observação). A observação e admiração humana pelo que é belo é uma característica inata proveniente de uma parte da nossa mente chamada cérebro ancestral, nele estão gravadas muitas informações importantes relacionadas com a sobrevivência e reprodução da espécie, num processo que se estende por milhares de anos, fortemente influenciado pela seleção natural. Ao conjunto de métricas e regras de harmonia visual – em Medicina Dentária inclui-se

O CAD-CAM veio para ficar e com ele trouxe a precisão, a previsibilidade e a repetibilidade. Trouxe também avultados investimentos e riscos económicos, mais ruído ao laboratório e matou o artista… ou quase

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também a harmonia cromática – chama-se estética. Portanto, um sorriso será estético quando na sua constituição visual estiver de acordo com esse conjunto de regras e leis matemáticas. Nos anos 80, os pacientes, fortemente influenciados pelo cinema, os atores e a televisão, viram nos seus sorrisos falsamente brancos – fruto das intensas luzes requeridas para a gravação e da limitada capacidade destes aparelhos em registar nuances cromáticas – um modelo de estética, beleza e estatuto privilegiado. Este «Hollywood white smile» de dentes-alinhados de um branco-mais-branco-não-há, com corredores bucais caiados que só terminam nas tuberosidades palatinas, ainda hoje persiste como modelo – de sorriso, beleza e status – nos países onde a cultura anglosaxónica tem mais influência. Contrariamente, nos países do sol nascente os modelos de beleza de sorriso são algo mais refinados, “naturais” tanto em forma como em cor. As técnicas estéticas baseiam-se no planeamento, na previsibilidade e na mínima intervenção para obter a harmonia cromática e de forma, sendo esta última a mais importante. A forma, mais do que a cor, confere a verdadeira individualidade do sorriso ao indivíduo, quer no tamanho como na geometria e arranjo dos dentes. Por isso, os grandes mestres da área clínica e laboratorial são aqueles que se distinguiram por esta capacidade de, dentro de regras e fórmulas matemáticas que ditam as proporções, criarem a harmonia na desarmonia, a individualidade, uma beleza de curvas e assimetrias dentro de molduras que devem ser simétricas. Artesãos de lamparina e cera


ESTÉTICA DENTÁRIA tema de capa ponto de vista

que criam as maquetes que ceramistas e médicos dentistas depois seguem e copiam.

muitas delas nunca estudadas nem validadas no tempo.

Alcançar um certo grau de perfeição na recriação destas morfologias – que é requerido a todo o médico dentista – na realização de variados atos clínicos transversais, da dentisteria à prostodontia, é uma habilidade que requer treino e tempo; tempo que, curiosamente, não é alocado devidamente nos planos de estudos das universidades. Ainda por cima, nesta Medicina Dentária de evolução tão rápida e onde o conhecimento se tem alargado tanto nos últimos anos, o processo de Bolonha vem estrangular a possibilidade de conceder esse treino, esse tempo. Aumenta o conhecimento, diminui o tempo de formação. Criam-se centros de pós-formação e «especializações» para ensinar aquilo que é o básico, a base, o que é requerido dominar para realizar o mais comum – e estético – ato clínico: a restauração com resina compósita.

As facetas cerâmicas são uma excelente opção de tratamento, estético, moroso, cerâmico, dispendioso, indireto, invasivo, laboratorial. E quando usadas onde devem ser usadas melhor ainda, mas são sempre – ou quase porque isso do prepless praticamente não existe – invasivas, ainda que minimamente... mas são maximamente invasivas se as compararmos com técnicas diretas. Pululam em redes psico-sociais casos tão “minimamente”, de tão “mínima espessura”, que muitas vezes se não existissem ninguém sentia falta. Acho que é um problema de classe, é o que faz trabalhar de lupas e microscópio.

E como falta esse conhecimento e treino para realizar esses procedimentos de forma correta, rápida e rentável o médico dentista passou essa responsabilidade para aqueles que o têm, os seus colaboradores, os seus artistas, os seus técnicos de prótese. Aqueles magníficos colaboradores que muitas vezes na sombra – hoje menos e ainda bem – permitiam os aplausos nas clínicas e nos palcos de todo o mundo. Esta transição de poder e do fazer não é inócua. De repente, estética e cerâmica são quase sinónimos. Alcançar a mesma excelência – ainda que talvez não a mesma durabilidade – com resinas compostas requer investimento em material de qualidade, tempo e dedicação. No entanto, muitos clínicos que persistiram esse laborioso caminho das restaurações diretas publicam hoje resultados cuja longevidade e estabilidade desafiam o status quo. E quem fala de cerâmica e estética fala de facetas, cada vez mais finas, cada vez com mais indicações,

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Um artista é sempre um bom artista, mas também se cansa de fazer o mesmo trabalho. As novas tecnologias que os laboratórios adotam rapidamente, especialmente se aumentarem a produtividade, são muitas vezes o verdadeiro motor que impulsiona a transformação no método, protocolo e decisão do ato clínico. O CAD-CAM veio para ficar e com ele trouxe a precisão, a previsibilidade e a repetibilidade. Trouxe também avultados investimentos e riscos económicos, mais ruído ao laboratório e matou o artista… ou quase. Agora, os dentes já não são individuais, são bibliotecas. Escolhe-se um modelo da biblioteca – os laboratórios mais ricos têm muito por onde escolher, os que estão a iniciar têm menos – e adaptam-se, como se de um enceramento sobre os dentes do paciente se tratasse. O mesmo modelo dá para muitos pacientes. É uma adaptação do paciente à técnica, não da técnica à individualidade do paciente. É como um All-on-4 da estética ou um DSD (Digital Smile Design) que usa quatro templates para desenhar todos os sorrisos. Claro que há, sempre haverá, aqueles que usam a tecnologia para acelerar o processo e facilitar o labor repetitivo, mas que dão a sua magia, a sua arte, que vão mais além. Aqueles cujo empenho e paixão têm no seu gesto, arte e beleza que replica a natureza e reconstrói o que a doença destruiu. A eles dedico esta reflexão...


tema de capa ESTÉTICA DENTÁRIA

Facetas em dentes anteriores com discromia acentuada

Pedro Samões Médico dentista. Licenciado pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP). Docente da Pós-Graduação em Dentisteria Adesiva com Resinas Compostas na Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU). Ex-membro do Centro de Formação Contínua e do Conselho Deontológico e de Disciplina da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). Prática privada nas áreas da Dentisteria Estética e Reabilitação Oral.

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Ciência e prática

Introdução

Desenvolvimento

A complexa miríade de efeitos luminosos resultantes da relação entre a luz natural e os dentes anteriores é um dos resultados mais difíceis de atingir com os procedimentos restauradores à nossa disposição, quando por exemplo confrontados com um dente anterior afetado por uma intensa alteração cromática.

A luz, ou melhor, certos comprimentos de onda são absorvidos e sofrem difusão ao longo da estrutura dentária, excitando os átomos e promovendo a libertação de fotões dos pigmentos mais preponderantes, estimulando a nossa retina e dessa forma permitindo-nos a visualização da sempre complexa cor do dente (fig.1).

De forma a atingir um bom resultado estético e funcional, é necessário ao operador dominar os protocolos restauradores, mas também conhecer profundamente o comportamento ótico desses mesmos materiais e conseguir impedir a transmissão de luz entre um substrato alterado na cor e a restauração a executar.

Outro importante aspeto a ter presente relativamente à cor e à necessidade que por vezes temos de a esconder é a chamada “quarta dimensão da cor”, a translucidez ou opacidade.

Para se atingirem estes objetivos, a compreensão da luz e da cor é essencial para uma abordagem científica aos problemas presentes: neutralizar um substrato escurecido e corrigir a intensidade e a reflexão de luz com a nossa restauração, direta ou indireta.

Fig. 1. Relação luz-dente.

