Área 1
Os cOntOrnOs dO negóciO anadarkO Occidental
barclays bancO cOnsOlida pOsiçãO em altura de mudanças linha de XitiMa O pOntO da situaçãO de um grande investimentO lÁ fora a história dO ‘saque’ aO fundO sOberanO
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Área 1
Os cOntOrnOs dO negóciO anadarkO Occidental
barclays bancO cOnsOlida pOsiçãO em altura de mudanças linha de XitiMa O pOntO da situaçãO de um grande investimentO lÁ fora a história dO ‘saque’ aO fundO sOberanO
6 Observação
Conferência E&M a imagem da primeira conferência da economia & Mercado sobre responsabilidade social 8 Radar
Panorama economia, banca, Finanças, Infra-estruturas, Investimento, País 12 Macro
Área 1 os contornos do negócio do ano entre a anadarko, a occidental e a Total 20 nação
BEiRa
20 O crédito ganha... crédito a e&M lança um olhar sobre a evolução do mercado do crédito a empresas e particulares 30 na voz de... Teresa ribeiro, secretária de estado dos Negócios estrangeiros e da cooperação de Portugal 34 ProvÍNcIa
Cabo Delgado a Província do Futuro vive entre a busca do sonho do desenvolvimento e a dura realidade 40 Mercado e FINaNças
Relatório e Contas a análise ao relatório e contas do barclays bank Moçambique 44 EMPresas
Van Reisch a história da primeira marca de relógios moçambicana
56 MegaFoNe
Marketing o que está a acontecer no mundo das marcas em Moçambique e lá por fora
48 fIgura do MÊs
Linha de Xitima orlando Marques, ceo da TML, explica em que ponto está este investimento de 3 mil milhões de dólares
50 socIedade
Correios de Moçambique a estatal tem-se debatido com problemas de tesouraria o que levanta questões sobre o futuro
54 LÁ Fora angola a história completa do ‘saque’ multimilionário ao fundo soberano
60 Escape uma viagem até à Ilha de Moçambique 62 Gourmet Ficka, um conceito que se prova 63 adega o esporão colheita biológica 64 agenda Música, livros, filmes 65 arte Moçambique na bienal de veneza 66 ao volante o novo F8 da Ferrari
a economia & mercado (e&m), enquanto veículo de comunicação económica e de negócios que já se tornou numa referência no mercado editorial moçambicano, lançou em Maio último, a primeira de um ciclo anual, ao rea lizar a conferência dedicada à Responsabilidade Social e Corporativa (RSC) em Moçambique.
Dada a importância da RSC na promoção do desenvolvimento social e económi co, foi uma oportunidade para a reflexão profunda e conjunta sobre como as acções de responsabilidade social das empresas que operam em Moçambique têm estado a ser implementadas, bem como debater os desafios e oportunida des que estas mesmas acções apresentam quer para a promoção do tão alme jado desenvolvimento sustentável do país, quer para a própria sustentabilida de do negócio das empresas. Contámos com a presença honrosa de representantes de empresas e institui ções, figuras e operadores do mercado nacional que apresentaram as suas visões, políticas, estratégias e investimentos na área da Responsabilidade Social e Corporativa em Moçambique.
Auguramos, com a criação das Conferências E&M, uma área especializada da E&M Moçambique direccionada para a organização de fóruns, conferências, se minários, palestras, debates, workshops e outros eventos, construir parcerias que perdurem no tempo, salvaguardando os valores da nossa publicação: Plu ralismo de Opinião, Isenção, Profissionalismo e Rigor.
A E&M está, igualmente, a lançar um leque de produtos editoriais direccionados para a publicação de um conjunto de boas práticas, que muitas empresas em ac tividade no país têm vindo a desenvolver e para o qual tenderemos a contribuir com um espaço editorial, cada vez mais significativo, nas páginas da revista. ‘Porque quem lê, sabe mais.’
MÊS ano • nº 01
Junho 2019 • nº 15
PROPRIEDADE Executive Moçambique
DIRECTOR Iacumba Ali Aiuba
DIRECTORA EDITORIAL GRUPO
propriedade Executive Mocambique Liquatis nienis doluptae velit et magnis enis necatin nam fuga. Henet exceatem seque cus, sum nis nam iu Qui te nullant adis destiosse iusci re in prae voles sant laborendae nihilib uscius sinusam rehentius eos resti dolumqui dolorep reprem vendipid que ea et eumque non nonsent qui officiasi
EXECUTIVE Ana Filipa Amaro
DIRECTOR EXECUTIVO Pedro Cativelos COnsELhO EDITORIAL
Alda Salomão; António Souto; Narciso Matos; Rogério Samo Gudo JORnALIsTAs Celso Chambisso; Hermenegildo Langa; Cristina Freire, Elmano Madaíl, Rui Trindade
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PAGInAÇÃO José Mundundo FOTOGRAFIA Jay Garrido
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REVIsÃO Manuela Rodrigues dos Santos
PRODUÇÃO Executive Moçambique
PUBLICIDADE Ana Antunes (Gestora Comercial - Moçambique) ana.antunes@ executive-mozambique.com; iona@iona. pt/contacto@iona.pt (Portugal)
ADMInIsTRAÇÃO, REDACÇÃO
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E PUBLICIDADE Executive Moçambique; Av. Salvador Allende, nº 1039, Bairro Polana Cimento, Maputo – Moçambique; Tel.: +258 21 485 652; Tlm.: +258 84 311 9150; geral@executive-mozambique.com
DELEGAÇÃO EM LIsBOA Telheiras, Rua Poeta Bocage, Nº 2 – 1º Escritório D • 1600233 Lisboa • Portugal; Tel. +351 21 381 3566; iona@iona.pt
IMPREssÃO E ACABAMEnTO
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Minerva Print - Maputo - Moçambique
TIRAGEM 4 500 exemplares núMERO DE REGIsTO 01/GABINFO-DEPC/2018
Henet exceatem seque cus, sum nis nam iu Qui te nullant adis destiosse iusci re in prae voles sant laborendae nihilib uscius sinusam rehentius eos resti dolumqui dolorep reprem vendipid que ea et eumque non nonsent qui officiasi
A completar um ano de existência em Moçambique, a Economia & Mercado realizou a sua primeira conferência, de um ciclo que se vai prolongar ao longo do ano, dedicada ao tema da Responsabilidade Social e Corporativa com o objectivo de lançar as bases para uma reflexão profunda sobre como as acções de responsabilidade social das empresas que operam em Moçambique têm estado a ser implementadas. Ao longo de três painéis de debate, abordaram-se os desafios que estas acções apresentam, as oportunidades para a promoção dos principais eixos do desenvolvimento sustentável no País e as melhores formas de investir em sustentabilidade em Moçambique.
ções de Moçambique) para viabilizar o projecto.
BIG. O capital social do banco BiG Moçambique aumentou em 599,4 milhões de meticais com a entrada de três novos accionistas, nomeadamente as companhias de seguros Hollard e Global Alliance, am bas da África do Sul, e a Em presa Moçambicana de Se guros, disse o administrador executivo do BiG.
Bolsa. A HCB anunciou o lan çamento da OPV de uma pri meira tranche de 680 milhões de acções, correspondentes a 2,5% do capital da empresa, que estarão à disposição dos moçambicanos (empresas e pessoas singulares), a um preço de 3 meticais por acção. O objectivo é de dispersar 7.5% (2,06 mil milhões de acções) do capital da hidroeléctrica, sendo que o preço de transacção dos restantes 5% ainda está por definir, visto que “no meio deste per curso, as condições de ofer ta podem alterar”, segundo
do Japão e a CPC Corporation de Taiwan. O acordo, alcan çado em Maio, estipula que o consórcio da Área 1, liderado pela Anadarko, fornecerá 1,6 milhões de toneladas de gás natural liquefeito durante um período de 17 anos, con tados a partir do início da exploração comercial dos depósitos.
o PCA da HCB, Pedro Couto. A operação será feita atra vés da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), que co nhece assim a maior opera ção da sua história.
Supervisionada pelo Ban co Central na qualidade de regulador do mercado de capitais, a OPV será interme diada pelo consórcio formado pelo BCI e pelo banco BIG.
O período de subscrição das Acções da Oferta Pública de Venda decorrerá a partir das 8H00 do dia 17 de Junho de 2019 até às 17H00 do dia 12 de Julho de 2019
De acordo com o presidente da ExxonMobil Upstream Oil & Gas Company, Liam Mallon, a aprovação do plano de desen volvimento (o terceiro) marca mais um passo significativo para se chegar à Decisão Fi nal de Investimento e ao início da construção da fábrica de liquefacção do gás ao longo do presente ano.
Mpesa. A Vodacom deverá ex pandir os serviços M-pesa a clientes de outras operadoras de telefonia móvel. A “boa no va” foi anunciada pelo direc tor-geral da Mpesa em Mo çambique, Gulamo Nabi, no pai nel que discutia o tema “Mobi le Money: Um contributo para a bancarização”, na Moztech. Não há ainda detalhes so bre os mecanismos de ope racionalização, até porque as outras operadoras são provedoras de serviços si milares (o Mkesh, da Tm cel e o e-Mola da Movitel). Mas garante que a Voda com “está a trabalhar” com a entidade de supervisão das telecomunicações (Insti tuto Nacional das Comunica
Mário Bolota, responsável pela actividade do BIG em África, disse no mês passa do, que as três companhias passaram a deter em con junto 16% do capital social da operação em Moçam bique, ficando o grupo com uma participação de 83,99%. Esta operação elevou o capi tal social para 1,1 mil milhões de meticais.
Área 1. A Mozambique LNG1 Company, entidade de vendas dos parceiros da Área 1 da Bacia do Rovuma, assinou um contrato de compra e venda de gás natural com a JERA Co.
O contrato eleva para 11,1 milhões de toneladas por ano a quantidade de gás natu ral liquefeito com destino já garantido.
Inflação. Projecções do Banco de Moçambique (BM) apon tam para uma revisão em alta do indicador de custo de vida em 2019, contrariamen te às previsões iniciais avan çadas em Fevereiro (cerca de 6%). Sem, no entanto, avançar números, este departamen to do Banco Central apenas adianta que a inflação man ter-se-á em um dígito.
Gás. O governo aprovou o pla no de desenvolvimento do pro jecto Rovuma LNG para explo rar depósitos de gás natural no poço designado por Mamba, na Área 4 da bacia do Rovuma, informou o grupo italiano ENI em comunicado divulgado em Milão, em Maio passado.
O agravamento deste indica dor decorre do aumento do preço do petróleo no mercado internacional, choque de ofer ta causado pelos recentes de sastres naturais (ciclones Idai e Kenneth), contínua tendên cia de depreciação da taxa de câmbio como resultado
do aumento das importações de bens para assegurar a re construção de infra-estrutu ras nas zonas afectadas pelos desastres naturais, bem como o financiamento da economia em geral.
Comércio externo. Moçambique terá a primeira Lei Portuária, que vai permitir que tome posição dianteira no que diz respeito à logística nos portos e caminhos-de-ferro ao nível da Comunidade para o Desen volvimento da África Austral (SADC), visto que o país assu me a tarefa de garantir o flu xo dos transportes e comuni cações na região. O anúncio foi feito pelo Minis tro dos Transportes e Comu nicações, Carlos Mesquita, na abertura do Fórum dos Portos e Caminhos de Ferro da SADC, que teve lugar em Maio pas sado em Maputo. Segundo o Ministro, o processo ainda não está muito avança do, sendo que o ante-projecto está em fase de “auscultação junto dos principais interve nientes deste ramo”.
A Lei deverá assegurar, entre outros aspectos, a redução da burocracia e simplificação de procedimentos, para tornar os corredores de transporte mais competitivos e eficientes.
ladas. A Directora Comercial do MPDC, Neusa Saranga, re velou em Maio que a área concessionada pelo Executivo até 2033 está quase esgotada. Neusa Saranga explicou ainda que “o alargamento da infra -estrutura vai melhorar a efi ciência da empresa.”
Zona Económica Especial. O Go verno aprovou a criação da Zona Económica Especial (ZEE) de Ute, no distrito de Chimbunila, próximo à ca pital provincial de Niassa, Lichinga, onde será implan tado um porto seco e criado um parque industrial para o processamento da matéria -prima agrícola e florestal. A infra-estrutura será ins talada numa região estraté gica de ponto de vista da lo gística, já que é atravessada pela linha férrea que liga a Cidade de Lichinga ao Porto de Nacala e pela estrada N14 que permite acesso ao Porto de Pemba.
A ideia é atrair investimen tos directos nacionais e es trangeiros para desenvolver rapidamente a mais pobre região do país.
Porto de Maputo. A Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), a concessio nária do Porto de Maputo, vai negociar com o governo o au mento da área portuária con cessionada, para responder à demanda de carga recebida. A projecção é de ampliação da capacidade dos actuais oito para 11 a 12 milhões de tone
Aviação. Os serviços de aviação do Qatar anunciaram em Maio um investimento de 50 milhões de dólares, nos próxi mos três anos, para melhorar os serviços disponibilizados aos utentes das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). A empresa vai reconstruir e gerir seis salas de em barque nos aeroportos de Maputo, Beira, Nampula e Pemba, e em Junho inicia as operações no Aeropor to Internacional de Maputo. Esta informação foi prestada pelo director-geral das Li nhas Aéreas de Moçambique, João Carlos Pó Jorge, duran te a assinatura de Acordos com os Serviços de Aviação do Qatar.
O leilão é um mecanismo económico de negociação caracterizado pela venda de produtos ao público a partir de um preço inicial (lan ce inicial), e vendido a quem pague o melhor preço.
Sendo o melhor preço que prevalece, a venda de produtos agrícola através de leilão pode constituir uma medida de empoderamento dos produtores, que algumas vezes se sentem forçados a vender os produtos ao primeiro comprador, sendo que, por vezes, o preço não compensa todo o esforço empreendido.
Ciente desta realidade, a Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM) vê a realização de leilões como parte da sua estratégia para inverter o cenário fazendo, desse modo, jus ao seu papel dinamiza dor da comercialização de forma ordeira e transparente.
Para o alcance deste desiderato prevê-se a realização de 3 (três ) leilões até o final do ano, sendo um em cada região do país (Sul, Centro e Norte).
Numa forma experimental, foi realizado, em Fevereiro último, um leilão na Província de Cabo Delgado, no Distrito de Ancuabe, na lo calidade de Nanjua, onde foram à leilão 350 toneladas de produtos diversos, e contou com a presença de 20 (vinte) participantes.
telefone: +258 84 4405665 ou pelo +258 84 617424 - Direcção de Negócios, Estudos e Estatística. email geral: nmanjate@bmm.co.mz | cmassingue@bmm.co.mz | bmmcompras@gmail.com
em finais da década de 1980, com os novos contornos da glo balização, muitos países em vias de desenvolvimento foram palco de transformações estruturais, nos domínios político, económico e social, que ditaram a expansão do modelo de economia de mercado, a crescente relevância das PME e a necessidade de encetar esforços para articular políticas pú blicas voltadas para esse espectro empresarial. Assistiu-se a um intenso movimento de criação de pequenos negócios, em grande parte por famílias cujos trabalhadores haviam per dido os seus empregos em decorrência da implementação de Programas de Ajustamento Estrutural (PAE) sob o ditame das instituições gémeas de “Bretton Woods” (FMI e Banco Mundial). Existem, ao nível mundial, vários critérios utilizados para a definição de PME, como os baseados no número de emprega dos, no capital social, na receita bruta, na receita operacional líquida, no grau de sofisticação tecnológica, dentre outros, considerados de forma isolada ou em conjunto. Só tendo em conta o critério relacionado com o número de trabalhadores, verifica-se uma enorme diferenciação, como atesta o facto de nos EUA serem classificadas como tendo 500 funcionários ou menos, na UE até 250 trabalhadores, Taiwan até 250, Coreia do Sul e Japão até 300 trabalhadores.
Para o caso moçambicano, a micro empresa é aquela que tem até quatro trabalhadores e um volume de negócios até 1,2 milhões de meticais, a pequena empresa entre cinco e 49 trabalhadores e um volume de negócios até 14,7 milhões e a média empresa entre 50 e 100 trabalhadores e um volume de negócios até 29,9 milhões. As PME predominam na paisagem económica do país, representando 98,7% do total das empre sas, e contribuem com cerca de 28% para o PIB e cerca de 42% para o emprego formal (MIC et al, 2016) .
