Nutrição em Pauta ed. maio2022 digital

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ISSN 2236-1022 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO

R$30,00 - maio 2022 Ano 12 Número 68 Edição Digital São Paulo

BABY-LED WEANING E OS PARADIGMAS SOBRE ALIMENTAÇÃO INFANTIL www.nutricaoempauta.com.br

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ESPORTE MAIO 2022

| GASTRONOMIA | SAÚDE PÚBLICA | FUNCIONAIS | CLÍNICA NUTRIÇÃO EM PAUTA 1



editorial

por Sibele B. Agostini

Baby-led Weaning e os Paradigmas sobre Alimentação Infantil Projeto trinta anos da Revista Nutrição em Pauta A Revista Nutrição em Pauta completou trinta anos e para comemorar estamos convidando importantes profissionais do setor, e que são nossos parceiros, para escreverem um artigo de opinião sobre pontos polêmicos e inovadores sobre sua expertise e área de atuação. Nesta edição convidamos a Dra. Viviane Laudelino Vieira que é Nutricionista e pesquisadora do Centro de Referência em Alimentação e Nutrição (CRNutri) do Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza da Faculdade de Saúde Pública da USP Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2022, englobando o 23o Congresso Internacional de Nutrição, Longevidade e Qualidade de Vida, 23o Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição, 10o Congresso Multidisciplinar de Nutrição Esportiva, 18o Fórum Nacional de Nutrição, 17o Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 15o Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 15o Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), que será realizado online em agosto de 2022 e já conta MAIO 2022

com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. E o EAD Profissional Nutrição em Pauta, plataforma de ensino à distância que conta com vários cursos online: Mindful Eating, Nutrição Esportiva, Nutrição e Pediatria, Fitoterapia, Nutrição e Estética, Envelhecimento, Emagrecimento, e muito mais.

Aproveite as informações científicas atualizadas desta edição da revista Nutrição em Pauta. Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região NUTRIÇÃO EM PAUTA

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nesta edição MAIO 2022

5. Baby-led Weaning e os Paradigmas sobre Alimentação Infantil 12. Impacto da Nutrição Funcional no Tratamento de Pacientes Portadores da Fibromialgia 19. Estratégias Nutricionais para o Tratamento da Obesidade Sarcopênica em Idosos: Revisão da Literatura 30. Dieta Dash e Controle da Hipertensão Arterial: Uma Revisão de Literatura 37. Comportamento Alimentar na Gênese da Obesidade e Suas Implicações na Hidrolipodistrofia Ginóide: Uma Revisão da Literatura

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45. Rillettes de Salmão Defumado, Picles de Rabanete e Pão Placa

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ISSN 2236-1022

Ano 12 - número 68 - maio 2022 - edição digital

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Chef Patrick Martin Chef Fabiana B. Agostini Alexandre Agostini assinaturas@nutricaoempauta.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados DEDALUS da ESALQ/USP Produzida em maio de 2022

NUTRIÇÃO EM PAUTA


Baby-led Weaning and the Paradigms on Infant Food

matéria de capa

Baby-led Weaning e os Paradigmas sobre Alimentação Infantil . . . ..............

Introdução

O período da introdução alimentar é aquele de transição entre um padrão essencialmente lácteo e a dieta habitual da família. Tanto a OMS (2002) como o Ministério da Saúde (2019) orientam que a oferta de outros alimentos, além do leite, aconteça a partir dos seis meses de idade de forma gradativa para crianças nascidas a termo. Tradicionalmente, recomenda-se, para esse período, que a alimentação seja oferecida por um cuidador, que se utiliza da colher, com alimentos amassados e, progressivamente, com evolução da consistência, até que não haja necessidade de modificação até ao redor dos doze meses. Porém, a partir do início deste século, vem sendo difundida uma abordagem que, em vez do bebê ser alimentado pelo seu cuidador, será ele próprio que levará os alimentos à sua boca, a partir do seu ritmo, vontade e capacidade. Para essa proposta, dá-se o nome de baby-led weaning (BLW), cuja tradução literal significa “o desmame guiado pelo bebê”, mas, de forma geral, representa uma abordagem para a realização da introdução alimentar em que o lactente detém maior autonomia e é protagonista. Os alimentos que ele terá acesso precisarão estar em formatos e consistências que possibilitem a apreensão com as MAIO 2022

mãos, mas que também sejam seguros para serem levados

. . . . . . . . . . . . . . . . . . à boca sem a intervenção de um adulto.

Pode parecer uma proposta revolucionária, mas, mesmo que bebês recebam “papas” em suas rotinas nessas últimas décadas, historicamente, no dia a dia, não é incomum as famílias oferecerem também alimentos aos pedaços a eles. A idealizadora do BLW, Gill Rapley, na verdade, sistematizou algo que já era realidade e apontou também cuidados importantes para a sua prática ser realizada. O BLW tornou-se popular de uma forma interessante. Inicialmente, ele foi difundido principalmente pelas redes sociais e, somente após, chegou aos espaços formais de cuidado à saúde e, assim, ele vem se tornando cada vez mais uma opção para a introdução alimentar. Na Nova Zelândia, por exemplo, estima-se que mais da metade das famílias o tenham tentado e aproximadamente 30% o fazem regularmente (FU et al, 2018). Muitas famílias ainda se orientam a partir de webpages, seguindo perfis nas redes sociais e por meio de aplicativos para celulares, por não encontrarem facilmente profissionais da saúde que apoiem e, inclusive, tenham conhecimento sobre o BLW. É natural questionar o que está por trás da popularidade do BLW. Isso vem acontecendo porque, provavelmente, há uma nova forma de se compreender os primeiros anos de vida e a importância da alimentação. O bebê passa a ser reconhecido e, também, respeitado diante das suas capacidades e motivações e a sua alimentação comeNUTRIÇÃO EM PAUTA

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ça a ganhar outras dimensões, para além de meramente cumprir uma função nutricional. Estes temas precisam ser aprofundados para a compreensão do BLW e, portanto, serão retomados nesse artigo. Certamente, famílias optam por essa abordagem em função das suas vantagens. O livro “Baby-led weaning: helping your baby to love food”, lançado em 2008, com a versão brasileira intitulada “Baby-led weaning: o desmame guiado pelo bebê”, pontua benefícios que percorrem componentes nutricionais, cognitivos, sensoriais, emocionais, sociais dentre outros. Assume-se, assim, que a prática do BLW promove refeições mais prazerosas para toda a família e com menos tensão; remete a um processo natural para essa fase de desenvolvimento dos bebês, que tendem a explorar o ambiente com a boca; possibilita maior aprendizado sobre os alimentos, dado que terão a oportunidade de segurá-los, observá-los, sentirem seus aromas e descobrir os seus sabores isolados ou combinados com outros; auxilia o desenvolvimento de diversas habilidades que serão utilizadas para a alimentação, mas não somente para ela; torna-os mais confiantes na sua própria capacidade e nos alimentos; permite a realização de refeições em família e o compartilhamento de alimentos, contribuindo com praticidade; auxilia no controle da saciedade, pois não há a figura do adulto tentando descobrir quando o bebê está satisfeito; e favorece o desenvolvimento de uma relação positiva e afetuosa com o ato de se alimentar, diminuindo a chance de seletividade alimentar (RAPLEY; MURKETT, 2017).

. . . ........ D es e nvolv imento . . . . . . . . . . . . . . . . .

mentos

BLW: pressupostos, evidências e questiona-

Ao retomar as recomendações relativas ao aleitamento materno e, consequentemente, ao início da introdução alimentar, tem-se a partir de 2003 uma mudança importante. Até esta data, a interrupção do aleitamento exclusivo ocorreria aos quatro meses e a partir do início deste século a recomendação é a de que a introdução alimentar ocorra aos seis meses de idade. Para estudiosos da primeiríssima infância, profissionais que lidam com esse público e, também, famílias de crianças pequenas, é fácil perceber que um bebê aos quatro meses é diferente de um

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com seis. Eles apresentam desenvolvimentos diferentes, além de, internamente, o organismo, com destaque para o sistema digestório, também está com maiores capacidades para digerir, metabolizar e excretar alimentos. Porém, mesmo com a mudança de recomendação para o início da introdução alimentar, pouco mudou ao longo dos próximos anos com relação a como deveria acontecer a oferta de alimentos para esse bebê, que já não mais apresenta a protrusão da língua, que está prestes a sentar-se sozinho e estica-se para apanhar objetos e levá-los à boca, com mais facilidade. O componente nutricional da alimentação infantil que, comumente, é explicado pela necessidade do bebê receber novos alimentos porque a alimentação láctea não seria mais suficiente é o que tem regido a prática de muitos profissionais da saúde e, logo, as famílias, ficam com receio do bebê não comer o suficiente e, consequentemente, desnutrir-se. Por isso, elas usam de estratégias para que a criança coma, como deixar a alimentação mais pastosa e sem evolução da consistência ao longo dos meses, priorizar os alimentos com maior aceitação, distrair o bebê para que ele aceite as colheradas e, em situações extremas, forçá-lo a comer. É fato que crianças, conforme crescem, demandam de mais energia e nutrientes, o que pode ser obtido pela oferta de novos alimentos. Porém, tal como o crescimento da criança é gradativo, suas necessidades nutricionais também o são. Assim, não é porque alguém completou seis meses que ele se coloca em risco nutricional. Inclusive, atualmente, usa-se o termo “alimentação complementar” em vez de “introdução alimentar” para agregar um valor bastante importante a esta fase: o de que a alimentação oferecida é um complemento para o leite que a criança recebe e não o contrário. Assim, a necessidade de comer não pode ser central neste período sob o risco de levar famílias a situações de angústia e, consequentemente, afetar o bebê que pode passar a compreender que a realização de refeições é algo negativo e desconfortável para ele. Para além da importância nutricional relacionada à introdução de novos alimentos, esse momento representa um preparo para o futuro, para quando realmente o lactente não for mais capaz de se nutrir essencialmente de leite. Para isso, ele precisa desenvolver habilidades mastigatórias ainda não mobilizadas a partir da ingestão do leite. Ele precisará aprender a comer alimentos sólidos. Mais do que isso, a criança passará a se sustentar sentada e começará a compreender sobre os aspectos sociais relativos ao ato de se alimentar. Ela também terá a oportunidade NUTRIÇÃO EM PAUTA


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de começar a compreender que existem outras formas de saciar sua fome, além da amamentação e, inclusive, será o momento importante para a construção dos seus hábitos alimentares e para estabelecer um vínculo saudável com o ato de comer. A alimentação, oferecida em consistência pastosa, por sua vez, não estimulará a criança a aprender a desenvolver as habilidades necessárias para ingerir alimentos sólidos. Aqui, é importante o destaque de que evidências mostram que crianças que receberam alimentos em consistência pastosa ou líquida por longos períodos tendem a apresentar maiores dificuldades alimentares durante a infância (SHIM; KIM; MATHAI, 2011). Estudo de Vieira, Rapley e Vanicolli (2020) mostra que 34,6% das crianças cujas famílias relataram a alimentar seus filhos cotidianamente chegam aos doze meses recebendo alimentos em consistência inadequada à idade, ou seja, pastosa. Assim, parece ser frequente a realização de dieta pastosa entre bebês maiores de um ano. Assim, é a partir da compreensão do papel da alimentação que se pode dizer que o BLW está pautado e, para o melhor entendimento da sua teoria, seus pressupostos merecem ser citados. O primeiro deles é relativo à importância da amamentação ao longo dessa fase, tendo em vista que o bebê precisará de tempo e de aquisição de habilidades para estar apto para se nutrir de alimentos sólidos e, enquanto isso não acontece, a amamentação proverá o aporte nutricional principal à criança. Além disso, quando se trata do aleitamento materno, o ato de mamar trará outros benefícios que impactarão positivamente no ato de comer. Ele auxilia no fortalecimento da musculatura da face, na maior segurança e conforto emocional, além da maior percepção de sabores a partir do leite. Trabalhos vêm mostrando associação entre o BLW e as práticas de amamentação (BROWN; JONES; ROWAN, 2017; VIEIRA; RAPLEY; VANICOLLI, 2020). É difícil distinguir se a escolha pelo BLW leva à manutenção da amamentação ou se é o contrário: famílias mais propensas a amamentar tendem a compreender a realização do BLW como mais adequada aos seus filhos. Independente da explicação, vem sendo observado que lactentes tendem a realizar o aleitamento materno exclusivo pelo tempo recomendado e sustentar a amamentação. Talvez isso aconteça porque, tal como já foi mencionado, a realização do BLW pressupõe a importância da prontidão alimentar para o início da oferta de alimentos e, mesmo após ter se iniciado, o leite materno permanece como principal alimento durante o aprendizado do bebê (FU et al., 2018). MAIO 2022

matéria de capa

Ainda sobre a amamentação, diferentes estudos mostram na prática aquilo que a teoria do BLW indica acerca da necessidade do bebê conquistar habilidades para efetivamente comer e, enquanto isso, nutrir-se principalmente de leite. Assim, trabalhos mostram que a contribuição da alimentação láctea em bebês que realizam o BLW é maior quando comparado aos bebês que são alimentados da forma tradicional (compreendida por alimentos em consistência pastosa e oferecidos pelo adulto) nos primeiros meses da introdução alimentar. Mas quando se aproximam do primeiro ano de vida, o aporte energético advindos dos alimentos às crianças que realizam o BLW é semelhante àquelas que são alimentadas, sinalizando que o processo de introdução alimentar tende a acontecer de forma mais gradativa quando o bebê alimenta-se sozinho (PEARCE; LANGULEY-EVANS, 2022; ROWAN; LEE; BROWN, 2022). A característica relacionada a um processo mais lento dialoga com outros dois pressupostos do BLW, sendo eles a compreensão quanto às motivações de uma criança para alimentar-se e quanto à necessidade de considerar o seu desenvolvimento para, então, compreender que ela consegue comer. Ao início da introdução alimentar, a criança certamente não entende que as refeições são capazes de lhe saciar a fome. Ela certamente mostra interesse pela comida e, inclusive, se excita ao ver adultos comendo, mas ela tende a iniciar o ato de se alimentar, porque ela é capaz e porque, nessa idade, ela experimenta o mundo através da boca. Nessa idade, a criança é curiosa e investigativa. Ela quer descobrir sobre aquilo que a cerca e sobre como ela consegue interagir com o ambiente. Além disso, ela já é capaz de imitar outras pessoas. A partir de um ambiente de segurança e de tranquilidade, a criança passará a associar o momento da refeição como aquele capaz de resolver um desconforto (a fome) que, até então, somente poderia desaparecer com a oferta do leite. Quanto ao pressuposto que aponta para a importância de considerar seu desenvolvimento, para se alimentar, o bebê precisa já ter conquistado algumas habilidades, como se sustentar sentado e trazer objetos à boca. Por sua vez, o ato de comer potencializa o seu desenvolvimento infantil no que tange aos aspectos cognitivos, emocionais, físicos e sociais. A criança desenvolverá, por exemplo, noções de força ao pegar alimentos com diferentes consistências ou descobrirá o movimento de pinça com os dedos, quando pedaços pequenos caírem sobre a sua mesa. Quando ela é alimentada por outra pessoa, por outro lado, as suas potências de exploração e de desenvolvimento de NUTRIÇÃO EM PAUTA