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Resulta óbvio que esta dicotomia tem um papel fundamental no problema em questão e na sua resolução, pois a translucidez dos nossos materiais restauradores terá que se sobrepor à opacidade de um substrato dentário alterado pela discromia (fig. 2). Por outro lado, temos à nossa disposição materiais restauradores opacos o suficiente, tanto cerâmicos como resinosos,


tema de capa ESTÉTICA DENTÁRIA Ciência e prática

Fig. 2. Translucidez e opacidade.

que conseguem impedir a transmissão de luz (e cor) do substrato alterado para a estrutura reabilitadora. Ainda em relação à luz e cor, cada vez mais é uma noção geral entre os colegas que a forma e o brilho (valor) das restaurações que executamos são sobremaneira mais importantes para a sua natural integração no sorriso, que a intensidade de cor (croma) obtida. Fundamentalmente, isto sucede pela enorme desproporção entre cones e bastonetes, células fotorrecetoras presentes na retina; há 18 vezes mais bastonetes do que cones, tendo como resultado uma mais apurada perceção monocromática do brilho (valor) do que da intensidade, da saturação da cor (croma), (fig. 3). A importância do brilho, do valor final das nossas restaurações, fica patente no caso clínico seguinte, em que a naturali-

dade e a integração estética da restauração foram atingidas, não por uma correta croma final do material usado (analisada numa fotografia com polarização cruzada), mas sim por uma correta reflexão de luz, de brilho final, de valor obtido (analisado na fotografia monocromática a preto e branco), (fig. 4). E se o valor é o aspeto da cor mais importante a controlar nas nossas restaurações, então vamos recorrer a materiais de tons essencialmente brancos para refletirem luz e, simultaneamente, que sejam opacos para impedir a transmissão dessa mesma luz entre o substrato a recobrir e a restauração aplicada. Desta forma, criamos sobre o dente a “tela” correta para “pintar” com a arte do nosso tratamento reabilitador. Esses materiais, cerâmicos ou resinosos, são agentes opacificadores, comumente conhecidos como opaquers.

Fig. 3. Fotorrecetores.

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Fig. 4. A importância do brilho, do valor final da restauração, está patente nesta imagem.

Aprofundando o estudo deste tipo de situações bastante comprometedoras esteticamente para os pacientes, encontramos na literatura recente uma extensa lista de causas para uma alteração intrínseca da cor dentária, sendo que se destacam as de origem traumática (macro ou micro) e a perda de vitalidade pulpar (por múltiplos fatores)1.

rios utilizados nestas terapêuticas podem levar a um efeito de corpo estranho, com a resposta imune a despertar ação fagocitária dos osteoclastos: reabsorção cervical invasiva. Este mecanismo ainda não é totalmente conhecido, o que não permite que se controle a sua evolução, terminando frequentemente com a perda da peça dentária envolvida.

Os tratamentos propostos são, por ordem de frequência: 1. Branqueamento interno. 2. Coroa. 3. Faceta.

Encontramos na literatura valores entre quatro a 11% de casos de dentes anteriores branqueados que posteriormente apresentaram reabsorção radicular externa2; saliente-se que frequentemente está associada história de trauma prévio, o que sugere uma associação causal de trauma e aplicação de agentes branqueadores.

Como primeira opção referida na literatura, o branqueamento interno é uma opção terapêutica a ter em conta, por ser a mais célere, menos invasiva e, portanto, estruturalmente mais conservadora e mais barata; contudo, não é totalmente isenta de riscos, fundamentalmente de iatrogenia. As alterações microestruturais da dentina pericervical originadas pela ação química dos agentes branqueadores dentá-

Por último, é importante referir que a idade do paciente também tem que ser levada em consideração ao optar por este tratamento, principalmente se tivermos em consideração que os túbulos dentinários por onde se propagam os agentes branqueares são tanto mais amplos e permeáveis quanto mais jovem for o paciente (fig. 5).

Oandey Sh, Patni PM, Jain P, Chaturvedi A. Management of intrisic discoloration using walking bleach technique in maxillary central incisors. Clujul Med. 2018; 91(2): 229-233. Fig. 5. Reabsorção cervical invasiva.

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Noutro prisma, valores de recidiva que se podem considerar elevados (5% a dois anos, 25% a cinco anos e 48% a oito anos3) levam a que frequentemente sejamos solicitados a repetir uma abordagem de tratamento com grande sucesso numa primeira intervenção, mas que, repetindo o tratamento, sabemos recidivar em periodos de tempo sucessivamente menores e aumentar o risco de efeito iatrogénico sobre a estrutura dentária pericervical. Desta forma, o branqueamento interno será uma opção clínica de primeira escolha se for a primeira vez que o tratamento

vai ser executado e se o paciente tiver mais de 30 anos de idade; se estas condições não estiverem presentes, a minha opção clínica tende a virar-se para as opções reabilitadoras atrás referidas: coroa ou faceta. Numa era de mínima intervenção, torna-se redundante discutir a melhor opção restauradora; a literatura é clara sobre o tema: a primeira opção deverá ser sempre a facetagem da estrutura dentária. A manutenção de estrutura é importante para os procedimentos adesivos subsequentes e para a resistência estrutural e longevidade do complexo dente/restauração4.

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Fig. 6 a-h. O processo é em todos os aspetos é igual ao utilizado para ás facetas cerâmicas, exceto na profundidade do desgaste vestibular.

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O recurso a uma faceta, direta ou indireta, em cerâmica ou em resina composta, para correção da cor de um dente anterior é, por excelência do grau de dificuldade clínica e estética, um caso a abordar sempre debaixo de um protocolo de tratamento rigoroso.

croma, aplicamos uma camada de opaquer, distribuída de forma homogénea por todo o tecido dentário com alteração de cor, tendo o cuidado de cobrir corretamente a zona da linha de acabamento e evitar o recobramento da concha palatina pela camada de resina opacificadora.

Independentemente das indicações mais ou menos específicas de cada material, as razões financeiras são as que mais frequentemente guiam a decisão final do paciente em relação ao tratamento a executar; por esta razão, num grande número de casos a opção restauradora final é uma faceta direta em resina composta.

Esta camada opaca branca tem, como já foi referido, a finalidade de refletir a luz que a atinge, e com esta reflexão luminosa, com este aumentar de brilho, equilibrar o valor entre o dente escurecido a restaurar com o dos restante dentes vizinhos.

O preparo da estrutura, a redução de tecido dentário necessária para opacificar o substrato e restaurar a estética e a função da peça, deve ser feita sem, no entanto, comprometer a resistência estrutural do remanescente; é em todos os aspetos igual ao utilizado para facetas cerâmicas, exceto na profundidade do desgaste vestibular. Deste modo, a redução destes casos é normalmente guiada pela maior ou menor necessidade de esconder um substrato mais ou menos escurecido, podendo variar a profundidade de desgaste vestibular entre 0,8-1,2 mm, para um caso de resinas compostas (fig. 6b). Será necessário tanto mais espaço a desgastar quanta maior necessidade tenhamos desse espaço para uma camada opaca o suficiente para “neutralizar” um substrato muito escurecido. Após termos o preparo concluído, com todos os ângulos vivos arredondadas e uma superfície suave e polida, iniciam-se procedimentos adesivos e, após estes, um protocolo de estratificação de resinas compostas, começando pela concha palatina em resina de esmalte (fig. 6d). Neste momento, antes de iniciar a modelagem do corpo dentinário, temos um substrato dentário escurecido, discrómico em relação aos restantes dentes integrantes da linha de sorriso; como primeiro passo para corrigir a diferença de cor e tendo em atenção a importância maior do valor em relação à

Este “equilíbrio” de brilho, este “balançar” de valor, verifica-se de forma rápida e direta recorrendo a uma fotografia a preto e branco, com o recurso a um simples smartphone atual (fig. 6e). O processo de aplicar ou retirar opaquer consoante o necessário para equilibrar o valor, recorrendo à fotografia a preto e braço para confirmar esse equilíbrio, deve repetir-se até o clínico chegar a um resultado considerado satisfatório. Depois de se estabelecer o equilíbrio de valor, simultaneamente com a neutralização de toda a zona visível do substrato, avançamos com o protocolo de estratificação aplicando e modelando sucessivamente as camadas de resina de dentina (fig. 6f), efeitos (fig. 6g) e de esmalte (fig. 6h), até ao resultado final pretendido. Caso clínico Paciente do sexo feminino, de 33 anos, apresenta dente 21 com história de traumatismo com fratura na infância, tratamento endodôntico subsequente e posterior progressivo escurecimento do dente ao longo dos anos. Tendo já sido executado branqueamento interno prévio, discutiram-se as opções de tratamento com a paciente, tendo ficado decidido executar uma faceta direta com estratificação de compósitos para reabilitar o dente, tentando integrá-lo novamente numa linha de sorriso harmoniosa (fig. 7a-b). Depois de eliminar a restauração presente, executou-se um preparo para faceta com uma profundidade de desgaste de aproximadamente 1 mm. Após o arredondar de

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Fig. 7a-b. Decidiu-se executar uma faceta direta com estratificação de compósitos para reabilitar o dente.