As empresas de pequena dimensão possuem três grandes contribuições para a economia: A criação de novos postos de trabalho, gerando consequentemente renda e favorecendo o combate à pobreza; são fonte de inovação, o que contribui para o desenvolvimento do talento empreendedor; e adicionam uma maior flexibilidade à estrutura produtiva e promovem
um grande dinamismo na economia (World Bank, 2003). Palermo (2002) aponta também as seguintes vantagens das PME no desenvolvimento económico: (a) a sua capacidade de absorção de significativos contingentes de mão-de-obra, a bai xo custo, com menores exigências em termos de qualificações, sendo inclusive uma importante escola de formação para a grande empresa; (b) a considerável participação na geração do PNB e, consequentemente, na estabilidade da economia; (c) a sua contribuição na solução dos desequilíbrios regionais no processo de fortalecimento do interior, dada a sua flexibilidade em termos de localização; e (d) a acção complementar à grande empresa em sectores incompatíveis para a escala da mesma. A forma como as políticas públicas são estruturadas para impactar no desenvolvimento das PME podem fazer toda a diferença, na criação de empregos, no PIB, nas receitas e nas exportações. No Brasil, as PME representam cerca de 43% da renda total dos sectores industrial, comércio e serviços, 30% do PIB, e são responsáveis pelo emprego de cerca de 60% da força de trabalho, 42% da massa salarial e por apenas 2% das exportações. Na China, as PME contribuem com 60% para o PIB, 50% das receitas fiscais, 60% das exportações e empregam 75% dos trabalhadores urbanos (Campos, 2014). No caso dos países da Áfríca subsaariana, as PME têm uma estrutura mais enxuta em relação ao número de funcio nários e espaço físico, sendo que a sua administração é, muitas vezes, familiar. Muitas delas não se organizam de forma adequada e ostentam pouco conhecimento prévio do negócio, algo expresso em taxas de extinção superiores a 35% ao longo dos primeiros dois anos de existência. Autores como Schumpeter (1997), Martinelli & Joyal (2004), Valá (2012) e Botelho (2014) reconhecem existir uma correlação en tre o desenvolvimento local, o empreendedorismo, a inovação e o potenciamento das PME. Nessa esteira, é importante tomar em conta que os desafios do mundo globalizado requerem das empresas ajustes permanentes para assegurar a sua sobre vivência e crescimento e, num mercado dinâmico e competi tivo, a inovação é um imperativo para melhorar a gestão e a
As PME precisam de capacitação, financiamento, tempo para crescer e acompanhamento para tirar as boas ideias do papel e transformá-las em produtos e serviços de mercado
administração do negócio e assegurar a sua lucratividade. O contexto em que essas empresas operam mina o seu cresci mento e desenvolvimento, sendo paradoxal que muitas PME emergem anualmente, mas também são muitos os registos de falências de empresas desse porte. Isso confirma a tese de que não basta existirem boas ideias e empreendedores motivados persistentes. As PME precisam de capacitação, financiamento, tempo para crescer e adequado acompanhamento, para tirar as boas ideias do papel transformando-as em produtos e ser viços demandados pelo mercado. Há uma multiplicidade de factores que entravam o desenvol vimento das PME: (i) deficiente gestão da empresa; (ii) elevada carga tributária, excesso de obrigações e burocracia pesada para licenciamentos; (iii) baixa qualidade da força de trabalho; (iv) deficiências logísticas; (v) falta de capilaridade e de infor mação; (vi) deficiência de planeamento e análise da lucrativi dade do negócio (estudo de viabilidade, pesquisa de mercado, plano de negócio, etc); (vii) corrupção; (viii) difícil acesso ao fi nanciamento e mecanismos de crédito não calibrados para as PME; (ix) exiguidade de infra-estruturas e fraqueza dos ser viços de apoio ao desenvolvimento de negócios; e (x) fraqueza nas ligações entre as PME e os projectos de grande dimensão (conteúdo local). Criar uma economia voltada para dentro vai implicar uma nova geração de reformas para incorporar no circuito produtivo a energia, a criatividade e o talento que as Micro e PME representam. Não podemos perder de vista que muitas PME actuam na informalidade, representando um autêntico “viveiro de empreendedores e alfobre de futuros empresários”. Se a inovação é reconhecidamente uma força propulsora do crescimento económico, temos de questionar porque é que países como os EUA, Coreia do Sul, Alemanha, Fin lândia, Suécia, Japão, Singapura, Áustria, Dinamarca e França estão entre os mais inovadores do mundo e, em contraparti da, o Sudão, Níger, Yémen, Laos, Burundi, Togo, Angola, Costa do
Marfim, Paquistão e Síria estão na lista dos menos inovadores. Afinal onde reside a diferença, porque existe e não pode ser eliminada? Moçambique pode aprender com as lições de países que adoptaram uma abordagem integrada de pro moção do desenvolvimento local, empreendedorismo, inova ção e PME. É fundamental ter instrumentos de intervenção concretos de apoio às PME, nos distintos domínios, assegurar que as políticas públicas possam adequar-se à realidade dos pequenos negócios, estabelecer incentivos para atrair o sec tor informal a formalizar-se, reduzir ainda mais a burocra cia relacionada com a formalização de negócios, aumentar o acesso a assistência técnica de qualidade e a linhas de crédito específicas para as PME, melhorar a qualidade da formação técnico-profissional, promover a transferência de tecnologia dos centros de investigação para o mercado e induzir as PME a usarem outras alternativas de financiamento, como o mer cado de capitais, fundos de capital de risco, entre outras. Para criar um novo dinamismo económico, gerar mais em pregos e renda, precisamos de apoiar não apenas as grandes empresas de hoje, mas também as emergentes que serão grandes amanhã. Para o efeito, é vital estabelecer pujantes mecanismos de apoio multiforme às PME lideradas por jovens e mulheres que apostem em TIC, adoptem boas práticas de gestão e governança e estejam orientadas para explorar o potencial económico ainda dormente em Moçambique.
Não tenhamos ilusões: a concepção de Joseph Schumpeter (1997) de associar empreendedores, inovação e desenvolvi mento económico, por via da “destruição criativa”, está no ADN das PME que certamente estarão na vanguarda da transfor mação económica de Moçambique. São elas que terão o papel determinante na mudança de paradigma produtivo e da nar rativa de desenvolvimento económico do país, porque promo vem a mão-de-obra intensiva, e não apenas os projectos de grande dimensão baseados no capital intensivo.
A Occidental cobriu a proposta da Chevron na batalha pela compra da Anadarko e anunciou a venda da totalidade dos activos em África à francesa Total, e tudo numa altura em que o anúncio FID tem data marcada: dia 18 de Junho
porque é que a chevron, uma das Maio res petrolíferas mundiais, e a Occidental, mais pequena, mas cheia de ambição, lu taram durante cerca de um mês para ficar com a Anadarko? Não foi propria mente por esta ser líder do consórcio da Área 1 de exploração de gás natural em Moçambique, mas por ter importantes exploracções de petróleo na chamada “bacia permiana” nos estados do Texas e Novo México, nos EUA. A Chevron abriu a carteira, puxou por 33 mil milhões de dólares e chegou a acordo com a Anada rko para começar a tratar da aquisição. Em Maputo, as perguntas surgiram: “en tão e o que vai acontecer com o mega
38Mil Milhões de dólares
É a oferta da occidental, que supera a proposta inicial da chevron pela compra da anadarko, de 33 mil milhões de dólares
projecto da Área 1? Com a exploração de gás da bacia do Rovuma? Com a ‘ci dade do gás’ que está a nascer em Pal ma, no extremo Norte? O que vai aconte cer com a fábrica de liquefação e expor tação em Afungi?”. Michael Wirth, pre sidente da Chevron, não foi muito claro. Disse apenas que o projecto ia “adequar -se bem” ao portefólio da empresa. Mas já não vai ser assim porque surgiu a Occidental que ‘atirou’ com 38 mil mi lhões de dólares para cima da mesa (va lor acrescido de acções) e diz que vai a jogo para comprar a Anadarko. Em Ma puto, as perguntas cresciam. “Mas is to pode atrasar o projecto da Área 1?
Quanto tempo irá demorar mais esta luta pela multinacional Anadarko?”. Os primeiros analistas a comentar a proposta disseram que a Oxy (diminuti vo pelo qual também é conhecida a Oc cidental) estava a tentar dar um pas so Maior que as pernas. Mas depois mostrou as cartas: afinal contava com o apoio financeiro do milionário norte -americano Warren Buffet, que investiu 10 mil milhões de dólares na petrolífera. E a Occidental disse ainda claramen te que quer a Anadarko pela bacia per miana e que os negócios em África - in cluindo Moçambique - são para vender à francesa Total, com a qual já estabe leceu um acordo e assim gerar valor. E assim o jogo virou e a Anadarko dis se, preto no branco, que prefere o ne gócio com a Occidental, restando à Che vron quatro dias para cobrir a oferta. Mas não o fez.
Em Maputo havia cada vez mais pontos de interrogação. É então que Al Walker, presidente e director executivo (CEO) da Anadarko, faz uma visita relâmpago à capital moçambicana, a 7 de Maio e, ao lado do Presidente, Filipe Nyusi, anun cia que a Decisão Final de Investimento no Norte está marcada para 18 de Junho, com uma cerimónia em Maputo. Serena ram assim todos os que faziam pergun tas em Maputo, pelo menos por enquanto. Se este mês de disputa entre petrolífe ras mostrou, uma vez mais, é que, até es tar a fluir, muita coisa pode acontecer com o megaprojecto de gás natural que promete prosperidade para Moçambi que a partir de 2024.
Quem é o futuro dono da área 1? O director do departamento de fusões e aquisições da consultora WoodMackenzie elogiou a petrolífera Chevron por ter de sistido de comprar a Anadarko. Conside rou que se trata de um sinal muito posi tivo sobre a disciplina financeira da em presa. “O facto de o acordo ser demasia do caro para a Chevron pode levantar algumas preocupações sobre a capaci dade da Occidental em criar valor. É pos sível que haja críticas durante a Assem bleia Geral por parte de alguns investido res”, já que “a pressão sobre as contas e o financiamento caro é agora uma realida de para a Occidental, que terá de avan çar rapidamente no plano de desinvesti mento e integrar o negócio da Anadarko”. Ou seja, a venda da Área 1 de Moçam bique à Total deverá ser uma priorida de até ao final do ano. O que leva a outra pergunta: quem é a petrolífera francesa?
Apesar das dificuldades em capacitar, atrair e reter força de trabalho competente há alguns indicadores menos maus. Vale a pena lançar um breve olhar sobre eles.
Chevron anuncia acordo para comprar a Anadarko por cerca de 33 000 milhões de dólares
a Total conhece moçambique. O logo vermelho, azul e dourado está presente pelo país no negócio dos postos de combustível. Mas a história da em presa no país tem mais capítulos. A To tal tem um historial de pesquisa de hi drocarbonetos, actividade em que parti cipou até há três anos, depois de abando nar as áreas 3 e 6 sem descobertas que justificassem investimento. Agora, pre para o regresso à extracção numa altu ra em que está entre os líderes de pro dução de gás natural liquefeito (GNL) a nível mundial.
Occidental Petroleum faz oferta de 38 000 milhões de dólares
A publicação Africa Energy Intelligence anunciou em Maio, poucos dias depois de a Chevron se afastar da compra da Ana darko, que a Total já tinha destacado exe cutivos para Moçambique, com vista a supervisionar e antever os detalhes re lativos à Área 1.
Occidental revela acordo com a Total para vender activos da Anadarko em África, incluindo Moçambique, por 8,800 milhões de dólares
Anadarko admite que a oferta pode ser “potencialmente superior” à da Chevron Anadarko prefere acordo de fusão com a Occidental
Chevron desiste de comprar a Anadarko e abre caminho ao negócio com a Occidental
Occidental quer “assinar o acordo de fusão com a Anadarko o mais rápido possível”
“A transacção deverá ser concluída no segundo semestre de 2019, sujeita à aprovação dos accionistas da Anadarko, aprovações regulamentares e outras condições habituais”, anunciou a Anadarko.
A nível global, a Total é um dos princi pais grupos mundiais de petróleo. Opera 14 311 estações de serviço em todo o mundo, sendo que a distribuição de de rivados de petróleo equivale a 50,8% das suas vendas. A Total também actua na produção de electricidade a partir de centrais a gás de ciclo combinado e ener gias renováveis, na transformação de químicos e produtos de petróleo, trans porte, armazenamento e vendas de gás natural, GNL, GLP e carbono. As vendas líquidas dividem-se geograficamente da seguinte forma: França 22,8%, Euro pa 47,5%, África 10,6%, América do Norte 10,6% e outras localizações 8,5%.
Total ganha golfinho e atum O consórcio da Área 1 que, pelo que ago ra se vislumbra, deverá passar a ser li derado pela Total (nos próximos meses se saberá) vai produzir GNL na Área 1 da Bacia do Rovuma dentro de cinco anos, naquele que será o primeiro projecto de GNL ‘onshore’ em Moçambique. A trans ferência dos activos para a Total vai acontecer no segundo semestre. O grupo de empresas vai explorar o gás natural encontrado nas profundezas da crosta terrestre, sob o fundo do mar, a 16 quilómetros ao largo da província de Ca bo Delgado, nas jazidas Golfinho e Atum, localizadas exclusivamente na Área 1. Depois de extraído, através de furos, o gás será encaminhado por tubagens (sem plataformas no mar) para a zona in dustrial a construir em terra, na penín sula de Afungi, onde será transformado em líquido e conduzido para navios car gueiros com contentores especiais para exportação. No último ano e meio têm es
tado em construção todas as infra-estru turas de apoio, como a aldeia de reassen tamento, pista de aviação e uma estra da que liga estas diferentes zonas do em preendimento global.
O plano prevê a instalação de duas li nhas de liquefacção, instaladas em ter ra, e com capacidade de produção de 12,88 milhões de toneladas por ano (mtpa) de gás natural liquefeito. Este projec to inicial abre o caminho para uma im portante futura expansão até 50 mtpa.
O projecto Golfinho e Atum fornecerá também volumes iniciais de aproxima damente 100 milhões de pés cúbicos de gás natural por dia (MMCFD) para uso doméstico em Moçambique.
Além da Anadarko, que lidera o con sórcio com 26,5%, o grupo que explora a Área 1 é constituído pela japonesa Mitsui (20%) e a petrolífera estatal moçambica na ENH (15%), cabendo participações me nores à indiana ONGC (10%) e à sua par ticipada Beas (10%), à Bharat Petro Re sources (10%) e à tailandesa PTTEP (8,5%).
O anúncio da venda da principal con cessionária da Área 1 à Total surge nu ma altura em que se regista um reacen
dimento dos ataques armados em Cabo Delgado e uma transição dos homens ar mados para zonas de asfalto, a intercep tar viaturas. Quem conseguirá travar esta ameaça crescente?
Os relatos de autoridades locais e resi dentes apontam para, pelo menos, dez mortes registadas no mês de Maio, re ceando-se que a ausência de comunica ção de vários casos, a Maioria em locais remotos, possa esconder uma realidade em que o número de vítimas seja Maior. Tal como acontece desde o início dos ata ques, em Outubro de 2017, em mesqui tas com grupos insurgentes (que rene gam à autoridade do Estado e simpati zam com um islão mais rígido), os alvos são sobretudo aldeias no meio do mato.
No entanto, a 10 de Maio, dois ho mens armados, mascarados, cober tos de negro, vieram para a estrada. Dispararam sobre um autocarro de transportes públicos, mataram uma pes soa, feriram outras - entre elas um tra balhador nas obras da Área 1 - e rapta ram uma funcionária dos serviços de saúde da província de Cabo Delgado.
A Total tem este cenário de violência em cima da mesa e o contexto que já nem é novo: um motorista moçambicano que
Q&A: A TrIbuTAçãO De MAIs-vAlIAs
Em que momento (ou momentos) e sobre qual valor deverá ser aplicada a tributação?
O tema é conhecido das autoridades. em Dezembro de 2017 a petrolífera italiana eni concluiu a venda de 25% de participação indirecta na Área 4 de exploração de gás natural em Moçambique à norte-americana exxonMobil. Com o negócio de 2,8 mil milhões de dólares, o estado moçambicano arrecadou 354,4 milhões de dólares com a tributação de mais-valias da transacção entre as duas petrolíferas. Sobre a aquisição da Anadarko, tudo depende ainda do desenrolar do processo, referem algumas fontes, até porque, como as últimas semanas provaram, até ao último momento pode haver novidades.
trabalhava para a firma portuguesa Gabriel Couto - uma das dez empresas lu sas com actividade registada na provín cia de Cabo Delgado - foi abatido a tiro, em Fevereiro, no mesmo dia em que ou tros seis trabalhadores ligados às obras ficaram feridos em ataques a viaturas. Na altura, a petrolífera Anadarko sus pendeu os trabalhos por falta de condi ções de segurança.
O ataque de dia 17 de Maio aconteceu três dias depois de a empresa ter anun ciado que ia retomar os trabalhos e que no dia 18 de Junho vai formalizar a Deci são Final de Investimento.
Numa reacção ao ataque de 10 de Maio, a petrolífera Anadarko disse estar a trabalhar com o Governo para averi guar o que se passou. “Estamos cientes de um incidente recente que ocorreu na província de Cabo Delgado, mas não pa rece que esteja relacionado com o pro jecto”, referiu fonte oficial da empresa. “Estamos a trabalhar com o Governo com vista à obtenção de uma melhor com preensão do que aconteceu”, acrescen tou, sem adiantar mais detalhes. “Leva mos a segurança do nosso pessoal muito a sério e, por essa razão, não discutimos medidas” nessa área, concluiu.
O anúncio da venda da Área 1 à Total surge numa altura em que se regista um reacendimento dos ataques armadosOs relatos de autoridades locais e residentes apontam para, pelo menos, dez mortes registadas em Maio
se, por um lado, dez dos 50 países mais baratos do mun do para dados móveis estão na África Subsaariana, quatro dos cinco mercados mais caros para aceder à net também estão na região, o que denota, e o termo vem a calhar, várias velocida des a este respeito. No estudo ‘Worldwide mobile data pricing: The cost of 1GB of mobile data in 230 countries’, publicado pela Cable.co.uk, em Abril passado, Moçambique encontra-se num meio termo. Regista uma evolução significativa nos últimos anos, mas o preço médio por gigabyte de internet ainda é ele vado (15,82 dólares), estando na posição 203 a nível mundial, e muito distante da liderança ocupada pela Índia, onde comprar dados móveis tem um custo médio de 26 cêntimos de dólar por giga. Aqui bem perto, no Zimbábue, está o lugar mais caro do mundo para se frequentar a internet, com um custo médio de 75,20 dólares por gigabyte.
Ao contrário do que seria de esperar, é uma das nações mais caras para a aquisição de dados móveis, quedandose pela 182ª posição em 230 países analisados, e com uma média de 12,37 dólares por gigabyte.
Região funciona a duas velocidades: Ruanda e Sudão figuram entre os dez primeiros do mundo, com 1 GB de dados a custar apenas 0,56 e 0,68 dólares respectivamente. Mas, é também aqui que está nação mais cara do mundo em dados móveis: o Zimbábue onde o giga mais caro chega aos 138,46 dólares.
Quatro dos cinco países mais caros para comprar dados móveis estão na África subsaariana mas Moçambique nem é um deles. Apesar disso, muito há a melhorar. Posição no ranking 203º Preço médio 1GB 15,82$ Preço 1GB mais baixo 0,80$ Preço 1GB mais caro 55,84$ Nº de planos de oferta 34
É o último da lista e o mais caro país do mundo ao nível dos preços de dados móveis. No país vizinho, o custo médio de 1GB chega aos 75,20 dólares, cerca de 289 vezes o custo médio registado na Índia.
Os países asiáticos ocupam metade da tabela dos 20 mais baratos do mundo. Com a Índia no topo da lista, o preço médio também é menor que um dólar no Sri Lanka, Mongólia, Mianmar e Bangladesh. No outro extremo da tabela, pode ser surpreendente ver uma nação tecnologicamente tão avançada como a Coreia do Sul, com os valores dos dados móveis entre os mais caros a nível global (custam 15,12 dólares, quase o mesmo do que em Moçambique em que chegam aos 15,82). Grandes economias como Japão e China também estão entre as mais caras da Ásia.