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habilidades são subutilizadas. O último pressuposto do BLW tem a ver com a realização das refeições em família. Além de iniciar o contato com novos alimentos, incorporar-se ao momento em que os membros da casa realizam as refeições proporciona benefícios (VERHAGE et al., 2018). Observando outras pessoas comendo, o bebê se estimulará a reproduzir movimentos semelhantes que podem conferir sucesso ao ato dele se alimentar. Além disso, ele também passa a compreender que comer é um ato de prazer e que pode lhe dar satisfação, além dele ganhar informações sobre comensalidade e as dimensões sociais e culturais da alimentação. Quando o bebê é alimentado pelo adulto, em geral, ele tende a ser o único a comer, pois dificilmente quem o alimenta consegue fazê-lo enquanto realiza a sua própria refeição. Pesquisadores mostram que bebês em BLW apresentam refeições compartilhadas com a família em maior propensão em comparação com a abordagem tradicional (CAMERON; TAYLOR; HEATH, 2013; VIEIRA; RAPLEY; VANICOLLI, 2020). A partir desses pressupostos, pode ser mais fácil compreender a defesa de que o BLW levaria ao melhor controle da saciedade, o que poderia, por sua vez, associar-se ao menor risco de obesidade, tal como apontado por Brown e Lee (2013). Quando é o adulto quem define a quantidade de alimentos que o bebê irá ingerir, pode haver maior chance de que ele receba mais do que precisa. Vanicolli e Vieira (2021) relatam que mães da abordagem BLW mostraram postura mais responsiva diante das demandas do bebê, enquanto na abordagem tradicional, as atitudes maternas parecem mais relacionadas ao desejo de que a criança coma. A menor pressão para comer, por sua vez, implicaria em menor risco de seletividade alimentar, tal como descrito por Fu et al. (2018). Outra possível vantagem do BLW estaria relacionada à exposição à maior variedade de alimentos, inclusive no que se refere a sabores e texturas. Porém, esses benefícios dependerão do quão adequada é a alimentação da família dessa criança e, considerando isso, a criança poderá estar exposta a itens inadequados para a idade, como quantidades excessivas de sódio e de gordura saturada (ROWAN; HARRIS, 2012; MORRISON et al., 2016; ALPERS; BLACKWELL; CLEGG, 2019). Alguns trabalhos, porém, identificaram que o grupo de crianças que realizou o BLW teve menor chance de consumir alimentos ultraprocessados destinados a lactentes, (CAMERON; TAYLOR; HEATH, 2013), além de ultraprocessados de forma geral, sucos, açúcar e sal (VIEIRA; RAPLEY; VA-

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NICOLLI, 2020). Diante da possibilidade de autonomia alimentar do lactente, pesquisadores e profissionais questionam possíveis consequências negativas relativas à abordagem do BLW e, por isso, alguns contraindicam a sua realização (NEVES et al., 2022). As principais preocupações que vêm sendo relatadas têm a ver com o aporte energético e de ferro da alimentação, que poderiam afetar o crescimento da criança em uma fase de grande importância, além do risco de engasgo, que poderia ter consequências fatais. Vale aqui, então, apresentar um protocolo de intervenção intitulado “Baby-led Introduction to Solids” ou BLISS, desenvolvido em 2015 por pesquisadores neozelandeses para avaliar os impactos da auto alimentação de bebês cujas famílias foram orientadas para dar oportunidade dos bebês comerem sozinhos, mas com recomendações prévias realizada por profissionais de saúde sobre o valor calórico dos alimentos oferecidos, à presença de fontes de ferro na maioria das refeições e o cuidado com consistência e formato dos alimentos (DANIELS et al., 2015). Assim, por meio do BLISS, trabalhos mostraram ausência de diferença no IMC desses bebês quando comparados àqueles cuja alimentação ocorria de forma tradicional, com colher (TAYLOR et al., 2017). Também não foram significativas as diferenças na ingestão mediana de ferro ou na concentração de ferritina plasmática, ferro corporal ou prevalência de anemia (DANIELS et al., 2018a). Outros indicadores de consumo alimentar, como zinco e vitamina B12 dietéticos, apresentaram-se em valores semelhantes em comparação com bebês do protocolo BISS com aqueles que eram alimentados por suas famílias (DANIELS et al., 2018b). Com relação à ocorrência de engasgos, pesquisas não vêm evidenciando maior risco associado ao BLW. FANGUPO et al., (2016) e DOGAN et al. (2018) não identificaram diferenças nos relatos de famílias que cujos bebês comem sozinhos ou que alimentam seus bebês. Já Brown (2018), além de não encontrar associações entre engasgo e o BLW, aponta maior frequência de engasgos entre crianças que comem sozinhas em poucas ocasiões. Há autores que, entretanto, mostram que famílias, independente da realização do BLW, expõem crianças ao risco de engasgo a partir da oferta de alimentos inadequados à idade (FANGUPO et al., 2016), indicando a importância de profissionais da saúde estarem atentos a essa informação no momento de orientar famílias com relação à introdução alimentar. Diante do avanço das discussões acerca dos beNUTRIÇÃO EM PAUTA


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nefícios do BLW, há de se questionar por que ele não é recomendado amplamente por órgão oficiais. Porém, o Reino Unido e o Canadá, por exemplo, vêm incorporando alguns dos fundamentos do BLW, especialmente os relacionados com a oferta de alimentos que possam ser comidos com as mãos (NHS, 2019; GOVERNMENT OF CANADA, 2019). No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou, em 2018, lançou documento apontando o BLW como uma possibilidade para a introdução alimentar. Por fim, merece destaque o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos, lançado em 2019, que não cita o BLW, mas avança com relação à alimentação infantil quando comparado ao documento anterior ao trazer a recomendação pautada na alimentação responsiva, ou seja, com um olhar mais cuidadoso para a bebê nesse período, além de valorizar a alimentação em família e estimular a interação do bebê com os alimentos. Assim, pode-se perceber que avanços muito relacionados com as características do BLW vêm acontecendo nas recomendações oficiais, contribuindo para que a compreensão sobre a alimentação infantil incorpore elementos adicionais relativos à autonomia, comensalidade e consideração do desenvolvimento do bebê.

. . . ............. C onclus õ es . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .

critérios precisos para classificar a forma de realização de introdução alimentar, pois, muito frequentemente, famílias podem oscilar entre a alimentação com colher e a refeição cujo protagonista é o bebê. Por fim, do ponto de vista da assistência ao lactente, a orientação por profissional de saúde com experiência no campo da alimentação infantil, especialmente o nutricionista, mostra a sua importância a fim de que a família possa ter uma prática que garanta alimentos adequados para a idade e oferecidos de forma segura. A partir de um acompanhamento nessa fase, no qual se incluem a avaliação antropométrica, anamnese alimentar e avaliação do desenvolvimento, será possível a prática do BLW à criança ou, então, a incorporação de alguns dos seus princípios nas recomendações a serem feitas.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores

Profa. Dra. Viviane Laudelino Vieira - Nutricionista e pesquisadora do Centro de Referência em Alimentação e Nutrição (CRNutri) do Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza da Faculdade de Saúde Pública da USP .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ O baby-led weaning, entendido como uma abordagem para a realização da introdução alimentar, provavelmente disparou reflexões acerca da alimentação infantil. Sendo concebido no meio acadêmico, ele ganhou visibilidade entre as famílias e, por isso, alcançou profissionais da saúde atuantes com lactentes. Tendo em vista a importância da realização complementar e os cuidados a serem tidos com crianças, é fundamental que as investigações avancem a fim de maior compreensão dos benefícios do BLW, mas também das suas possibilidades. Muito se questiona, por exemplo, como ele poderia acontecer com crianças com possíveis atrasos no desenvolvimento, como bebês prematuros ou crianças com síndrome de Down. Porém, sabe-se que pesquisas nesse campo podem apresentar dificuldades a fim de se constituir amostra representativa e aleatória. Outro desafio está relacionado com o estabelecimento de MAIO 2022

REFERÊNCIAS

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Impacto da Nutrição Funcional no Tratamento de Pacientes Portadores da Fibromialgia RESUMO: A fibromialgia é caracterizada por ser uma síndrome reumática que apresenta dor musculoesquelética generalizada, que comumente afeta mais as mulheres. O presente estudo teve como objetivo, realizar uma revisão de literatura sobre a forma que a nutrição funcional pode impactar de forma positiva no tratamento em pacientes portadores da fibromialgia. Para a coleta de dados foi realizada revisão de literatura concebida pelo seguinte ciclo: identificação do tema e formulação da pesquisa, relevância dos artigos encontrados, leitura e avaliação dos artigos selecionados, interpretação dos resultados obtidos e apresentação da revisão. Os resultados obtidos têm enfoque na comprovação das principais características de alimentos, que colaboram na melhora da qualidade de vida, promovendo um auxílio na prevenção de doenças e uma manutenção da saúde de forma geral, sendo observado que a nutrição funcional proporciona efeitos metabólicos e fisiológicos que beneficiam no tratamento da fibromialgia e colaboram na qualidade de vida dos pacientes evitando assim maiores consequências. ABSTRACT: Fibromyalgia is characterized by being a rheumatic syndrome that presents with generalized musculoskeletal pain, which commonly affects women more. The present study aimed to carry out a literature review on the way that functional nutrition can positively impact the

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treatment of patients with fibromyalgia. For data collection, a literature review was carried out, conceived by the following cycle: identification of the theme and research formulation, relevance of the articles found, reading and evaluation of the selected articles, interpretation of the results obtained and presentation of the review. The results obtained focus on proving the main characteristics of foods, which collaborate in improving the quality of life, promoting an aid in disease prevention and general health maintenance, being observed that functional nutrition provides metabolic and physiological effects that benefit in the treatment of fibromyalgia and collaborate in the quality of life of patients, thus avoiding greater consequences.

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Introdução

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), tem-se fibromialgia (FM) como uma condição de dor generalizada, associada à fadiga extrema, alterações no sono e distúrbios cognitivos, que acontecem quando uma pessoa tem dificuldades no processamento de informações, envolvendo tarefas mentais como atenção, raciocínio e memória, ocasionando esgotamento físico e mental. (BOERMA et al., 2016; GARCÍA, NICOLÁS; NUTRIÇÃO EM PAUTA


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HERNÁNDEZ, 2016). Caracterizada por dor difusa e crônica, normalmente é relacionada a pontos dolorosos à palpação, que podem causar dores no corpo inteiro, denominado por tender points, que poderá colaborar no diagnóstico (PITA et al., 2022). Com intuito da redução dos sintomas, é necessário a busca por meios (terapias alternativas – alimentar, acupuntura, yoga, exercícios físicos leves ajustados a cada caso e tratamento medicamentoso) que moderem os desconfortos gerados pela fibromialgia. De acordo com Peron et al. (2008), existe uma direta relação entre dieta e saúde, onde o consumo de alimentos mais saudáveis, como os “alimentos funcionais” podem proporcionar a redução do risco de doenças crônico-degenerativas, inclusive a fibromialgia. (SALTARELI et al., 2008). Nesse sentido, à nutrição funcional torna-se uma estratégia terapêutica e uma boa aliada no controle das dores musculares e problemas gastrointestinais (constipação, dores abdominais, fezes amolecidas), gerados pela fibromialgia. Da mesma forma que a alimentação equilibrada com a presença de alimentos funcionais corroboram para redução de sintomas na fibromialgia, é verdadeira a afirmação de que uma alimentação inadequada promove um aumento significativo na sintomatologia da patologia. Alimentos ricos em cafeína (chocolate, café, bebidas à base de guaraná, chá mate) são exemplos de estimulantes que influenciam no aumento desses sintomas, por ativar a produção de energia trazendo para o corpo do paciente alterações de humor, fadiga, tremores e também a insônia; assim como os alimentos ricos em açúcares (fast food, pães, gelatina, iogurtes de sabores), por apresentarem hidrato de carbono simples liberam glicose de forma rápida no sangue podendo gerar sobrepeso e aumento do cansaço no indivíduo. As bebidas alcoólicas, atuam de maneira similar no aumento dos sintomas da fibromialgia, principalmente por serem desidratantes e quando estão em interação com os medicamentos utilizados, impossibilita a absorção dificultando o processo de finalização do tratamento (SIENA; MARRONE, 2010). O tratamento nutricional é imprescindível para a melhora do quadro sintomático do paciente. Diante disso, pode-se destacar a alimentação vegetariana, que é rica em fibras, betacaroteno, vitaminas C, minerais como magnésio, zinco, potássio, selênio e alguns antioxidantes, além de apresentar baixo teor de gordura e proteínas. Esses fatores podem contribuir para que alguns desses sintomas da fibromialgia, citados anteriormente, sejam aplacados e impeçam o surgimento de outras doenças crônicas, pois MAIO 2022

funcionais

além da ingestão nutricional adequada, adquirem benefícios funcionais e cardiovasculares. (BATISTA et al., 2015). Desse modo a terapia não medicamentosa da referida patologia em estudo, quando associada ao tratamento nutricional focado em alimentos funcionais e na linha vegetariana, por exemplo, pode desempenhar um papel modulador na dor crônica por meio do controle da inflamação, que é responsável pelo aumento da dor no corpo. Grande número de indivíduos com dor crônica tem níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias no sangue e tecidos. Se a fase inflamatória aguda não anula o patógeno resolvendo a inflamação, a ação inflamatória continua e se desenvolve em uma condição crônica, associada à dor (HANSSON; LIBBY, 2006). Portanto, a ingestão de frutas e vegetais, que ofereçam vitaminas C, K, B6, B2, ácido fólico, minerais (magnésio, zinco, potássio, selênio) e antioxidantes, está inversamente associado à inflamação e estresse oxidativo (desequilíbrio entre os níveis de radicais livres e antioxidantes, geralmente ocasionado por uma disfunção da mitocôndria e baixas concentrações séricas de alfa tocoferol), ou seja, quanto mais elevado for o consumo de vegetais, menor será a ocorrência de inflamação e estresse oxidativo. Alimentos funcionais como: amora, açaí, goiaba, morango, brócolis, espinafre, kiwi, laranja, por apresentarem ação anti-inflamatória colaboram de maneira natural com a regulação da quantidade dos radicais livres no organismo, facilitando a redução dos impactos e sintomas que a fibromialgia causa no paciente. (MILLER; ERLINGER; SACKS, et al., 2005). Alguns alimentos ricos em magnésio, cálcio e vitamina E, como peixes e oleaginosas (feijão, grão-de-bico, lentilha), também contribuem para o alívio da fibromialgia. Uma pesquisa realizada na Universidade do Paraná - UFPR afirma a existência de evidências que mostram a importância da ingestão de alimentos fontes de triptofano no auxílio da diminuição da sintomatologia, como a castanha, ervilha, amendoim, couve-flor, e abacate, pois ajudam na produção de serotonina, substância responsável por facilitar a comunicação entre os neurônios que auxiliam na regulação do humor, do sono e da fome (BATISTA et al., 2015). Além do tratamento a partir de alimentos funcionais, os pacientes portadores de fibromialgia podem se beneficiar de outros tipos, como os medicamentosos, que auxiliam no controle dos sintomas, este inclui relaxantes musculares, anticonvulsivantes, melatoninérgicos e antidepressivos. Outra opção de tratamento são as práticas NUTRIÇÃO EM PAUTA

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de exercícios físicos, alongamentos, intervenções psicoterápicas, acupuntura e outros. Cada tratamento atua de acordo com o grau de necessidade do indivíduo, com base na recomendação adequada de um profissional da saúde (JÚNIOR; ALMEIDA, 2018). Neste contexto, a pesquisa tem como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre a forma que a nutrição funcional pode impactar de forma positiva no tratamento em pacientes portadores da fibromialgia.