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todos os ângulos vivos, executaram-se os procedimentos adesivos que prepararam o substrato e iniciou-se a estratificação de resinas compostas com a execução de uma fina concha palatina com o auxílio de uma matriz de silicone (fig. 8a-b).

do o seu valor, tentando aproximá-lo do valor dos dentes vizinhos.

O passo seguinte, fulcral para o avançar do protocolo, passa pela aplicação do agente opacificador sobre toda a estrutura dentária, bloqueando a transmissão de luz, e aumentando a sua reflexão pela cor branca usada, ou seja, aumentan-

Com a reflexão de luz balançada entre o dente escurecido e os vizinhos, leva-se a término a restauração, estratificando as resinas compostas de dentina, de efeitos e do esmalte final (figs. 10a-b e 11a-c).

Este equilíbrio de valor é confirmado através de fotografias a preto e branco (fig. 9a-b).

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Fig. 8 a-b. Estratificação de resinas compostas com a execução de uma fina concha palatina com o auxílio de uma matriz de silicone.

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Fig. 9 a-b. Aplicação do agente opacificador sobre toda a estrutura dentária com o fim de aproximar o seu valor ao dos dentes vizinhos. Este equilíbrio de valor é confirmado através da fotografia a preto e branco.

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Fig. 10 a-b. Leva-se a término a restauração, estratificando as resinas compostas de dentina, de efeitos e do esmalte final.

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Fig. 11a-c. Aspeto final do sorriso da paciente após a restauração.

Conclusões Uma das mais difíceis situações a enfrentar na nossa prática diária é a reabilitação de um dente anterosuperior com cor alterada e que causa desarmonia no sorriso do paciente. A abordagem destes casos deve ser feita de forma cuidadosa e planeada para se conseguir o almejado sucesso estético e clínico, sem descurar, no entanto, os efeitos secundários iatrogénicos das terapias passíveis de implementar. Por isso, em pacientes jovens (< 30 anos) e/ou que já tenham sofrido branqueamento interno prévio, devido ao risco acrescido de reabsorção cervical invasiva e à inevitabilidade da recidiva, a opção restauradora apresenta-se como a mais segura e longeva. O ponto chave do protocolo restaurador está no equilíbrio de valor entre a estrutura a restaurar e os dentes vizinhos, conseguido através da aplicação de uma resina composta branca e opaca sobre o substrato discrómico, que irá impedir a passagem da luz e promover a sua reflexão e, com isso, aumentar o valor deste, aproximando-o dos restantes dentes anteriores. Este equilíbrio verifica-se através de fotos monocromáticas (a preto e branco). Bibliografia 1. Pandey SH, Patni PM, Chaturvedi A. Management of intrinsic discoloration using walking bleach technique in maxillary central incisors. Clujul Med. 2018; 91(2): 229-233. 2. Kandalgaonkar, Shilpa D et al. Invasive cervical resorption: a review. Journal of International Oral Health: vol. 5, 6(2013): 124-30.

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3. Zimmerli B, Jeger F, Lussi A. Bleaching of nonvital teeth. A clinically relevant literature review. Schweiz Monatsschr Zahnmed. 2010; 120(4): 306-320. 4. Edelhoff D, Sorensen JA. Tooth structure removal associated with various preparation designs for anterior teeth. J Prosthet Dent. 2002; 87(5): 503-509. doi:10.1067/mpr.2002.124094.

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Estética dentogengival angariada pela prótese fixa implantossuportada: relato de caso

Vinicius Coronado Barros Médico dentista. Especialista em Prótese Dentária, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Brasil). vini_sc10@hotmail.com Luiz Otávio Ferronato Médico dentista. Especialista em Prótese Dentaria, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Igor Coronado Barros Médico dentista. Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Marcelo Pimentel Maia Médico dentista. Professor e speaker, Dérig Implantes, São Paulo. Caleb Shitsuka Médico dentista. Professor das disciplinas de Odontopediatria e Cariologia, Faculdade de Odontologia, Universidade Brasil e Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo. Irineu Gregnanin Pedron Médico dentista. Professor das disciplinas de Periodontia, Implantologia e Clínica Integrada, Faculdade de Odontologia, Universidade Brasil.

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Ciência e prática

Resumo A estética na Medicina Dentária encontra-se no apogeu técnico e científico, buscando além da reabilitação funcional, a estética dentogengival mais próxima da naturalidade. A perda de tecido ósseo e gengival na região anterossuperior é um desafio para a implantologia e prótese dentária, pelas exigências e complexidade estéticas do sorriso, gerando uma relação dissonante nas reabilitações nessa região. O propósito deste trabalho é apresentar um caso cujo reestabelecimento funcional e estético deu-se pela confeção de prótese parcial fixa implantossuportada dentogengival dos dentes anterossuperiores. A reabilitação dentogengival apresentou características estéticas e funcionais com ótimas propriedades óticas satisfatórias, mimetizando a estética branca e vermelha na região tratada, favorecendo ainda a higiene sob a prótese e sua longevidade. Palavras-chave: implantes dentários, prótese dentária, estética dentária. Introdução A perceção pela estética e sua busca na Medicina Dentária vem crescendo exponencialmente, estimulando os avanços tecnológicos e científicos para tal finalidade. Este propósito também é crescente na população edêntula, norteando os procedimentos reabilitadores implanto-protéticos, ambicionando maior previsibilidade da estética periimplantar. Fatores como o posicionamento tridimensional do implante e recursos necessários para a sua obtenção, como planeamento prévio, análise dos fatores de risco estético, guia cirúrgico e aspetos teciduais são fundamentais para a melhor reabilitação. A implantologia representa um passo essencial para a reabilitação protética do sistema estomatognático, e diversos

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são os fatores para o bom desempenho estético de uma prótese implantossuportada1. A utilização de implantes osseointegráveis tem contribuído muito para uma melhor resolução estética desses casos2. Próteses sobre implantes esteticamente favoráveis estão diretamente relacionadas com a condição dos tecidos moles e duros que as envolvem³. Além do restabelecimento estético, as propriedades funcionais do sistema estomatognático, incluindo a fonética adequada, são favorecidas pela implantologia contemporânea1. Adicionalmente, a consciencialização referente à sua preservação, que envolve os cuidados de higiene oral e visitas periódicas ao profissional para preservação devem ser enaltecidas1. A ausência da passividade na prótese implantossuportada provoca reações indesejáveis tanto na estrutura da prótese como no tecido ósseo4,5. Os princípios da reabilitação oral, do ponto de vista anatomofuncional e biomecânico, devem manter-se durante o tratamento através da prótese sobre implante, pois a adaptação passiva da prótese implantossuportada é um ponto essencial para a estabilidade mecânica6,7. Os parâmetros fundamentais das características da dentição natural da região anterior da maxila incluem uma boa saúde gengival, com forma e composição estrutural específica, cor, opalescência, translucidez, transparência e textura superficial dos incisivos e caninos. Ainda, em casos de perda múltipla de dentes anteriores, ocorre também significativa deficiência de tecido mole e duro7. Assim, é indicada a colocação de apenas dois ou três implantes associados a um ou dois elementos suspensos para a otimização do espaço e o ganho estético8. Com a necessidade da utilização de pônticos em próteses múltiplas, os implantes de fixação estarão sujeitos a uma maior sobrecarga durante a mastigação. Portanto, o conhecimento sobre oclusão do sistema prótese/implante e o tecido ósseo é de extrema importância para assegurar o sucesso no tratamento com implantes8. A prótese sobre implante requer os mesmos cuidados com a


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oclusão que uma prótese construída sobre dentes naturais9. A cerâmica é um ótimo material para o revestimento da prótese, porque imita muito bem a textura, cor e translucidez dos dentes naturais10. Um dos problemas encontrados no uso das cerâmicas é a necessidade de múltiplos passos clínicos e laboratoriais, desde o início da confeção da peça até sua instalação. O clínico que investe em material para aplicação de cerâmica e conhecimento, pode diminuir o tempo de trabalho no consultório11. Nesta perspectiva, o propósito deste trabalho é apresentar o caso de uma reabilitação protética de região edêntula anterossuperior, com a descrição de vários procedimentos cirúrgicos, protéticos, laboratoriais e periodontais (orientação de higiene bucal), sendo uma das indispensáveis fontes para a longevidade. Relato de caso

te observaram-se perdas óssea (pré-maxila) e dentárias dos elementos 11, 12, 21 e 22 e instalaram-se dois implantes osseointegrados nas respetivas regiões dos dentes 12 e 22 (fig. 2). Referente ao histórico odontológico da paciente, reportou-se a instalação de implantes cone Morse (Neodent®, Curitiba, Brasil) na região dos dentes 12 e 22 (ambos com medidas 3,5 x 11 mm). Na fase cirúrgica de reabertura, instalaram-se dois cicatrizadores na região do 12 e 22 (4,5 x 4,5 e 3,3 x 5,5, respetivamente). Em seguida, confecionaram-se provisórios de resina acrílica com reforço de fio ortodôntico de aço, com o propósito de condicionamento gengival. Decorridos 30 dias, em consulta subsequente, removeram-se os provisórios e procedeu-se à moldagem de transferência ­– técnica aberta (fig. 3). Confecionaram-se os coppings com ponto de solda para prova (fig. 4).