Um país cuja população jovem tem uma consciência tecnológica particularmente evoluída, a Índia oferece um mercado vibrante de smartphones, com forte tendência concorrencial, com reflexos no preço o que torna os dados incrivelmente baratos.
as restrições ou dificuldades que as PME enfrentam para aceder ao financiamento da banca comercial representam um desafio à escala global que também se aplica a Moçambique. Os bancos tȇm plena consciência do tema, facto que é eviden ciado pelo reduzido peso do portefólio das PME nas carteiras totais de crédito dos bancos comerciais locais (que varia en tre 1% e 15%). Esta métrica reflecte o baixo apetite dos bancos para com o risco associado a este segmento e as dificuldades para analisar a capacidade de endividamento das PME. No que diz respeito às dificuldades enfrentadas, a falta de in formação financeira organizada tem sido apontada como o principal problema que inibe os bancos em conceder finan ciamentos às PME. Porém, apesar da importância inquestio nável da informação financeira na avaliação da capacidade de reembolso dos clientes, este não é necessariamente o fac tor único para este reduzido apetite. Neste artigo, trago algumas sugestões que podem aju dar as PME que operam no mercado nacional a aceder a fi nanciamentos bancários: Reforço do Formalismo, Refor ço da Transparência, Reforço do Relacionamento com o banco parceiro, Compromisso com o Negócio e a Capita lização da Cadeia de Valor em que se encontra a operar. Outra verdade é que os bancos comerciais são organizações com fins lucrativos, tendo a gestão de risco como pilar funda mental do seu negócio e os recursos financeiros provenientes dos depositantes e dos seus investidores (accionistas e finan ciadores) como a principal mercadoria no âmbito da sua ac tividade creditícia. A minha experiência de quase dez anos a trabalhar na área de crédito às empresas leva-me a concluir que quanto maiores elas forem, maiores são as facilidades de aceder aos financiamentos bancários. Este cenário não deriva necessariamente do facto dessas empresas serem maiores, mas sim da facilidade com que os bancos conseguem tomar a decisão de conceder (ou não) os financiamentos solicitados. A banca comercial tem clara consciência da pouca importân cia (infelizmente) que a informação financeira organizada re cebe dos operadores das PME. Porém, apesar da sua impor tância vital, a sua ausência não é necessariamente condição para ver restringida as possibilidades de acesso ao crédito
bancário. A realidade encontrada no mundo das grandes em presas (especialmente no que diz respeito à informação qua litativa ou alternativas) pode ser replicada pelas PME na sua relação com os bancos e, desta forma, aumentar suas possi bilidades de acesso aos financiamentos quando necessário. Reforço do formalismo – Quanto maior for a empresa, maior tem sido a tendência da mesma operar em ambiente de le galidade. Não se pode esperar que o banco possa assinar um contrato com uma entidade sem personalidade jurídica legal mente válida. Esta exigência é eventualmente uma das gran des barreiras que afasta as PME da banca comercial. Reforço da transparência – O banco precisa de entender o negócio do cliente, tanto no que se refere ao ciclo económico como ao ciclo financeiro do negócio. Este entendimento facil mente pode ser conseguido nas grandes empresas, ou seja, a assimetria de informação entre o cliente e o banco geralmen te tende a reduzir quanto maior for a empresa. Reforço de relacionamento – A concessão de crédito está ba seada na confiança que o banco deposita num cliente sobre a sua vontade e capacidade de reembolsar os valores finan ciados. A narrativa partilhada deve ser reforçada por evi dências concretas, sobretudo o histórico que se constrói com o tempo do relacionamento cliente-banco. Conduta da conta: A quase totalidade dos relacionamentos en tre o banco e o cliente começa com os depósitos. Diferente mente das grandes empresas onde a qualidade de informa ção quantitiva aumenta com a grandeza da empresa, para as PMEs, os depósitos podem ser um elemento crucial para visualizar o ciclo financeiro do negócio. Experiência positiva: Como o cliente espera ter uma expe riência positiva na sua relação com o seu banco, este espe ra o mesmo dos seus clientes. Satisfazer com rigor os compro missos assumidos e o dever de informar antecipadamente sempre que estiver perante uma situação de potencial que bra desses eleva, sobremaneira, a pontuação do cliente e fidelização da relação para futuras necessidades. Compromisso com o negócio: A questão é até onde os em presários neste segmento estão dispostos a ir em nome dos seus negócios? O comportamento do empresário perante
A banca comercial tem clara consciência da pouca importância (infelizmente) que a informação financeira organizada recebe dos operadores das PME
o seu negócio pode sinalizar riscos (ou não) ao banco. Explorar a cadeia de valor das grandes empresas: estas PME que fornecem bens e serviços a grandes empresas tȇm a opção de descontar as facturas emitidas, as ordens de com pra recebidas ou obter linhas de crédito flexíveis com a con signação das receitas de contratos celebrados para forneci mento de bens ou prestação de serviços. Estas soluções (que se enquadram no Supplier Finance – designação em inglês) existem nos bancos. No que se refere às PME que actuam a ju sante (distribuição), também existem possibilidades de aces so aos financiamentos alavancando a relação existente com grandes empresas, nomeadamente: 1) Garantias bancárias de pagamento para compras a crédito e, desta forma, reduzir a pressão sobre a tesouraria da empresa; 2) Linhas de crédito flexíveis para compras a pronto pagamento – sob forma de des cobertos ou de empréstimos de curto prazo – alinhadas com o ciclo de tesouraria do negócio. Escolha do produto de crédito: a escolha do produto de ve estar estritamente alinhada com as necessidades do negócio que levam o cliente a solicitar o financiamento. O que se nota muitas das vezes é que os empresários tendem a acomodar-se em linhas que lhes conferem a comodidade a curto prazo sem observar o impacto a médio e longo prazo. Por exemplo, um descoberto bancário é um produto preferido que confere tal comodidade, pelo facto de permitir um servi ço de dívida limitado apenas aos juros mensais, tirando a pres são de amortização do capital no imediato. Por outro lado, as empresas tendem a usar as disponibilidades nas linhas flexí veis para fins que não estão no âmbito do contrato celebrado. Como resultado, os fundos ficam empatados, criando constrangi mentos ao próprio negócio. Em última instância, estas situações impactamnaclassificaçãocomportamentaldoclientepelobanco. Uma indicação objectiva sobre o real propósito do financia mento pode ajudar na avaliação da racionalidade e alinha mento das necessidades com o melhor produto a usar. Conclusão: A falta de informação objectiva sobre o negócio (ou projecto) e as necessidades associadas aos financiamentos contribuem sobremaneira para as dificuldades enfrentadas pelas PME na intenção de obter apoio financeiro dos bancos. A ausência de informação financeira organizada não é a única limitação, pois existem outras formas de aumentar as possibi lidades de acederem a financiamentos, baseada na qualida de de informação e do relacionamento com o banco parceiro.
A importância do crédito como propulsor de crescimento económico mas, sobretudo, do desenvolvimento é um dado adquirido. O problema está em criar o enquadramento para o fazer... desenvolver-se, baseado numa estrutura dotada de recursos em termos de volumes, prazos, taxas de juros e fornecedores. Um ecossistema que, em Moçambique, ainda tem tantas pontas soltas, como becos sem saída. Mas o cenário está a mudar e já há sinais disso, no aumento do crédito ao consumo e nos produtos direccionados às PME
os bancos tȇm plena cons ciência do tema, algo que é evidenciado pelo ‘peso pluma’ das PME nas carteiras totais de crédito da banca de retalho (que varia entre 1% e 15%). As PME desempenham um papel importante no desen volvimento económico do país. As estatísticas são co nhecidas, e mostram que elas constituem 98,7% do total das empresas em actividade, pro porcionando a grande maio ria das oportunidades de em prego no país.
De acordo com o Banco de Moçambique (BdM), o sector de microfinanças conta com mais de 300 instituições, em bora a grande maioria não esteja, de facto, activa. Há também dois bancos comer ciais que têm como alvo o sec tor de microfinanças, o Socre mo e o Banco Oportunidade. “De acordo com o registo
do banco central, as institui ções de microfinanças (IMFs) incluem dez micro bancos, oi to cooperativas de crédito, 12 organizações de poupança e empréstimos e 285 operado res de microcrédito, que in cluem cooperativas e orga nizações de base comunitá ria, como as associações de fi nanças rurais e Associações Cooperativas de Crédito (AS CAs), conhecido em Moçam bique como crédito rotativo e grupos de poupança)”, descre ve Oldemiro Belchior – Head of credit risk do banco Moza, que escreveu um livro sobre acesso ao financiamento das PME em 2015.
“Os quatro bancos comer ciais que operam no sector fazem empréstimos maiores para menos clientes. As ins tituições que se concentram na extremidade inferior do mercado servem a maioria
mil milhões de meticais é o volume de crédito concedido a empresas nos dois primeiros meses do ano
3,7dos clientes, que respondem por 46% dos clientes activos.”
A E&M foi pesquisar nos websites das principais insti tuições financeiras. Boa parte delas tem iniciativas e produ tos na área do crédito às PME (do adiantamento de factu ras a contas caucionadas, por exemplo), mas são, ainda hoje, iniciativas isoladas, que im possibilitam uma avaliação mais global.
Surge então a questão: a ofer ta destes produtos de crédito é adequada e suficiente para promover o desenvolvimen to de forma uniforme do sec tor empresarial? A respos ta é ampla. Há essencialmen te quatro grandes formas de financiamento à economia: Financiamento Estrutura do, Mercado de Capitais, Ca pital de Risco e Fundos de De senvolvimento e de Garantia. O Ministério das Finanças,
depois de em 2017 o crédito ao sector privado ter registado uma redução acentuada, em 2018 assistiu-se a uma relativa recuperação deste agregado
Em
a distribuição do crédito por sectores de actividade mostra um crescimento do crédito à indústria transformadora (27%), particulares (6,2%) e turismo (9,0%)
Em milhares de milhões de meticais
energia, gás, água pescas turismo habitação agricultura indústria extractiva indústria transformadora transportes e comunicações comércio particulares outros
liderado por Adriano Maleia ne, seguiu uma estratégia ini ciada em 2015 quando a eco nomia dava sinais de abran dar. “As acções ou reformas que foram feitas para faci litar o acesso ao crédito pas saram, numa primeira fa se, pela construção de filiais do Banco Central em todas as províncias do país com vista à redução do custo de trans porte de numerário e super visão preventiva das institui ções de crédito. Depois, a cria ção da SIMO-Sociedade Inter bancária de Moçambique, de um banco de desenvolvimen to (BNI) como instrumento do Estado para o financiamento, a extensão de fornecimento
Foi quanto cresceu o crédito concedido à indústria transFormadora no ano passado. a tendência mantémse este ano
de energia a todos os distritos do país e a introdução da pri me rate única que traz uma maior transparência na sua determinação”.
Feita a base, falta o resto: “Agora há que dinamizar o funcionamento do merca do primário de títulos, proce der à criação de mais Socie dades de Capital de Risco, es timular o desenvolvimen to de produtos derivados es pecialmente para cobertu ra da taxa de juro e de câm bio, criar uma Central de Re gisto do Crédito Comercial e acentuar o papel do Esta do na redução de riscos e in certeza através da criação de um bom ambiente de negó
cios, partilhando alguns dos riscos com os bancos. Deve mos também estabelecer in cubadoras de negócios e uni dades de transformação do sector informal em formal.”
Claro que o abrandamento económico que se viveu des de 2015 não ajudou os níveis de crédito à economia a cres cer. Bem pelo contrário. Eles contraíram até ao ano passado nos cinco maiores bancos nacionais (BCI, Mil lennium bim, Standard Bank, Barclays Bank e Moza) embo ra menos do que em anos an teriores e, nos casos do Moza e do Barclays, até ter aumen tado, pela primeira vez em largos anos de análise.
ano novo, crédito novo No entanto, o início deste ano trouxe algumas boas notícias, especialmente nos volumes de crédito concedido ao sec tor privado, que ilustram uma tendência para a recupera ção, contrariando a trajectó ria negativa de anos anterio res marcados por um grande volume de emissões de títulos de dívida pública, com vista ao financiamento do défice das contas do Estado. Nos primeiros dois meses do ano, o crédito concedido às em presas públicas e privadas foi de cerca de 3,7 mil milhões de meticais, com o endividamen to do sector privado a situar -se nos 2,5 mil milhões de me
ticais, um incremento em 1,3%, e o ramo empresarial públicos não financeiro a registar um fluxo de 1,2 mil milhões de me ticais, mais 8% do que no perío do homólogo.
O Banco de Moçambique refe re que a melhoria deste indi cador reflecte “a redução das taxas de juro dos emprésti mos e o aumento da confiança do sector empresarial. O BdM reviu em baixa, no ano pas sado, a taxa MIMO por quatro vezes, num total acumulado de 525 pontos base (pb), para 14,25%, e incrementou o coefi ciente de RO para os passivos em moeda estrangeira em 1 300 pb, para 27%, no fecho de 2018. Em linha com a queda da taxa MIMO, as demais taxas de juro do Mercado Monetá rio Interbancário (MMI) e as taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais nas tran sacções com o público também
reduziram. Assim, a queda das taxas de juro, associada ao pagamento dos atrasados de bens e serviços públicos pelo Estado na parte final do ano, permitiu reforçar a capaci dade financeira das empre sas, contribuindo para a re lativa recuperação do crédi to bancário à economia, num contexto de queda do crédito malparado.”
No entanto, e ainda de acor do com o Banco Central, o cré dito às famílias continua des favorável ao aumento do consumo, a avaliar pelo seu elevado grau de endivida mento e pelos níveis das ta xas de juro de empréstimos. Concretamente, entre Janei ro e Fevereiro, o crédito ban cário às famílias foi de apenas 295 milhões de meticais (mes mo assim, regista uma apre ciação face ao ano passado). Depois de em 2017 o crédito
“Queda das taxas de juro, associada ao pagamento dos atrasados de bens e serviços públicos pelo Estado na parte final do ano, permitiu reforçar a capacidade financeira das empresas”
ao sector privado ter regis tado uma redução acentua da, em linha com uma procu ra agregada inexpressiva, em 2018 assistiu-se a uma relati va recuperação deste agre gado, ao apresentar um flu xo acumulado de -5 800 mi lhões de meticais (-2,6%), após -35 398 milhões de meticais (-13.6%) um ano antes. Em ter mos de moeda, a componen te em moeda estrangeira re duziu em 5 217 milhões de me ticais (o equivalente a menos 118,5 milhões de dólares), pe rante menos 583 milhões de meticais do crédito concedido em moeda nacional.
A distribuição do crédito por sectores de actividade mos tra um crescimento do crédi to para a indústria transfor madora (27%), particulares (6,2%) e turismo (9%), perante uma manutenção do saldo da indústria extractiva, sectores
Primeiros dois meses do ano mostram aumento
Em milhares de milhões de meticais
a empresas
ao
Crédito malparado fez abrandar o mercado
que também impulsionaram o crescimento do PIB em 2018. Os restantes continuam, ainda, com variações negativas. Adicionalmente, o sector pri vado recebeu financiamento externo no valor de 1 667 mi lhões de dólares dos quais 922 milhões foram contratados pe los grandes projectos e 745 mi lhões de dólares pela restan te economia (um incremen to de 590 milhões face a 2017).
No mesmo período, os reem bolsos totalizaram 227 milhões de dólares.
Assim, em 2018, o rácio do cré dito face ao PIB reduziu ligei ramente e o dos depósitos au mentou, facto a que o BdM as socia “a acção da moeda elec trónica (M-Pesa, mKesh e e -Mola) que nos últimos anos tem vindo a retirar parte do numerário em circulação.”
a importância das seguradoras
As companhias de seguros de sempenham igualmente um papel importante dentro do ecossistema de financiamen to das PME de duas formas principais: protegem-nas de perdas, compartilham os ris cos com os credores e podem (ou deveriam) criar produ tos para melhorar o seu perfil de risco, geralmente no apoio às actividades de crédito. No entanto, isso pouco acontece no mercado nacional.
A Britam será uma das excep ções a essa lógica. Com o lan çamento do Seguro de Cré dito Comercial em Moçambi que, a seguradora lança um produto a que apelida de “mis sing link” entre a banca e as empresas, nomeadamente as PME em busca de crédito mais acessível. “Este seguro é
não é só a banca que tem um papel principal no aumento da concessão de crédito à economia, mas também as seguradoras
uma protecção contra o risco de não pagamento quando os fornecedores concedem condi ções de crédito aos clientes em que a Britam indemniza en tre 80% a 90% pela perda fi nanceira gerada pelo não pa gamento das facturas. Os for necedores podem conceder prazos de crédito a clientes lo cais e estrangeiros e o Segu ro de Crédito Comercial pode fornecer cobertura indepen dentemente da domiciliação do comprador. É estruturado de tal forma que se adapta à estrutura de negócios do for necedor e, portanto, podemos fazer uma apólice à medida. A oferta de produtos inclui o Seguro de Crédito para o Co mércio doméstico, de exporta ção, de desconto e, ou, compra de facturas e de financialmen to à cadeia de suprimentos”,
explica Miguel Jóia, consultor especialista da seguradora. “Somos a primeira compa nhia no mercado a oferecer esta solução. No seguro sobre o adiantamento de facturas, por exemplo, temos já uma ba se de dados das grandes em presas e dos seus níveis de ra ting. Se temos um fornecedor que tem uma factura para re ceber e uma empresa de ‘ra ting A’, nós asseguramos esse crédito junto do banco. O gran de factor diferenciador aqui é que, por um lado, as PME vêem facilitada a cobertura do seu crédito e os bancos, por outro, asseguram uma garan tia nos empréstimos”, explica Martin Mandivenga, CEO da seguradora em Moçambique. O seguro abrange um con junto amplo de serviços: a fa lha de um comprador em pa gar uma dívida segurada in
discutível relacionada com bens ou serviços para os quais o devedor aceitou a entrega a seis meses, a contar da da ta de vencimento. Depois, há um Seguro de Crédito para Compra de Recebíveis (Fac toring ou Desconto de Factu ras) em que a apólice é desti nada aos bancos dispostos a li quidar facturas de fornece dores antes da data de ven cimento. E há ainda um Segu ro de Crédito de Supply Chain Finance com apólice direccio nada a Bancos que desejam li quidar facturas de fornece dores antes da data de venci mento. “A Britam monitora e envolve os devedores segura dos, e usa a experiência de ou tros fornecedores para acon selhar o fornecedor, caso o ris co de crédito do comprador se deteriore durante o prazo da apólice. Este seguro de crédito
Bancos, seguradoras e empresas devem trabalhar juntas no sentido de se criar um verdadeiro ecossistema financeiro que propicie o aumento do volume de crédito concedido, especialmente às PME nacionais
dá ao segurado a confian ça necessária para explorar oportunidades de negócios de maior risco, que normalmen te evitariam por medo de não pagamento e protege o fluxo de caixa do segurado. E o titu lar da apólice economiza cus tos ao investigar os seus deve dores, já que isso será feito pe la seguradora”, prossegue.
resolver malparado
Claro que um dos eixos insu ficientes do mercado era a incapacidade de cobrança de malparado.