. . . ............ Méto dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O método utilizado para esta pesquisa foi uma revisão literária narrativa, compreendida pelas seguintes etapas: identificação do tema e formulação da pesquisa, relevância dos artigos encontrados, leitura e avalição dos artigos selecionados, interpretação dos resultados obtidos e apresentação da revisão. Foram utilizados como critério de inclusão artigos originais e de exclusão trabalhos que fugissem da temática “Nutrição Funcional no Tratamento em Pacientes Portadores da Fibromialgia”. A pesquisa fez uso do Google Acadêmico, Scielo, em artigos publicados no periódico de 2009 à 2022 com as, palavras- chaves: “alimentos funcionais”, “fibromialgia”, “tratamento”, “dor crônica” em português e inglês.

. . . ...... R esu lt a do e Dis c uss ã o . . . . . . . . . . . . Alimentos que podem agravar a sintomatologia da doença A alimentação mesmo sendo uma aliada na melhora do quadro da fibromialgia, a sua qualidade é importante, pois a má qualidade dos alimentos de escolha pode contribuir de forma negativa durante o processo de tratamento da fibromialgia. Além dos já citados, como a cafeína e os alimentos ricos em açúcar, os alimentos compostos por glúten também são exemplos que favorecem na reação negativa em relação aos sintomas da doença, sendo responsáveis por gerar aumento no nível da dor muscular. De acordo com Isasi et al., (2014), a sensibilidade ao glúten pode ser uma causa implícita da fibromialgia, onde pacientes portadores de fibromialgia e sem a doença celí-

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aca, apresentaram melhoras significativas nos indicadores de dor e qualidade de vida, quando colocados em uma dieta sem glúten. Outros bons exemplos a serem mencionados, são os alimentos ultraprocessados (refrigerantes, sucos artificiais, bolachas, cereais matinais, embutidos, etc.), pois apresentam na sua composição a adição de glutamato e aspartame, que possuem ação excitotóxica nos neurotransmissores, sendo essa ação causadora de intensificação da dor no individuo; como também os alimentos que apresentam frutose (estando presente naturalmente nas frutas, assim como adicionados em mel), que decrescem a absorção de triptofano, atuante no auxílio na síntese da serotonina, influenciando assim na insônia, má alimentação e desequilíbrios emocionais, como aumento do estresse (ALVES, 2018). Esses alimentos acabam por influenciar de forma geral na vida do indivíduo, ou seja, em portadores de fibromialgia esses alimentos diminuem por completo a qualidade de vida, deixando-os debilitados. Com base em orientações dos profissionais da área da saúde, em questão os nutricionistas, percebe-se a necessidade de minimizar os sintomas, com o auxílio necessário da prescrição de dieta direcionada ao controle da patologia. Partindo também da ideia do controle alimentar necessário que o indivíduo portador, deve manter fora do ambiente domiciliar, seguindo as orientações recomendadas (ALVES, 2018). Pensando na qualidade de vida dos pacientes que sofrem com essa patologia, torna-se indispensável o consumo dos alimentos funcionais. Segundo Holton, (2016) referiu que em apenas um mês com a eliminação do aspartame, glutamato monossódico (MSG) e proteínas alteradas (isoladas e hidrolisadas), resultou na melhora da dor da fibromialgia, e relatou também que os pacientes que voltaram a consumir os alimentos com essas substâncias os sintomas retornaram ou voltaram de forma mais agravada. Ficando de forma evidente que um tratamento multidisciplinar juntamente com a dieta adequada sãos bons aliados ao enfrentamento da doença. Benefícios da dieta vegetariana no tratamento da fibromialgia Com base no estudo realizado em medicina alternativa e complementar, descobriu-se que pacientes que seguiram uma dieta vegetariana apresentaram uma melhora significativa na dor e na inflamação do seu quadro clínico. O que traz evidências dos benefícios desses alimentos funcionais para a eficácia no tratamento da sínNUTRIÇÃO EM PAUTA


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drome (GARDNER; BOLES, 2011). A alimentação saudável é imprescindível, principalmente em portadores de doenças crônicas. Por fornecerem inúmeros nutrientes como as vitaminas antioxidantes C e E, minerais, como o magnésio, potássio, zinco e fibras, as dietas vegetarianas são de extrema importância por serem nutricionalmente adequadas, capazes de obter um resultado benéfico e satisfatório no tratamento e a longo prazo (NADAL et al., 2021). As vitaminas C, E, e o Betacaroteno, são fundamentais para o controle do estresse oxidativo (desequilíbrio entre os radicais livres e os antioxidantes, que provoca cansaço, ansiedade e um aumento nas dores). Essas vitaminas facilmente são encontradas em alimentos como os brócolis, a couve, acerola, manga, espinafre e cenoura. Alimentos esses, eficazes no fortalecimento do sistema imunológico, auxiliando também no bom funcionamento do sistema neurológico, apresentam ação anti-inflamatória, como também inibem os radicais livres. (CATANIA; BARROS; FERREIRA, 2009). Os minerais como o zinco, o magnésio e o potássio possuem função importante, na regulação efetiva na neurotransmissão glutamatérgica, onde o glutamato é um importante neurotransmissor excitatório, por estar associado ao desenvolvimento neural, auxilia na memória e na redução da ansiedade. São essenciais também na melhora da qualidade da produção de energia, fortalecem a imunidade e ainda são anti-inflamatórios. Alguns dos alimentos que possuem esses minerais são: o feijão, abacate, amendoim, semente de abóbora, ameixas secas, castanhas de caju entre outros (ALCÓCER-GOMÉZ et al., 2013). O paciente com fibromialgia também sofre com problemas gastrointestinais, como alternância de constipação e diarreia, dores abdominais, sendo assim fundamental a presença de uma alimentação rica em fibras para manter regular a saúde do intestino. As fibras são encontradas em vegetais e frutas como alface, brócolis, couve, kiwi, laranja e morango (SILVA; SHIEFERDECKER.,2017). A alimentação vegetariana destaca-se nessa riqueza de benefícios encontrados, melhorando a gravidade dos sintomas sofridos por portadores da fibromialgia, assim como na prevenção de demais doenças crônicas. Melhorando a qualidade de vida do indivíduo. Alimentos com ação anti-inflamatória no tratamento da fibromialgia Durante o tratamento da fibromialgia, são muitos os alimentos funcionais que contribuem para a melhora e MAIO 2022

funcionais

bem-estar do indivíduo portador. A exemplo temos o açaí, conhecido também por juçara, é um fruto com elevado teor de ferro, cálcio, potássio, ácido ascórbico e vitamina A, apresentando propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias de importante consumo para pacientes com fibromialgia, com intuito de redução das inflamações e consequentemente das dores (RONDANELLI et al., 2018). Por tratar-se de uma síndrome que provoca dor intensa, o paciente também realiza uso de analgésicos para o controle dessa dor, e o uso contínuo desses analgésicos influencia na diminuição da ação de vitaminas (C, E, A), minerais (zinco, potássio, magnésio, ferro) e antioxidantes no organismo, tornando necessário a suplementação para que não haja carência desses nutrientes. Podemos citar o açaí, como um alimento que pode auxiliar na ingestão desses nutrientes por ser fornecedor de grande quantidade dos mesmos, tornando-se um alimento valioso para os pacientes portadores de fibromialgia (CASTRO, 2016). O brócolis também é um dos alimentos funcionais considerado auxiliar no tratamento da patologia, devido ser fonte de magnésio, capaz de reduzir as dores musculares. Nos últimos anos os níveis séricos de magnésio foram pesquisados e alguns pesquisadores constataram que a deficiência do mineral desempenhava um possível papel no mecanismo da dor na fibromialgia, relacionando-o com a produção de ATP (ALVES, 2018). A laranja, além de ser fonte de fibra, magnésio, ferro, vitamina B6, é também rica em vitamina C, e como já citado anteriormente, a suplementação de vitamina C é essencial para o paciente que faz uso de analgésicos, sobretudo, o consumo do ácido ascórbico melhora o sistema imunológico, previne anemia e outras complicações. O ácido ascórbico é essencial para seres humanos, age como antioxidante removedor de radicais livres e nutre as células, protegendo-as de danos causados pelos oxidantes, da mesma forma que o alfa-tocoferol e o betacaroteno, consequentemente combate as inflamações (PADH, 1991 apud ARANHA et al.,2000). O espinafre apresenta também em suas propriedades nutricionais grande quantidade de fibras, ferro, cálcio, magnésio, potássio, fosforo, vitamina A e K, e ainda as proteínas e fitoquímicos como a luteína, zeaxantina e betacaroteno, que atuam no organismo com ação protetora combatendo os radicais livres. Conta também com a presença de ácido fólico que favorece a imunidade (ROCHA, 2009). Em síntese, os alimentos destacados acima são fontes riquíssimas de potássio, cálcio, ferro, e antioxidantes que proporcionam nutrientes essenciais para o tratamenNUTRIÇÃO EM PAUTA

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to da fibromialgia, desde o alívio da dor ao fortalecimento do sistema imunológico. De acordo com Carvalho et al., (2006) uma das principais teorias que explicam o poder curativo e preventivo dos alimentos baseia-se na presença de antioxidantes.

. . . ...... C onsi dera çõ es Finais . . . . . .. . . . . . .

No enfrentamento da fibromialgia, observou-se que os alimentos se tornam bons companheiros no tratamento da doença crônica oferecendo inúmeros benefícios. Visto que apresentam a capacidade de facilitar a rotina dolorosa do indivíduo portador da patologia, reduzindo as consequências geradas pela mesma (como o esgotamento físico, a ansiedade e a depressão, como também as alterações gastrointestinais), por serem alimentos que produzem efeitos metabólicos e fisiológicos benéficos a saúde. Ademais, é verificado também a importância do consumo de alimentos funcionais, em especial, anti-inflamatórios e antioxidantes, pois esses compostos possuem efeito benéfico responsável por manter o funcionamento adequado do sistema imunológico, redução da inflamação e consequentemente da dor presente entre os portadores de fibromialgia.

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores

Profa. Dra. Liejy Agnes dos Santos Raposo Landim – Nutricionista. Mestre em Alimentos e Nutrição/ UFPI. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina, Piauí, Brasil. Ana Beatriz Soares de Sousa; Ana Luiza Monteiro Guimarães; Ludymila Gomes da Silva; Maria Vitória Nunes Teixeira; Marília Carvalho Medeiros; Sheila Ferreira Alves-Discentes do Curso Bacharelado em Nutrição pelo Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina, Piauí, Brasil.

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... PALAVRAS – CHAVES: Alimentação. Fibromialgia. Qualidade de vida. Dor crônica. Alimentos funcionais. KEYWORDS: Food. Fibromyalgia. Quality of life. Chronic pain. Functional foods.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... RECEBIDO: 12/3/22 – APROVADO: 15/4/22

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... REFERÊNCIAS

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míca de Paramêtros de Interesse Nutricional de Espinafre Comercializado na Bahia. Orientador: Prof. Dr. Mauro Korn. Monografia (Mestrado em Ciências Naturais - Quimíca) Universidade Federal da Bahia, [S. l.], 2009. RONDANELLI, M.; FALIVA, M.; MICCONO, A.; NASO, M.; NICHETTI, M.; RIVA, A.; PERNA, S. Food pyramid for subjects with chronic pain: Foods and dietary constituents as anti-inflamatory and antioxidant agents. Nutrition Research Reviews, v. 31, n. 1, p. 131-151, 2018. SALTARELI, S.; PEDROSA, D.; HORTENSE, P.; SOUSA, F. Avaliação de Aspectos Quantitativos e Qualitativos da Dor na Fibromialgia.. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 48, n.3, p. 151-156, mai/jun, 2008. SIENA, L. R.; MARROME, L. A influência da alimentação na redução ou no agravamento dos sintomas apresentados em pacientes portadores de fibromialgia. Revista Saúde e Pesquisa. v. 3, n.3; p. 339-343, set-dez, 2010. SILVA, A. F. da; SHIEFERDECKER, M. E. M. Recomendações Nutricionais Para o Tratamento da Fibromialgia. Demetra; v. 12 (3); p. 751-765.2017.

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Nutritional Strategies for the Treatment of Sarcopenic Obesity in Elderly: Review of Literature

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Estratégias Nutricionais para o Tratamento da Obesidade Sarcopênica em Idosos: Revisão da Literatura RESUMO: O envelhecimento confere maior vulnerabilidade aos indivíduos, propiciando desvios nutricionais como a obesidade e ocorrência da sarcopenia. A associação do excesso de massa adiposa à perda generalizada e progressiva de massa muscular esquelética e força, se denomina obesidade sarcopênica e representa um importante problema de saúde pública por sua alta prevalência e consequências, especialmente em idosos. A presente revisão bibliográfica narrativa visa apresentar condutas nutricionais indicadas no tratamento da obesidade sarcopênica em idosos, baseando-se em 17 artigos científicos (10 nacionais e 7 internacionais) divulgados nos últimos 5 anos, nas bases de dados: Scielo, Lilacs e Biblioteca Virtual em Saúde. A terapia nutricional de idosos com obesidade sarcopênica envolve: adequação do valor calórico à necessidade individual, associada à quantidade, qualidade e distribuição apropriada de proteínas de alto valor biológico ao longo do dia, com atenção especial aos aminoácidos essenciais, principalmente leucina (3 gramas/dia). Indica-se também atentar-se ao consumo de vitamina D, visando-se redução de quedas e aumento do diâmetro das fibras musculares do tipo II. Em alguns casos pode-se lançar mão de complementos nutricionais específicos. A assistência nutricional de idosos com obesidade sarcopênica, portanto, se baseia em mudança do estilo de vida com prática de exercícios físicos, controle ponderal e consumo MAIO 2022

adequado de proteínas, leucina e vitamina D. Mais estudos sobre o tema devem ser realizados para se analisar os fatores que podem interferir no diagnóstico da obesidade sarcopênica, especialmente em idosos, e para se estabelecer a padronização dos critérios nutricionais baseados em evidências científicas. ABSTRACT: Aging confers greater vulnerability to individuals, providing nutritional deviations such as obesity and occurrence of sarcopenia. The association of excess fat mass with generalized and progressive loss of skeletal muscle mass and strength is called sarcopenic obesity and represents an important public health problem due to its high prevalence and consequences, especially in the elderly. The present narrative bibliographic review aims to present nutritional behaviors indicated in the treatment of sarcopenic obesity in elderly, based on 17 scientific articles (10 national and 7 international) published in the last 5 years, in the databases: Scielo, Lilacs and Virtual Health Library. The nutritional therapy of elderly people with sarcopenic obesity involves: adequacy of the caloric value to the individual need, associated to the quantity, quality and appropriate distribution of high biological value proteins throughout the day, with special attention to essential amino acids, mainly leucine (3 grams/day). It is also indicated to pay attention to the consumption of vitamin D, aiming at reducing falls and inNUTRIÇÃO EM PAUTA

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creasing the diameter of muscle fibers type II. In some cases, specific nutritional supplements can be used. The nutritional assistance of elderly people with sarcopenic obesity, therefore, is based on a change in lifestyle with the practice of physical exercises, ponderal control and adequate consumption of proteins, leucine and vitamin D. Further studies on the subject should be conducted to analyze the factors that may interfere in the diagnosis of sarcopenic obesity, especially in the elderly, and to establish the standardization of nutritional criteria based on scientific evidence.