Paciente do género feminino, meloderma, de 35 anos, compareceu na clínica odontológica com queixa estética durante o sorriso.

Uma vez selecionadas as cores dentárias e gengivais, aplicaram-se as cerâmicas laboratorialmente (fig. 5). Posteriormente, testou-se a prótese em boca com ajustes oclusais e gengivais, para favorecer e melhorar a higiene da prótese (fig. 6).

Clinicamente observou-se prótese parcial fixa provisória na região anterior, entre os dentes 12 e 22 (fig. 1). Radiograficamen-

No ato de sua instalação, efetuou-se à paciente uma demonstração de higiene oral, com agulha passa-fio (figs. 7 e 8). Ins-

Fig. 1. Aspeto clínico intrabucal inicial: prótese parcial fixa provisória entre os dentes 12 e 22.

Fig. 2. Perdas óssea e dentárias dos elementos 11, 12, 21 e 22 e dois implantes osseointegrados instalados nas respetivas regiões dos dentes 12 e 22.

Fig. 3. Moldagem de transferência – técnica aberta.

Fig. 4. Coppings confecionados com ponto de solda para prova.

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Fig. 5. Aplicação da cerâmica (branca e gengival).

Fig. 6. Ajustes oclusais e gengivais para favorecer e melhorar a higiene da prótese.

talou-se a prótese com harmonia e completa satisfação da paciente (fig. 9). Discussão Deve-se ter conhecimento pleno das funções dos guias anteriores para que seja restabelecida adequadamente função e estética, sem desencadear alguma disfunção parafuncional posteriormente. Recomenda-se uma oclusão adequada e ausência de hábitos parafuncionais, para que estas não se fraturem em movimentos excêntricos e bordejantes durante os movimentos mandibulares. Ao estabelecer-se a guia anterior, tem-se como finalidade obter o equilíbrio do sistema neuromuscular e da articulação temporomandibular e buscar o tratamento mais duradouro e estável12. Uma vez reconhecida a necessidade de desoclusão anterior, deve estabelecer-se o contorno, posição, inclinação e trespasse adequados dos dentes anteriores, para alcançar os objetivos9. Neste caso, optou-se pela reabilitação estética e funcional com restaurações em metalocerâmicas sobre implante, principalmente pela durabilidade11. A prótese sobre implante requer os mesmos cuidados com a oclusão que uma prótese construída sobre dentes naturais. Portanto, a oclusão em prótese sobre implante deve ter os contactos oclusais: contactos bilaterais simultâneos; desoclusão dos posteriores no movimento de protrusão; con-

Fig. 7. Demonstração da higiene bucal com agulha passa-fio.

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tactos laterais excursivos sem interferência no lado de não-trabalho; e distribuição equivalente de forças oclusais8. Assim, deve ser orientado que, para o sucesso da reabilitação, o ajuste oclusal ideal deve ser feito, além do comprometimento do paciente para não forçar a área implantada por determinado periodo de tempo até que a reabilitação se estabilize13,14. Os materiais para as próteses implantossuportadas são normalmente indicados após avaliação prévia da estética, força de impacto, carga estática, eficiência mastigatória e espaço oclusal15,16. A prótese fixa implantossuportada com glaze possui melhora significativa na estética e resistência ao desgaste11,17. Então, uma superfície altamente polida oferece um desgaste menor da peça se for comparada uma peça com menor polimento18,19. A higienização em próteses fixas implantossuportadas deve ser mais detalhada. O acesso interproximal pode ser dificultado. Desta forma, o técnico de prótese deve elaborar um plano de manutenção para o paciente que efetivamente remova a placa bacteriana das superfícies proximais. Escovas convencionais macias, tipo tufo, interdental e fio dental com o emprego da agulha passa-fio são bem indicadas. Em locais mais difíceis a utilização destas escovas com antissépticos bucais (emergido) também é relevante18.

Fig. 8. Higiene oral com fio dentário.


tema de capa ESTÉTICA DENTÁRIA Ciência e prática

Relativamente à confeção de próteses implantossuportadas, deve dar-se atenção à estética dentogengival e ao espaço de higienização, para que seja precisa e bem realizada pelo paciente. Cabe ressaltar que é da responsabilidade do médico dentista a instalação da prótese e o correto planeamento da mesma. Portanto, o espaço para uma adequada higienização deve ser vistoriado pelo profissional19. O delineamento do pôntico deve ser definido por estética, função, simplicidade de higienização, manutenção do tecido saudável na região do espaço protético e o conforto do paciente20.

Fig. 9. Prótese instalada com harmonia estética e funcional e completa satisfação da paciente.

Conclusão As próteses parciais fixas implantossuportadas permitem a reabilitação estética, fonética e funcional, graças à conjugação da cerâmica branca com a coloração das papilas gengivais, com ótimas propriedades óticas, integrando a reabilitação ao sorriso dos pacientes. Bibliografia 1. Carvalho NB, Gonçalves SLMB, Guerra CMF, Carreiro AFP. Planejamento em Implantodontia: uma visão contemporânea. Rev Cir Traumatol Buco-Maxilo-Fac, 2006; 6(4): 17-22. 2. Dekon SFC, Carvalho SF, Goiato MC, Villa LMR, Santos DM, Santos MR. Solução estética para prótese sobre implante. Full Dent Sci, 2013; 4(13): 112-6. 3. Mesquita VT, Pompeu MH, Dias AHM. O novo conceito em prótese fixa. Jornal Ilapeo, 2013; 1(7): 26-9. 4. Figueredo CM, Dias RP, Amado FM, Rossi FCC, Ishikiriama BLC, Oliveira TM, Santos CF. O uso de implantes, enxerto ósseo e condicionamento do tecido gengival perimplantar na reabilitação estética de área anterior de maxila. Odontol Clin-Cient, 2011; 10(3): 285-91. 5. Tabuse HE, Corrêa CB, Vaz LG. Comportamento biomecânico do sistema prótese/implante em região anterior de maxila: análise pelo método de ciclagem mecânica. Rev Odontol da UNESP, 2014; 43(1): 46-51. 6. Almeida EO, Pellizzer EP. Biomecânica em prótese sobre implante relacionada às inclinações das cúspides e às angulações dos implantes osseointegrados - revisão de literatura. Rev Odontol da UNESP, 2008; 37(4): 321-7. 7. Barros VC, Barros IC, Neto JM. Reabilitação do guia canino complementar ao tratamento harmônico e estético com prótese parcial fixa livre de metal. Rev Odonto, 2017; 25(50): 19-27. 8. Gomes EA, Assunção WG, Costa PS, Delben JA, Barao VAR, Tabata LF. Aspectos clínicos relevantes no planejamento cirúrgico-protético em implantodontia. Salusvita Bauru 2008; 27(1): 111-24. 9. Junior JFS, Lemos CAA, Batista VES, Mello CC, Almeida DAF, Lopes LFTP Verri FR, Pellizzer EP. Manutenção em próteses implantossuportadas: higiene Oral. Rev Odontol Araçatuba, 2013; 34(1): 56-64.

