Edição 40, março de 1989

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vitalidade diferente ao movimento sindical combativo que veio à tona em 77/78. Já no seu surgimento, este movimento trazia como caracterfsticas marcantes o caráter intensamente mobilizador e as manifestações de democracia direta e de base, das quais temos um exemplo nas gigantescas assembléias realizadas no Estádio de Vila Euclides. 7 Estas caracterfsticas, próprias dos períodos de lutas, tornaram-se, mais do que isto, um ideário deste sindicalismo combativo que nascia. Assim, por exemplo, o documento básico que orientou o IV Congresso dos MP.talúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em julho de 1983, ao distinguir o sindicalismo combativo do setor pelego-reformista, diz que o primeiro :

1 - tem uma direção voltada para o respeito às decisões de base, através de assembléias, de reuniões por fábricas, comissões, etc.;

2 - para enfrentar os problemas busca mobilizar os trabalhadores dentro das fábricas, nos bairros, no campo, etc. Tenta novas táticas de luta e de organização como as comissões de fábrica, comissão de mobilização, grupos de fábrica, presença permanente nas portas de fábrica; e

3 - tem como ponto de partida a base de organização os próprios trabalhadores organizados, as comissões de fábrica e os sindicatos sob controle dos trabalhadores. 8 Sílvia Manfredi, ao caracterizar as principais tendências desse novo sindicalismo, também lembra desta necessidade da democratização dos sindicatos e da relação dos dirigentes com as bases, que ela cita junto com a ruptura da dependência com o Estado, que coloca a questão da autonomia, e a politização do movimento sindical, com seu conseqüente desdobramento para a arena política naciona1.9

Suas debilidades De 78 a 88, este novo sindicalismo veio a se tornar hegemónico, mas, paralelamente ao seu crescimento, foram se tornando visíveis alguns limites que ele não tem conseguido superar. Se no início este sindicalismo mobilizador e de confronto conseguiu, através de grandes mobilizações, rápidas e decididas, deparar-se com um governo e burguesia despreparados para o enfrentamente e se isso permitiu obter conquistas, a partir de um certo momento já não foi possível arrancar vitórias que representassem avanços para os trabalhadores. Mesmo o número crescente de greves (6 milhões de trabalhadores tlélrados em 1985, 8 milhões em 86 e 12 milhões em 87) não pode ser considerado como prova do sucesso das lutas sindicais. Uma radiografia mais detalhada das oreves em nosso país indicaria que: 19) as greves operárias vêm tendo um peso decrescente sobre o total (nos últimos anos, a participação dos funcionários públicos entre os grevistas subiu muito, tendo variado entre metade e 3/4 do total); 29) são cada vez mais raras as greves operárias por cateÇtoria, predominando as greves por fábrica. Neste caso, se o pr~dom ínio dos movimentos paredistas por estabelecimento for entendido como fruto de mudança de tática, como normalmente acontece, significará, entretan-

to, um recuo expresso na secundarização do momento sempre considerado como o mais importante na vida sindical, que é o da campanha salarial. Por isso, o que pode ser considerado como um sinal de vitalidade - a capacidade de mobilização a partir de demandas internas das fábricas- se apre- _ senta também como recurso alternativo à enorme dificuldade em mobilizar as grandes categorias através de greves gerais como as realizadas entre 1978 e 80. Um balanço que se faça hoje deste novo sindicalismo necessariamente apontará para sérias debilidades. Maria Herm ínia Tavares de Almeida cita, por exemplo, três dificuldades básicas: a de construir estratégias capazes de influir na definição de políticas governamentais na área social, incluindo salários; a de romper com a estrutura sindical corporativa; e a de transformar o movimento trabalhador em um ator pol rtico de peso. 10 De nossa parte, com base nos problemas enfrentados no desenvolvimento de nossas atividades educativas e de assessoria junto ao movimento sindical, apontamos outra ordem de dificuldades, relacionadas à sua dinâmica interna, que dizem respeito ao projeto não cumprido de construção de um sindicato democrático e organizado a partir do local de trabalho.

7 O caráter mobilizador e democratizante presente nas greves de 1978 _a 1980 em São Bernardo é analisado por José Álvaro Moisés, "A Estratégia do

Novo Sindicalismo", em Revista de Cultura e Politica n9 5/6, CEDE C-Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1981 . 8 CUT, I CONCLAT (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora) , São Paulo, 1983, pág. 63.

9 Sflvia Maria Manfredi , op. cit., pág. 120. 10 Ver Maria Hermfnia Tavares de Almeida, "Diffcil Caminho : Sindicatos e Polftica na Construção da Democracia", em A Democracia no BrasilDilemas e Perspectivas, Fábio Wanderley Reis e Guilherme O 'Donnell (org.), Vértice, São Paulo, 1988.

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negociação

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Necessidade de uma nova correlação de forças

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operária

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Bibliografia comentada Alcances e limites da experiência das

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O movimento sindical no Rio e sua base operária

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Sindicato, comissão de fábrica e delegado sindical

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Para Quando?

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As causas das debi i idades

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Possibilidades de mudança

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Dimensão pol ftica das novas formas de organização

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O nascimento do novo sindicalismo

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O surgimento do novo sindicalismo

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A reação patrona I

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Suas debilidades

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A organização nas empresas através da história

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