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Introdução

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Em nações desenvolvidas considera-se idoso o indivíduo com 65 ou mais anos de vida e nas em desenvolvimento, como o Brasil, a partir dos 60 anos (OPAS/ OMS, 2018). O envelhecimento é um fenômeno populacional mundial que cresce de forma vertiginosa. A dinâmica desse crescimento, denominada transição demográfica, se instituiu pela ocorrência de queda das taxas de fecundidade, mortalidade infantil, bem como pelos avanços em conhecimentos e tecnologias na área da saúde visando a prevenção e tratamento de doenças. Devido ao aumento da expectativa de vida e diminuição da fertilidade, portanto, a proporção de pessoas acima de 60 anos está aumentando mais rapidamente do que qualquer outra faixa etária no Brasil e em quase todos os países. Assim, o envelhecimento da população pode ser considerado um sucesso das políticas públicas de saúde e do desenvolvimento socioeconômico, mas por outro lado, se tornou um grande desafio para a sociedade, que deve se adaptar a essa realidade, a fim de maximizar também a saúde e a capacidade funcional dos idosos, bem como sua participação social e sua segurança (OPAS/OMS, 2018). Estima-se que o número de idosos no mundo supere 1 bilhão de pessoas, com previsão de que, até o ano de 2050, essa população representará cerca de dois bilhões, sendo que a maior proporção deles residirá nos países em desenvolvimento. (ONU, 2019). Em 2018, no Brasil, os idosos representavam 13% da população total do país, totalizando mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária (IBGE, 2019). Atualmente, a expectativa de vida no mundo é de aproximadamente 65 anos para ambos os sexos (ONU,

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2019), sendo que no Brasil corresponde a 76 anos (IBGE, 2019). O envelhecimento, segundo a Organização Pan-americana da Saúde, é definido como um processo sequencial, irreversível, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e aumente sua possibilidade de morte (OPAS, 2020). O envelhecimento, portanto, apesar de ser um processo natural, confere aos indivíduos maior vulnerabilidade. Assim, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são mais ocorrentes nessa população, sendo associadas à diminuição da capacidade funcional e cognitiva e incidência de desvios nutricionais (desnutrição e obesidade), decorrentes do próprio envelhecimento (OMS, 2020). Dentre os desvios nutricionais, esse estudo destaca a obesidade, que se caracteriza pelo aumento de tecido adiposo, o qual tem intensa relação com o desenvolvimento das DCNT, comumente observadas em idosos. Além disso, as estimativas de prevalência de obesidade, segundo o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), aumentaram de 15 para 18% de 2010 a 2014, em ambos os sexos. No sexo masculino sua prevalência aumentou de 9,3% (POF 2002-2003) para 12,7% (POF 2008-2009 e dentre as mulheres passou de 14% para 17,5% (FERREIRA; SZWARCWALD; DAMACENA, 2019). Além dos desvios nutricionais, outra expressiva alteração fisiológica muito ocorrente dentre os idosos é a sarcopenia, cuja alta prevalência tem sido observada numa proporção idade-dependente, uma vez que a partir dos 60 anos de idade essa síndrome e suas complicações começam a se manifestar (DIZ et al., 2015). Em 2018, o European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) atualizou a definição de sarcopenia baseada em evidências acumuladas, passando a ser considerada uma doença muscular (insuficiência muscular esquelética), na qual a baixa força muscular é o determinante principal para disparar o gatilho da investigação diagnóstica, ultrapassando a baixa massa muscular. Considera-se que essa nova definição facilitará a identificação imediata da sarcopenia na prática assistencial (BRASPEN, 2019). A confluência da sarcopenia com o aumento de tecido adiposo corporal é definida como obesidade sarcopênica (ROCHA, 2015). A obesidade sarcopênica apresenta consequênNUTRIÇÃO EM PAUTA


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cias ainda mais negativas em idosos, gerando maior fragilidade, dificuldades na mobilidade, risco aumentado de quedas e mortalidade. Dessa forma, a obesidade sarcopênica é considerada mais prejudicial do que a obesidade ou a sarcopenia se comparadas isoladamente (SILVA NETO et al., 2019). Tendo em vista a importância do conhecimento sobre obesidade sarcopênica em idosos, o presente estudo visa explorar as relevantes evidências científicas encontradas sobre o tema, com intuito de nortear a melhor conduta nutricional a ser tomada na assistência desses indivíduos.

. . . .......... Me to dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Este estudo se caracteriza como uma revisão bibliográfica narrativa (ROTTHER, 2007), cujo rastreamento literário ocorreu no período de maio a julho de 2020. Para seu desenvolvimento, se consultaram as bases de dados (Scielo, Lilacs e Biblioteca Virtual em Saúde) e fontes primárias, que abordavam a temática pesquisada. Para tanto, se utilizou a lógica booleana com o conector and e os seguintes descritores de saúde: Obesidade, Sarcopenia, Idoso, Envelhecimento. Utilizou-se como critério de inclusão as publicações divulgadas entre os anos de 2015 e 2020, nos idiomas inglês, espanhol e português. Inicialmente foram rastreados 39 artigos, os quais foram lidos na íntegra, sendo excluídos 22, por não atenderem aos objetivos do estudo. Assim, resultaram 17 artigos os quais foram utilizados para a elaboração desse estudo, sendo 10 nacionais e 7 internacionais.

. . . ............ R esu lt a do s . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . Obesidade e Sarcopenia Obesidade é o resultado do aumento de peso pelo excesso da gordura corporal. Ela é uma doença complexa, multifatorial e decorrente de diversos fatores como: interação de genes, fatores ambientais, psicossociais e estilo de vida. Ela vem crescendo gradativamente e afeta todas as idades e grupos sociais, gerando consequências graves não só na saúde, mas também sociais e psicológicas. Dessa forma, atualmente é considerada um importante probleMAIO 2022

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ma de saúde pública (OMS, 2020). Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos no mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 Kg/m². No Brasil, essa doença aumentou 67,8% nos últimos treze anos, passando de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018 (ABESO, 2020). A grande incidência da obesidade em países em desenvolvimento está fortemente associada aos processos relacionados à urbanização; transição nutricional com consumo elevado de produtos ultraprocessados e baixo nível de atividade física (SILVA, et al., 2019). Além dos itens citados acima, o processo de envelhecimento também propicia o aumento de massa gordurosa por conta das mudanças no padrão de distribuição corporal, as quais tendem a se localizar mais na região central do abdômen, sendo definida como gordura visceral. Estima-se que ocorra aumento de gordura de 2 a 5% por década após os 40 anos, podendo representar de 20 a 30% da gordura corporal total. Classicamente, no sexo feminino, a deposição de tecido adiposo é visceral e nas nádegas e coxas e nos homens mais na região abdominal. Além disso, no envelhecimento ocorre mais infiltração de tecido gorduroso no fígado e nos músculos, correlacionando-se com resistência insulínica, esteatose hepática, intolerância à glicose e obesidade sarcopênica (ROCHA, 2015). A sarcopenia, por sua vez, é caracterizada como perda generalizada e progressiva de massa muscular esquelética e força sendo definida, portanto, como uma desordem progressiva e generalizada da musculatura esquelética. Ela está associada a deficiência física e má qualidade de vida, gerando um risco aumentado de quedas, fraturas, incapacidade física e mortalidade. A quantidade reduzida de massa muscular em idosos contribui para o declínio de sobrevivência também por conta dos quadros de infecções (SANTOS et al., 2017). A fisiopatologia da sarcopenia envolve: redução de neurônios motores e das secreções hormonais (testosterona e deidroepiandrosterona - DHEA), desnutrição e atrofia causada pela falta de atividades mecânicas, tornando as fibras musculares de contração rápida mais susceptíveis (PAULA et al., 2016). Existem diversos fatores etiológicos envolvidos na sarcopenia, entre eles a diminuição de estímulo anabólico e aumento de estímulos catabólicos musculares, devido, principalmente, à elevação de citocinas pró-inflamatórias. Os fatores anabólicos são físicos (tensão, contração) e químicos, envolvendo hormônios (insulina, tesNUTRIÇÃO EM PAUTA

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tosterona, GH (hormônio de crescimento), IGF-1(fator de crescimento insulina símile) e nutrientes. Já os fatores catabólicos incluem a denervação, desuso muscular, estresse oxidativo, citocinas pró-inflamatórias, acidose, resistência insulínica e hormônios glicocorticóides. Considera-se que o desuso e/ou estresse oxidativo sejam os maiores determinantes da rabdomiólise, enquanto exercícios de força, hormônios e nutrientes anabolizantes protéicos sejam os principais promotores do ganho muscular (PAULA et al., 2016; SANTOS et al., 2017). Atualmente a sarcopenia é considerada uma doença muscular identificada com código de diagnóstico (CID-10M62.84), podendo ser utilizado para a promoção da assistência em alguns países, como o Brasil (TOLEDO; HORIE, 2019). Dessa forma, destaca-se a importância da preservação da massa muscular também em obesos, pois ela atuará como reserva nutricional diminuindo, assim, os riscos e a mortalidade em idosos (PAULA et al., 2016). A perda de massa muscular está associada ao estado nutricional (EN) do indivíduo, que é influenciado pelo consumo e utilização de nutrientes. (PAULA et al., 2016). Dessa forma, um dos fatores considerados preventivos e intervencionistas do problema é a adequação alimentar, com especial atenção ao consumo de proteínas de alto valor biológico e a alguns aminoácidos em especial (SANTOS et al., 2017). Obesidade Sarcopênica Com o envelhecimento, as mudanças na composição corporal inerentes a esse processo natural incluem: redução de massa muscular e aumento de tecido adiposo. Quando a sarcopenia cursa concomitantemente à obesidade, temos uma condição denominada de obesidade sarcopênica (SANTOS et al., 2017). A obesidade sarcopênica tem sido caracterizada pela resistência à insulina e processo inflamatório, tendo sido o adipócito implicado na manutenção desse processo. (SANTOS et al., 2017). De acordo com o Consenso Europeu de Sarcopenia, divulgado em 2010, a sarcopenia pode se manifestar clinicamente também por meio de peso e massa corporal normal ou IMC (Índice de Massa Corporal) dentro da faixa de eutrofia; bem como com a medida da circunferência da cintura dentro dos valores de normalidade, mas a massa muscular sempre estará baixa e a massa gorda alta na obesidade sarcopênica. (ROSSONI, 2017).

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Métodos para Detecção da Obesidade Sarcopê-

Segundo Batsis e Villareal (2018), até o momento não se sabe se alguma ferramenta proposta para a triagem da sarcopenia é superior às outras, porque não foi realizado um estudo comparativo para avaliar esses diferentes instrumentos. Avalia-se o teste de triagem pela sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN). Como regra geral, um teste de triagem de “exclusão” é aquele que possui alta sensibilidade e alto VPN, enquanto um teste de triagem de “regra geral” teria alta especificidade e alto VPP. Dessa forma, os métodos atuais de triagem são principalmente testes de “exclusão”, uma vez que identificam aqueles que não correm risco de sarcopenia na comunidade. (BATSIS; VILLAREAL, 2018). De acordo com o Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Idosos (EWGSOP) datado de 2018, esta doença é uma síndrome geriátrica e para seu diagnóstico recomenda-se embasamento na confirmação de baixa quantidade de massa muscular esquelética, somada a uma das seguintes opções: baixa força muscular ou baixo desempenho funcional. Um instrumento para a avaliação do risco para sarcopenia foi descrito pela primeira vez em 2013, sendo denominado SARC-F. Esse questionário é constituído por cinco perguntas objetivas, conforme descrito na figura I. (MALMSTROM; MORLEY, 2013). O questionário SARC-F foi definido para triar o risco de sarcopenia, pois avalia: força muscular, necessidade da assistência para caminhar, capacidade de levantar-se de uma cadeira, subir escadas e a frequência de quedas. A pontuação dada a cada item é de 0 a 2 pontos, podendo chegar à soma de 0 a 10 pontos. Pacientes que apresentem um resultado maior ou igual a 4 são classificados em risco para sarcopenia. O EWGSOP2 de 2018 recomenda o uso do questionário SARC-F como forma de triar pacientes com sinais característicos de sarcopenia, descrevendo que ele pode ser usado tanto na comunidade como em ambientes hospitalares devido seu baixo custo e ampla aplicabilidade. O SARC-F apresenta de baixa a moderada sensibilidade e alta especificidade para prever baixa força muscular.

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Figura I-Questionário SARC-F, versão original (Malmstrom; Morley, 2013).

A figura II apresenta o Algoritmo para identificar a sarcopenia descrito por CRUZ-JENTOFT et al.,2018

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Como visto no algoritmo acima, para triagem e diagnóstico de sarcopenia, recomenda-se seguir o caminho: Find cases-Assess-Confirm-Severity (avaliar-confirmar a gravidade): Find cases (encontrando casos): Identificar indivíduos com risco de sarcopenia (uso do questionário SARC-F ou suspeita clínica para encontrar sintomas associados à sarcopenia); Assess (Avaliar): Avaliar a evidência de sarcopenia (recomenda o uso de força de preensão ou o Teste de levantar da cadeira com pontos de corte específicos para cada teste); Confirm (Confirmar): Para confirmar a sarcopenia por detecção de baixa quantidade e qualidade muscular, aconselha-se aplicar-se DXA (Densitometria óssea) e BIA (bioimpedância elétrica) na prática clínica e DXA (Densitometria óssea), BIA (Bioimpedância elétrica), TC (Tomografia computadorizada) ou RM (Ressonância magnética) em estudos de pesquisa; Severity (Determinar a gravidade): Pode ser avaliada por medidas de desempenho; Velocidade de marcha, SPPB (Short Physical Performance Battery), TUG (teste

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Get-up-and-go) e teste de caminhada de 400 m (CRUZ-JENTOFT et al.,2018). A Força de Preensão Palmar (FPP) para a avaliação do desempenho funcional é avaliada em quilograma (kg), por meio do uso de um dinamômetro. Para tanto, o indivíduo deve estar sentado e sem apoio de braço, com os ombros aduzidos e em rotação neutra, com o cotovelo flexionado a 90°, antebraço em posição neutra e punho variando de 0 a 30º de extensão, conforme recomendação da American Society of Hand Therapists (ASHT, 1992). Recomenda-se também que sejam coletadas três medidas de ambos os braços num intervalo de descanso de um minuto entre elas, utilizando-se o maior valor obtido. Para o teste da velocidade da marcha o participante deve caminhar por uma distância de 10 metros em linha reta, sendo o tempo utilizado para completar o percurso dividido pela distância, para se obter a medida da velocidade da marcha (m/s). É solicitado que o participante caminhe em seu passo normal, mesmo utilizando auxílios para a marcha. Esse teste é realizado três vezes e excluídos os primeiros e últimos três metros para permitir a aceleração e desaceleração do idoso. Uma velocidade inferior a 0,8 m/s é considerada como risco para sarcopenia. (PAULA et al., 2016). O teste Get-up-and-go (TUG) é uma avalia-

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ção cronometrada sobre o tempo que uma pessoa leva para levantar de uma cadeira, caminhar uma distância de 3 metros, retornar usando o mesmo percurso e sentar novamente. A pontuação é dada pelo tempo que durou o teste, sendo que resultados com tempo menor ou igual 10 segundos representam bom equilíbrio e mobilidade e tempo maior que 10 segundos é insatisfatório (ANJOS et al., 2018). Embora os testes 8-Foot Up-and-Go (8UG) que se trata de levantar, ir e voltar, sendo utilizado para analisar velocidade; e o Get-up-and-go TUG, sejam indicados para avaliar o desempenho funcional e tenham sensibilidade e especificidade semelhantes para adultos mais velhos, com e sem comprometimento cognitivo, o tempo de corte para o TUG na identificação do risco de queda é questionado. Por esta razão, o 8UG que possui um tempo de corte menor é o mais recomendado como medida de resultado apropriada para idosos (ROLENZ; RENEKER, 2016). Considerando o conceito original de sarcopenia como perda de massa muscular, a metodologia de diagnóstico incialmente consiste em quantificar a massa muscular esquelética do indivíduo, podendo ser mensurada por diversos métodos como: ressonância nuclear magnética, tomografia computadorizada, bioimpedância