10. Junior LC, Filho HN, Fares NH, Missaka R, Fiuza CT, D’Azevedo MTFS. Passividade da prótese sobre implante. Innov Implant J Biomater Esthet, 2010; 5(3): 53-9. 11. Matiello CN, Sandini M. Implante dentário com carga imediata na região anterior superior: relato de caso clínico. Rev Fac Odontol Univ Passo Fundo, 2015; 20(2): 238-42. 12. Verri FR, Cruz RS, Oliveira HFF, Lemos CAA, Almeida DAF, Batista VES. Resolução protética para reabilitação de pacientes com implantes unitários inclinados na região maxilar anterior: relato de caso. Rev Odontol Araçatuba, 2015; 36(2): 49-54. 13. Rangert B, Krogh PH, Langer B, Van Roekel N. Bending overload and implant fracture: a retrospective clinical analysis. Int J Oral Maxillofac Implants, 1995; 10(3): 326-34. 14. Rangert B, Jemt T, Jörneus L. Forces and moments on Bränemark implants. Int J Oral Maxillofac Implants, 1989; 4(3): 241-7. 15. Goiato MC, Sônego MV, Silva EVF, Dekon SFC, Medeiros RA, Carvalho KHT, Santos DM. Dynamic UCLA for single tilted implant in an aesthetic region. Int J Surg Case Rep, 2015; 1(7): 149-53. 16. Misch CE. Prótese sobre implantes. Editora: Santos/São Paulo, 1ª edição, 2006. 17. Chi WJ, Browning W, Looney S, Mackert JR, Windhorn RJ, Rueggeberg F. Resistance to abrasion of extrinsic porcelain esthetic characterization techniques. US Army Med Dep J, 2017; 2(17): 71-9. 18. Parkinson CF, Schaberg TV. Pontic design of posterior fixed partial prostheses: is it a microbial misadventure? J Prosthet Dent, 1984; 1(51): 51-4. 19. Eissmann HF, Radke RA, Noble WH. Physiologic desing criateria for fixed dental restorations. Dent Clin North Am, 1971; 1(15): 543-68. 20. Smith DE, Potter HR. The pontic in fixed bridgework. Dent Digest, 1937; 1(43): 16-20.

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ESTÉTICA DENTÁRIA tema de capa


Abordagem multidisciplinar no tratamento de periimplantite em zona estética

Nuno Menezes Gonçalves Médico dentista. Mestrado Integrado em Medicina Dentária pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Diploma Universitário em Periodontologia pela Universidade Complutense de Madrid (Espanha). Formação Avançada em Implantologia pelo Instituto Sorriso Natural (Porto). Autor de várias publicações científicas. Participação em vários cursos de formação e congressos na área da Cirurgia e Reabilitação Oral. Membro da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes e da Sociedade Portuguesa de Implantologia e Osteointegração. Prática clínica privada dirigida para a Implantologia, Reabilitação Oral e Cirurgia Periodontal.

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Ciência e prática

Introdução

Caso clínico

Os implantes dentários revolucionaram o tratamento do edentulismo ao ponto de serem considerados o gold estándar em várias circunstâncias clínicas. Ainda que sejam uma opção bastante previsível, ocasionalmente falham, por várias razões3,4. Com o aumento do número de implantes a serem colocados, a periimplantite está a tornar-se uma patologia prevalente na população2. Neste cenário, o objetivo do tratamento deverá ser, em primeira instância, restaurar o paciente a um estado de função e saúde aceitável, sendo que nem sempre se conseguirá restabelecer a osteointegração do implante em causa3,4.

A.P., de 43 anos, sexo masculino, ex-fumador, saudável, sem antecedentes médicos relevantes.

Uma elevada percentagem de pacientes adultos apresenta uma combinação de situações clínicas que tornam necessário um plano de tratamento multidisciplinar. Este tipo de abordagem pode oferecer uma solução mais conservadora do que recorrer a exodontias clinicamente desnecessárias. Por vezes, o médico dentista vê-se com o dilema do “tudo ou nada”, em que para implementar um plano de tratamento global todas as fases do tratamento devem ser completadas satisfatoriamente. Se o paciente não aceitar este caminho, a criação do resultado ideal fica comprometida1. Designadamente, a reabilitação protética do setor anterior é um dos desafios mais exigentes para o médico dentista2. Neste artigo, apresenta-se a resolução de uma periimplantite na zona estética e reabilitação protética do setor anterior.

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Motivo da consulta: encaminhamento por colega devido a fístula no implante #11. Saúde oral: ausência de cáries, periodontite crónica leve generalizada, baixo risco de progressão. Sem terapêutica farmacológica diária. Ao exame clínico, detetou-se uma fístula ativa associada ao implante #11, profundidade de sondagem aumentada, supuração espontânea e sangramento após sondagem. O posicionamento 3D e a posição oclusal do implante não eram os ideais e havia uma desarmonia estética no setor anterior, devida a incisivos disformes com diastemas e mal alinhados (figs. 1 a 3). Radiograficamente, observava-se perda óssea em mesial e distal, com a presença de material estranho na zona mesial, provavelmente biomaterial colocado na cirurgia de implante. O implante em questão era um tissue-level e o colar destinado a estar em contacto com os tecidos moles localizava-se em posição infra-óssea (fig. 4). O primeiro plano de tratamento proposto ao paciente foi a explantação do implante com regeneração óssea guiada, tratamento ortodôntico e futura colocação de implante.


Ciência e prática

Figs. 1 a 3. Vista intraoral inicial.

O paciente recusou a opção de ortodontia, pelo que lhe foi sugerido o seguinte e final plano de tratamento: explantação do implante com regeneração óssea guiada, instalação de novo implante com enxerto de tecido conjuntivo e confeção de facetas cerâmicas para os incisivos superiores a serem cimentadas no dia da colocação da coroa implantossuportada. Discussão Primeira fase – resolução da periimplantite associada ao implante #11 Impressões maxilar e mandibular e registo de mordida para desenho de enceramento de diagnóstico, que serviria para elaborar uma muralha de silicone para a confeção de uma ponte provisória em boca (figs. 5 e 6). Anestesia infiltrativa por vestibular e palatino. Remoção da coroa implantossuportada com boticão (fig. 7). Elevação de retalho trapezoidal de espessura total vestibular e palatino, para visualização completa do corpo do implante (fig. 8). Instrumentação com curetas e ponta de carbono da superfície do

Fig. 4. Radiografia apical do implante #11.

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Ciência e prática

Figs. 5 e 6. Planeamento da reabilitação superior.

Fig. 7. Remoção da coroa implantossuportada.

Fig. 8. Desenho da incisão.

implante, irrigação com soro fisiológico e clorohexidina a 0,2% e curetagem do tecido de granulação (fig. 9), verificando-se um defeito ósseo de cinco paredes (fig. 10). Incisões relaxantes no retalho vestibular para ganho de passividade (fig. 11). Preenchimento do defeito com xenoenxerto de origem bovina (The Graft, Purgo), adaptação de duas membranas de colagénio (Straumann Membrane Flex) e sua fixação com taxas de titânio

Fig. 9. Exposição do defeito ósseo após remoção do tecido de granulação.

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(figs. 12 e 13). Sutura da ferida operatória com fio de nailon 6/0. Confeção de ponte provisória em resina acrílica (Structur 2 SC, VOCO) imediata através da guia de silicone feita com o enceramento de diagnóstico (fig. 14). Prescrição de Amoxicilina 1.000 mg 12/12h, Etoricoxib 60 mg 12/12 h, Metamizol Magnésico 575 mg 8/8 h SOS, gel de clorohexidina a 2% três vezes ao dia, escova pós-cirúrgica e escovilhão interdentário.

Fig. 10. Vista do defeito ósseo após explantação do implante.


Ciência e prática

Fig. 11. Obtenção de passividade do retalho.

Fig. 12. Preenchimento do defeito ósseo com xenoenxerto de origem bovina (The Graft, Purgo).

Fig. 13. Membranas de colagénio fixadas com taxas de titânio.

Fig. 14. Pós-operatório imediato com facetas provisórias.

Ao longo dos seis meses de espera até à colocação do novo implante, por três ocasiões confecionou-se uma nova ponte provisória para melhoramento do perfil dos tecidos moles associados ao espaço edêntulo (figs. 15 e 16).

Elevação de retalho trapezoidal de espessura total vestibular, seguindo as mesmas linhas da incisão anterior, com a incisão cristal posicionada em palatino (figs. 10 a 21). Preparação do leito implantar com protocolo de osseodensificação e abordagem palatina (figs. 22 a 24), colocação de pino paralelizador para avaliação do eixo do implante (fig. 25) e instalação de implante de conexão interna cone Morse (Dentium Superline 3,8  x 11,5) em posição infra-óssea (figs. 26 a 28), com torque mensurável de 35 Ncm.