As dificuldades são bem conhe cidas do sistema financeiro. O que levava José Reino da Costa, PCE do Millennium bim, a incorporar a opinião de tan tos outros gestores bancários, quando recentemente, em entrevista à E&M, dizia que “antes do mais, as empresas
Há várias opções em cima da mesa das PME nacionais
efectuado com base em fluxos de caixa e apresentação de relatórios financeiros e histórico da empresa.
iPo’s, oPv ’s, oPa’s, oPd’s de acções; obrigações; papel comercial; instrumentos financeiros híbridos. tem a vantagem da transparência, credibilidade e reputação empresarial; reforço de liquidez; alargamento da base accionista.
reforço da estrutura financeira da empresa; facilitação do acesso a outras fontes de financiamento; sinalização sobre a credibilidade da empresa; acesso a assistência técnica; partilha de risco com o financiador.
estruturação e bancabilização dos projectos de micro e pequenos empreendedores; financiamento de projectos a taxas bonificadas; fundos de garantia de crédito. tem a vantagem da viabilização de projectos com baixa viabilidade financeira, mas com elevada viabilidade social com vista à inclusão financeira e com taxas de juros bonificadas.
devem gerir as suas opera ções com base no valor gerado e não apenas recorrendo ao crédito bancário”. E, de facto, foi o que muitas fizeram, o que levou o malparado dos prin cipais bancos para níveis in sustentáveis nos últimos anos. Situado abaixo dos 6% em De zembro de 2016 o Rácio de Cré dito em Incumprimento (NPL) disparou atingindo um pico de 13,8% no último trimestre de 2017, tendo fechado o ano na casa dos 12%.
Também por isso, surgiram, nos útimos anos, algumas em presas de recuperação de crédito, como a WST - We Sol ve That ou, desde 2015, a Octus. Celso Poio sempre trabalhou na banca e nas telecomuni cações nos departamentos de crédito, o que naturalmente o levou à percepção de que par te importante do que a banca considerava perdida era recu perável. “Havia ali uma gran de oportunidade”. Foi por isso
que criou a Octus, uma empre sa de recuperação de crédito. O primeiro cliente foi o Moza Banco, tendo-se seguido outros grandes clientes, como o Mi llennium bim. E não ficou por aqui, trabalhando na recupe ração de activos de grandes empresas como a CDM, por exemplo. “As taxas de suces so na recuperação de crédito são elevadas num proces so que envolve duas etapas: o rastreamento (procura pelo devedor) e a cobrança (recu peração). Ocorre que, na maior parte dos casos, chegam à Oc tus situações em que se per deu o rasto ao cliente e esta etapa é a mais difícil. É por isso que, na cobrança, a Octus fica com uma percentagem que pode ir até aos 39% do crédito do devedor”, explica o gestor. Graças a este sucesso, a em presa deu um salto para uma carteira de 700 milhões de me ticais de crédito malparado, desde o início das operações.
Foram também as dificuldades do mercado que levaram ao surgimento, também recente, da Compuscan, o primeiro bu reau de crédito. “Os bureaus de crédito fornecem dados e informações ajudando a pre ver riscos e a reduzir fraudes, através de relatórios, pontua ções de crédito, verificações de identidade, avaliações de acessibilidade”, explica Lara Cangi, responsável da empre sa em Moçambique. Taxas de juro a baixar, PME mais bem preparadas, segu ros sobre o crédito, informação interligada e completa e novos instrumentos de recuperação do malparado levam a pensar que o panorama do crédito, es pecialmente às PME, só pode vir a melhorar.
ribeiro
moçambique, Portugal e Banco Africa no de Desenvolvimento (BAD) assinaram, em Novembro passado, o Compacto Lusó fono, um instrumento que dá acesso a fi nanciamentos do BAD combinados com garantias da Sociedade para o Finan ciamento do Desenvolvimento (SOFID). Assim, cerca de 400 milhões de euros em garantias serão destinados a apoiar o de senvolvimento de 25 projectos de investi mento transformadores da economia, di reccionados a PME a actuar em sectores estruturantes como a Educação, Turismo, Energia, Agricultura e Infra-Estruturas. Teresa Ribeiro, Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, explica à E&M o que repre senta este instrumento financeiro e co mo pode ajudar a economia nacional a atingir os Objectivos de Desenvolvimen to Sustentável fixados na Agenda 2030 das Nações Unidas.
O que mudou, em termos de financia mento da cooperação para o desenvol vimento, com a Agenda 2030? A Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD), assente em recursos públicos dos Estados doadores, foi, até 2015, a grande fonte de financiamento da Cooperação para o De senvolvimento. Mas a agenda 2030, ao con sagrar 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, veio alterar as necessidades de financiamento. A APD representa anual mente, no conjunto dos doadores, algo como 148 mil milhões de dólares. Para execu tar a Agenda 2030 é necessário um valor entre 3,3 mil milhões a 5,5 mil milhões de dólares por ano. Para isso, e porque a aju da tradicional dos doadores não chega, te mos de recorrer ao investimento privado,
vITAIS EM qUE ASSENTA O COMPACTO LUSóFONO: ASSISTêNCIA TéCNICA, PASSO ESSENCIAL PARA AvALIAR A BANCABILIDADE DO PROjECTO, MITIgAçãO DE RISCO, PORqUE ESTAMOS A INvESTIR EM PAíSES POR vEzES COM RISCO ELEvADO, FINANCIAMENTO E DISSEMINAçãO DE OPORTUNIDADES, O qUE PODERá vIR A SER UMA ESPéCIE DE FóRUM PARA TROCA DE ExPERIêNCIAS E PARTILHA DE LIçõES APRENDIDAS
se queremos criar uma dinâmica progres siva e de prosperidade nos países nossos parceiros de cooperação.
E qual o papel da Ajuda Pública ao De senvolvimento neste novo paradigma? Continuará a ser fundamental, investin do em Educação, Saúde, Capacitação Insti tucional, na boa governação e no estabe lecimento de um ambiente de negócios favorável ao investimento. é importante associar o investimento público ao pri vado e a políticas públicas coerentes. Só assim podemos enfrentar os grandes de safios do desenvolvimento sustentável.
É assim que nasce o Compacto Lusófono? Ele nasce de uma visita que o Presiden te do BAD, Akinwumi Adesina, fez a Por tugal em 2018. Atendendo às característi cas da instituição, com especiais respon sabilidades em áfrica e olhando para os países que, no continente falam portu guês, percebemos que os elementos co muns entre os PALOP permitiriam siner gias interessantes. Assim, assinámos a primeira declaração de intenções na Ci meira do Sal, em Cabo verde, em julho de 2018. E em Novembro do mesmo ano, no contexto do African Investment Forum, assinámos o Compacto Lusófono.
Quais são as características deste novo instrumento financeiro? Assenta em quatro pilares vitais: assis tência técnica, passo essencial para ava liar a bancabilidade do projecto, mitiga ção de risco, porque estamos a investir em países por vezes com risco elevado, financiamento e disseminação de opor tunidades, o que poderá vir a ser uma
espécie de fórum para troca de expe riências e partilha de lições aprendidas.
Moçambique foi o primeiro país a aderir ao Compacto. Porquê? Sim, em Março estive em Moçambique em visita oficial, e foi realizada a assina tura do Compacto específico para o país, entre Portugal, o vice-Presidente do BAD, Mateus Magala, um entusiasta deste ins trumento financeiro, e o Ministro das Fi nanças de Moçambique, Adriano Ma leiane. A assinatura foi também simbo licamente realizada numa sessão, com a participação maciça de empresários moçambicanos, portugueses e luso-mo çambicanos, organizada pela Câmara de Comércio Moçambique-Portugal.
E como é que Portugal participa? Portugal manifestou disponibilidade pa ra mobilizar diversos instrumentos em prol da concretização do Compacto Lu sófono, seja através de assistências téc nicas, seja pela mobilização de financia mento ou outros apoios ao investimen to privado. A Sociedade para o Financia mento do Desenvolvimento terá aqui um papel fundamental na mobilização dos instrumentos e no desenvolvimento dos projectos que são apresentados ao BAD. Por outro lado, Portugal inscreveu no seu Orçamento deste ano 400 milhões em garantias para projectos no âmbi to do Compacto, permitindo assim que o Banco Africano de Desenvolvimen to vá mais longe no seu financiamento. Pretendemos promover as condições pa ra que apareçam bons projectos de in vestimento privado nos países lusófonos em áfrica. Muitas vezes o problema do desenvolvimento sustentável não é fi nanciamento, é a falta de bons projectos que sejam consistentes na criação de emprego.
Como se realizam as candidaturas? já há vários projectos apresentados em sectores como a educação, turismo, ener gia, agricultura e infra-estruturas. Te rão agora de ser trabalhados com os in vestidores, com o governo moçambicano e com os financiadores para que sejam devidamente estruturados. Este é um trabalho que está em curso.
Quem vai gerir o financiamento?
Os projectos apresentados para finan ciamento no âmbito do Compacto, atra vés da SOFID ou via Banco Africano de Desenvolvimento, serão acompanha dos pelas estruturas destas instituições
localmente, mas também em Abid jan e em Lisboa, dando todo o apoio aos investidores.
Podem estes projectos ajudar à recu peração económica de Moçambique? Moçambique só tem a ganhar com o in vestimento privado, sobretudo nesta fa se de reconstrução pós-ciclones, e nesse sentido o Compacto pode ser uma gran de oportunidade para o país e para a reconstrução das zonas afectadas. Será possível recuperar habitações e infra -estruturas e tornar a agricultura mais resiliente, estudada para resistir às al terações climáticas que fustigam o país.
O Compacto surge num momento impor tante para Moçambique, foi assinado na véspera da passagem do ciclone Idai, acredito que vá criar esperança.
Portugal mobilizou-se na ajuda a Mo çambique, há noção do volume total dessa ajuda?
Enviámos para Moçambique ajuda de emergência, equipas de resgate e salva mento e equipas médicas que ainda es tão no terreno, bem como muito material.
Ainda não apurámos os valores totais mas creio que podemos considerar que, no imediato, terão sido cerca de 4 mi lhões de euros em ajuda de emergência e humanitária. E continuamos presentes na fase de reconstrução, na reabilitação das escolas, postos de saúde, agricultu ra, infra-estruturas, mas também na revitalização da actividade económica e na recuperação de empresas, atra vés de instrumentos financeiros como o Investimoz, o FECOP e o Compacto,
Nasceu em Moçambique, como é que isso influenciou a sua vida?
Sim, nasci em Moçambique e tenho um carinho especial pelo país. Passei aí uma parte muito importante da minha infân cia e juventude, o que se tornou relevan te na pessoa que eu sou hoje e no modo como olho o mundo. Moçambique foi es sencial na minha formação, na minha mundividência e continua a influenciar a minha relação com áfrica.
”PORTUgAL INSCREvEU NO SEU ORçAMENTO DESTE ANO 400 MILHõES EM gARANTIAS PARA PROjECTOS NO âMBITO DO COMPACTO, PERMITINDO ASSIM qUE O BAD vá MAIS LONgE NO SEU FINANCIAMENTO”texto Cristina Freire & Pedro Cativelos fotografia
A província de Cabo
sido, nos últimos anos,
de uma situação
por um lado, Cabo Delgado é uma pro víncia tão rica em recursos naturais ca pazes de catapultar toda a economia do país, visto que é ali que está uma das maiores reservas de hidrocarbo netos do mundo, o que, por sua vez, co meçou a atrair, nesta última década, as grandes multinacionais do gás natural. No entanto, no último ano e meio, o so nho de desenvolvimento foi ensombrado pelos ataques perpetrados por um gru po de insurgentes armados sem rosto. Até hoje, não se sabe quais as suas reais pretensões, mas a verdade é que desde
capital pemba área 82,661 km² habitantes 2,3 milhões região Norte
2017, Cabo Delgado vive num clima de in segurança, incerteza e temor. De lá pa ra cá várias casas foram destruídas pe las chamas, e dados não confirmados pe lo Governo Provincial apontam para mais de 150 pessoas assassinadas pelos grupos radicais.
a paz perdida
Até 5 de Outubro de 2017, a província vi via tranquila, pelo menos aparentemen te, e ansiava pelo início dos grandes pro jectos de exploração de hidrocarbonetos. Mas desde essa data tudo mudou quando
cerca de 30 homens armados atacaram três postos da polícia, no distrito de Mo címboa da Praia, matando cinco pessoa se e ferindo mais de dez. Mais tarde, depois de Mocímboa da Praia, os ataques alastraram a outros três distritos, designadamente Meluco, Palma e Macomia, mas sempre longe do asfalto e fora da zona da implantação da fábrica e outras infra-estruturas das empresas petrolíferas que vão explorar o gás natural, na península de Afungi, no distrito de Palma. A verdade é que até aqui esses ataques ainda não têm solu ção à vista.
Porém, quando tudo indicava que Cabo Delgado já se encontrava a braços com uma situação grave, uma outra veio co locar mais um enorme desafio à região. Desta vez foi uma catástrofe natural. À semelhança do ciclone Idai, que atingiu as províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia, o Kenneth também não poupou o que apanhou pelo caminho. Várias infra-estruturas socioeconómi cas foram destruídas, ceifando 41 vidas e deixando desalojadas cerca de 241 mil pessoas, segundo o mais recente levan tamento provisório do Governo central. Tal como a catástrofe que varreu o Cen tro do país, o Kenneth também levou consigo a dignidade de muitas pessoas, condicionando o seu direito à educação, saúde, e amputou o privilégio de progre direm na vida. Na verdade, milhares de famílias ficaram sem tecto, chão, parede, e viram perigar as suas vidas. Segundo dados oficiais, mais de 31 mil casas ficaram parcialmente destruídas e mais de 3 800 foram-no na totalidade. O retrato da desgraça ficou desenhado não só em Macomia, onde o ciclone cau sou mais estragos, por sinal um dos epi centros dos ataques armados, mas tam bém, desde o dia 24 de Abril, em locais como Ibo, Quissanga, Mocímboa da Praia, só para citar alguns exemplos. Entretan to, a cidade de Pemba, a capital da pro víncia, também não escapou dos resquí cios da funesta ocorrência.
Conquistas obtidas ao longo de vários anos foram também deitadas por terra, tendo o esforço de centenas de famílias abnegadas sido transformado em enor mes montanhas de entulho.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o ciclone tropical Ken neth atingiu uma área onde nenhum outro foi observado desde a era do sa télite. E mais: a agência da ONU revela não haver registo de duas tempestades com tamanha intensidade que tenham
É o valor apontado pelo Governo provincial de cabo delGado como necessário para se reconstruir tudo o que foi destruído com o Keneth
atingido o território moçambicano na mesma temporada. Os dados do Institu to Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) aferem-no: “a chuva que caiu em Cabo Delgado foi o dobro da quantida de da que a cidade da Beira recebeu em período similar após a passagem do ciclone Idai”.
dezenas de estabelecimentos turísticos transformados em ruínas
A província de Cabo Delgado não só é conhecida por dispor de uma das maio res reservas de gás e rubis no mundo, como também é uma província turística por excelência. É em Cabo Delgado que se encontra a Baía de Pemba, a terceira maior do mundo, e que em 2008 passou a desfilar entre as mais belas, numa elei ção feita pelo Clube das Baías Mais Belas do Mundo.
E por ser uma província localizada junto à costa, Cabo Delgado tem vários empreendimentos turísticos que anual mente atraem milhares de turistas de todo o mundo. Só que, após o ciclone Ken neth, muitos deles foram transformados em ruínas.
À E&M, o Governo Provincial de Cabo Delgado explicou que a maior parte dos danos causados pela catástrofe foram “registados no sector turístico, pois a pro víncia encontra-se ao longo do litoral, e, consequentemente, foi aí que se regista ram mais estragos.”
De acordo com Dário Passo, director Pro vincial de Economia e Finanças de Cabo Delgado, “dados preliminares apontam para um total de 31 estabelecimentos destruídos, sobretudo na Ilha do Ibo, nos distritos de Quissanga e Macomia”. No entanto, havendo locais que se en contram ainda isolados, devido ao desa bamento de algumas pontes, o Governo acredita que pode chegar a 50 o núme ro de estabelecimentos turísticos arra sados pelo ciclone. “Acreditamos que o número de empreendimentos turísticos atingidos pode aumentar porque não conseguimos ainda chegar a todos os pontos afectados pelo ciclone”, explica Dário Passo.
reconstrução por definir Entretanto, não se sabe ainda quanto tempo vai levar para reconstruir tudo o que foi abaixo com esta intempérie. No entanto, recorrendo a esses dados preli minares, a Direcção Provincial da Indús tria e Comércio de Cabo Delgado avança que serão necessários cerca de 11 mil milhões de meticais para reconstruir
E prossegue: “O sector empresarial está totalmente devastado, visto que o ciclone quase ‘engoliu’ todas as actividades que vinham sendo desenvolvidas”, lamenta Gulamo Abubakar, para depois revelar que “o grande problema agora é levar a cabo um estudo, juntamente com os financiadores sobre como é que vamos reconstruir e reatar os nossos negócios.” Para já, o CEP de Cabo Delgado entende ser uma das saídas para reatar a activi dade empresarial naquele ponto do país, a “abertura de uma linha de crédito com uma taxa de juro bonificada para os em presários”, pois sem isso, lamenta, “ire mos afundar cada vez mais, uma vez que já estávamos fortemente endividados”.
tudo o que foi destruído pelo ciclone. Segundo Nocifo Magaia, director Pro vincial da Indústria e Comércio de Cabo Delgado, esse montante será destinado à reconstrução de quilómetros de vias de acesso e outras infra-estruturas básicas para o normal funcionamento da pro víncia. “É com estes dados preliminares que vamos abrir em breve uma repre sentação do Gabinete para a Reconstru ção, como extensão do que foi criado na cidade da Beira, em Sofala, após o ciclone Idai”, explica Nocifo Magaia.
