Edição 40, março de 1989

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O ressurgitnento das cotnissões de etnpresas no Brasil pós-78 · Iram Jácome Rodrigues**

O

fenômeno das comissões de fábrica não é um fato novo na história do movimento operário em nosso pa rs. Há registras de organizações nas unidades produtivas nos anos 10, nos anos 20, na década de 30, no imediato pós-guerra, bem como nos anos 50 e durante os anos 60. Em al~uns casos, esses intentos de organização dos trabalhadores nos locais de trabalho estão associados, a n rvel mais geral, a maior liberdade no plano pol rtico. A redemocratização de 45 e a abertura polrtica do final da década de 70 são exemplos significativos que apontam nessa direção.

A organização nas empresas através da história Vários autores discorrem sobre a experiência da representação dos trabalhadores no interior das empresas no pedodo que vai de 1919 até 1968. O que se observa nesses exemplos é que a história da classe trabalhadora no Brasil, em todos esses anos, esteve de alguma maneira associada com tentativas de organização a partir de seus locais de trabalho.

nismos de base da classe trabalhadora. Azis Simão mostra que há uma certa tendência do movimento operário de procurar se organizar no interior das empresas e nota que notícias dos jornais operários da época dão conta desse tipo de organismo entre os têxteis, gráficos, sapateiros, ferroviários e chapéleiros no pedodo que vai de 1919 até 1931. 2

Boris Fausto, citando o jornal A Plebe, de 30/09/1919, nos diz: "no curso de um movimento de criação de comissões de fábrica, em 1919, os operários da fábrica têxtil ftalo-Brasileira reuniram-se para deliberar acerca dos trabalhadores não associados à União dos Operários em Fábricas de Tecidos"} Por outro lado, nas greves de 1917 e 1919, na capital paulista, os comitês de greve tiveram um importante papel no desenrolar dos acontecimentos.

Nesse sentido, a segunda metade dos anos 20 assiste ao desenvolvimento de toda uma atividade dirigida à organização dos trabalhadores nos locais de trabalho, bem como à tentativa de estruturação da Confederação Geral do Trabalho (CGT) que termina surgindo em 1929.

Há uma preocupação muito grande do movimento operário, nessa época, de fortalecer os orga-

No final de 1926, vários sindicatos no Rio de Janeiro iniciam a discussão da necessidade de uma central sindical nacional. Foi criado um Comitê Nacional Central pró-CGT. Uma das primeiras tarefas deste comitê seria a realização do Congresso Sindical Regional no Rio de Janeiro que se realizou em abril de 1927.

• Este artigç~ é baseado em pesquisa realizada em 1984/85 com trabalhadores de duas fábricas da Ford do Brasil, localizadas respectivamente no bairro do lpirange (São Paulo, capital} e em São Bernardo do Campo, cujos resultados sa encontram em Iram Jácome Rodrigues, A Aflrmeçlo do Trabalho: Estudo Sobre Trabalhadores da Indústria Automobillltica e a Emergência das Comiuões de Fibrica nos Anos 80, dillertaçfo de mestrado, Departamento de Ciências Sociais, USP, 1987. • • Iram Jãcome Rodrigues é sociólogo, mestre em Ciência Politica e doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo. ~ também professor de Sociologia na Faculdade de Economia e Administração da PUC em São Paulo. 1 Boris Fausto, Trabalho Urbano e Conflito Social, São Paulo, Difel, 1976, p. 75. 2 Azis Simão, Sindicato e Estado. São Paulo, Dominus Editora, 1966, p. 176.

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