Segunda fase – colocação de implante #11 Avaliação clínica e radiográfica da zona regenerada (figs. 17 e 18). Anestesia infiltrativa por vestibular e palatino.

Fig. 15. Pós-operatório aos 30 dias.

Fig. 16. Controlo após dois meses.

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Ciência e prática

Fig. 17. Vista intraoral da zona regenerada após seis meses.

Fig. 19. Desenho da incisão.

Figs. 20 e 21. Vista intraoral da zona regenerada.

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Fig. 18. Radiografia apical da zona regenerada (seis meses).


Ciência e prática

Figs. 22 a 24. Preparação do leito implantar com protocolo de osseodensificação.

Fig. 25. Radiografia apical com pino paralelizador.

Figs. 26 a 28. Instalação de implante de conexão interna cone Morse (Dentium Superline).

Medição da distância da crista óssea à papila e instalação de pilar transepitelial definitivo (Dentium Dual Abutment) com platform-switching seguindo o conceito one abutment one time (figs. 29 a 31). Colheita de enxerto de tecido conjuntivo do palato na zona molar e sua colocação na face vestibular do pilar (figs. 32 e 33). Sutura da zona dadora com fio de seda 3/0. Sutura do enxerto gengival e da ferida operatória com fio reabsorvível 5/0 (figs. 34 e

35). Confeção de ponte provisória em resina acrílica (Structur 2 SC, VOCO), (figs. 36 a 38). Prescrição de Nimesulida 12/12h, Metamizol Magnésico 575 mg 8/8h SOS, gel de clorohexidina a 2% três vezes ao dia e escova pós-cirúrgica. Removeu-se a sutura da zona dadora do enxerto gengival dez dias após a cirurgia.

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Ciência e prática

Figs. 29 a 31. Seleção e instalação de pilar transepitelial definitivo (Dentium Dual Abutment) segundo o conceito one abutment one time.

Figs. 32 e 33. Colheita de enxerto de tecido conjuntivo do palato e sua adaptação à face vestibular do implante.

Figs. 34 e 35. Sutura da ferida operatória.

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Ciência e prática

Figs. 36 a 38. Confeção de novas facetas provisórias.

Durante os três meses de espera após a cirurgia, confecionou-se uma nova ponte provisória para permitir que não houvesse pressão na zona gengival a regenerar com o enxerto de tecido conjuntivo. Terceira fase – facetas definitivas e coroa implantossuportada Remoção da ponte provisória e reavaliação clínica da zona operatória (figs. 39 e 40). Preparos dos dentes #12, #21 e #22 (fig. 41). Dupla impressão com dupla mistura dos den-

tes e do implante e registo de mordida. Confeção de nova ponte provisória. Pediu-se ao técnico de prótese dentária peças em cerâmica Enamic VITA. Avaliação do trabalho laboratorial (figs. 42 e 43). Condicionamento químico das facetas com ácido fluorídrico e silano (fig. 44). Isolamento absoluto com dique de borracha. Condicionamento químico dos dentes com ácido ortofosfórico 37% e adesivo (Optibond FL). Cimentação das facetas e da coroa implantossuportada com cimento resinoso translúcido fotopolimerizável (Variolink Veneer LC), (figs. 45 e 46).

Figs. 39 e 40. Vista intraoral (três meses).

Fig. 41. Preparos para facetas.

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Ciência e prática

Figs. 42 a 44. Trabalho laboratorial (Enamic VITA).

Figs. 45 e 46. Resultado final.

Conclusão Todos os fatores devem ser tidos em consideração ao decidir salvar ou explantar um implante dentário com sinais de periimplantite. A relação risco-benefício deve ser avaliada minuciosamente. Os procedimentos extensos e dispendiosos envolvidos na regeneração do defeito ósseo após a explantação precisam de ser antecipados e claramente comunicados ao paciente. Embora várias modalidades de tratamento estejam disponíveis para a abordagem da periimplantite, e o desenvolvimento de dispositivos médicos tenha tornado a explantação mais fácil e menos invasiva, a prevenção da doença continua a ser mais eficaz do que o seu tratamento. A colocação do implante não só deve ser conduzida proteticamente, mas também deve ser pensada para uma futura fácil higienização. A colocação tridimensional correta do implante deve ser correta para permitir um eixo de inserção e um perfil de emergência adequados.

Bibliografia 1. Gurrea e col. Multidisciplinary treatment plans in the adult patient – step by step and rationale. Eur J Esthet Dent 2012; 7: 18-35. 2. Okayasu K e col. Decision tree for the management of periimplant diseases. Implant Dent 2011; 20: 256-261. 3. Matarasso S e col. Clinical and radiographic outcomes of a

combined resective and regenerative approach in the treatment of peri-implantitis: a prospective case series. Clin Oral Implants Res. 2013. 4. Chan H-L e col. Surgical management of peri-implantitis: a systematic review and meta-analysis of treatment outcomes. J Periodontol 2014; 85: 1027-1041.

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ESTÉTICA

IMPLANTOLOGIA

Recubrimento cuspídeo: indicações e técnicas

Elevação de seio maxilar O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) tem prevista para o dia 21 de setembro próximo, em Faro, uma formação subordinada ao tema “Elevação de seio maxilar por abordagem crestal com osseodensificação”, ministrada pelo médico dentista João Gaspar. A osseodensificação representa claramente uma mudança de paradigma na preparação do leito implantar. Nesta apresentação, será abordada a evidência científica sobre este conceito e irão ser apresentados vários casos clínicos ilustrativos do potencial da técnica no âmbito da elevação do seio maxilar.

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) agendou para o dia 7 de setembro próximo, em Viseu, um curso de fim de dia subordinado ao tema “Recobrimento cuspídeo: indicações e técnicas”, ministrado pelo médico dentista Cristiano Pereira Alves. O orientador é pós-graduado em Competências Clínicas Profissionalizantes em Medicina Dentária, pela Universidade Fernando Pessoa (Porto), e em Reabilitação Oral Protética, pela Universidade de Coimbra, onde é também assistente convidado da disciplina de Prótese Fixa e da pós-graduação em Reabilitação Oral Protética.

226 197 690 - formacao@omd.pt

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DESTAQUE

SPPI realiza reunião anual em fevereiro de 2021

Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes Centro de Congressos de Aveiro www.sppi.pt

A reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI), que estava agendada para os dias 20 e 21 de março passado, foi alterada para os dias 5 e 6 de fevereiro do próximo ano, devido à atual conjuntura de pandemia global, provocada pelo surto do novo coronavírus. O Centro de Congressos de Aveiro mantém-se como cenário da reunião e o programa científico também se prevê sem alterações, focado nos principais desafios da prática clínica atual da periodontologia e da implantologia. O primeiro dia da reunião será dedicado a cursos hands-on, enquanto a segunda jornada será preenchida com palestras de oradores de renome, tais como Sofia Aroca, que é uma das referências mundiais em cirurgia plástica periodontal e, nomeadamente, no tratamento de recessões gengivais. Da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) virão Ignacio Sanz Sánchez e Ana Molina Villar. De França, e em representação da Sociedade Francesa de Periodontologia e Implantologia Oral, espera-se a presença de Frédéric Gadenne. Os oradores portugueses serão António Mano Azul e Pedro Moura.

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ORTODONTIA

ORTODONTIA

Pós-graduação em ortodontia

Desenho e desenvolvimento de alinhadores

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, prevê para os dias 24 a 26 de setembro o início, em Madrid (Espanha), da 90ª edição da pós-graduação em ortodontia “Experto em ortodontia funcional, aparatologia fixa estética e alinhadores”, orientada por Alberto Cervera. O programa desta pós-graduação, com a duração de dois anos, divide-se em nove módulos presenciais e complementa-se com sessões clínicas online. Abrange as seguintes áreas: protocolo de diagnóstico e tratamento, estudos de síndromas clínicos, práticas em simuladores com brackets metálicos, estéticos e alinhadores, e práticas clínicas tutorizadas.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza em Madrid (Espanha), em data por confirmar, o curso de formação “Desenho de alinhadores”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação complementa o programa “Experto em ortodontia”, também com a chancela da ORTOCERVERA, e tem como finalidade transmitir conhecimentos na área do desenho e desenvolvimento das distintas fases de tratamento com alinhadores. Inclui práticas com simulador de alinhadores.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

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ORTODONTIA Desenho de alinhadores para técnicos de prótese

Novos conceitos em periodontologia

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza regularmente, em Madrid (Espanha), o curso de formação “Desenho de alinhadores para técnicos de prótese”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação destina-se tanto a técnicos de prótese que já estão familiarizados com a área da ortodontia como a profissionais sem experiência neste domínio, que pretendem conhecer as possibilidades que as técnicas com alinhadores oferecem.