Por sua vez, o sector empresarial de Cabo Delgado não hesita em afirmar que todos os esforços empreendidos ao lon go de anos foram engolidos pelo ciclone. O presidente do Conselho Empresarial (CEP) de Cabo Delgado, Gulamo Abubakar, considera que o ciclone Kenneth “não sentenciou a província apenas à misé ria, uma vez que a situação já estava amarga para os empresários, devido aos ataques armados que vêm acontecendo desde 2017.”
Passou o ciclone, mas os ataques continuam Mas não é só esta catástrofe que vem ti rando o sono à população de Cabo Delgado. Na verdade este foi um problema recente. Porque há um outro que preocupa aregião Norte e o país inteiro há quase dois anos, os ataques armados dos insurgentes. Para o CEP de Cabo Delgado estes têm sido um problema que muito prejudica todas as actividades na província.“Agora nenhum investidor quer vir a Cabo Del gado devido à incerteza gerada pelos in surgentes armados. O turismo tem sido arrasado por estes ataques, sendo pou cos os turistas que hoje em dia visitam a nossa província, porque infelizmente Cabo Delgado está transformada num foco de insegurança”, considera Gulamo. Após o ciclone, várias doações foram sur gindo de vários cantos do mundo, e, como era de esperar, o grupo armado voltou a aterrorizar a população. E mal chega ram os produtos da ajuda internacional, logo apareceram os terroristas, nomea damente no distrito de Mocímboa da Praia, o ponto de entrada destes insur gentes, onde incendiaram casas e mata ram quatro pessoas, levando consigo os produtos que acabavam de receber. Diga-se que a província de Cabo Delgado quase parece enfeitiçada. Sempre que há investimentos anunciados ou algo de bom prestes a acontecer, surge um re trocesso ou qualquer tipo de instabilida de que se instala por aquelas bandas, nos investidores e na população em geral. Agora, com a venda da Anadarko à Oc cidental, talvez as coisas mudem. Ou tal vez não. Certo é que Cabo Delgado preci sa mesmo é de paz e desenvolvimento.
“O sector empresarial está totalmente devastado, visto que o ciclone quase ‘engoliu’ todas as actividades que vinham sendo desenvolvidas”, lamenta Gulamo AbubakarReconstrução pós Kenneth em curso, mas ainda há muito trabalho pela frente
o futuro é digital. Sem dúvida, esta é a frase mais repe tida em conferências, apresentações e aulas nos últimos cin co anos. A seu favor, encontramos alguns feitos que todos en tendemos como inquestionáveis: digitalizamos a fotografia e as cartas; as compras e as transacções financeiras; assim co mo a reputação de hotéis e restaurantes. E, apesar desta repe tição recorrente, e de todos estes feitos, talvez a afirmação de um inevitável futuro digital seja falsa. Afirmava o filósofo Alfred North Withehead que “não há ver dades completas; todas são meias verdades, mas o diabo brin ca ao fazê-las passar como verdades completas”. No nosso caso, a verdade do futuro digital esconde um paradoxo onde se mis turam umas e outras marcadas pelo factor tempo. Comecemos pelas verdades incompletas. Nos últimos 20 anos, assistimos à digitalização imparável de tudo aquilo que pode ser reduzido a bits ou informação. Digitalizámos imagens, tex tos, sons, vídeos, reputações, recordações e identidades. A “di gitalização dos conteúdos”. Contudo, isso não implica o êxito da sua versão digital sobre o seu antecessor analógico. Para que tal aconteça deve dar-se uma condição necessária: a digitalização do dispositivo. Um exemplo pode ajudar-nos a compreender esta sequência: o livro. No início, em meados da década de 90, começaram a es tar disponíveis livros digitalizados em formato PDF. Noutras palavras, o conteúdo tinha sido digitalizado. Mas o dispositivo de leitura, o computador, não estava à altura. Convido o leitor a imaginar, ou talvez a testar, a experiência de leitura de um livro digitalizado em PDF fazendo uso de um “laptop”.
Sem dúvida, a experiência de leitura na cama, ou na praia, é “um pouco menos” confortável do que a leitura nos mesmos lu gares de um livro tradicional em papel.
O triunfo do digital ocorre no instante em que o dispositivo di gital supera o analógico. No momento em que a câmara digi tal ou a do nosso telemóvel se torna incómoda, custosa e ob soleta, ou quando um algoritmo de riscos hipotecários mos tra que é mais eficiente do que o analista de risco num banco. Continuemos com o exemplo do livro. Depois de descartar a experiência do livro digitalizado sobre um “laptop”, aborde
mos a experiência de leitura sobre um e-reader ou um tablet. Sem dúvida, esta é muito mais confortável e com vantagens evidentes: mais capacidade de armazenamento, menos peso. Perante todas estas vantagens, os nossos gurus digitais não tardaram em afirmar: o livro físico morreu, longa vida ao li vro digital. Não em vão, o mesmo tinha acontecido com as câ maras de vídeo, cassetes musicais e máquinas de fax. A surpresa surgiu no mercado mais digital do mundo: os EUA, com o Kindle da Amazon, o Nook da Barnes & Noble e o iPod da Apple. Depois de vários anos de aumentos ininterrup tos, as vendas de livros digitais não apenas estancaram, co mo começaram a reduzir ligeiramente. À surpresa junta -se o espanto quando se conhecem os dados: o segmento de população que mostra maior entusiasmo pelo livro em pa pel são os adolescentes, uma geração de nativos digitais. E os utilizadores mais intensivos do livro electrónico são os avós justificando esta decisão com os problemas visuais. Qual é a razão deste comportamento tão pouco ortodoxo pa ra os nossos profetas digitais? Pois, sem dúvida, a complexi dade da natureza humana onde convive o racional e o emo cional, o individual e o colectivo. Encontramos um exemplo desta complexidade numa tribo urbana muito interessante: os hipsters. Utilizadores intensivos do telemóvel, usam aplica ções como o Telegram, menos populares do que o WhatsApp. Mas, por sua vez, ressuscitaram as velhinhas barbershop co mo ponto de encontro.
Outros exemplos que ilustram esta resposta complexa: volta ram as câmaras fotográficas instantâneas herdeiras da ve lha Polariod, e os jornais mais prestigiados do mundo têm vis to como as suas tiragens em papel estabilizaram nos últimos anos, algo que se atribui a um fenómeno que ninguém poderia prever, o cansaço digital.
Tudo isto aponta numa direcção surpreendente: o futuro não é digital, é híbrido. Uma evolução na qual veremos combi nar o digital e o físico. E onde as empresas que sejam capazes de entender essas formas de misturar serão as vencedoras. E os players digitais não serão sempre os que melhor enten dem esta realidade.
O futuro não é digital, o futuro é híbrido. Uma evolução na qual veremos combinar de formas cada vez mais ricas e complexas o digital e o físico
Graças ao crescimento de todos os indicadores, o Barclays Bank Moçambique vai consolidando a posição e está entre os três maiores bancos comerciais em termos de activos, depósitos, solvabilidade e rendibilidade de capitais
é substancial o crescimento alcança do pelo Barclays Bank Moçambique no exercício económico do ano passado, em pleno período de quase estagnação eco nómica. Segundo o Relatório e Contas da instituição, referente a 2018, publicado recentemente, “o desempenho financei ro do banco foi substancialmente melhor do que o planeado, tendo alcançado os objectivos acordados para o ano, nomea damente: rendibilidade, retorno sobre o capital, qualidade dos activos, eficiência, liquidez e capitalização.”
Com efeito, conseguiu fazer crescer o ac tivo total em 26% para cerca de 37,7 mil milhões de meticais, o segundo maior ac tivo do mercado bancário nacional é
é O crescimentO dO activO tOtal dO barclays bank mOçambique em 2018
também o segundo banco que mais am pliou o valor dos depósitos de clientes, em 28%; é o terceiro melhor banco no que diz respeito à rendibilidade de capi tais próprios (22,7%), do activo – eficiência e capacidade de gestão dos activos deti dos pelo banco em termos de produção de resultados financeiros (4%); e rácio de sol vabilidade (23%).
No ano passado, o lucro aumentou 25% ul trapassando 1 380 milhões de meticais, um desempenho justificado por uma com binação de vários factores. De acordo com o documento, “os lucros em 2018 fo ram fortemente suportados pelas taxas e comissões líquidas, e por uma redução significativa no nível de imparidade que
Depois do pico da crise, em 2016, os activos têm vindo a aumentar. No ano passado, cresceram mais de 26%
Em milhares milhões meticais
Entre 2017 e 2018, os depósitos aumentaram 28,4%, superando a média que se verificou em todo o sistema financeiro, de 11,8%
Em milhares milhões meticais
Os empréstimos totais do sistema financeiro cresceram 3,35% em 2018. Os do Barclays aumentaram 16%
Em milhares milhões meticais
... e crescente lucrAtividAde... ... MAs os custos crescerAM... ... solvABilidAde MAntéM-se BeM AciMA dos MíniMos
Depois do prejuízo registado em 2014, o lucro vem aumentando significativamente; 25% em 2018
Verifica-se um aumento dos custos operacionais ao longo do tempo, justificados também pelo reinvestimento do lucro
O rácio de solvabilidade do Barclays é dos melhores do mercado. Com 23%, o banco está bem acima dos 9%
reflecte a qualidade da carteira de crédito. Adicionalmente, a contenção de custos foi bem-sucedida e permaneceu dentro dos parâmetros planeados”.
Ainda neste capítulo da contenção de cus tos, o Barclays refere um aumento dos operacionais em apenas 2% em 2018, uma taxa inferior à inflação média, graças às medidas tomadas pela gestão no senti do de “aumentar a eficiência”. Os custos com infra-estruturas e administrativos e as despesas gerais representaram 1% desse aumento.
Numa perspectiva conjunta, os custos com pessoal foram responsáveis por 47% do total, 1% abaixo dos custos equi valentes em 2017, enquanto os custos com infra-estruturas representaram 25% dos custos operacionais totais, também 1% acima da despesa equivalente em 2017. Os restantes 28% para gastos admi nistrativos e gerais permaneceram ao mesmo nível do ano anterior.
Apesar de bem-sucedida a redução das despesas, de uma maneira geral, os cus tos operacionais cresceram de 2,97 para 3,04 mil milhões de meticais.
Outros aspectos de ordem estratégica também justificam os resultados “satis fatórios” alcançados pelo Barclays no ano
passado. A Presidente do Conselho de Ad ministração, Luísa Diogo, avança que a sustentabilidade e consistência dos re sultados do banco ao longo dos últimos anos são fruto de uma visão integrada para o negócio e de uma estratégia de longo prazo, alicerçados numa estrutura assente na qualidade do capital humano, na infra-estrutura física e na infra-es trutura tecnológica”.
A saúde financeira do banco está tam bém reflectida no rácio de solvabilidade, um indicador importante na avaliação da postura prudencial, e que ganhou ênfase com as intervenções disciplinares do no vo Conselho de Administração do Banco Central (com dois bancos já sancionados, um dos quais extinto).
O rácio de solvabilidade (capacidade de operar com capitais próprios) do Barclays situa-se acima dos 23% e, portanto, muito longe do mínimo regulamentar, estabele cido em 9%.
A intensificação dos investimentos em meios digitais (das caixas electrónicas ao mobile banking), que ocasionam a expan são mais rápida e eficiente dos serviços financeiros, parece começar a trazer um
novo paradigma ao sector bancário em geral. O Barclays, por exemplo, não terá realizado investimentos significativos na expansão das suas representações nos úl timos cinco anos, e o número de balcões oscilou entre 42 e 43 no quinquénio. Mesmo assim, ocasionou resultados que revelam um crescimento assinalável da instituição.
menos clientes e funcionários
Em parte, a expansão tecnológica tam bém justifica o crescimento do volume de negócios no contexto de redução no núme ro de clientes e de funcionários.
O Relatório e Contas do Barclays reve la uma descida de cerca de 304 mil clien tes em 2017 para 298 mil no ano passado. Mas porque é possível prover serviços a pessoas que não têm conta bancária, os proveitos tendem a depender menos da quantidade de clientes contabilizados, tendo crescido, inclusive, apesar da redu ção verificada.
O Barclays, que no acto da divulgação do relatório concedeu esclarecimentos à im prensa, explicou que a queda do número de clientes “é reflexo da actualização de dados que se faz periodicamente”, para apurar a situação real e delinear estra tégias precisas de actuação no mercado,
perante a “forte concorrência”, já que há clientes novos que entram para o banco, e os que saem são, parte deles, por óbito, de acordo com o banco. Depois, é igualmente a tecnologia que di minui a necessidade de mão-de-obra, vis to haver, cada vez mais, operações bancá rias que antes exigiam a intervenção hu mana mas que agora são realizadas por meios digitais, nomeadamente por tele móvel. Em 2018, o Barclays tinha 794 tra balhadores, portanto, menos do que os 830 de 2017.
mais depósitos… mais empréstimos
Em consequência da tendência de dimi nuição da taxa de juro evidenciada du rante o ano, tornando o crédito mais acessível a empresas e particulares, os empréstimos e adiantamentos a clien tes aumentaram em 16% para 12,6 mil milhões de meticais, o que está alinhado com a estratégia geral de aumento gra dual do crédito à economia. Registou-se um incremento consistente no crédito a particulares e empresas durante 2018. Logicamente, a expansão dos emprésti mos terá sido ocasionada também pelo desempenho positivo dos depósitos, num ano em que os totais no sistema financei ro cresceram bem abaixo da média re
gistada em anos anteriores. Os depósitos no Barclays Bank Moçambique aumenta ram a um ritmo superior ao do mercado.
lucros: em que serão aplicados? Já há planos para o reinvestimento do lu cro obtido no exercício económico passado. Segundo o relatório, o Conselho de Admi nistração propôs que os resultados fos sem aplicados na constituição de reser vas legais, como exigido por lei, no mon tante de cerca de 207 milhões de meti cais, correspondentes a 15% do lucro; no reinvestimento integral do montante re manescente de 1 173 milhões, sem distri buição de dividendos, em áreas que in cluem a tecnologia – para proporcionar melhores serviços a um custo mais re duzido; optimização de balcões – para uma melhor experiência do Cliente e do Colaborador; Capital Humano – para uma melhor proposta de valor ao Colaborador”.
responsabilidade social e foco na educação
O documento considera ainda que “es tas áreas contribuem para o objecti vo final de desenvolvimento e cresci mento do negócio e para alcançar o ob jectivo de ser o melhor Banco para tra balhar e o Banco preferido dos Clientes”. Em 2018, o Barclays destaca o traba
lho desenvolvido num dos que conside ra um dos pilares essenciais, a educa ção, por ter permitido a milhares de jo vens universitários e empreendedores o acesso gratuito a um conjunto de fer ramentas de capacitação para o mer cado de trabalho. “Através do nosso pro grama Ready to Work, foram abrangidos 2 515 jovens a nível nacional, nas pro víncias de Maputo, Sofala, Nampula, Tete e Cabo Delgado.
Este número representa um aumento na ordem dos 350% relativamente a 2017, no qual foram abrangidos cerca de 717 jovens”, enuncia o relatório. Que também refere a implementação “com sucesso” da 3ª edição do Programa de Graduados, que permitiu a selecção de 25 jovens que terão a oportunidade de cumprir um es tágio de nove meses em diferentes áreas do Banco, podendo vir a garantir o en quadramento efectivo no quadro de cola boradores ao longo de 2019. No processo de selecção, foram igualmente capacita dos 398 jovens, pela primeira vez, a nível nacional. No total, ambos os programas permitiram a capacitação a 2 913 jovens.
Bnome da marca VaN rieSCH Fundação 2016 co-Fundador DaNilo Mira loJa online www.VaNrieSCH CoM
Visitantes 200
pessoas acedem diariamente à plataforma online
A Van Riesch é a primeira marca relojoeira inteiramente concebida em Moçambique e dotada de padrões internacionalmente reconhecidos
se em tempos os homens precisavam do relógio para ver as horas, hoje em dia o telemóvel ocupou esse lugar que só veio criar uma nova forma de olhar o relógio enquanto peça intemporal de estilo e elegância que, há centenas de anos, eleva o visual de homens e mulheres de todo o mundo.
E, quando se fala de elegância, não há como esquecer marcas mundialmente reconhecidas, como é o caso das suíças Patek Philippe ou da Audemars Piguet. Porque o mundo é construído no pul sar da inovação de todas as coisas, os ponteiros do destino encaminharam um empresário moçambicano a criar a sua própria marca de relógios, em 2016, a Van Riesch. Direccionada para um segmento de luxo, aposta no design arrojado mas clássico, e na qualidade da matéria-prima usada (titânio com acabamento em pele). A venda é inte gralmente processada através da loja online da marca.
Danilo Mira, co-fundador da empresa que fabrica os Van Riesch, explica que “o principal elemento diferenciador” é sobretudo a elegância. “Os relógios são extremamente elegantes, e discre tos, mas com muito glamour. Produzi mos referências exclusivas, com uma edição muito limitada e o seu design é minimalista”, sublinha o criador. O relógio é o core business da marca, que também comercializa uma gama de outros acessórios, como óculos e car teiras para homens que, de acordo com Danilo Mira, entroncam na linha cria tiva do negócio da empresa. “A ideia de criar a Van Riesch tem que ver com a paixão pelo luxo. Estranhamen te começámos com o mais complexo que são os relógios, porque envolvem
uma série de tecnologias e toda uma logística de importação de diversos produtos. Comecei a viajar em busca de parceiros que fossem verdadeiros players neste imenso mundo da relo joaria, de forma a serem os nossos for necedores de matéria-prima e com ponentes, posicionando a nossa mar ca entre outras de renome com quem trabalham”, revela o gestor.