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(BIA), ultrassonografia, densitometria óssea corporal total e medidas antropométricas. (TEIXEIRA; FILIPPIN; XAVIER, 2012; BATSIS; VILLAREAL, 2018). Dentre os métodos citados, são considerados padrão para a estimativa da Massa Muscular Esquelética (MME) a Dual X-ray Absorptiometry (DEXA), a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. No entanto, possuem elevados custos financeiros fazendo como que, na maioria das vezes, se tornem inacessíveis para estudos populacionais (RECH et al., 2011). Diniz et al., em 2019, descreveram vários estudos com diferentes métodos para o diagnóstico da obesidade sarcopênica (OS). Um deles avaliou os parâmetros de composição corporal através da Densitometria por dupla emissão de raio-X (DEXA), da Impedância Bio-elétrica (BIA) e do Índice de Massa Corporal (IMC), concluindo que a obesidade Sarcopênica (OS) pode ser definida utilizando-se Massa Muscular Apendicular (MMA) ajustada para IMC pela razão MMA/IMC, com os seguintes pontos de corte: homens < 0.789 kg/m² e mulheres < 0.512 kg/m/², associada a porcentagem de gordura corporal (homens >25% e mulheres >35%). Contudo, infelizmente, ainda não existe um consenso sobre métodos e pontos de corte ideais para o diagnóstico da obesidade sarcopênica havendo, portanto, um interesse crescente em encontrar

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Estratégias Nutricionais para o Tratamento da Obesidade Sarcopênica em Idosos: Revisão da Literatura

biomarcadores úteis para sua detecção e monitoramento (BATSIS; VILLAREAL, 2018). Tratamento da obesidade sarcopênica Tanto o exercício físico quanto a nutrição e os tratamentos farmacológicos têm sido propostos como mecanismos de prevenção e tratamento da sarcopenia e da obesidade sarcopênica. No entanto, até o momento, os procedimentos farmacológicos não demonstraram ser eficazes na prevenção da sarcopenia em humanos. Em contrapartida, medidas preventivas consistentes se embasam na prática regular de exercícios físicos e de uma dieta saudável ao longo da vida, pois parecem ser o único meio de desacelerar e aliviar a deterioração muscular e funcional que a sarcopenia acarreta (SANTOS et al., 2017). A prática de exercícios para o ganho de massa muscular e exercícios aeróbicos para melhorar a eficiência metabólica muscular deve ser orientada pelo fisioterapeuta, tanto na prevenção como no tratamento de quadros de obesidade sarcopênica, devendo sempre estar associada à terapêutica nutricional. Dessa forma, a adequada assistência nutricional constitui a base do tratamento do indivíduo com obesidade sarcopênica. (SANTOS et al., 2017). O tratamento nutricional da sarcopenia envolve a adequação do valor calórico à necessidade do indivíduo, associada à uma quantidade apropriada de proteínas de alto valor biológico e com atenção especial a alguns aminoácidos. (BATSIS; VILLAREAL, 2018). Aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) são componentes essenciais na dieta humana e no caso da sarcopenia se tornam fundamentais, tendo em vista que isoleucina, leucina e valina, representam 35% de aminoácidos essenciais em proteínas musculares, atuam na manutenção da proteína corporal como fonte de nitrogênio e apresentam potenciais efeitos terapêuticos, atenuando a perda de massa magra durante a redução de massa corporal, além de melhorar o balanço proteico muscular em idosos (PEZOLATO, 2014). A leucina apresenta uma taxa de oxidação superior no tecido muscular em comparação com a isoleucina e a valina, estimulando o processo de anabolismo (PEZOLATO, 2014). Assim, há evidências de que a leucina desempenha um papel importante no auxílio do controle da sarcopenia e recuperação muscular, independentemente da prática de exercícios físicos. Estudos com músculo esquelético perfundido observaram que o fornecimento de leucina isoladamente estimula a síntese proteica muscular mais efetivamente que os três BCAA (Branched Chain

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Amino Acids), ou seja, Aminoácidos de Cadeia Ramificada recomendando-se, portanto, 3 g/dia de leucina (ASSUMPÇÃO et al., 2018). As carnes possuem uma relevante importância na alimentação, justamente por serem fonte de proteínas de alto valor biológico, fornecendo também lipídios. Sua ingestão fornece os nove aminoácidos essenciais, sendo eles: fenilalanina, valina, treonina, metionina, leucina, isoleucina, lisina e histidina, em proporções aproximadas às necessidades humanas (BRIDI, 2017). Segundo Fuller et al. (2015), pesquisas mostram a eficácia da suplementação de HMB-AL (beta- hidroxi-beta-metilbutirato) na potencialização de ganhos de força e massa muscular induzidos pelo treinamento. Uma das possíveis explicações para esses resultados é o tipo de complementação utilizado, sendo que estudos de cinética de absorção e biodisponibilidade demonstraram que o HMB-AL é mais biodisponível do que na forma de sal de cálcio, mesmo quando administrados em conjunto com água (FULLER et al.,2015). A complementação auxilia na diminuição da gordura corporal e aumenta a massa muscular e força em populações envelhecidas. A dose mais segura e eficaz para complementar e obter o máximo benefício é de 3 gramas de HMB no dia (PUERTAS, 2015). Alguns complementos alimentares como, por exemplo o Whey Protein ou diretamente o BCAA (Aminoácidos de Cadeia Ramificada), encontrados em forma de pó, tablete, cápsulas e líquido, também são indicados na sarcopenia. Contudo, a utilização de complementos é recomendada em casos em que não é possível se obter um consumo proteico adequado somente através das refeições. (ASSUMPÇÃO et al., 2018). O Whey Protein é de rápida absorção e contém os aminoácidos essenciais que estimulam a síntese de proteína muscular. Há evidências de que uma dose de 35g, resulte em uma melhor absorção dos aminoácidos e num maior incremento da síntese de proteína muscular, quando comparada com doses inferiores (CUNHA, 2017). A vitamina D é reconhecida como outra estratégia potencial de intervenção para a sarcopenia. Os idosos, em particular, têm risco aumentado de desenvolver carência em vitamina D (concentrações séricas inferiores a 25nmol/ L) (SANTOS et al., 2017). A maior fonte de Vitamina D é a exposição solar e as fontes alimentares apresentam variações na concentração dessa vitamina de acordo com as estações do ano e com a forma do cativeiro (SANTOS et al., 2017). Em se tratando da obtenção via dieta, Lichtenstein et al. (2013) destacaram como fontes NUTRIÇÃO EM PAUTA


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naturais mais ricas em vitamina D3: os óleos de fígado e de peixe, além de partes comestíveis de peixes com valores elevados de gordura (sardinha e atum), fígado de mamíferos, ovos e produtos lácteos. Alguns estudos observaram que: a oferta diária de 1000 UI de vitamina D aumenta o diâmetro das fibras musculares do tipo II, presumindo-se que o receptor de vitamina D influencie o transporte de cálcio no sarcoplasma, ocasionando aumento na eficiência de contrações musculares dessas fibras, que são as primeiras a serem recrutadas em situações perigosas como o risco de quedas; e que uma dose superior a 25 μg / L de vitamina D se associa a melhora no desempenho do tecido muscular e desempenho físico e até que doses superiores a 38 μg / L em pessoas mais velhas, alcançam melhorias no desempenho muscular. Observou-se também que o consumo diário de 800 UI de vitamina D por 3 meses é capaz de reduzir o risco de quedas em 49% (FUENTES-BARRÍA, 2018). Já para o tratamento da obesidade é fato que o balanço energético negativo ocasionado por uma redução na ingestão de calorias resulta na diminuição da massa corporal, porém há muita complexidade sobre esse problema, que é multifatorial. O tratamento será mais bem sucedido se aliado a um programa de modificação comportamental, pois dietas restritivas, artificiais e rígidas não são sustentáveis a longo prazo, embora possam ser usadas por um período de tempo (ABESO, 2016). Dessa forma, se recomenda uma dieta balanceada e calculada para promover um déficit de 500 a 1.000Kcal/dia, visando uma redução de 0,5 a 1,0Kg por semana, mantendo um mínimo de 1.000 a 1.200 Kcal por dia para mulheres e 1.200 a 1.400 Kcal por dia para homens. A recomendação para a distribuição dos macronutrientes é: gorduras entre 20 e 30% do valor calórico total; 55 a 60% de carboidratos e 15 a 20% de proteína (HAACK, et al., 2019). De acordo com a Recommended Dietary Allowance (RDA), a ingestão proteica para idosos deve ser de 0,8 g/kg/dia. Porém, verifica-se que mesmo diante desta quantidade de proteína, a massa muscular esquelética se mantém reduzida nesses indivíduos, assim como a excreção urinária de nitrogênio, observando quadro de resistência ao anabolismo (SANTOS et al., 2017). Assim, sugere-se que nos casos de obesidade sarcopênica seja utilizada dieta hiperprotéica, considerada acima de 1,0g de proteína por Kg de peso e se monitore a composição corporal para avaliação da massa muscular (HAACK et al., 2019). Já segundo Assumpção et al. (2018), a dose de ingestão de proteínas é de até 1,6 g/kg/dia para o tratamento da sarcopenia, sendo preferencialmente de origem MAIO 2022

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animal, representando cerca de 75% de Proteínas de Alto Valor Biológico, cujas principais fontes alimentares são as carnes.

. . . . . . . . . . C ons i d e r a ç õ e s F i nais . . . . . .......

O envelhecimento, processo fisiológico natural, confere aos indivíduos maior vulnerabilidade, com diminuição da capacidade funcional e cognitiva e incidência de desvios nutricionais que podem levar à desnutrição e obesidade, sendo a obesidade sarcopênica bastante incidente nessa população. A obesidade sarcopênica se refere a pessoas que simultaneamente apresentam excesso de gordura corporal e perda significativa de massa e força muscular esquelética. É um estado inflamatório onde os adipócitos secretam ativamente leptina e citocinas, que estimulam o catabolismo muscular e, assim, ativam um ciclo vicioso que leva à sarcopenia acelerada e ganho de peso. A alta prevalência da obesidade sarcopênica e suas consequências, especialmente em idosos, a torna um importante problema de saúde pública, sendo necessárias estratégias para prevenir este fenótipo da composição corporal. Assim, implantação de diretrizes intersetoriais visando incentivar a prática de atividade física, promoção da alimentação saudável e acompanhamento nutricional é de suma importância para atender as necessidades nutricionais específicas para cada indivíduo, favorecendo a perda de peso saudável e o reganho da massa magra. A assistência nutricional dessa população envolve a adequação do valor calórico à necessidade de cada indivíduo, associada à uma quantidade, qualidade e distribuição apropriada de proteínas de alto valor biológico ao longo do dia, com atenção especial aos aminoácidos essenciais, especialmente leucina em uma quantidade de 3 gramas/dia. Indica-se também o consumo de vitamina D de 800 UI por 3 meses, visando-se a redução das quedas e de 1000 UI para aumentar o diâmetro das fibras musculares do tipo II. Evidenciou-se a necessidade de mais estudos serem realizados sobre o tema, bem como sobre a análise de fatores que podem vir a interferir no diagnóstico de sarcopenia, especialmente quando se trata de idosos obesos sarcopênicos.

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Estratégias Nutricionais para o Tratamento da Obesidade Sarcopênica em Idosos: Revisão da Literatura

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores

Dra. Ana Paula Costa Santos - Nutricionista clínica. Pós-graduanda em Nutrição Clínica, Centro Universitário São Camilo- São Paulo. Dra. Silvania Gomes de Carvalho dos Santos Nutricionista clínica. Pós-graduanda em Nutrição clínica, Centro Universitário São Camilo- São Paulo. Profa. Dra. Vera Silvia Frangella - Docente do curso de graduação em Nutrição. Coordenadora do curso de Pós Graduação em Nutrição Clínica, Centro Universitário São Camilo-São Paulo.

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Obesidade. Sarcopenia. Idoso. Envelhecimento. KEYWORDS: Obesity. Sarcopenia. Elderly. Aging.

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . RECEBIDO: 20/11/21 – APROVADO: 29/4/22

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . REFERÊNCIAS

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Dash Diet and Control of Arterial Hypertension: A Literature Review

Dieta Dash e Controle da Hipertensão Arterial: Uma Revisão de Literatura RESUMO: A hipertensão arterial é condição patológica que apresenta elevada prevalência e taxas de controle reduzidas. Abordagens dietéticas tem assumido grande importância entre as opções de tratamentos não farmacológicos para controle da doença e, a dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension) tem se mostrado uma alternativa promissora nesta terapêutica. O objetivo do trabalho foi estudar os efeitos da adesão à dieta DASH no tratamento da hipertensão arterial. Realizou-se uma revisão integrativa a partir da seguinte pergunta norteadora: Qual o efeito da adesão à dieta DASH no tratamento da hipertensão arterial? A pesquisa foi conduzida nas bases de dados LILACS, Web of Science, Scopus e PubMed, utilizando para a busca os descritores: epidemiology, hypertension, DASH diet, patient compliance e public health. Hábitos alimentares caracterizados pelo elevado consumo de alimentos refinados, ricos em gordura saturada, sal e baixo teor de frutas e hortaliças, eleva o risco para o surgimento da hipertensão. Logo para o adequado controle da doença, é necessário a adesão à uma abordagem dietética que interrompa a elevação dos níveis pressóricos, como o controle dos seus fatores de risco, como os dietéticos. Assim a dieta DASH constitui-se em como prática de autocuidado e da promoção dessa intervenção de forma precoce, além da necessidade do apoio ao não abandono das recomendações dietéticas.

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ABSTRACT: Arterial hypertension is a pathological condition that has a high prevalence and reduced control rates. Dietary approaches have assumed great importance among non-pharmacological treatment options to control the disease and the DASH diet (Dietary Approach to Stop Hypertension) has shown to be a promising alternative in this therapy. The objective of this work was to study the effects of adherence to the DASH diet in the treatment of arterial hypertension. An integrative review was carried out based on the following guiding question: What is the effect of adherence to the DASH diet in the treatment of arterial hypertension? The research was conducted in the LILACS, Web of Science, Scopus and PubMed databases, using the following descriptors: epidemiology, hypertension, DASH diet, patient compliance and public health. Eating habits characterized by high consumption of refined foods, rich in saturated fat, salt and low in fruits and vegetables, increase the risk for the onset of hypertension. Therefore, for the adequate control of the disease, it is necessary to adhere to a dietary approach that interrupts the increase in blood pressure levels, such as the control of its risk factors, such as dietary ones. Thus, the DASH diet is constituted as a practice of self-care and the promotion of this intervention in an early way, in addition to the need to support the non-abandonment of dietary recommendations. NUTRIÇÃO EM PAUTA


Dieta Dash e Controle da Hipertensão Arterial: Uma Revisão de Literatura

. . . .............. Int ro du ç ã o

. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . . .......

As doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por cerca de 63% das causas de morte da população global, das quais destaca-se a hipertensão arterial (HÁ), condição patológica que afeta o sistema circulatório de forma mais predominante. Além disso, a HA está ocasionalmente relacionada com o desenvolvimento de distúrbios metabólicos, elevando o risco de desenvolvimento de outras patologias, como as doenças cardiovasculares fatais ou não fatais. Com isso, aumenta-se a utilização do sistema de saúde e dos gastos associados, gerando impacto na economia mundial (MALTA et al., 2017). Esse grupo de doenças apresenta caráter multifatorial e de longa duração, além de estar ligado ao desenvolvimento de graves complicações. Assim, as orientações aos pacientes incluem mudanças no estilo de vida, prática regular de atividade física, exclusão do uso de tabaco e álcool e controle do peso corporal. Ademais, o cuidado às doenças crônicas não transmissíveis está intimamente relacionado à aderência de hábitos alimentares saudáveis através de alterações relacionadas ao consumo e prática alimentar, incluindo a diminuição do consumo de sódio, açúcares e gorduras saturadas (CEMBRANEL et al., 2017). No referente às opções de tratamentos não farmacológicos para o controle da HA, as modificações dietéticas, como as propostas pela dieta DASH- Dietary Approaches to Stop Hypertension, que significa Métodos para Combater a Hipertensão, podem promover melhoria quanto à condição de saúde dos pacientes hipertensos, uma vez que está correlacionada ao controle dos níveis pressóricos e à diminuição da hipertensão arterial. A dieta DASH é rica em determinados alimentos que conferem efeitos sinérgicos por meio dos nutrientes disponíveis em sua composição, como fibra alimentar, cálcio, potássio e magnésio, configurando uma melhora no quadro da doença (SONG; KIM; KIM, 2018). Assim, com o reconhecimento da dieta DASH como uma alternativa de tratamento não medicamentoso da HA, patologia caracterizada como problema de saúde pública que afeta a qualidade de vida da população portadora, o presente estudo teve como objetivo estudar os efeitos da adesão à dieta DASH no tratamento da hipertensão arterial.

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saúde pública

O estudo consiste em uma revisão integrativa, abordagem metodológica que permite a determinação do conhecimento atual a partir de uma temática específica e proporciona a inserção da assistência embasada em evidências científicas na prática, promovendo o impacto da pesquisa no âmbito profissional. Assim, as fases que fazem parte do processo da elaboração da revisão integrativa foram: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos e discussão dos resultados (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010). questão norteadora elaborada para esta revisão foi: “Qual o efeito da adesão à dieta DASH no tratamento da hipertensão arterial?”. A partir disso, foram identificados os seguintes descritores por meio da plataforma DeCS (Descritores em Ciências da Saúde): epidemiology, hypertension, DASH diet, patient compliance e public health, os quais foram correlacionados através da utilização do “AND”, caracterizado como um descritor booleano. A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados LILACS, Web of Science, Scopus e PubMed. Foram incluídos na pesquisa artigos originais, nas línguas inglesa, portuguesa e espanhola, publicados no período de 2016 a 2021, disponibilizados na íntegra e que abordassem a temática em questão e, foram excluídos artigos que atendessem os supracitados critérios de inclusão e os que estivessem em duplicidade nas bases de dados pesquisadas.

. . . . . . . . . . . . . . . . . R e su lt a d o s . . . . . . . . . . . . . .......

Com a busca realizada, incialmente foram encontrados 309 artigos, sendo que o maior número de trabalhos encontrados se refere aos termos “Epidemiology and Hypertension and DASH diet”, totalizando 113 estudos. É possível observar, que ao fazer o refinamento da busca científica, utilizando a associação das palavras-chave: epidemiology, hypertension, DASH diet, patient compliance e public health, um total de apenas 2 artigos foram verificados na PubMed. Além disso, foram obtidos os seguintes números de trabalhos nas bases de dados consecutivas: 5 na LILACS, 57 na Web of Science, 170 na Scopus e 77 na NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Dash Diet and Control of Arterial Hypertension: A Literature Review

PubMed. Inicialmente, 309 artigos foram identificados nas bases de dados pesquisadas, obtendo-se um número de 32 estudos posteriormente à aplicação dos critérios de inclusão e de exclusão, dos quais foram selecionados 7 artigos ao final do processo, sendo estes submetidos à leitura completa (Figura 1).

. . . ............. D is c uss ã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Caracterizada como a doença crônica mais comum na população global, afetando mais de 1 bilhão de pessoas e, estima-se que até 2025 a prevalência da HA aumente em torno de 15 a 20% (CHERFAN et al., 2019). Em 2000, cerca de 973 milhões de adultos eram hipertensos, dos quais dois terços faziam parte dos países desenvolvidos. Ademais, a HA é o principal fator determinante relacionado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, que ocasionam a ampliação das taxas de morbidade e mortalidade em indivíduos nestes países (KUCHARSKA et al., 2018). Dois a cada cinco adultos apresentam níveis pres-

sóricos elevados e mais da metade das mortes por doenças cardiovasculares em pessoas hipertensas associam-se às complicações dessa enfermidade. A HA está associada à ocorrência por ano de mais de 10 milhões de mortes e, também pode aumentar o risco para o surgimento de outras patologias, como insuficiência renal e acidente vascular cerebral (CHACKO; JEEMON, 2020). Embora os modos pelos quais a hipertensão primária se desenvolve não sejam totalmente entendidos, estão associados a uma combinação de fatores, como predisposição genética e aspectos ambientais e, o aumento do número de casos existentes da doença em todo o mundo tem correlação com envelhecimento populacional, além de fatores de risco comportamentais, relacionados aos hábitos de vida da população (CHERFAN et al., 2019). Além disso, a HA também pode ocorrer em razão secundária à presença de outras doenças no organismo, como distúrbios endócrinos, estenose da artéria renal ou feocromocitoma (MAHDAVI et al., 2017). O risco para o surgimento de HA pode ser alterado com modificações no modo de vida das pessoas. Então, mudanças no estilo de vida estão entre recomendações incluídas tanto para a prevenção quanto para o controle da doença. Dentre os fatores de risco modificáveis está o

Figura 1: Fluxograma do processo da busca dos artigos. Picos, Piauí, Brasil, 2021.

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Dieta Dash e Controle da Hipertensão Arterial: Uma Revisão de Literatura

saúde pública

Quadro 1: Informações dos artigos quanto ao autor/ano, objetivos, principais resultados e conclusões. Picos, Piauí, Brasil, 2021. Autor/ano Objetivos

Principais resultados

Conclusões

Jurachek et Comparar os efeial. (2017) tos de sódio baixo e alto, dieta DASH e dieta controle e ambos (baixo sódio-DASH e alto sódio-controle) na pressão arterial sistólica pela pressão arterial basal.

Na dieta controle, a redução do sódio foi associada às médias de pressão arterial sistólica de -3,20, -8,56, -8,99 e -7,04 mmHg entre a respectiva pressão arterial sistólica basal (<130, 130 a 139, 140 a 149, e ≥150 mm Hg). No alto teor de sódio, consumir a DASH em comparação com a dieta controle as médias de pressão arterial sistólica de -4,5, -4,3, -4,7 e -10,6 mmHg, respectivamente. Ao combinar os efeitos da dieta com baixo teor de sódio-DASH e a dieta com alto teor de sódio sobre a pressão arterial sistólica foram -5,3, -7,5, -9,7 e -20,8 mmHg, respectivamente. A análise fatorial exploratória extraiu 6 fatores interpretáveis com autovalor. Em ordem de importância eram barreiras sociais e ambientais, encontro social, conformidade com a dieta recomendada e preferência de outros membros da família, palatabilidade da dieta recomendada, estátuas emocionais e fatores psicológicos e custo. Mulheres no tercil mais alto do padrão de consumo de grãos inteiros e leguminosas pontuações importantes um menor risco de hipertensão incidente em comparação com aqueles no tercil inferior. Outros padrões dietéticos não foram associados com hipertensão em homens ou mulheres.

A combinação de ingestão reduzida de sódio e dieta DASH reduziu a pressão arterial sistólica em toda a faixa de hipertensão, com reduções progressivamente maiores em níveis mais elevados da pressão arterial sistólica basal.

Maddck et al. (2018)

Identificar barreiras percebidas para seguir recomendações dietéticas em pacientes hipertensos em Zanjan, Iran.

Song, Kim Identificar assoe Kim ciações de padrões (2018) dietéticos com o risco de hipertensão incidente em adultos coreanos e examinar diferenças de gênero nas associações. Cherfan et Avaliar a extenal. (2019) são quantitativa em que os fatores de estilo de vida modificáveis são determinantes da hipertensão para avaliar a magnitude do potencial da prevenção primária. MAIO 2022

Dos participantes com hipertensão, 8,2, 33,0, 44,3 e 14,5% exibiram 0, 1, 2 ou pelo menos 3 comportamentos não saudáveis, respectivamente. Em ambos os sexos, a prevalência de hipertensão aumentou com baixa/média adesão à dieta em comparação com alta, em sobrepeso/obesidade em comparação ao IMC normal, com consumo pesado de álcool em comparação com moderado ou nunca e com atividade física sedentária nível comparado a alto apenas em mulheres.

No aconselhamento nutricional, considerar as barreiras para seguir a dieta recomendada pode ser eficaz à adesão da dieta em pacientes hipertensos. Uma dieta rica em grãos inteiros e leguminosas é inversamente associada ao risco de hipertensão em mulheres coreanas, sugerindo uma diferença de gênero na associação entre dieta e hipertensão. O estilo de vida não saudável individual e combinado foram fortemente associados com maior chance de hipertensão.

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Dash Diet and Control of Arterial Hypertension: A Literature Review

Quadro 1: Informações dos artigos quanto ao autor/ano, objetivos, principais resultados e conclusões. Picos, Piauí, Brasil, 2021. Autor/ano Objetivos Chacko e Jeemon (2020)

Principais resultados

Avaliar as práticas de autocuidado com hipertensão e seu impacto na pressão arterial controle entre adultos com hipertensão em Kerala, Índia.

Mais da metade (54%) dos participantes eram aderentes a medicamentos anti-hipertensivos. No entanto, a taxa de adesão foi muito menor para a dieta DASH (12,8%), nível recomendado de atividade física (24%) e controle de peso (11,4%). Dentre as atividades de autocuidado, a adesão medicamentosa, dieta DASH e status de não fumante foram associadas ao controle da pressão arterial. Além disso, um bom apoio familiar para autocuidado foi associado ao melhor controle da pressão arterial. Kucharska Avaliar o impacto Nos indivíduos do grupo de intervenção com a dieta DASH foi observada uma diminuição et al. (2018) da intervenção nutricional indivi- significativa na massa corporal, pressão arterial dualizada com base sistólica e diastólica, teor de gordura corporal, na dieta DASH no glicemia de jejum, insulina e as concentrações estado nutricional, de leptina em comparação ao grupo controle. pressão arterial e parâmetros bioquímicos de pacientes obesos/ com sobrepeso com hipertensão arterial primária. consumo excessivo de álcool, o sedentarismo, sobrepeso ou obesidade e práticas dietéticas inadequadas, os quais aumentam as chances de desenvolver a HA (CHERFAN et al., 2019). Com relação aos fatores dietéticos, a dieta mostra-se como um fator diretamente associado ao desenvolvimento da hipertensão. Dessa forma, uma dieta rica em alimentos refinados, com alto teor de gordura e carnes vermelhas ou processadas, eleva o risco para o surgimento da doença (SONG; KIM; KIM, 2018). Assim, modificações no plano dietético das pessoas hipertensas são necessárias na grande maioria dos casos e devem fazer parte da terapia da HA, mesmo com a presença de intervenções farmacológicas, objetivando reduzir a morbidade e a mortalidade por consequência de desfechos cardiovasculares. Dentre essas modificações, a prescrição de uma dieta individualizada de acordo com os princípios utilizados na dieta DASH tem atuado como

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Conclusões O apoio familiar e a adesão às atividades de autocuidado estão associados ao controle da pressão arterial, gerando impacto significativo na saúde pública.

A intervenção dietética DASH oferece benefícios significativos para pacientes com sobrepeso/obesidade com hipertensão.

uma intervenção anti-hipertensiva eficaz, principalmente para pessoas com sobrepeso ou obesidade que apresentam pressão arterial acima do normal (KUCHARSKA et al., 2018). A criação da dieta DASH foi apoiada pelo National Heart Lung and Blood Institute dos EUA e, contou com a colaboração de vários pesquisadores para o planejamento de um tipo de intervenção alimentar para controle da HA, sendo publicado o resultado deste estudo inicial em 1995 SACKS; OBARZANEK; WINDHAUSER,1995). Esta pesquisa norte-americana, durou 8 semanas e, avaliou o efeito da dieta alimentar sobre a pressão arterial, onde as pessoas que aderiram à dieta DASH apresentaram maior redução dos níveis pressóricos (MADDOCK et al., 2018). No Brasil, a referida dieta foi mencionada pela primeira vez nas “IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial”, documento elaborado pelas Sociedade BrasileiNUTRIÇÃO EM PAUTA


Dieta Dash e Controle da Hipertensão Arterial: Uma Revisão de Literatura

ra de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Hipertensão e Sociedade Brasileira de Nefrologia, em 2004 (SBC,2004). Porém, apenas versão atualizada da Diretriz, em 2006 (SBC,2006), houve efetiva recomendação da dieta DASH como parte do tratamento não farmacológico da HA (SBC et al,2010). Como o manejo da HA também inclui práticas de autocuidado, além do uso de medicamentos, é recomendada a adesão de uma abordagem dietética para controlar a hipertensão, pois além de controlar os níveis pressóricos, previne o surgimento de futuras complicações (CHACKO; JEEMON, 2020). A dieta DASH é um método dietético que visa introduzir frutas, vegetais, laticínios sem ou com pouca gordura, grãos integrais, nozes e legumes na alimentação dos indivíduos. Além disso, também busca incrementar nutrientes específicos que atuarão na melhora da doença, assim como reduzir o consumo de determinados alimentos que repercutem negativamente, trazendo benefícios quanto à sua adesão (RODRIGUES et al., 2020). A adesão à dieta DASH ocasiona efeitos positivos com relação aos níveis pressóricos, principalmente em hipertensos que apresentam pressão arterial elevada. Esses benefícios também são observados ao associar este padrão dietético com o consumo reduzido de sódio. Assim, a adesão à dieta DASH combinada com o baixo consumo de sódio, sobretudo em pacientes que possuem pressão arterial não controlada, é de grande relevância na terapêutica desses indivíduos (JURASCHEK et al., 2017). Além de ocasionar a redução da pressão arterial, a dieta DASH também confere efeito cardioprotetor e sua utilização, a longo prazo, contribui com a diminuição do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Outro ponto importante quanto à adesão prolongada desse padrão dietético é a observação da melhora da função vascular, que pode estar relacionada a mecanismos envolvendo inflamação e estresse oxidativo (MADDOCK et al., 2018). A não adesão às recomendações dietéticas está relacionada com maiores chances de ocorrência da hipertensão, caracterizando-se como um fator de risco comportamental (CHERFAN et al., 2019). Porém, existem algumas interferências associadas à não adesão à dieta DASH pelos pacientes que devem ser levadas em consideração. Dentre elas estão questões sociais e ambientais, por falta de tempo relacionado ao trabalho e família e as reuniões sociais, como viagens e festas. Ademais, a preferência dietética de outros familiares pode afetar o cumprimento das recomendações, assim como o estado emocional e fatores psicológicos e a palatabilidade, bem como o custo da dieta (MAHDAVI MAIO 2022

saúde pública

et al., 2017). Também é importante destacar que modelo econômico de saúde vigente, que prioriza o tratamento da doença e não a prevenção, constitui-se em grande empecilho para elevar o quantitativo de indivíduos que recebem intervenção visando mudanças no estilo de vida, com ênfase na alimentação adequada para o controle dos níveis pressóricos (STEINBERG; BENNETT; SVETKEY,2017).