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) tem agendado para o dia 31 de outubro próximo, nas instalações da OMD em Angra do Heroísmo (Ilha Terceira), uma sessão formativa subordinada ao tema “Periodontologia: novos conceitos e sua aplicação clínica”, que terá como orientador o médico dentista Ricardo Castro Alves. Especialista em Periodontologia pela OMD, Ricardo Castro Alves é regente das unidades curriculares de Periodontologia do Instituto Universitário Egas Moniz, onde também é docente da Pós-Graduação em Periodontologia Clínica Internacional.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

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A comissão organizadora do 29º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) comunica o adiamento do evento para 2021. A habitual cimeira anual da classe dos médicos dentistas estava marcada para novembro deste ano, na Exponor, em Matosinhos, mas face às condições associadas à pandemia COVID-19, a comissão organizadora, presidida pela médica dentista Patrícia Manarte Monteiro, decidiu adiar a edição deste ano. A Expodentária que, como tem sido habitual, iria decorrer juntamente com o congresso, também fica adiada para o próximo ano. Para além da condição pandémica COVID-19 e a consequente limitação de meios logísticos, tempo e recursos humanos internos e externos, fundamentais para a organização adequada do congresso nesta altura do ano, outro motivo apontado pela comissão organizadora para o adiamento do congresso é o respeito pelo processo eleitoral em curso para os órgãos sociais da Ordem, quanto a decisões que num futuro breve devem ser tomadas por direito e dever pelo conselho diretivo que vier a tomar posse O congresso da OMD é um dos maiores eventos do setor da saúde na Península Ibérica e reúne anualmente cerca de 6.000 participantes.

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29º congresso da OMD adiado e remetido para o próximo ano

Ordem dos Médicos Dentistas www.omd.pt

DESTAQUE

PERIODONTOLOGIA


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VÁRIOS

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EAO anuncia evento digital alternativo à sua reunião anual

Congresso da SPEMD regressa a Coimbra em 2021

A reunião científica anual da Associação Europeia de Osteointegração (EAO, na sigla em inglês) foi convertida num evento totalmente digital, que vai decorrer, a partir de Berlim (Alemanha), de 5 a 10 de outubro próximo. A decisão de descartar o habitual congresso presencial deve-se à crise de saúde pública provocada em todo o planeta pela pandemia associada ao novo coronavírus. A organização alemã desta iniciativa, designada por “EAO Digital Days 2020”, promete um programa online inovador e criativo com a mesma qualidade científica que tem caracterizado os encontros desta organização europeia. Recorde-se que a última reunião anual decorreu em Lisboa, em junho do ano passado.

O XL congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) foi adiado, devido à pandemia de COVID-19. O próximo encontro anual da centenária sociedade científica, por sinal a mais antiga do setor dentário na Península Ibérica, deverá celebrar-se no segundo fim de semana de outubro de 2021, em Coimbra. O congresso da SPEMD voltará a reunir no emblemático Convento de São Francisco da cidade dos estudantes cerca de um milhar de participantes, entre oradores e profissionais de todas as áreas da saúde oral, bem como algumas dezenas de representantes da indústria dentária.

www.eao.org

www.spemd.pt

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Próxima IDS agendada para meados de março

XXXII reunião da SPODF celebra-se em abril de 2021

A próxima edição da IDS, a principal feira mundial da indústria dentária que se celebra de dois em anos em Colónia (Alemanha), está agendada para os dias 9 a 13 de março do próximo ano. As últimas inovações em produtos, serviços e tecnologia nas diferentes áreas da Medicina Dentária vão ser, como habitualmente, exibidas durante cinco dias no amplo recinto de feiras da referida cidade alemã (Kolnmesse). Para além da vertente comercial, a IDS proporciona, ao abrigo da modalidade Speaker´s Corner, sessões formativas com oradores de renome mundial.

A XXXII reunião científica anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) vai ter lugar de 15 a 17 de abril de 2021, depois de ter sido adiada (estava prevista para abril deste ano) devido aos constrangimentos provocados pela pandemia de COVID-19. O cenário deste congresso manter-se-á o pavilhão Altive Arena de Braga, de acordo com a respetiva comissão organizadora que assegura que tudo fará para manter o excelente “cartaz” científico que tinha programado para este ano. Para já, confirma-se que a pré-reunião continuará a ter como protagonista James A. Mcnamara.

www.english.ids-cologne.de

secretariado@spodf.pt

DESTAQUE

Jornadas internacionais em formato online

Instituto Universitário Egas Moniz Monte da Caparica (Lisboa) www.xxviiijinternacionais@gmail.com

As XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária do Instituto Universitário Egas Moniz, que estavam programadas para o passado mês de março e foram adiadas devido à pandemia de COVID-19, vão realizar-se em formato online no dia 21 do próximo mês de novembro, em conformidade com as orientações da Direção-Geral de Saúde. Segundo este novo modelo de evento, a comissão responsável pela organização do mesmo irá proporcionar aos patrocinadores uma massiva publicidade nas redes sociais como já havia sido feito anteriormente e irá ainda ser criado um stand virtual onde os congressistas poderão consultar informações acerca dos patrocinadores do evento bem como outras novidades que irão ser posteriormente transmitidas, garantindo vários palestrantes de renome quer nacional quer internacional e trabalhando para ser uma iniciativa online que marque pela diferença e que seja um verdadeiro sucesso. A comissão responsável pela organização do evento do Instituto Universitário Egas Moniz lamenta que o evento não possa ser realizado fisicamente, contudo, assinala que “é nosso dever enquanto futuros profissionais de saúde integrados numa universidade de saúde zelar pela saúde comunitária”.

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WCDT Lisboa adiado para junho de 2021

Congresso da APHO reagendado para janeiro de 2021

O 21º World Congress in Dental Traumatology (WCDT), que estava agendado para passado mês de junho no Centro de Congressos de Lisboa, mas foi adiado devido à pandemia de COVID-19, vai realizar-se de 2 a 5 de junho do próximo ano no mesmo recinto lisboeta. A organização local deste evento internacional está a cargo da Sociedade Portuguesa de Endodontologia, presidida por António Ginjeira, em parceria com a International Association of Dental Traumatology (IADT) e a European Society of Endodontology (ESE).

Com os recentes desenvolvimentos que afetam o normal panorama de saúde pública, a Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) analisou o assunto globalmente, atendendo às recomendações nacionais e internacionais, tendo decidido adiar o seu XX congresso nacional, que estava previsto realizar-se em abril passado. A direção da APHO e a comissão organizadora do congresso tomaram esta decisão com o objetivo de assegurar as melhores condições de segurança e a saúde de todos os intervenientes. A nova data prevista será os dias 29 e 30 de janeiro de 2021, mantendo-se o local da sua realização (Lisboa) e o programa científico.

www.wcdt2021.com

www.apho.pt

VÁRIOS

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Webinário sobre patologia das glândulas salivares

Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS

Devido à necessidade de cumprirmos o distanciamento social decorrente da pandemia causada pela COVID-19, a Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) decidiu suspender algumas das ações de formação presenciais que Tiago Fonseca. tinha previsto realizar nos próximos tempos. Em alternativa, as sessões das “Noites da SPEMD” foram convertidas numa série de webinários, de inscrição online obrigatória. A próxima sessão está agendada para dia 14 deste mês e tem como tema “Patologia das glândulas salivares” (Tiago Fonseca).

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza este curso personalizado, ministrado por Mónica Simón Pardell, em Madrid (Espanha), para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. Este curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS (conceitos básicos e definições), protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algoritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado e “a la carta”.

www.spemd.pt

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

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IV congresso da SPDOF realiza-se em maio de 2021

FMDUL lança Mestrado em Higiene Oral

Face à situação originada pela pandemia do novo coronavírus, a Sociedade Portuguesa de Disfunção Oro-Facial (SPDOF) decidiu adiar o congresso que tinha marcado para o passado mês de maio. A quarta edição do encontro transita, mantendo programa e local, para os dias 13 a 15 de maio de 2021, na Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra. Todos os compromissos da SPDOF serão mantidos no que toca a palestrantes, patrocinadores, colaboradores e congressistas. A plataforma e o site do congresso continuarão ativos, a receber inscrições e resumos para as novas datas.