Mas é óbvio que o luxo tem o seu pre ço, e, claro, não pode ser acessível para todos. Os produtos da Van Riesch cus tam em média 250 dólares, mas exis tem alguns modelos que podem che gar aos... 300 mil dólares! Tudo depen de dos materiais usados, do acabamen to e, também, dos pormenores. “Invis to num design diferenciador, em mate rial premium e bons laboratórios de teste para poder ter a certeza de que o cliente está a adquirir uma peça que o faça realmente feliz e que o irá acom panhar para o resto da vida”, justifica. A venda, feita online, é outra das linhas diferenciadoras deste negócio. “O objectivo passa por ser uma loja de acesso internacional e não se limitan do somente ao mercado nacional”. Será, como não podia deixar de ser, dado o tema, uma questão de tempo, até a marca se tornar uma referên cia numa região à qual não é, usual mente, associada a produção direc cionada para este tipo de segmento. “Esperemos que sim, temos em vis ta o mercado da exportação e quere mos levar longe esta marca made in Moçambique.”
“Realizar diversas operações, desde consultas de saldo e mo vimentos, extractos, transferên cias, compra de recargas, Cre delec, entre outras transac ções”, são os objectivos do lan çamento do WhatsIZI do Millen nium bim, uma plataforma de Mobile Banking, agora disponí vel via WhatsApp.
Pioneiro no mercado, o WhatsIZI funciona como um chat em presarial do Banco no WhatsA pp e está disponível para todos os clientes com contrato Mobile Banking subscrito.
Ao Millennium IZI (1 milhão de utilizadores) e Smart IZI junta -se, assim, o WhatsIZI, um ser viço que, de acordo com Jorge Octávio, administrador do Mil lennium bim, garante “total se gurança, tendo em conta que a plataforma WhatsApp é a mais segura do mundo”.
Para Jorge Octávio esta “é uma iniciativa inovadora, que vem revolucionar a relação do clien te com o banco e com os seus hábitos de consumo, permi tindo reforçar a presença do bim junto dos moçambicanos”. À E&M, o administrador explica ainda como “os canais digitais do Banco estão a tornar-se cada vez mais funcionais nos serviços que prestam, o que confirma o compromisso do bim com a ino vação e as novas tecnologias”, não adiantando, ainda assim, al gumas das novas funcionalida des que poderão ser agregadas ao serviço, utilizando o poten cial que a rede social oferece, mas assegurando “que o serviço irá evoluir imenso ao longo dos próximos anos.”
“debater o desenvolvimento de soluções tecnológicas cada vez mais inovadoras, que permitam melhorar de forma substancial a interacção entre as instituições financeiras e os seus clientes”, foi o foco da apresentação recentemente pro movida, em Maputo, pela Asseco PST, uma tecnológica es pecializada no desenvolvimento de software bancário. Num evento que reuniu diversos gestores bancários do país, foram apresentados os novos canais electrónicos que surgi ram com o advento das soluções de internet banking e mo bile banking, a gestão da relação com o cliente num único ponto e o poder dos dados, e a sua transformação em infor mação relevante para os bancos.
Segundo o CEO da empresa Asseco PST, Daniel Araújo, “o que nos move é o desejo de prestar um serviço de excelên cia que potencie a criação de parcerias a longo prazo com os nossos clientes”, explicando ainda que há mais de dez anos que a sua empresa vem capacitando e certificando novos especialistas em tecnologias de informação.
Durante a conferência, os participantes puderam visitar o espaço “Experiência Digital”, montado pela Asseco PST, e fi car a conhecer melhor as várias soluções desenvolvidas pela empresa para os seus clientes bancários.
“Garantir a qualidade de servi ços a oferecer aos clientes e de qualidade de vida dos produ tores nacionais que são, neste momento, os principais forne cedores da vasta gama de hor tícolas, frutas, farinha de tri go usada para o fabrico de bo los e pães disponíveis no super mercado”, são os objectivos da inauguração de mais uma loja Spar, na baixa da cidade de Ma puto, onde funcionava o anti go supermercado Central (cuja gestão pertencia ao grupo So nae que abandonou o país). Tra ta-se de um empreendimen to que, numa primeira fase, vai empregar 85 trabalhadores, 90% dos quais moçambicanos.
A Asseco PST é uma multinacional tecnológica portuguesa, especializada no desenvolvimento de software bancário, criada em 1988. Opera no mercado moçambicano desde 1993.
“Permitir que os clientes te nham menos razões para se di rigirem a um balcão e que se sintam seguros para efectuar transacções através do seu dis positivo (telemóvel, computa dor ou tablet)” é o objectivo da apresentação de duas novas funcionalidades pioneiras e ino vadoras no mercado nacional por parte do Standard Bank.
Segundo o banco, as duas ino vações digitais “foram conce bidas para conferir maior segu rança e comodidade aos clien tes, durante o uso do aplicativo do banco, bem como torná-los menos dependentes da inter venção humana para efectuar as suas transacções.”
asseco tem representação no mercado nacional onde é liderada por Joaquim dai
bancos debateM desafios da transforMação digital
orLando marqUes
CEO da Thai Mozambique Logistic, S.A.
o projecto de desenvolvi mento e construção da linha férrea que vai ligar Macuse (Quelimane) e Xitima (no sopé de Cahora Bassa) é uma Par ceria Público-Privada (PPP), a que o Estado atribuiu uma concessão válida por 30 anos para o desenvolvimento de uma obra de grande impacto numa região que, como se sa be, tem um enorme potencial mineral. Sendo que a Vale criou, ou ampliou, a Linha de Nacala até Moatize, a Linha de Xitima, a cargo da TML, apresenta como maior be nefício um trajecto mais cur to, apresentando-se, por isso mesmo, mais competitiva ao nível do preço do transporte. A chegar à fase decisiva pa ra o arranque da obra, e ain da sem a conclusão dos pro jectos de financiamento (3 mil milhões de dólares), Orlan do Marques, CEO da Thai Mo zambique Logistics (TML), re vela à E&M em que ponto es tá o processo.
Qual é a vantagem compe titiva de uma segunda li nha a ligar Tete ao oceano? Em comparação com a Beira e Nacala, estamos a falar da dis tância mais curta (639 quiló metros), o que gera eficiência. Depois, a capacidade de trans porte é mais elevada porque vamos transportar 26 tone ladas por eixo quando actual mente na Linha de Sena não transportam mais de 18 a 20
toneladas por eixo e na de Na cala cerca de 20 toneladas.
Há aqui uma proximidade maior com os mercados ad jacentes, o que é uma vanta gem, imagino... De facto. Na integração regio nal, Xitima, é o ponto mais pró ximo para ligar com o Zim babué (120 quilómetros), com a Zâmbia (170 quilómetros). A ligação ao Malawi, creio que vai acontecer naturalmente porque o traçado da linha pas sa a 50 quilómetros da frontei ra. A TML é um projecto inte grado, não só para o carvão,
curriculum vitae
orlando Marques é pós-graduado em gestão de Projectos no iSg foi gerente da Midal Cables international.
foi também Consultor Sénior na infinity Consulting, Director de Logística no grupo João ferreira dos Santos e gerente geral na JfSforjadora. É actualmente Ceo da thai Mozambique Logistic, S. a
obviamente, que será uma das commodities mais impor tantes, mas ao nível de carga geral estamos a falar de liga ções com várias outras explo rações, como por exemplo a da Portucel com quem já assi námos um memorando de en tendimento para desenvolver toda a área logística necessá ria para o transporte da ma deira das áreas de plantio que eles têm até ao Porto.
Como é a estrutura accio nista da TML?
Está dividida em 60% para o investidor tailandês, 20% pa ra os CFM (o nosso parceiro ao nível governamental) e 20% para um conglomerado de empresas moçambicanas, es sencialmente da Zambézia.
O projecto pressupõe tam bém a ampliação do porto?
O Porto vai ser todo novo e irá surgir na localidade de Macu se, utilizando as duas margens do rio. A margem do lado do Sopinho, vai ser o terminal de carvão e do lado de Macuse, será o terminal de contento res, cereais e carga geral. A construção (linha e porto) esta rá a cargo de uma joint ventu re entre a Mota-Engil e a CCIC, uma empresa chinesa.
O que falta para iniciar o projecto?
O concurso internacional para a concessão foi lançado em 2013 mas, por questões administra
tivas, burocráticas e as altera ções do formato, a concessão fi nal foi-nos atribuída em Abril de 2018. Neste momento esta mos na fase do fecho financeiro. Todo o projecto foi idealizado para ser feito com uma garan tia soberana por parte do Esta do mas, como sabemos, esta es tá bloqueada e tivemos de fa zer um plano de investimento para suprir essa situação. Pa ra que o possamos fazer com a banca e outros parceiros, pre cisamos dos acordos com os clientes finais, neste caso, es sencialmente as mineradoras, porque o grande volume es tá aí. Como sabemos, e os da dos são públicos, em Tete está a produzir-se muito pouco e mes mo a Vale está abaixo do espe rado. No entanto, temos vários grandes investidores interna cionais interessados e conta mos ter este processo concluído em poucos meses.
Mas faz sentido ter uma outra linha?
Estamos a falar de um projec to estruturante para o país e que faz todo o sentido por is so mesmo. Ao nível do preço, a Vale, segundo os números que são públicos, está a pagar qual quer coisa entre 50 a 60 dóla res por tonelada de carvão, en quanto que na nossa linha es tamos a falar de 25 dólares por tonelada, metade do preço. É arriscado ter apenas uma via a fazer este trajecto, sem pre muito sujeita a catástrofes naturais, como o Idai, por exem plo. Por fim, o nível do calado do porto e a quantidade de carvão que podemos movimentar na linha são interessantes. Acre dito que a Vale, mesmo sendo “dona” da linha de Nacala, vá assinar contrato connosco.
Quando inicia a obra? Ainda este ano. E mesmo an tes de termos o financiamen to fechado o plano de reassen tamento arranca em Junho.
“É arriscado ter apenas uma via a fazer este trajecto, sempre muito sujeita a catástrofes naturais”
Crise, confusão, planos (falhados) de reestruturação e incertezas… Há muito tempo que a Correios de Moçambique clama e reclama por uma acção efectiva. Enquanto isso, um novo plano de intervenção vai servindo de luz ao fundo de um túnel ainda escuro em que quase todo o caminho está por percorrer
os correios de moçambique têm problemas tão antigos quanto persistentes, que che gam a inspirar artigos anóni mos (e quiçá especulativos) na comunicação social e nas re des sociais, sobre a (alegada) má gestão da empresa. Mais do que procurar abor dar os fundamentos da cri se em si, a E&M foi em bus ca dos aspectos mais críticos da já anunciada reestrutura ção (mais uma de várias ten tadas ao longo dos anos). Infe lizmente, há informação im portante que ainda não pode ser tornada pública, deven do ser “partilhada com a im prensa em momento oportu no, já que as entidades respon sáveis pelo processo de rees tabilização da empresa ainda fazem o apuramento da situa ção”, argumenta o PCA, Valde mar Jessen. Mas há também dados importantes avança dos pelo responsável dos Cor reios de Moçambique, que va le a pena apresentar. A mais recente manifestação das dificuldades da empresa teve lugar no início de Abril, quando cerca de 50 trabalha dores paralisaram activida des reivindicando salários em atraso. Planos de reestrutura ção que vieram a ser divulga dos dias depois fazem menção à redução de quase metade da força de trabalho, isto é, o
despedimento de 362 traba lhadores, de um total de 650, numa medida que incluirá a antecipação da reforma de parte desta mão-de-obra. A alienação de imóveis e a aber tura do capital da empresa são outras soluções que de vem avançar em breve.
redução da força de trabalho À E&M, Valdemar Jessen re velou que já decorrem movi mentações internas para a redução do número de traba lhadores, o que será concreti zado em breve. Por agora, fica em segredo o volume global das indemnizações aos despe didos e reformados por ante cipação, bem como a ginásti ca financeira necessária pa ra o efeito. O PCA da Correios de Moçambique refere que a redução de mão-de-obra não terá efeitos significativos na eficiência das operações, por haver “funcionários em ex cesso” que impactam negati vamente nos custos, daí que a medida é um dos mais im portantes requisitos para tra zer a empresa à sustentabi lidade, já que “poderá redu zir pela metade os custos com salários, que absorvem cerca de 75% da receita total (cuja quantia não nos foi revelada), com resultado capaz de re solver em definitivo os atra sos na remuneração (salários,
Milhões de Meticais
É o montante da dívida acumulada da correios de moçambique só com os salários dos funcionários
5013º mês e subsídios de férias)”. Trata-se de uma medida que vem sendo equacionada pelo anterior conselho de adminis tração, mas que ainda não se concretizou, pelo que o núme ro de trabalhadores da em presa continua o mesmo, des de 2015, ano em que a aque la administração anunciou a pretensão de reduzir metade a força de trabalho. Será pelas dificuldades de in demnizar? “Também. Mas es tavam em carteira outras medidas que poderiam dis pensar a redução de funcio nários caso avançassem (alie nação de imóveis, bancariza ção rural e venda de acções). Foi uma ideia que naquela al tura não estava tão amadure cida quanto está agora”, expli ca Valdemar Jessen, dando a entender que desta vez é “ir reversível e está para breve.”
Os Correios de Moçambique também decidiram vender quase metade do capital social, num plano de reestrutura ção já aprovado pelo Governo. A este propósito, a E&M ou viu a Bolsa de Valores de Mo çambique, instituição execu tora das operações do mer cado de capitais. Salim Valá, PCA da BVM, explica que as duas instituições não estabe leceram qualquer contacto
nos dias que correm. Nem com a entidade que tutela os Cor reios de Moçambique – o Mi nistério dos Transportes e Co municações – houve contac tos para tratar do assunto. A ausência de comunicação recente entre as entidades que devem dar corpo à inten ção dá a entender que a ideia não passa disso mesmo, e que pode estar no pacote das “me didas ainda em estudo”, po dendo não avançar tão já. À E&M Salim Valá explica que tem conhecimento sobre o in teresse dos Correios de Mo çambique, através de con tactos de concertação man tidos com o PCA da empre sa, há quase dois anos, “nu ma altura em que a empre sa pretendia aprofundar a sua posição e ver se reunia os pré-requisitos. De lá para cá, não voltámos a conversar”, su blinhou o presidente da Bolsa de Valores de Moçambique, revelando não saber em que medida a empresa estaria, agora, preparada para avan çar com a Oferta Pública de Venda de 50% das acções.
Um dos factores de sucesso na venda de participações das empresas é o histórico favorá vel, a todos os níveis, e no qual a saúde financeira assume pe so substancial. Mas todos es tes requisitos escasseiam nos Correios de Moçambique. Sa lim Valá desdramatiza a con dição da empresa, ainda as sim. “Há empresas que po dem gozar de boa saúde eco nómico-financeira, que alcan çam bons resultados nas ope rações em bolsa por terem boas referências no mercado. Também há outro tipo de em presas que não são antigas e nem têm grande prestígio no mercado, mas que represen tam um bom negócio (bom es tudo de viabilidade e bom pla no de negócio), e que actual mente podem não ser lucra tivas, mas têm perspectivas de se tornarem pela própria natureza do negócio em que
Há pouca informação que possa esclarecer a real dimensão da crise e o verdadeiro contexto das necessidades de resgate. Tudo o que se sabe é que a situação é difícil e os dirigentes da empresa garantem que vão pôr em prática as ideias já desenhadas
actuam”, explica, apontan do ser “eventualmente” este último o caso da Correios de Moçambique.
Falhanços por concretizar A complexa agenda de recu peração da empresa está den tro do chamado ‘Plano Estraté gico de Desenvolvimento e de Reestruturação’, também an tigo, dentro do qual estão em carteira outros projectos que já foram antes desenhados, e cuja maior parte fica por con cretizar. Um deles é o Banco Postal de Moçambique, anun ciado em 2013 como parte do esforço para “desapertar” a si tuação financeira da empre sa. Não tendo avançado na quela altura, esta ideia “está a ser reavaliada por uma equi pa multi-sectorial que integra, além do Ministério dos Trans portes e Comunicações, o Banco de Moçambique e o Ministério da Economia e Finanças”. Daí
que, pela complexidade do pró prio processo, levará tempo a retomar, “mas não está descar tada”, esclarece o PCA da Cor reios de Moçambique. Pretende-se que o Banco Pos tal seja estabelecido em vá rios pontos do país com desta que para as zonas rurais, de modo a apoiar o desenvolvi mento local através da pres tação de serviços financeiros. Surgiu da constatação de que “o aparecimento de novas tec nologias inviabilizou o envio de cartas”, segundo admitiu, há quatro anos, o anterior PCA da empresa, José Rego, que adian tou, na altura, que iria bene ficiar da vantagem de ter já instalada uma vasta rede de infra-estruturas nos distri tos espalhados pelo país pa ra flexibilizar o estabeleci mento do banco, o que não che gou a acontecer até hoje, tam bém em resultado da crise fi nanceira (ocasionada pelas dí
vidas ilegais) de que a econo mia nacional ainda se tenta refazer.
Havia também planos da área do imobiliário. Além do arren damento da vasta rede de imó veis pelo país, que tem trazido “importantes receitas para a empresa”, o plano mais recen te fala da necessidade de ven da de cinco imóveis por um montante que “não pode ser di vulgado ainda”, segundo o Con selho de Administração.
Há também iniciativas que não resistiram ao tempo, so bretudo devido à crise econó mica nacional. É o caso do edi fício multiusos com cerca de 30 andares, que comportaria lo jas, restaurantes, cafés e servi ços afins, e que tinha sido ava liado em 70 milhões de dólares.
afinal, qual é o défice financeiro? Seria importante saber em que medida a concretização das iniciativas dos Correios
de Moçambique ajudaria a resolver a crise prevale cente. Mas não se conhece o valor necessário para aca bar com a instabilidade, o que passa por saber o mon tante a encaixar em cada uma das soluções em cartei ra (área imobiliária, corte de postos de trabalho, entre ou tros), e principalmente o co nhecimento das demonstra ções financeiras da empre sa (sobretudo o total da dívi da, receita e custos). Informa ção actual a este respeito ain da não é pública. Tudo o que se sabe é que a dívida, só com salários, está na ordem de 50 milhões de meticais.
Em 2013, o total da dívida es tava avaliado em cerca de 150 milhões de meticais. Dois anos depois havia reduzido para 100 milhões. Parte de la está relacionada com o pa gamento de quotas em insti tuições internacionais do ra mo, nas quais os Correios de Moçambique estão filiados. Já em 2015, a empresa falava de uma necessidade de 15 mi lhões de dólares para imple mentar os projectos que po deriam melhorar a sua situa ção financeira.