. . . . . . . . C ons i d e r a ç õ e s F i nais . . . . . . . ....... A prevalência da hipertensão arterial, que já demonstra altos índices atualmente, tem tendência de aumento crescente ao longo dos anos futuros, revelando-se como uma grande preocupação na saúde pública, tendo em vista os impactos negativos à sociedade em geral e acarretando prejuízos diversos às pessoas por ela acometidas. Dentre os fatores de risco modificáveis da doença, como os hábitos alimentares inadequados, as mudanças dietéticas para auxiliar no controle da hipertensão tem se mostrado uma opção não farmacológica de tratamento com eficácia comprovada. Nesse contexto, a utilização da dieta DASH tem se mostrado promissora, tanto no controle da hipertensão arterial quanto na prevenção de complicações relacionadas à doença. Logo a adesão à dieta DASH se faz de grande importância como prática de autocuidado e da promoção dessa intervenção de forma precoce, além da necessidade do apoio ao não abandono das recomendações dietéticas.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores

Profa. Dra.Regina Márcia Soares Cavalcante – Nutricionista. Especialista em Saúde Pública pela Universidade Federal do Piauí-UFPI. Mestre em Ciências e Saúde-PPCS/UFPI. Doutora em Alimentos e Nutrição-PPGAN/UFPI. Docente do Curso de Nutrição–UFPI/ CSHNB. Ligianara Veloso de Moura - Graduanda do Curso de Nutrição da UFPI – CSHNB

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Dash Diet and Control of Arterial Hypertension: A Literature Review

PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial. Dieta DASH. Adesão do paciente. KEYWORDS: Arterial Hypertension. DASH diet. Patient adherence.

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 30/3/22 – APROVADO: 20/4/22

. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS

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Dietary Approaches to Stop Hypertension) para manejo da hipertensão arterial na atenção primária.Revista Eletrônica Acervo Saúde,v.12,n.10, 2020. SACKS, F.M.; OBARZANEK, E.;WINDHAUSER, M.M.. DASH investigators. Rationale and design of the Dietary Approaches to Stop Hypertension trial (DASH). A multicenter controlled-feeding study of dietary patterns to lower blood pressure.Ann Epidemiol.v.5, n.2, p.108-118, 1995. Sociedade Brasileira de Cardiologia-SBC. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol ; v.82,Supl. IV,p.1-28,2004. Sociedade Brasileira de Cardiologia-SBC. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol ; p.128,2006. Sociedade Brasileira de Cardiologia-SBC/Sociedade Brasileira de Hipertensão/Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão.Arq Bras Cardiol.v.95,Supl.1,p.1-51,2010. SONG, S.; KIM, J.; KIM, J. Gender differences in the association between dietary pattern and the incidence of hypertension in middle-aged and older Adults. Nutrients, v. 10, n. 2, 2018. SOUZA, M. T.; SILVA, M. D.; CARVALHO, R. Revisão Integrativa: O que é e como fazer?. Einstein, v. 8, n. 1, p. 102-106, 2010. STEINBERG, D.; BENNETT, G.G.; SVETKEY, L. The DASH diet, 20 years later. JAMA ; v.317, n.15,p.1529-1530,2017.

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Eating Behavior in the Genesis of Obesity and its Implications for Gynoid Hydrolipodystrophy

clínica

Comportamento Alimentar na Gênese da Obesidade e Suas Implicações na Hidrolipodistrofia Ginóide: Uma Revisão da Literatura RESUMO: A obesidade tornou-se um problema de saúde pública que leva a múltiplas comorbidades. É importante ressaltar que a mesma relaciona-se diretamente à alta incidência e intensidade das dermatoses, como a hidrolipodistrofia, classificada como um problema cosmético que envolve alterações no relevo da pele. Com base nisso, este estudo teve como objetivo analisar, com base na literatura científica, o comportamento alimentar na gênese da obesidade e suas implicações na hidrolipodistrofia ginóide. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, utilizando como bases de dados:LILACS(Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Google Acadêmico. Observou-se que a ingestão excessiva de fontes alimentares de lipídios levam a obesidade e que esta está implicada na patogênese da hidrolipodistrofia ginoide, e que os tratamentos incluem uma equipe multidisciplinar. ABSTRACT: Introduction: Obesity has become a public health problem that leads to multiple comorbidities. It is important to emphasize that it is directly related to the high incidence and intensity of dermatoses, such as hydrolipodystrophy classified as a cosmetic problem, which involves changes in the relief of the skin. Based on this, this study aimed to analyze, based on the scientific literature, eating behavior in the Genesis of obesity and its implications for gynoid hydrolipodystrophy. This is an integrative literature MAIO 2022

review, using as databases: LILACS and Google Scholar. It was observed that excessive intake of dietary sources of lipids leads to obesity and that obesity is implicated in the pathogenesis of gynoid hydrolipodystrophy, and that treatments include a multidisciplinary team.

. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o

. . . . . . . . . . ........

No Brasil, em 2018, a periodicidade do excedente de peso erade 55,7% e a frequência de obesidade, 19,8%, segundo a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Esta era descrita como uma carência de motivação para perder peso, entretanto atualmente é conhecida como uma doença crônica de etiologia multifatorial, incluindo fatores endócrinos, genéticos, ambientais, psicológicos, sociais e psiquiátricos (BIAGIO, 2020). Na atualidade, sabe-se que a obesidade não é apenas um problema puramente estético, tornou-se um problema de saúde pública que leva a múltiplas comorbidades, estabelecendo aos pacientes buscarem tratamentos que melhorem seu metabolismo, proporcionando assim NUTRIÇÃO EM PAUTA

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Comportamento Alimentar na Gênese da Obesidade e Suas Implicações na Hidrolipodistrofia Ginóide: Uma Revisão da Literatura uma redução no risco ou gravidade dessa enfermidade (FREITAS, 2021). Uma dieta desequilibrada com excedência de lipídios, carboidratos e baixo consumo de fibras promove e/ou piora a hidrolipodistrofia ginoide (HLDG), conhecida popularmente como celulite (FREITAS, 2021; HERNANDES, 2022),o que envolve alterações no relevo da pele, afetando até 90% das mulheres, iniciando após a puberdade, estando presente em todas as fases do ciclo de vida (ATAMOROS et al., 2018).É encontrada raramente em homens saudáveis, mas há uma probabilidade, devido condições médicas que causam deficiência do hormônio andrógenoou e requerem terapia com estrogênio (BASS; KAMINER, 2020). É importante ressaltar que a HLDG relaciona-se diretamente à alta incidência e intensidade das dermatoses agregadas ao grande número de dobras e pregas cutâneas, alterações na circulação, metabolismo e complicações no manejo higiênico nas áreas mais afetadas pela condição física. A ingestão excessiva de fontes alimentares de lipídios viabiliza o armazenamento no tecido adiposo como triglicerídeos, ampliando a deposição no tecido subcutâneo, que está implicada na patogênese da hidrolipodistrofia ginoide, que pode levar ao comprometimento estético (FREITAS, 2021; HERNANDES, 2022). Nesse contexto o objetivo do presente artigo é avaliar o comportamento alimentar na gênese da obesidade e suas implicações na hidrolipodistrofia ginóide.

. . . ........... Me to dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura, sendo constituído por referências científicas com a temática: Comportamento alimentar na gênese da obesidade e suas implicações na hidrolipodistrofia ginóide. Foram incluídas no estudo as referências publicadas no período de 2018 a 2022, disponibilizadas em texto completo, obtidas nas plataformas: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), e Google Acadêmico. Foram encontradas 76 referências relacionadas com a temática, sendo que desse total 66 foram excluídas por não se encaixarem nas categorias, resultando em 10 referências que se enquadraram nos critérios de inclusão, sendo eles: artigos de revisão publicados nos últimos 5 anos, nos idiomas português e inglês.Dentre os

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10 artigos selecionados para o presente estudo, 3 se encontram na LILACS, e 7 no Google Acadêmico, sendo 3 estudos na língua inglesa e 7 na língua portuguesa. Tais referências foram analisadas de forma sistematizada e agrupadas em uma tabela. A presente revisão integrativa de literatura assegura os aspectos éticos, garantindo a autoria dos artigos pesquisados, sendo os autores citados no corpo de texto e nas referências, obedecendo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Manual de Normalização de Trabalho Conclusão de Curso da instituição Centro Universitário Santo Agostinho.

. . . . . . . R e su lt a d o s e D is c uss õ e s . . . . ........ Encontram-se descritos no Quadro abaixo os artigos encontrados relacionados à temática: Comportamento alimentar na gênese da obesidade e suas implicações na hidrolipodistrofia ginóide. Em relação à estética corporal e as conseqüências da obesidade, FONSECA (2021) afirma que a adesão a um plano alimentar humanizado exerce um efeito na obesidade podendo em determinadas situações auxiliar no desempenho de melhoras patológicas. OLIVEIRA et al (2020) citam que o padrão alimentar tem influências positivas como negativas nas desordens estéticas que acometem uma população e que na HLDG (Hidrolipodistrofia ginóide) o fator genético é importante, mas hábitos de vida inadequados, uma alimentação rica em açúcares, o sedentarismo, a tensão emocional e o excesso de toxinas no organismo contribuem para o aparecimento da celulite. Hernandes, Santos,Vila (2022) concluem em seu trabalho que a celulite em seus vários graus, é uma alteração do tecido adiposo, e é bastante comum em mulheres que, dependendo da intensidade do quadro estabelecido, pode ser responsável por importantes distúrbios psicossociais, fazendo relação com a revisão de Vitor (2018) que concluiu que uma alimentação balanceada e uma prática diária de atividade física que contribui para a perda e manutenção de peso e consequentemente evitando o crescimento de células adipócitas, ressaltando que para combater a HLDG, não basta apenas recorrer aos tratamentos em clínicas de estética e aos cremes, é essencial haver uma reeducação alimentar para que os resultados sejam positivos. NUTRIÇÃO EM PAUTA


Eating Behavior in the Genesis of Obesity and its Implications for Gynoid Hydrolipodystrophy

clínica

Quadro 1: Artigos encontrados relacionados à temática (2018 a 2022) Titulo/Autor/Ano Metodos

Principais Resultados

Conclusões

Tratamento baseado em evidências para Lipodistrofia ginóide: uma revisão da literatura recente (ATAMOROS, et al, 2018).

A Lipodistrofiagenóide é uma condição frequente, cujos impactos psicológicos afetam a qualidade de vida dos pacientes que a sofrem.

É necessário que os clínicos, que tratam deste tipo de pacientes, documentem e publiquem os resultados dos tratamentos utilizados para que os que não funcionam sejam descartados.

Esse artigo é uma pesquisa sistemática da literatura e discussão consensual das evidências obtidas dos diferentes tratamentos atualmente disponíveis para celulite. A análise foi dividida em tratamentos tópicos, sistêmicos, não invasivos e minimamente invasivos. Percepções sobre a Uma pesquisa no banco de fisiopatologia da ce- dados PubMed e no site lulite: uma revisão. ClinicalTrials.gov foi reali(BASS; KAMIzada para identificar ensaios clínicos que investigaram NER, 2020). tratamentos para celulite.

Constata-se que o tratamento com recursos fisioterapêuticos é eficiente no controle da acne, celulite e estria, e os resultados vão depender muito de cada pele, ou seja, em algumas pessoas os resultados são melhores, porém no geral é satisfatório de acordo com a necessidade de cada pessoa. Trata-se de uma Revisão Atuação do fisioA obesidade se tornou um A adesão a um plano aliLiteratura com abordagem terapeuta no traproblema de saúde públimentar humanizado como qualitativa,A coleta de dados ca que precisa de urgente tamento da acne, coadjuvante no transtorno celulite e estrias. foi realizada a partir de artigos intervenção, neste sentido o de obesidade mostra-se efi(BOF; VALE,2021). publicados nas indexadoras papel do nutricionista é fun- ciente, no entanto a adesão Biblioteca Virtual em Saúde damental,mas claro diante a uma alimentação muito (BVS),Literatura Latinodas várias causas do proble- restrita pode apresentar efei-Americana e do Caribe em ma ele necessita de intertos adversos. É importante Ciências da Saúde (LILACS) venção multidisciplinar. aderir uma rotina de exercíe ScientificElectronic Library cio físico adequada. Online (SCIELO), ainda em legislações, Manuais do Ministério da Saúde e nos livros disponíveis na Biblioteca Júlio Bordgnon da Faculdade da deEducação e meio Ambiente (FAEMA).

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Geralmente os resultados no tratamento com os recursos fisioterapêuticos utilizados são de grande eficácia, pois melhoram a aparência da pele,e na maioria dos casos promovem o total desaparecimento de problemas como a celulite, estrias e acne.

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Comportamento Alimentar na Gênese da Obesidade e Suas Implicações na Hidrolipodistrofia Ginóide: Uma Revisão da Literatura

Quadro 1: Artigos encontrados relacionados à temática (2018 a 2022) Titulo/Autor/Ano Metodos

Principais Resultados

Conclusões

Nutrição comportamental e obesidade: uma revisão integrativa, (FONSECA,2021)

A obesidade se tornou um problema de saúde pública que precisa de urgente intervenção, neste sentido o papel do nutricionista é fundamental,mas claro diante das várias causas do problema ele necessita de intervenção multidisciplinar.

A adesão a um plano alimentar humanizado como coadjuvante no transtorno de obesidade mostra-se eficiente, no entanto a adesão a uma alimentação muito restrita pode apresentar efeitos adversos. É importante aderir uma rotina de exercício físico adequada.

A fisioterapia dermatofuncional na obesidade possui por intenção primordial, melhorar os aspectos da pele do paciente, atuando na prevenção,promoção e recuperação do sistema tegumentar, melhorando inflamações e deformidades, auxiliando na diminuição de dores e desconfortos Tendo em vista o impacto da HLDG na aparência do indivíduo e na saúde psíquica,é de extrema importância o acompanhamento profissional interdisciplinar visando amenizar as complicações causadas, e melhorar a qualidade de vida. Uma dieta balanceada e bem orientada pode melhorar o aspecto da celulite pela redução da gordura. Muitos suplementos alimentares e misturas herbais estão disponíveis no mercado, com diversos apelos de benefícios, mas sem nenhuma comprovação até o momento.

Conclui-se que quando a Fisioterapia dermatofuncional é aplicada às alterações dermatológicas, consegue acompanhar os pacientes obesos, com tratamento no pré e pós-operatório, com grandes chances de êxito, proporcionando diversas vantagens e benefícios estéticos e melhora na qualidade de vida. A celulite é um problema estético multifatorial que requer uma abordagem multidiciplinar para o seu tratamento. Por isso, ainda é difícil indicar um tratamento único e eficaz para essa afecção.

Procedeu-se com a busca de termos que definissem sobre a adesão de dietas para indivíduos com obesidade. Em seguida foi realizada uma busca de artigos nas bases de dados SciELO e LILACS. Foram adicionados artigos apenas no idioma português, publicado entre 2016 e 2021, realizados com ratos e seres humanos. As principais altera- O procedimento metodológições dermatológicas co nesse trabalho encontra-se em pacientes obesos: disposto em formato de Revisão uma revisão. (FREI- de Literatura, sobe um diálogo TAS; VIEIRA,2021). exploratório-bibliográfico, de cunho qualitativo, com os autores das pesquisas aprofundadas.

Celulite: uma breve revisão. (HERNANDES; SANTOS; VILA,2022).

Uma revisão sobre a celulite, apontando fisiopatologia, classificação, fatores determinantes e agravantes e tratamentos

A influência da alimentação no envelhecimento e nas desordens estéticas: uma revisão narrativa. (OLIVEIRA Et al,2020)

A metodologia aplicada foi uma pesquisa bibliográfica integrativa, de natureza qualitativa e exploratória, analisando artigos publicados em periódicos indexados que tratam do tema.