Encontram-se abertas as inscrições para o curso de Mestrado em Higiene Oral da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Este é o primeiro mestrado criado nesta área das Ciências da Saúde Oral em Portugal e na Europa, e destina-se a titulares de grau de licenciado em Higiene Oral ou equivalente legal. Tem a duração de dois anos letivos (16 semanas por semestre), 120 ECTS e 20 vagas disponíveis. Tem por objetivo a aquisição de conhecimentos científicos e o uso de ferramentas avançadas para o estudo e para a investigação no domínio da higiene oral, bem como o desenvolvimento de competências práticas nesta área do conhecimento.

www.spdof.pt

www.fmd.ulisboa.pt

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Novidades

Henry Schein lança esterilizador de ar

ZINIC 3D com novas funções para a planificação cirúrgica

A Henry Schein anunciou a www.henryschein.pt celebração de um acordo com a Radic8 para a distribuição em Portugal de um sistema de esterilização do ar que neutraliza determinados vírus e bactérias com uma única passagem do fluxo de ar. O sistema também neutraliza gases e vapores de mercúrio. A tecnologia Radic8 atua através de um processo que se divide em duas fases: filtragem seguida de esterilização. O processo de esterilização consiste numa tecnologia de oxidação foto-catalítica que, quando corretamente aplicada, se revela substancialmente mais eficaz na erradicação de contaminantes microbianos por circulação forçada do ar do que a simples irradiação de UVC. Em Portugal, o esterilizador de ar Radic8 é disponibilizado pela Henry Schein em três versões distintas: Radic8 Viruskiller 401, para compartimentos de médias a grandes dimensões; Radic8 Viruskiller 103, cobrindo uma área de até 100 metros quadrados; e Radic8 Hextio, para áreas de até 20 metros quadrados.

ZIACOM apresenta uma nova versão do www.ziacom.es software de planificação cirúrgica ZINIC 3D, que engloba uma interface mais intuitiva e fácil de utilizar, com funções novas que permitem ao cirurgião realizar planificações de cirurgias implantológicas de forma mais rápida e simples. Uma das novas funções do software é a possibilidade de planificar uma cirurgia proteticamente guiada, já que a nova versão permite ao clínico desenhar e modificar um protótipo da prótese do paciente paralelamente à planificação dos implantes, segundo as características do caso clínico.

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Novidades

Daring White, novo sistema de branqueamento profissional

Mount 3DPlus ZIACOM para a cirurgia guiada

A Garrison Dental Solutions lançou uma www.garrisondental.com nova linha de tiras branqueadoras dentárias profissionais Daring White. Com uma fórmula segura de peróxido de carbamida a 15%, são de uso fácil e oferecem grandes resultados com mínima sensibilidade. Os pacientes podem levá-las para casa, o que elimina a necessidade de utilizar férulas personalizadas e permite aos médicos dentistas proporcionar um tratamento adequado num só dia. Graças a uma tecnologia avançada patenteada, os pacientes constatarão um branqueamento visível em 5-10 dias. As tiras Daring White são praticamente invisíveis e mantêm-se no seu sítio, o que permite falar sem interrupções, comer e inclusive beber líquidos frios sem que se movam. A tecnologia Comfort-Fit de Garrison permite que as tiras adiram aos dentes e se moldem de maneira precisa sem geles ou férulas.

A ZIACOM conta com um sistema para cirurwww.ziacom.es gias totalmente guiadas que permite não apenas realizar um protocolo de fresagem preciso como também realizar a inserção do implante através da guia graças ao Mount 3DPlus, confecionado em titânio de grau V. O Mount 3DPlus ZIACOM permite controlar a profundidade a que se posiciona o implante, graças a um limite que indica ao operador até onde deve inserir-se, para garantir a posição planificada no software de planificação cirúrgica Zinic. O sistema vem incluído com a linha de implantes Zinic/ZM4 para cirurgia guiada ZIACOM.

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Indústria

DESTAQUE

Henry Schein cria programa de reinício de clínicas e laboratórios

Grupo Phibo torna-se partner da BioHorizons Camlog

Sob o lema “Voltemos juntos”, a Henry Schein criou um programa para que os médicos dentistas e os técnicos de prótese reiniciem os seus centros de forma segura e garantindo a saúde e bem-estar dos pacientes e da equipa dentária. O programa inclui uma lista de verificação baseada nos protocolos recomendados e 12 packs de produtos centrados no controlo de desinfeção. Entre outras soluções, existe uma completa oferta para o equipamento rotatório, que inclui desmontagem, revisão, limpeza, desinfeção e manutenção, assim como software de gestão e sistemas de esterilização do ar. Também se oferecem serviços financeiros para ajudar a reiniciar as clínicas e laboratórios do setor.

O Grupo Phibo e a BioHorizons Camlog alcançaram um acordo que estabelece o primeiro como partner certificado para o fabrico de próteses dentárias CAD-CAM personalizadas para reabilitar os implantes BioHorizons em Portugal e Espanha. Para alcançar este acordo, o Grupo Phibo participou num exigente processo de seleção e certificação por parte da BioHorizons Camlog. A experiência na odontologia digital, a trajetória, a inovação no fabrico de próteses dentárias CAD-CAM personalizadas e o desenvolvimento de produtos e serviços de máxima qualidade foram decisivos para que a BioHorizons Camlog deposite a sua confiança no Grupo Phibo.

www.henryschein.pt

www.biohorizonscamlog.com

BTI mantém liderança na produção científica biotecnológica em Espanha

www.bti-biotechnologyinstitute.com

A BTI lidera a produção científica biotecnológica em Espanha pelo quinto ano consecutivo, de acordo com o último relatório anual da Associação Espanhola de Bioempresas (AseBio). A firma figura como a empresa espanhola com maior número de publicações (25 no total) em revistas científicas de impacto em 2019. Este dado consolida a biotecnológica, com sede na cidade espanhola de Vitória, como uma das empresas do país vizinho com maior dedicação e envolvimento com I+D, já que se trata do quinto ano em que se situa nesta posição no relatório da AseBio. Para Eduardo Anitua, fundador e diretor científico da BTI, trata-se de um “grande estímulo” para continuar a investigar e desenvolver novos avanços. Eduardo Anitua, fundador da BTI.

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Indústria

Grupo Phibo amplia capital e reforça a sua estrutura O Grupo Phibo, pioneiro na fabricação de próteses dentárias CAD-CAM, alcançou um acordo com o capital da companhia e a banca para dotar a empresa de Instalações centrais da Phibo em Barcelona. cerca de cinco milhões de euros de liquidez e impulsionar os seus planos de futuro no setor, na sequência dos danos colaterais financeiros provocados pela pandemia de COVID-19. A empresa continuará a trabalhar com uma visão transversal do negócio de investigação, desenvolvimento, fabricação e comercialização de soluções do foro dentário que desenvolve há mais de 30 anos. www.phibo.com

3Shape realiza com sucesso iniciativa Virtual Expo 2020 A 3Shape Iberia colocou em marcha entre os dias 28 de abril e 31 de maio nos mercados português, espanhol e latino-americano uma iniciativa pioneira no setor dentário. Após o adiamento da Expodental 2020, que deveria ter tido lugar em março pasado em Madrid, devido à pandemia de COVID-19, a alternativa da 3Shape foi aproximar os seus seguidores, organizando numerosos webinários e tech-talks orientado por grandes profissionais da Medicina Dentária. Pela primeira vez também se ofereceram demos virtuais 1:1. As numerosas conexões de clientes de todo o mundo colocaram esta iniciativa entre as mais inovadoras deste ano. A marca, que anuncia que repetirá a experiência, agradece a colaboração de todos os oradores e dos seus distribuidores. www.3shape.com

Ortoteam prepara roadshow para o próximo outono A Ortoteam já tem datas para o seu roadshow do último trimestre do ano, em Espanha, que incluirá três paragens: dias 2 de outubro em Madrid, 5 de novembro em Barcelona, e 4 de dezembro em Málaga. Nestes encontros, a empresa apresentará os seus produtos e novidades, como o scanner Heron IOS sem licenças, impressoras 3D, software para alinhadores, o projeto Sorriso-online para promover a consulta dentária através das redes sociais ou o software de desenho Meshmixer Dental/Blue Sky Plan Ortho. Os interessados em assistir a estes eventos devem confirmar a sua presença através dos canais de contacto habituais da companhia. www.ortoteam.com

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