Por agora não são conhecidos os números reais, mas sabe -se que a estatal enfrenta um “momento difícil”, admite o presidente da empresa, Val demar Jessen.
Má gestão ou especulação? Voltando ao princípio: os re latos anónimos que dão conta de más práticas de gestão da empresa Correios de Moçam bique, e que responsabilizam tais actos pela difícil situação que esta atravessa. No início de Abril, um funcionário da empresa, falando sob anoni mato ao jornal “O País”, teria denunciado uma prática no mínimo desonesta, por par te dos dirigentes da empresa. “O Conselho de Administra ção já recebeu o seu salário faz uma semana”, revelou a fonte, dando a entender que os dirigentes fingiram estar
a enfrentar os atrasos. “Não percebemos porquê é que es tão a fazer isso, nós temos fa mília e precisamos desse di nheiro para pagar as contas”, reclamava a fonte.
Outro artigo com o título “SE LO: Gestão danosa nos Cor reios de Moçambique”, publi cado a 24 de Outubro de 2017 pelo jornal “@ Verdade”, sem assinatura, relata uma série de irregularidades alegada mente praticadas pela ad ministração dos Correios de Moçambique.
Numa das passagens, o tex to revela que “a primeira preocupação do actual Con selho de Administração após a tomada de posse foi a com pra de viaturas Ford Ranger para todos administradores e, para variar, uma Toyota Fortuner para o presidente, todas elas últimos modelos. E isto acontece numa empre sa deficitária, sendo que par te dos membros do Conselho de Administração, incluindo o presidente, vêm de mandato anterior no qual também be neficiaram de viaturas zero quilómetros”.
Noutro trecho, o articulis ta avança que, “actualmente, os salários são pagos obede cendo a critérios absurdos e obscuros, dando prioridade a grupos propensos a fazer dis túrbios como forma de lhes calar a boca. Do mesmo mo do, são também bafejados pe la sorte os protegidos do PCA, já que o nepotismo também tomou conta da empresa”, po de ler-se.
Confrontado com estas acusa ções, o Conselho de Adminis tração não reconhece a sua legitimidade e refere que “a crise na empresa não tem qualquer relação com má gestão ou outras práticas fo ra da ética empresarial”. Verdade ou não, certo é que fica ainda muita coisa por dar a conhecer à sociedade.
texto Celso Chambisso fotografia Jay Garrido
co de influência, burla e branqueamen to de capitais pela PGR, que justifica que a Quantum Global chegou a acordo com o Fundo Soberano de Angola, colocando um fim ao processo que tinha sido mo vido pela Procuradoria-Geral da Repú blica. De acordo com a directora nacio nal dos Serviços de Recuperação de Acti vos da PGR, Eduarda Rodrigues, o país te ve de negociar com Jean-Claude de Mo rais, proprietário da Quantum Global, pa ra evitar mais gastos no processo de cus tódia judicial.
Depois de posto em liberdade, em Março, o antigo presidente do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), José Filomeno dos Santos, deve mesmo comparecer em tribunal, de acordo com a Procuradoria-Geral da República
Sob termo de identidade e residência, e depois de a PGR já ter entregue o proces so ao tribunal, o filho do antigo Presiden te José Eduardo dos Santos terá de expli car uma série de burlas efectuadas por Jean-Claude Bastos de Morais, proprietá rio e presidente da Quantum Global, que geria, desde Novembro de 2013, os activos do FSDEA. Apesar de o contrato de gestão ter sido anulado em Junho passado, meses depois da exoneração da administração dessa instituição financeira, as empre sas de Jean-Claude Bastos de Morais já ti nham obtido, em cobranças, cerca de 500 milhões de dólares, em menos de quatro anos, sob a forma de honorários e comis sões, para a gestão dos cinco mil milhões que esta entidade tinha sob sua guarda. O empresário suíço-angolano, que se en contrava em prisão preventiva, em Luanda, desde 24 de Setembro, foi coloca do em liberdade no dia 22 de Março. Jean -Claude Bastos de Morais vinha acusado de crimes de associação criminosa, tráfi
milhões de dólares é quanto se estima que Jean-Claude Bastos de morais tenha oBtido em CoBranças pela gestão dos aCtivos do Fundo soBerano de angola
Entretanto, apesar de o Estado revelar ter recuperado os 3,3 mil milhões de dó lares, nomeadamente, 2.350 milhões em activos financeiros recuperados de ban cos no Reino Unido e Ilhas Maurícias, e mil milhões em património imobiliário, a de cisão de libertar Jean-Claude Bastos de Morais não colheu consenso da sociedade. O que parece ser simples levanta, afi nal, contornos jurídicos sem precedentes. Com uma aparente reparação do dano causado ao Estado angolano, a PGR man dou-o em liberdade e desistiu do procedi mento criminal contra o empresário. Pa ra esclarecer a polémica, a directora do Serviço Nacional de Recuperação de Ac tivos da PGR, Eduarda Rodrigues, disse à Rádio Nacional de Angola que a PGR não celebrou acordo algum com Jean-Claude Bastos de Morais no processo dos referi dos crimes em que era indiciado. A res ponsável reforçou que os factos enfra queceram “porque todas as actuações da Quantum Global, de Jean-Claude Bastos de Morais, estavam na base de um docu mento-contrato no qual o Estado angola no, representado pelo FSDEA, o legitima va a praticar actos”. “Os indícios inicial mente existentes foram enfraquecendo com a investigação que a PGR fez”, disse Eduarda Rodrigues.
500O advogado Jaime Azulay considera que “a Justiça angolana, através da PGR, to mou uma decisão histórica que repre senta uma inequívoca aproximação às tendências da doutrina do Direito Penal moderno, ao mandar em liberdade e de sistir do procedimento criminal contra o empresário suíço-angolano”. Exemplifi cando aquilo que os brasileiros chamam de “delação premiada”, o jurista sublinha que a presente decisão das autoridades pode ser enquadrada legalmente. “Exis te no sentido do legislador a intenção de permitir, através da mediação penal, o mecanismo de transacção em determi nados crimes de natureza patrimonial, uma vez existindo o consentimento do le sado”, defende.
Em sentido contrário opina o advogado Albano Pedro, para quem a decisão é, até prova em contrário, uma “inexplicável” e “absurda” violação da ordem jurídica angolana. “Os que defendem a delação premiada esquecem que isso não existe na nossa ordem jurídica. É coisa de brasi leiros e outros países avançados nisso de colocar o Estado a negociar com crimino sos”, diz o docente universitário.
A batalha que (não) resta a Zenu Se Bastos de Morais beneficiou de um acordo que lhe permitiu abandonar o país, tal não se poderá, ainda, dizer de José Filomeno dos Santos. O filho do ex -Presidente de Angola beneficiou da al teração da medida de coacção penal, ou seja, deixou de ser preso preventivo e passou a estar sob Termo de Identidade e Residência (TIR). O que quer dizer que, segundo a PGR, aguarda o julgamento em casa, caso venha a ser acusado. Em rela ção aos crimes de que é suspeito, nada muda. O processo-crime continua em marcha até ser marcado o julgamento.
José Filomeno dos Santos é acusado pelo FSDEA de ter efectivado, de forma ilegal e sem concurso público, o contrato com o seu amigo Jean-Claude Bastos de Morais. Do mesmo modo, é acusado de não ter manifestado qualquer interesse em pro curar entidades qualificadas, reputadas e com as credenciais de experiência que poderiam ter assegurado uma adminis tração do Fundo mais eficaz.
Até à saída de Zenu, a Quantum era a única gestora dos activos do FSDEA, ape sar de a política de investimentos do Fundo estabelecer que não podiam ser alocados mais de 30% dos activos do mes mo a um único gestor externo. Na mes ma altura em que o contrato foi assina do, o FSDEA assinou o Acordo de Custódia com o banco inglês Northern Trust. De seguida, transferiu os cinco mil milhões do Fundo Soberano de Angola para essa instituição em Londres, sob total controlo da Quantum Global Investment Mana gement, que, já se sabe, pertence a Jean -Claude Bastos de Morais.
De acordo com a queixa, a transferência dos 5 mil milhões para Londres “foi ilegal” e fez “parte da conspiração” para defrau dar o FSDEA. O banco também é denun ciado como responsável na conspiração. Dos 5 mil milhões de dólares depositados no Northern Trust, apenas 1,5 mil mi lhões permaneciam em nome do FSDEA, sob a designação de “liquid portfolio”. José Filomeno dos Santos, que garantia, em Setembro de 2014 em entrevista ao
Com um valor de quase 1 bilião de dólares, o Fundo Soberano da Noruega é o maior do mundo. Nele são aplicados os retornos que obtém com a exploração e produção de petróleo. Criado há mais de 20 anos, acumulava, até final de 2015, uma riqueza de 824,9 mil milhões de dólares, segundo os dados do Sovereign Wealth Fund Institute (SWFI), instituição que lhe dá nota 10 no ranking da transparência. Sabe-se que o Fundo investe, por exemplo, em 9 158 empresas em todo mundo, desde a Apple, Nestlé, Microsoft e Samsung, detendo, pelo menos, em média, 1,4% das empresas em que está envolvido. Conhecido como o “Fundo do Futuro”, a versão australiana é igualmente uma lição de transparência. O seu relatório de 2017-2018 já está disponível desde Setembro do ano passado e lá pode ler-se que o Fundo Soberano da Austrália, com um valor de 145 mil milhões de dólares, reforça os seus investimentos em pesquisa médica e na chamada “economia azul”. Nos últimos dez anos, o Fundo obteve um retorno de 8,7% por ano.
“Jornal de Angola”, que o Fundo Soberano de Angola estava “totalmente compro metido com a transparência e a boa go vernança”, terá assim muito a explicar. Por outro lado, a fragilidade do caso po derá, como se viu na situação de Jean -Claude Bastos de Morais, residir no facto de toda a gestão do Fundo ter sido pos sível graças a contratos celebrados com validade legal. É, de resto, por esta razão que o advogado Inglês Pinto considera que este processo prejudicou a imagem do sistema de justiça angolano, sugerin do outras forma de resolução do conflito, e não exclusivamente a judicial.
Como Bastos de morais fez uma fortuna Quando se oficializou o Fundo Soberano de Angola (FSDEA), em 2012, já muitos es pecialistas levantavam receios quanto aos objectivos a que se propunha: pro mover o crescimento, a prosperidade e o desenvolvimento económico e social de toda a Angola, com uma dotação de 5 mil milhões de dólares. Apesar de em Fevereiro de 2015 ter sido reconhecido como transparente pelo Sovereign Wealth Fund Institute, com uma classificação de 8 em 10, o Fundo era tudo menos transparente. Presidi do por José Filomeno do Santos, assinou, em 2013, um acordo de gestão de inves timento com a Quantum Global Group, pertencente a Jean-Claude Bastos de Morais, a quem entregou a gestão de 5 mil milhões de dólares por um mínimo de três anos e com extensão automáti ca, sem qualquer supervisão. Com base nesse contrato, perto de 3 mil milhões foram investidos em sete fundos criados pelo QGIM, também pertencente a Bastos de Morais, e administrados pela Quan tum Global, com sede nas Maurícias. Jean-Claude de Morais era remunera do pelos seus serviços a uma taxa de 2% a 2,5% do capital por ano, o que re presentava um rendimento anual de 60 a 70 milhões de dólares desde 2015. O jornalista Rafael Marques, que se de dica à investigação do caso, acredita que, em menos de quatro anos, as empresas de Bastos de Morais cobraram cerca de 500 milhões de dólares ao Fundo Sobera no de Angola, sob a forma de honorários e comissões, para a gestão dos 5 mil mi lhões, quando muitos destes investimen tos eram, afinal, feitos nas suas próprias empresas e empreitadas.
dizem-nos as notícias que a cadeia de restaurantes de Jamie Oliver no Reino Unido abriu falência. Este chef de cozinha, de nome completo James Trevor Oliver, tornou-se uma personali dade global, “reconhecido pelo uso de alimentos naturais e or gânicos e por seu trabalho recente em mudar hábitos alimen tares nas escolas britânicas”. A citação é da Wikipédia e, por isso, com sotaque a Brasil, porque foi o primeiro resultado que apareceu na busca que faço por Jamie, o que nunca será um bom primeiro ingrediente para um aceitável primeiro prato. Nem para nada, no geral. Neste caso, e para a finalidade a que se propõe, senso comum em formato fast food, serve o propósito. O que não foi bem servido foram as contas da empresa. Jamie é melhor a cozinhar que a gerir, o que até é inusual, porque muitos grandes gestores são, não raras vezes, hábeis em cozi nhados, mais contabilísticos do que empratados, é certo. A história conta-se à velocidade de uma receita. Oliver foi descoberto em 1997, pela BBC, enquanto trabalhava como chef no River Café em Londres. Tinha começado a lavar pratos porque não gostava muito de ir à escola e depressa ganhou fama quando a TV lhe mudou a vida e o tornou reconhecido no programa ‘Naked Chef’. Desde então, construiu um império que inclui programas de TV, livros e revistas e restaurantes. Com o tempo, dedicou-se ao lobby sobre políticos para o com bate ao aumento de problemas relacionados com a obesidade infantil, defendendo refeições escolares mais saudáveis, e tor nou-se, em paralelo, no escritor de não ficção de maior sucesso do Reino Unido, com mais de 40 milhões de livros vendidos. Os primeiros sinais de que o cozinhado podia esturricar surgi ram, no entanto, em 2015, quando encerrou uma filial da Reci pease – a sua cadeia de lojas de culinária. Em Outubro de 2017, a ‘Jamie’, a sua revista de culinária, deixou de ser publicada após uma década de edições. Com a casa a arder, a crise che gou à cozinha nesse mesmo ano.
O problema (de que ele, aliás, não tem culpa) do simpático e bem-humorado chef de que todas as mães gostam foi cres cer como marca primeiro, e só como empresa depois. Uma circunstância igual à de muitas marcas que rebentaram a escala da notoriedade baseadas, muitas vezes, numa só fi gura, e num saber fazer relacionado essencialmente com o produto que vendiam. E não no negócio que o envolve. Jamie sabe cozinhar e tem boas ideias. O que não quer dizer que seja a pessoa indicada para ser um mega-empresário da
restauração global. Também não significa que não o possa fa zer com sucesso. Tudo depende de algo que, alguém como ele, deveria ter bem presente: uma receita, neste caso para o su cesso, seguida à risca. O seu trajecto mostra-o. Com a fama a alimentá-lo, criou o gru po, que inclui hoje a rede italiana Jamie’s Italian, além do Bar becoa, Fifteen e Diner. Terá crescido desmesuradamente, sem a devida atenção à gestão financeira. O que desembocou na nomeação recente da KPMG como administradora provisória para proteger os credores e avaliar alternativas para a rees truturação das dívidas, incluindo a possibilidade de vendas de activos e liquidação. De acordo com a imprensa britânica, dos 25 restaurantes que deverão ser afectados, 23 são da cadeia italia na de Oliver. E chegaram a ser 43, entre o primeiro que abriu, em 2008, e o último a encerrar agora. É preciso ter muito azar para levar um restaurante italiano à falência. Quanto mais 25! Por falar em restaurantes italianos, bem longe de Londres, em Modena, Itália, está o Osteria Francescana, do chef Massi mo Bottura, eleito, em Outubro de 2018, o melhor restaurante do mundo. Não serve pizzas e não é por isso que deixa de ser italiano, mas inspira as criações gastronómicas em peças mu sicais e está repleto de obras de arte nas paredes. Por ali, o dinheiro ainda não acabou.
Até agora, Jamie injectou mais de 20 milhões de euros da sua fortuna pessoal avaliada em 200 milhões, num negó cio cujo CEO é o seu cunhado. Apesar disso, o próprio o afir ma, “não sabe como chegou a esta situação”. E explica: “Há reuniões trimestrais, board meetings todos os meses... As pessoas contratadas para administrar deveriam tratar deste tipo de coisas.” Não trataram.
E fala de uma tempestade perfeita, o ingrediente que falta va a este prato cozinhado em lume brando por uma década. “O aumento das rendas, dos impostos e dos custos, o declínio das zonas comerciais, o Brexit e a subida do salário mínimo. Muita coisa tem estado a acontecer”, diz, numa entrevista recente. Se no exterior, a cadeia de restaurantes funciona de forma autónoma e não há grandes sobressaltos, no Reino Unido, o encarecimento dos produtos importados pela desvaloriza ção da libra, acompanhado de uma quebra dos clientes é a amarga sobremesa trazida pelo Brexit até ao seu negócio. “O nosso dinheiro acabou”, diria o chef, numa história que, a ser uma receita, só poderia ser uma grande caldeirada.
O problema (de que ele, aliás, não tem culpa) do simpático e bem-humorado chef de que todas as mães gostam foi crescer como marca primeiro, e só como empresa depois
(neg)ócio s.m. do latim negação do ócio
Nesta edição visitamos o Feitoria Boutique Hotel, na Ilha de Moçambique
O Ficka é um restaurante e um conceito. Fomos ‘prová-lo’
A escolha da Adega recai no Esporão Tinto Colheita Biológica
as belas histórias têm be las atmosferas e belos prota gonistas. Levam tempo. Esta história tem pelo menos sete anos, os que foram necessá rios para reestruturar uma antiga ruína e torná-la num boutique hotel.
eForam anos de grande tra balho. Muitos contentores de materiais vindos de Por tugal, da Índia, da África do Sul. Foram dezenas os tra balhadores envolvidos, mui tos dos quais estão agora a trabalhar como funcionários da Feitoria, o boutique hotel que abriu as portas no pas sado mês de Novembro, na Ilha de Moçambique, fruto do sonho, do amor e da capa cidade de entrega de Mário Gomes e de Ângela Freitas.