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O padrão alimentar tem influência positiva como negativa nas desordens estéticas que acometem uma população. Mostrando grande realidade, pois, através dos hábitos de vida, podem transformar o corpo e o metabolismo celular, levando a várias desestruturações em enzimas e no DNA.

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Eating Behavior in the Genesis of Obesity and its Implications for Gynoid Hydrolipodystrophy

clínica

Quadro 1: Artigos encontrados relacionados à temática (2018 a 2022) Titulo/Autor/Ano Metodos Celulite: um problema cosmético ou sistêmico? Visões contemporâneas sobre a etiopatogenia da celulite. (TOKARSA et al,2018) A intervenção nutricional no tratamento e prevenção da Hidrolipodistrofiaginóide. (VITOR,2018)

Atuação da fisioterapia dermatofuncional em obesos no pós operatório de cirurgia bariátrica com dermatoses: uma revisão.(CALIXTO,2020)

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Revisão sobre a celulite, para entender o ponto de vista contemporâneo sobre a etiopatogenia dessa afecção.

Principais Resultados

A patogênese da celulite é heterogênea e pouco clara. A maioria dos dados atuais indica que a disfunção endotelial e os distúrbios da micro circulação desempenham papéis importantes na etiologia desse fenômeno Estudo de revisão bibliográfica É possível identificar de made artigos científicos-constantes neira empírica os benefícios e periódicos nacionais internacio- malefícios dos alimentos, a imnais nos idiomas inglês, espanhol portância de um nutricionista e português. As buscas foram nas para o bem estar da saúde e da bases de dados: Pubmed central, própria estética corporal. EBSCO, Scielo e Bireme. Foram incluídos na pesquisa, 20 artigos e 1 livro, que tenha os seguintes aspectos: A importância da alimentação para o tratamento e combate a celulite. Foi realizado umlevantamento Os cuidados da pele de pabibliográfico entre 2000 e 2020, cientes obesos, principalmente de artigos indexados nas baapós cirurgia bariátrica sesMedline/Pubmed, Scielo e merecem particular atenção, Lilacs, livros e monografias das não apenas cuidados de higiebibliotecas da Universidade de ne que podem reduzir infeções Rio Verde- UniRV,cruzando os com prevalência crescente nesdescritores obesidade, dermatose te grupo, mas também cuidae fisioterapia. Foram reconhedos de hidratação cutânea que cidas como mais importantes contrariam as alterações da as seguintes situações patológi- barreira cutânea e a dificuldade cas: estrias, celulite, acanthosis de cicatrização. nigricans, acrocórdons, flacidez, úlcera e impetigo

Conclusões O envolvimento de muitos mecanismos complexos do corpo implica que a celulite não é apenas uma questão estética, mas também se desenvolve como resultado de distúrbios homeostáticos interdisciplinares. Conclui-se, que a Hidrolipodistrofia ginóide é uma doença multifatorial, que requer uma abordagem multidisciplinar para o tratamento. E a nutrição, associada com a atividade física, tem um papel fundamental na prevenção e combate da celulite.

Considera-se que o tratamento das dermatoses por meio da fisioterapia dermatofuncional é possível podendo trazer consigo resultados que satisfaçam a expectativados pacientes e proporcionando-lhes melhor qualidade de vida.

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Comportamento Alimentar na Gênese da Obesidade e Suas Implicações na Hidrolipodistrofia Ginóide: Uma Revisão da Literatura Bass e kaminer (2020)e Tokarska et al (2018) obtiveram conclusões similares, afirmam que mesmo a HLDG estando associada a alterações histológicas na derme, tecido adiposo e septos, essas alterações no tecido adiposo não são a etiologia primária da celulite e que a patogênese desse problema é heterogênea e pouco clara, e que por meio de abordagens mecânicas, cirúrgicas e enzimáticas existe a maior probabilidade de melhorar a topografia da pele e produzir melhora duradoura na aparência da implicação estética em questão. Corroborando com essa afirmação, no trabalho de Bof,(2021) enfatiza-se que a drenagem linfática, massagem modeladora (métodos mecânicos), carboxterapia e radiofreqüência são tratamentos fisioterápicos excelentes para celulite. E tanto Freitas (2021) quanto Calixto (2020) apontam em seus estudos que a fisioterapia dermatofuncional merece atenção especial, não apenas devido à crescente prevalência de dermatoses na população obesa, mas por se mostrar eficaz no controle de afecções da pele, com a utilização de algumas técnicas como a de terapia manual associada a compressão e com resultados visuais , melhorando a circulação sanguínea e linfática. Conseguindo assim um resultado satisfatório na pele, melhorando as disfunções, tratando com grandes chances de êxito e diversas vantagens e benéficios estéticos a celulite e melhorando a qualidade de vida. Atamoros et al (2018) deixam claro em sua revisão que é necessário que os clínicos que tratam de pacientes com a HLDG, documentem e publiquem resultados dos tratamentos utilizados para que os que não funcionem sejam descartados.

causador será determinante para o tratamento da afecção e/ou sua prevenção.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores

Ma. Daniela Fortes Ibiapina Neves - Mestre em Saúde da Família pela UNINOVAFAPI. Especialista em Nutrição Clínica – Doenças Crônico-Degenerativas pela UNESC. Especialista em Nutrição em Pediatria: da concepção à adolescência (IPGS). Nutricionista pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. Vanessa Kelly de Sousa Morais Santos; Veronica Pereira da Silva Sousa, Yara Michelly Araujo Matos - Acadêmicas do Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética do Centro Universitário Santo Agostinho/ UNIFSA

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS CHAVES:Comportamento alimentar. Obesidade. Celulite KEYWORDS: Feeding behavior. Obesity. Cellulitis

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ RECEBIDO:25/5/22 – APROVADO: 31/5/22

. . . ...... C onsi dera çõ es Finais . . . . . .. . . . . . . Por meio da pesquisa realizada, notou-se que os padrões alimentares inadequados e hábitos de vida ruins contribuem para a gênese da obesidade . A obesidade pode influenciar na Hidrolipodistrofia ginóide, já que com o aumento do tecido adiposo a microcirculação é afetada, apresentando ligação direta com a celulite. A alimentação tem efeito direto na prevenção da obesidade e consequentemente na prevenção da celulite, mas também são necessárias abordagens clinicas e atividade física. A necessidade de intervenção multidiciplinar se faz necessária já que a celulite é multifatorial e detectar o agente

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Eating Behavior in the Genesis of Obesity and its Implications for Gynoid Hydrolipodystrophy

F. R.; TINOCO E. S.; HERNÁNDEZ E.C. W. Evidence-based treatment for gynoid lipodystrophy: A review of the recente literature. Journal of Cosmetic Dermatology v. 17, n. 6, p. 977983, 2018. DOI: https://doi.org/10.1111/jocd.12555 BASS, L.S.; KAMINER, S.M. Insights into the pathophysiology of cellulite: A review.Dermatologic Surgery v. 46, n. 1, p. S77–S85, 2020.DOI: https://doi.org/10.1097/ DSS.0000000000002388 BIAGIO, L. D.; MOREIRA, P.; AMARAL, C. K. Comportamento alimentar em obesos e sua correlação com o tratamento nutricional. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 69, 171-178. 2020. DOI: 10.1590/0047-2085000000280 BOF, B. R.; VALE, J. D. S. Atuação do fisioterapeuta no tratamento da acne, celulite e estrias. Trabalho de Conclusão de Curso em Fisioterapia da Faculdade de Educação e Meio Ambiente – FAEMA. 2021. Disponível em: https:// repositorio.faema.edu.br/bitstream/123456789/2944/1/BEATRIZ%20RIOS%20BOF.pdf BRYANT, E. J.; REHMAN, J.; PEPPER, L. B.; WALTERS, E. R. Obesity and eating disturbance: the role of TFEQ restraint and disinhibition. Current obesity reports, 8(4), 363372. 2019. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s13679-019-00365-x CALIXTO, G. P. A. Atuação da fisioterapia dermato funcional em obesos no pós operatório de cirurgia bariátrica com dermatoses: uma revisão. Monografia apresentada para o título de bacharel em fisioterapiana na Universidade de Rio Verde (UNIRV). 2020.Disponível em: https://www.unirv. edu.br/conteudos/fckfiles/files/Gessika%20Priscila%20Calixto.pdf FONSECA, B. S. S. Nutrição Comportamental e Obesidade: uma revisão integrativa.Monografia de graduação em Nutrição do Centro Universitário AGES. 2021. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/ bitstream/ANIMA/14365/1/Bianca%20Stefane%20Silva%20 Fonseca%20-%20Monografia%20-%20UniAGES%20 %281%29%20FORMATADO%20OKk.pdf FREITAS, M. L. S.; VIEIRA, K. V. S. As principais alterações demartológicas em pacientes obesos: uma revisão. Brazilian Journal of Health Review, 4(6), 24442-24455. 2021. DOI: 10.34119/bjhrv4n6-069 HERNANDES, A.S.N.; DOS SANTOS, G.F.; VILA, M.M.D.C. Celulite: uma breve revisão. Revista Brasileira de Desenvolvimento, 8 (1), 4201-4212.2022. Disponível em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/ view/42788 OLIVEIRA, O.M.T. A influência da alimentação no envelhecimento e nas desordens estéticas: uma revisão narrativa.Trabalho de conclusão de curso em Nutrição na Faculdade Nova Esperança Mossoró (FACENE/RN). 2020. Disponível em: http://www.sistemasfacenern.com.br/repositorio/ MAIO 2022

clínica

admin/acervo/82fcd446afe3a48656ea5078d568030a.pdf TOKARSKA, K.; TOKARSKI S.; WOŹNIACKA A.; SYSA-JĘDRZEJOWSKA A.; BOGACZEWICZ, J. Cellulite: a cosmetic or systemic issue? Contemporary views on the etiopathogenesis of cellulite. Advances in Dermatology and Allergology v. 35, n. 5, p. 442–446.2018. DOI: https://doi. org/10.5114/ada.2018.77235 VICTOR, E. R.; FERRARI, G.; SOLÉ, D.; PIRES, C. A. M.; ARAÚJO, T. L.; KATZMARZYK, P. T.; MATSUDO, V. K. R. Associação entre o consumo de café da manhã com a recomendação de atividade física e o estado nutricional em crianças. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2021, v. 26, suppl 2, pp. 3907-3916. DOI: https://doi.org/10.1590/141381232021269.2.30712019. VITOR, J. A Intervenção nutricional no tratamento e prevenção da Hidrolipodistrofia Ginóide. Centro Universitário De Brasília – UniCEUB Faculdade De Ciências Da Educação E Saúde Curso De Nutrição. 2018 Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/12700/1/21605057.pdf

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A gama de programas e cursos disponíveis no Le Cordon Bleu São Paulo se adapta ao tempo disponível do aluno. Vão de experiências de curta duração teóricas ou práticas - até chegar ao desejado “Le Grand Diplôme” que abrange a certificação mais completa em “Cuisine” e “Pâtisserie”. São turmas diurnas e noturnas, com ritmo intensivo ou regular. Cada área também pode ser cursada separadamente em módulos básicos, intermediários ou superiores com didática e nível técnico reconhecidos em qualquer unidade Le Cordon Bleu do mundo. O instituto também profere formação em Boulangerie e lançou em 2019 o CordonTec – programa voltado para a aplicação profissional das técnicas de cozinha, confeitaria e serviço no mercado de restaurantes. Normalmente os cursos são oferecidos a cada novo trimestre. “O aluno aprende um conjunto de técnicas, é muito mais do que seguir receitas. Por isso, um aluno de São Paulo consegue acompanhar o que se faz em Paris ou Tóquio. Temos a mesma didática e rigor no controle de qualidade”, diz o Chef Patrick Martin, diretor técnico responsável pela implantação da escola no Brasil. E agora para o público apaixonado pela gastronomia nacional, ou aqueles que querem fazer da cozinha brasileira o conceito de seu negócio, a escola oferece o curso Diploma de Cozinha Brasileira com 360 horas divididas em três módulos: básico – com história, apresentação de ingredientes por meio de técnicas de cozimento e cortes; intermediário – passeio pelas diferentes regiões brasileiras e seus preparos típicos; e superior – elaboração de receitas com toque autoral que mesclam a cozinha brasileira com influências internacionais.

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Rua Natingui, 862 1º andar, Vila Madalena - São Paulo, SP, Brasil - +55 11 3185-2500 www.cordonbleu.edu/sao-paulo/home/pt-br


Técnicas Gastronômicas Le Cordon Bleu: Rillettes de Salmão Defumado, Picles de Rabanete e Pão Placa Com mais de 120 anos de experiência no ensino da Gastronomia, o Le Cordon Bleu é líder mundial com sua rede de Institutos de Ensino da Arte Culinária e Administração da Hospitalidade. Oferecendo uma ampla gama de cursos de grande prestígio como: Cuisine, Pâtisserie, Boulangerie e diversos cursos de curta duração disponíveis nas unidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A rede de 35 escolas em 20 países gradua mais de 20 mil estudantes por ano. O Le Cordon Bleu também se orgulha das suas instalações de última geração e da sua dedicação em manter seus cursos sempre atualizados com a mais recentes tecnologias, viabilizando a colocação dos seus alunos no Mercado. Estamos felizes em compartilhar nossas receitas utilizando as técnicas clássicas e modernas ensinadas nas nossas escolas. A receita do Le Cordon Bleu apresentada nesta edição é Rillettes de Salmão Defumado, Picles de Rabanete e Pão Placa.

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. . . . . . . . . . . . . . . . Ing re d i e nte s . . . . . . . . . . . . ........ 400 g de lombo salmão Sal 300 ml de vinho branco 1 BG 300 ml de caldo de peixe 150 g de manteiga Ciboulette Sal Pimenta do reino Picles de Rabanete 4 rabanetes Coentro em grãos q.b. de sal q.b. de açúcar q.b. de vinagre de maçã Pão de Placa 270 g de farinha de trigo q.b. de sal q.b. de bicarbonato 50 g de manteiga 230 g de iogurte Linhaça NUTRIÇÃO EM PAUTA

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. . . ........ Progressão da Receita. . . . . . . . . . . . . . . . . . Deixe esfriar e quebre em pedaços 1. Cortar o rabanete finamente na mandoline, salpicar sal, açúcar e regar com vinagre de maçã. Reservar em geladeira por 24 horas. 2. Passar sal no salmão, para efetuar a cura. Reservar por 6 horas em geladeira 3. Retirar o salmão da geladeira (curado na véspera), limpar bem o sal, secar e levar para defumar na caixa de defumação 4. Preparar um Court-Bouillon e cozinhar o salmão defumado por 6 minutos. Retirar e deixar resfriar 5. Após, desmanchar o salmão e misturar com manteiga e ciboulette picada finamente. Ajustar sal e pimenta do reino. Reservar em geladeira 6. Misturar a farinha com sal e bicarbonato, coloca r em fonte na bancada, adicionar a manteiga derretida e o iogurte no centro. Ir incorporando e trabalhar bem a massa até que fique homogênea e lisa. Deixar descansar por aproximadamente 1 hora em temperatura ambiente 7. Abrir a massa o mais fina possível e levar ao forno pré-aquecido a 160°C até que fique dourado.

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8. Sirva a Rillette em quenelles com rabanete (preparado de véspera) e o pão placa em pedaços

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre o autor

Chef Patrick Martin - Executive & Technical Director Le Cordon Bleu Anima

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS-CHAVE – Salmão. Vinho. Rabanete KEYWORDS – Salmon. Wine. Radish.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ RECEBIDO: 30/4/2022 – APROVADO: 30/5/2022

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... REFERÊNCIAS

“L’École de la Pâtisserie” - Le Cordon Bleu® institute - Larousse.

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