Acolhe hóspedes nacionais e internacionais que chegam à Ilha em lazer, em trabalho ou para assistir a conferências. Tem 20 quartos que oferecem uma linda vista sobre o ren dilhado (como o belo logo do Feitoria) das ruelas da cida de, das estrelas no céu e das águas do canal da Ilha, onde levemente cruzam os dhows. Os quartos têm nome de es peciarias que os feitores co mercializavam antigamente naquele lugar. Os antigos ar mazéns são quartos que dão para a piscina, a antiga loja e a casa do feitor são outros quartos, uma sala de confe rências e a recepção do hotel. Cores suaves, típicas da Ilha – branco, amarelo, cor -de-rosa e azul claro –, são iluminadas à noite pela luz ténue de candeeiros de la tão vazado, acompanhando o ritmo doce das ondas do mar. Quando Ângela e Mário deci
diram reestruturar a antiga ruína não ficaram assusta dos com o grande trabalho que iriam ter. Procuraram manter a traça arquitectó nica, usando as técnicas de construção e os materiais de há quatro séculos, quando esta feitoria foi construída, em 1780.
Ao lado da pura (e árdua!) ne cessidade de reabilitação, a motivação era de natureza prática e ambiental: poupan ça energética com painéis solares, gerador, estação de tratamento da água (a água e a energia são as grandes do res de cabeça na Ilha) e mate riais de primeira classe para enfrentar a corrosividade do sal e do mar. O hotel conta com um sistema fiável e efi ciente, instalado num edifício em frente – a casa técnica –, com baixo impacto ambiental e com toda a vantagem para os hóspedes e para o ecossis tema frágil da Ilha.
os quartos têm nome de especiarias que os Feitores comercializavam antigamente naquele lugar
CoMo iR
A LAM voa de Maputo para Nampula e/ou Nacala (a partir de 16 000 MZN ida e volta). Em Nampula e/ou Nacala, aluga-se um carro e segue-se para a Ilha por estrada, cerca de 180 km de Nampula e 120 Km de Nacala (aluguer de carro custa cerca de 4 500 MZN. Um dos taxistas mais conhecidos é Fatahe).
o que fazeR roteiro de dhow até às ilhas de goa, Sete Paus, Cobra e às praias da Carrusca e Cabaceira Pequena. Pode-se ainda fazer snorkeling e ver as baleias.
O restaurante Karibu, no bairro do Museu, serve óptimo peixe, atum fresco com gengibre, deliciosas saladas de polvo. Tudo pelas mãos da cozinheira D. Maria Amélia que prepara uma óptima matapa de siri siri e um guloso pudim de abóbora. Preço médio por refeição é de 700 MZN.
De Segunda a Sábado, das 07h às 21h
Rua Consiglieri Pedroso, nº 181, Maputo
gindependentemente dos mé ritos do Ficka (e são vários, mas já lá iremos), o novo espa ço que recentemente abriu na Baixa de Maputo não pode se não deixar-nos a pensar, pela escolha que fez para a sua localização, como esta zona da cidade poderia hoje ser se a recuperação deste espaço histórico tivesse sido levada à prática. Não precisamos de ir tão longe como à Bourbon Street, em New Orleans, nos Estados Unidos, cuja recupe ração a tornou num dos mais espaços mais emblemáticos da cidade e um ponto de atracção turística mundial.
Mas não, não é preciso ir tão longe. Basta atermo-nos a ou tras cidades no continente africano para percebermos como tudo poderia ser dife rente. Não é este certamente o espaço adequado para ex planar como, ao longo das dé cadas pós-independência, por várias vezes se equacionou a questão da recuperação da Baixa de Maputo. Mas, para os
mais curiosos, não resistimos a sugerir, por exemplo, a lei tura da tese de doutoramento de Lisandra Ângela Franco de Mendonça (“Conservação da Arquitectura e do Ambiente Urbano Modernos: A Baixa de Maputo”) através da qual não só nos é dada uma fascinan te contextualização histórica como podemos compreender melhor as razões da presente (e triste) situação a que a zona está votada (o estudo está on line). Mas deixemos o passado.
O que o Ficka deixa claro é que, mais do que um espaço gas tronómico, se trata de um pro jecto com um “conceito”, um “concept restaurant”. O que de fine um “concept restaurant”? De forma muito resumida, é a “ideia” (ou o “tema”) que, an tes de qualquer outro aspecto, preside à organização do es paço, à sua decoração, ao de sign (nos seus mais pequenos
detalhes), ao estilo do serviço e, claro, last but not the least, à proposta gastronómica. Num “concept restaurant”, a qualidade do produto culiná rio e o desfrute gastronómico são, como sempre, factores es senciais, mas o que é genuina mente decisivo é a totalidade da “experiência” de quem o visita, ou seja, a percepção que fica de que, mais do que cum prir o ritual alimentar, se está a aderir à “ideia” e à “comuni dade” daqueles que se identi ficam com o conceito que está na origem do projecto. Neste contexto, compreende -se, de igual forma, que o es sencial da proposta gastronó mica incide, sobretudo, naquilo que “faz a diferença” e se liga à “ideia”. Um olhar superficial pelo menu pode até dar a im pressão, precipitada, de que não difere do que é comum encontrar noutros sítios. Como sempre, são os detalhes que importam. Deixemos então aqui algumas sugestões: nas
entradas experimente, por exemplo, as “Ficka Wings” (asi nhas de frango frito com mo lho de queijo azul) ou as “Cascas Fritas” (cascas de batata frita com maionese de bacon). Nas saladas, a nossa escolha vai para a salada de beterraba e feijão e, em especial, para a “Veggie Cous” (à base de cous cous). Há várias opções inte ressantes de hamburgueres mas o “Ficka Burger” (alface, tomate, cebola, bacon, queijo cheddar e queijo azul) destaca -se entre todos. E se é daqueles que não resiste ao frango, en tão o “Frango de Laranja” é a escolha preferencial, apesar do “Frango Mazive” (marinado em cerveja) também seja uma boa opção. Se é apreciador de doces, a nossa sugestão é que experimente a “Concha de Ca nela” (à base de uma receita tradicional sueca).
o novo espaÇo que recentemente aBriu na Baixa de maputo segue uma tendência gloBal
adega de BorBa reserva tinto 2015
País Portugal
ReGião Alentejo
Castas Aragonês, Trincadeira, Castelão e Alicante Bouschet CoR Rubi
aRoMa Fino e elegante, sugerindo frutos pretos, compota e chocolate branco
PaladaR Macio, com ligeira adstringência, equilibrado, notando-se um frutado maduro, taninos suaves mas estruturados final Final longo e elegante teoR alCoóliCo 16%
cortes de cima caBernet sauvignon tinto 2015
País Portugal
ReGião Alentejo
Castas Cabernet Sauvignon CoR Granada
aRoMa Groselhas maduras, algum mentolado e riqueza balsâmica
PaladaR Concentração ligeira com belos taninos polidos e controlados final Final perfumado mas não muito longo teoR alCoóliCo 14%
País Portugal ReGião Alentejo Casta Touriga Franca e Cabernet Sauvignon CoR rubi aRoMa Notas de fruta vermelha, ameixa e mirtilo, PaladaR Densidade e corpo da Touriga Franca final Final persistente e elegante teoR alCoóliCo 14%
esporão tinto colHeita (Biológico) 2016
a nossa proposta vai para um vinho portu guês de características particulares que me rece ser amplamente desfrutado por todos os bons apreciadores: o Esporão Colheita Tin to (Biológico) 2016. Produzido exclusivamente com uvas cultivadas na Herdade do Esporão e seguindo práticas de agricultura biológica, es te Colheita traduz a diversidade dos solos on de as vinhas foram plantadas e o carácter e a identidade das castas seleccionadas. Locali zada na região do Alentejo, a Herdade do Es porão foi fundada em 1973 por José Roquette e Joaquim Bandeira.
De entre as produções mais conhecidas da Herdade do Esporão estão os vinhos Assobio e Monte Velho, mas não podemos deixar de re ferir também o Esporão Trincadeira, o Espo rão Reserva, o Esporão Private Selection e va rietais como o Verdelho, o 4 Castas e o 2 Castas.
O conhecido crítico Robert Parker definiu as sim o Esporão Colheita Tinto (Biológico) 2016: “profundo, cor rubi concentrada, frutos ver melhos frescos com notas de ameixa e mirti lo, aromas ricos e sabores de frutas, estilo ele gante, equilibrado e persistente, fruta densa com a Touriga Franca proporcionando corpo e sabor, bem suportados pela estrutura e acidez do Cabernet Sauvignon. Juntas, estas varieda des oferecem vibração e uma textura cremo sa, com final persistente.” E deu-lhe uma pon tuação de 87 (em 100).
monte da ravasqueira tinto 2014
País Portugal
ReGião Alentejo
Castas Touriga Nacional e Syrah CoR Rubi
aRoMa Complexo com notas de fruta preta e vermelha, floral seco e frescura de folha de laranjeira PaladaR Estruturado com compleição sem perder o sabor e a elegância final Final rico com persistência dos sabores a frutas e especiarias teoR alCoóliCo 16%
Os “Colheita” são vinhos biológicos feitos em túlipas de betão, processo a partir do qual se pretende respeitar as características primá rias do vinho. Este Colheita Tinto de 2016 – que iniciou a sua fermentação em lagar e só de pois passou para as túlipas- resulta de um lo te de Touriga Franca e Cabernet Sauvignon, de solos graníticos, xistosos e franco-argilosos. Importa ainda referir que a Herdade do Es porão faz hoje parte dos roteiros mais co nhecidos do enoturismo em Portugal.
Além disso, o local conta com restaurante, Wi ne Bar, e outros pontos turísticos, como a Tor re do Esporão e a Ermida de Nossa Senhora dos Remédios.
Pontos incontornáveis numa ida à Herda de do Esporão é a visita à Cave das Barricas, a 30 metros de profundidade, à Ade ga dos Lagares e ao Lagar de Azeite. A vi sita fica completa com um almoço no res taurante da Herdade, espaço recente mente renovado, que recorre a produ tos sazonais, de produtores locais nacionais e de produção própria.
produzido exclusivamente com uvas do esporão segue as (Boas) práticas da agricultura Biológica
“Raízes de sal” de MaRiano silva
CuRadoRia: Filipe BRanquinho
Centro Cultural Franco-Moçambicanoo Sala de Exposições
Inauguração: 4 de Junho Hora: 18h30 Aberta até 2 de Julho
“o pRoFundo seR” de BRuno pais e leidito pengat
Fundação Fernando Leite Couto galeria
Inauguração: 5 de Junho Hora: 18h
“aRte 21”, CoM tRaBalhos de alunos da esCola poRtuguesa de MoçaMBique no âMBito do dia de poRtugal, de CaMões e das CoMunidades poRtuguesas.
Camões - Centro Cultural Português em Maputo
Inauguração: 7 de Junho Aberta até 28 de Junho Horário: Segunda a Sexta das 11h às 18h
a Batalha do passaRinho de eMílio doMingos
Centro Cultural
Franco-Moçambicano Dia: 3 de Junho Hora: 19h
“ visit in ChiChonelane” de heiKe RoCh
Centro Cultural Franco-Moçambicano
Dia: 10 de Junho Hora: 19h
exit thRough the giFtshop: a BanKsY FilM
Fundação Fernando Leite Couto Dia: 11 de Junho Hora: 18h
MeloManíaCos
Beto Beethoven (voCals), stivan Kap’Chand (guitaRRa), dino siMões (BateRia) e Riaaz issuFo (Baixo)
Fundação Fernando Leite Couto
Dia: 7 de Junho Hora: 18h
Ras tonY
Fundação Fernando Leite Couto Dia: 13 de Junho Hora: 18h
7ª Festa da MÚsiCa
Centro Cultural Franco-Moçambicano
Dia: 15 de Junho Hora: 10h30 às 22h30
• em destaque
“O LUMINOSO VÔO DAS PALAVRAS” MAURO BRItO ED. KUVANINgA
O escritor moçambica no Mauro Brito acaba de lançar a sua segun da obra infanto-juvenil. Trata-se da colectânea de poesia intitulada “O Luminoso Vôo das Pa lavras”. Depois de há dois anos ter publicado “Passos de Magia ao Sol”, pe la Escola Portuguesa de Moçambique e com ilustrações de Bárba ra Marques, sai agora pela Kuvaninga um li vro que para o autor é pretexto de conversa com o tempo, “no sen tido de a palavra sem pre ser renovada em função do que preten demos transmitir e po de ser uma arma pa ra vencer a ignorância, a insegurança e a soli dão” refere. Mauro Brito nasceu nos anos 90 em Nampula. Fez teatro de rua, dança e tirou bre vet, tornando-se piloto de aeronaves, como se a casa tivesse encontra do o seu inquilino. Co laborou com vários jor nais e revistas, como Missanga, Debate, Ble caute, Cultura e Litera tas. A sua paixão esten de-se ao activismo am biental, cerâmica e fo tografia.
“MJiBa- a BoneCa gueRReiRa”) dois palhaços BRasileiRos FazeM uMa hoMenageM às lutas das MulheRes negRas. tRupe liuds (BRazil)
CTO - Feira de Hulene
Dia: 8 de Junho Hora:10h30
“ tiRos ContRa azagaias ” texto: Mia Couto - a espada e azagaia enCenadoR: BuanaMade aMade
Fundação Fernando Leite Couto Dia: 27 de Junho Hora:18h lançaMento dos livRos venCedoRes da 2ª edição do pRéMio liteRáRio eugénio lisBoa /iMpRensa naCional Casa da Moeda, “saga d’ouRo” de auRélio FuRdela e “sonhos ManChados, sonhos vividos”, de agnaldo Bata.
Camões - Centro Cultural Português em Maputo Dia: 14 de Junho Hora: 18h
seMináRio de JoRnalisMo CultuRal pRoMovido pela só aRte Media e iveRCa, CoM Convidados naCionais e inteRnaCionais.
Camões - Centro Cultural Português em Maputo Dia: 17/18/19 de Junho Hora: 14h às 18h
lançaMento do livRo inFanto-Juvenil “ tangeRina”, de ana queiRoz, CoM ChanCela da esCola poRtuguesa de MoçaMBique – CentRo de ensino e língua poRtuguesa.
Camões - Centro Cultural Português em Maputo Dia: 26 de Junho Hora: 18h
gonçalo mabunda, Mauro Pinto e Filipe Branquinho vão representar Moçambique na edição de 2019 da Bienal de Arte de Veneza com a exposi ção ‘The Past, The Present and The In Between’. A exposição pretende ser uma reflexão sobre o conturbado passado do país e as suas repercus sões na sociedade contempo rânea moçambicana. A expo sição tem curadoria de Lidija Kostic Khachatourian e terá lugar no Palazzo Mora. Na edição deste ano da Bienal de Veneza apenas oito países do continente africano vão estar representados com um Pavilhão próprio: Egipto, Gana, Costa do Marfim, Madagascar,
Moçambique, Seychelles, África do Sul e Zimbabué. Im porta referir, no entanto, que para dois destes países, Gana e Madagascar, esta é a primei ra vez que estarão presentes com um pavilhão próprio. O Gana convidou o famoso arquitecto Sir David Adjaye para conceber o seu pavilhão o que, tendo em consideração que, apesar de origem ga nesa, Sir David Adjaye vive há muito no Reino Unido e é considerado uma referên cia mundial no domínio da arquitectura, mostra o em
para alÉm da presenÇa artística, o continente vai estar tamBÉm em Foco no Forum “aFrican art in venice”
penho do Gana em mos trar-se ao mais alto nível. Recorde-se, apenas a título de exemplo, que Sir David Adjaye concebeu o recente mente inaugurado National Museum of African Ameri can History and Culture em Washington (EUA). Para além da presença artís tica através dos diversos pa vilhões nacionais, o continen te vai estar também em foco no Forum “African Art in Ve nice”. Criado em 2017, o “Afri can Art in Venice Forum” surgiu com o objectivo de de bater a arte e os artistas de muitos países africanos que, por muitas e variadas razões, não têm tido possibilidade de estar presentes na Bienal de Arte de Veneza em Itália.
Ferrari F8 triButo
O F8 vai chegar aos 100 km/h em apenas 2,9 segundos e aos 200 km/h em 7,8 segundos. A velocidade máxima é de 340 km/h.
PReço 250 000 USD
antes de darmos o devido destaque a algumas das no vidades que marcaram esta edição, importa sublinhar que o que ficou patente este ano foi que a revolução nas motorizações está a chegar, ou seja: se nas últimas edições as marcas apresentaram conceitos que antecipavam a transição para o novo modelo energético, este ano mostrou que os carros eléctricos vão entrar em força no mercado. As “novidades” foram mui tas e é impossível dar conta, neste espaço, de todas elas. Entre as escolhas possí veis, o destaque vai para o novo F8 Tributo da Ferrari. Partindo da base do 488 Pista, ou seja, o chassi com motor V8 em posição central traseira, o F8 Tributo passa a ser o mais possante da família, graças ao 3,9 biturbo a debitar 710 cv. Com a nova motorização, o F8 vai chegar aos 100 km/h
em apenas 2,9 segundos e aos 200 km/h em 7,8 segundos. A velocidade máxima é de 340 km/h. Em termos práti cos, a Ferrari junta-se assim à McLaren (com os 720 cv do 720S) e à Lamborghini (com os 740 cv do Aventador S) como os únicos três fabricantes que oferecem mais de 700 cv nes te segmento. De acordo com a informação fornecida pela Ferrari, o F8 Tributo é um dos supercarros mais rápidos, mais emocio nantes e comunicativos de to dos os tempos. Além de 50 cv mais potente do que o seu an tecessor, o 488 GTB, beneficia do alívio de peso de 40 quilos em comparação com o ante rior modelo sendo agora ape nas 1 330 quilos. E é preciso ainda mencionar uma melho ria de 10% na eficiência aero
vo salão de geneBra É considerado por muitos como o principal evento do ano do mundo automóvel
dinâmica. Para conseguir es tes ganhos em relação ao seu antecessor, o F8 Tributo con ta com novas entradas de ar para arrefecimento dos tra vões, uma nova conduta em “S” na dianteira (que ajuda a aumentar o downforce em 15% em relação ao 488 GTB) e ainda novas entradas de ar para o motor de cada lado do spoiler traseiro.
Enrico Galliera, vice-presi dente da Ferrari, anunciou em Genebra que 2019 vai ser um ano marcado por mais no vidades. Sem entrar em de talhes, Galliera revelou que uma das novidades será um novo superdesportivo de en trada na gama, que vai es trear uma plataforma com motor central traseiro. No novo modelo, o 3.9 V8 irá ser substituído por um mais pe queno (e barato) V6 sobrea limentado, muito provavel mente híbrido. Este mode lo será colocado na gama da Ferrari como uma opção mais acessível face ao F8 Tributo.